Mas o que é Conhecimento?

por

Vincent Cheung

 

Como meus leitores estão cientes, eu nego que a indução, a sensação e a ciência possam produzir qualquer conhecimento, e tenho providenciado justificação bíblica e racional para esta negação em meus escritos. Além das típicas réplicas e evasões falaciosas, uma resposta é perguntar: “Mas o que é conhecimento?”. Isto é, se não podemos definir conhecimento, ou se não podemos justificar nossa definição de conhecimento, então, pareceria sem sentido dizer que indução, sensação e ciência não podem produzir qualquer conhecimento.

Eu tenho tolerado este sofisma por um tempo, mas visto que eu tenho sido inquirido por diversas vezes, e visto que tenho sido notificado que este ponto é algumas vezes trazido à tona em discussões sobre os meus escritos (como se ele destruísse totalmente os meus argumentos!), eu tratarei do mesmo brevemente aqui.

É verdade que quando usamos uma palavra, devemos freqüentemente ter uma definição apropriada e justificável para ela. Isto é especialmente importante quando a estamos usando no contexto de argumentos e silogismos precisos. Contudo, a objeção acima perde o ponto.

O ponto é que esta indução, sensação e ciência envolvem raciocínios falaciosos tais, que elas nunca podem produzir conclusões logicamente válidas a partir das premissas. Isto é, é impossível usar indução, sensação e ciência para validamente raciocinar a partir da premissa X e Y para a conclusão Q com respeito a qualquer assunto P. Assim, nosso ponto principal permanece, mesmo se nunca definirmos ou sequer mencionarmos “conhecimento”.

Assumindo a premissa, “Eu vejo um carro vermelho”, como é possível validamente raciocinar a partir desta premissa para, “Há um carro vermelho”?. Você precisa de outra premissa para preencher a lacuna entre “Eu vejo” e “Há”, mas como esta premissa deve ser racionalmente obtida e justificada, antes do que ser simplesmente assumida persistentemente? Este é o ponto.

Dessa forma, não há diferença racional entre pular de “Eu vejo um carro vermelho” para “Há um carro vermelho”, e pular de “Eu imagino um carro vermelho” ou “Eu desejo um carro vermelho” para “Há um carro vermelho”. Qual é a diferença racional entre sensação, imaginação e expectação? Como alguém pode pular de “Eu vejo” para “Há”, e não pode pular de “Eu imagino” ou “Eu desejo” para “Há”? Qual é a premissa adicional que faz a diferença? E como esta premissa é racionalmente obtida e justificada? A questão não é nem mesmo a definição de conhecimento, mas a validade do processo de raciocínio.

A objeção é sofística e irracional. Quer definamos ou não conhecimento, e quer nossos oponentes definam ou não conhecimento, a objeção não começou nem mesmo a justificar a indução, sensação e ciência, mas ela procura nos distrair do ponto principal.

Mas se o desafio é definir “conhecimento” numa proposição tal como, “Ciência não pode produzir conhecimento”, então, deixe nossos oponentes primeiro definirem “ciência”, e então logicamente demonstrar como ela pode validamente alcançar qualquer conclusão sobre qualquer coisa, e então poderemos continuar para examinarmos nossa negação. Pois, se os nossos oponentes amantes-da-ciência nunca reivindicaram que a ciência possa alcançar conclusões racionais sobre qualquer coisa, ou mesmo produzir “conhecimento” (o que quer que este seja), então, antes de tudo, não teremos nenhuma necessidade de fazer a negação.

Em outras palavras, eu posso afirmar tudo que eu tenha dito com respeito à indução, sensação e ciência, sem nunca usar a palavra “conhecimento” e eu apenas terei dito algumas coisas de forma diferente. De fato, eu já fiz isto diversas vezes em meus livros. Por exemplo, eu poderia dizer que a ciência não pode validamente deduzir tudo sobre realidade. E até mesmo a realidade não necessita ser definida para fazer este ponto, visto que qualquer coisa X o fará “afirmando o conseqüente” é falacioso, a despeito de sobre o que você esteja falando.

Assim, voltemos à questão real e pressionemos nossos oponentes para mostrar como a indução, sensação e ciência podem validade racicinar a partir de premissas para conclusão.

Para aqueles que concordam comigo: Nós estamos certos sobre isso. Nossa posição é bíblica, racional, irrefutável e tão óbvia que é ridiculamente fácil de defender. Apenas não deixe que trapaceiros intelectuais te intimidem ou te perturbem, e não deixe que eles roubem em suas teorias irracionais ao reivindicar falsamente apoio bíblico, como se falsas suposições pudessem ser encontradas em pressuposições verdadeiras, ou como se a mentira fosse justificada pela verdade. Pelo contrário, continuemos a esmagar as epistemologias antropocêntricas de indução e sensação, e a exaltar a revelação bíblica como a única fonte infalível de premissas verdadeiras, da qual podemos validamente deduzir conclusões sobre as muitas coisas que Deus escolheu nos desvelar.

 

LEITURA RECOMENDADA:

Occasionalism and Empiricism

The Transcendental Argument for Materialism

The Atheistic Argument from Existence

Vincent Cheung, Ultimate Questions

Vincent Cheung, Presuppositional Confrontations

Vincent Cheung, Apologetics in Conversation

Gordon Clark, Christian Philosophy

Gordon Clark, A Christian View of Men and Things

Gordon Clark, The Lord God of Truth

Gordon Clark, Clark Speaks from the Grave

Gordon Clark, Philosophy of Science and Belief in God



Nota sobre o autor: Vincent Cheung é o presidente da Reformation Ministries International [Ministério Reformado Internacional]. Ele é o autor de mais de vinte livros e centenas de palestras sobre uma vasta gama de tópicos na teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar, defender e praticar a cosmovisão bíblica como um sistema de pensamento compreensivo e coerente, revelado por Deus na Escritura. Ele e sua esposa, Denise, residem em Boston, Massachusetts. http://www.rmiweb.org/


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 22 de Abril de 2005.


http://www.monergismo.com/

Este site da web é uma realização de
Felipe Sabino de Araújo Neto®
Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê.

TOPO DA PÁGINA

Estamos às ordens para comentários e sugestões.

Livros Recomendados

Recomendamos os sites abaixo:

Monergism/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela / Spurgeon em Espanhol / Thirdmill
Editora Cultura Cristã /Editora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova