Batismo Infantil e Teologia do Pacto

por

Helder Nozima

1) A NOVA ALIANÇA

Existem 2 palavras em grego para "nova": "neós" e "kainós". A Bíblia sempre se refere à nova aliança como sendo "kainós" e não "neós". "Kainós" significa novo no sentido de renovado, "neós"é novo no sentido de recém-nascido. Segundo o Dicionário Internacional de Teologia:

"No uso secular, kainós denota aquilo que é novo quanto à qualidade, em comparação com aquilo que existia até agora, aquilo que é melhor do que o antigo, enquanto neós se emprega temporalmente para aquilo que não existia antes, e que acaba de aparecer." (DITNT, p.1402)

"O NT também segue o uso secular de kainós. Ocorre no sentido de "não usado", "infamiliar", : interessante e "novel". (DITNT, p.1403)

A Nova Aliança não é, pois, uma aliança que não existia antes, e que acaba de ser feita. É antes uma renovação quanto à qualidade da aliança, é um melhoramento da aliança. O que reforça, ao invés de enfraquecer, o conceito aliancista da unidade das alianças divinas.

Eu creio na revelação progressiva da Aliança. Noé, Abraão, Moisés, Davi e o próprio Jesus, ao meu ver, representam diferentes estágios de revelação de uma mesma aliança. Nenhuma das alianças anteriores foi completamente revogada:

a) Continuamos debaixo da ordem de encher a terra e sujeitá-la, e de dominar sobre os animais, plantas, peixes, etc (Adão);

b) Continuamos com a promessa de que Deus não destruirá a terra por meio de um dilúvio (Noé);

c) A cerimônia descrita em Gênesis 15 mostra que a aliança abraâmica é irrevogável (Abraão);

d) Jesus disse que os céus e a terra passariam, mas nem um til da Lei cairia. O Concílio de Jerusalém deixou algumas coisas da Lei em vigor, e o NT repete muito material da Torá (Moisés);

e) A aliança de Davi permanece, afinal, Jesus é o Filho de Davi que reinará (e reina) eternamente sobre a casa de Jacó (Davi).

É claro que existem descontinuidades, mas todas elas explicáveis. As alianças possuíam partes incondicionais e outras condicionais. Israel perdeu a terra por quebrar a aliança, mas o Grande Profeta, o Segundo Moisés prometido pela Lei (Dt 18) veio apesar da ruptura. A dinastia de Davi perdeu o trono da Jerusalém terrena, mas não o da Nova Jerusalém. Os sacrifícios foram banidos por não terem mais utilidade. Etc...

A Nova Aliança é, na verdade, o ápice de todas as alianças anteriores. Jesus é o descendente da mulher, que vai restaurar o Éden. Jesus é a Arca, o Preservador da Humanidade (ainda que somente dos eleitos, mas este é outro debate). Jesus é o motivo pelo qual em Abraão todas as famílias da terra são abençoadas, e, por meio de Melquisedeque, quem recebe dízimos de Abraão. Jesus é o segundo Moisés, todos os sacrifícios são tipos do único sacrifício feito por Jesus. Jesus é o Filho de Davi, o Rei Ideal. Jesus não é aquele que anula as alianças anteriores, Ele é o cumprimento de todas elas, ele é o ponto alto!

Segue-se, portanto, que existe sim uma unidade das alianças divinas. Os aliancistas reconhecem como sendo uma aliança só, que é revelada gradativamente. O paralelo a ser feito é com a própria Palavra de Deus, que foi revelada de forma gradativa, e é uma só, apesar de haverem 2 Testamentos ou dos judeus dividirem o AT em Lei, Profetas e Escritos.

Existe uma alternativa teológica para esta visão? Sim, existe: o dispensacionalismo, que vê não uma, mas várias alianças distintas uma da outra. Abraçar o dispensacionalismo traz, no entanto, um preço escatológico. É impossível ser amilenista ou pré-milenista histórico e dispensacionalista ao mesmo tempo: todo dispensacionalista é pré-milenista e pré-tribulacionista. Para alguns isso não é problema.

Na verdade, a minha grande questão para alguns batistas (não sei seé o seu caso) é a seguinte: como afirmar a unidade das alianças divinas (posição aliancista) e ser batista ao mesmo tempo? O dispensacionalista não enfrenta este tipo de problema, ele afirma que a Lei acabou com a vinda de Jesus, e que só é preciso guardar aquilo que está explícito no NT, portanto, não faz sentido algum em falar sobre batismo infantil procurando ligações com o AT.

Minha perspectiva é aliancista, mas não pretendo, nesta discussão, fazer uma defesa do aliancismo (porque isso já seria outra discussão). Já estou partindo do pressuposto de que existe unidade das alianças divinas, e todo batista amilenista ou pré-milenista histórico, como o Russell Shedd ou o Wayne Grudem, concorda com isso. A questão é que ser batista e aliancista traz uma tensão que, ao meu ver, é difícil de responder.

Para ler mais sobre a visão aliancista, recomendo "O Cristo dos Pactos", de O. Palmer Robertson, publicado pela Cultura Cristã.


2) A QUESTÃO DA CIRCUNCISÃO

OBJEÇÃO: "A mim não me parece que tenha sido esse entendimento do Concílio de Jerusalém, pois a circuncisão foi mantida para os judeus sem ser imposta aos gentios. Também não me parece ser este o entendimento de Paulo que circuncidou a Timóteo. Eu não diria que Paulo teria voltado ao "antecessor" depois de ter praticado o "sucessor"!"

Permita-me discordar dessa objeção. A circuncisão tornou-se completamente sem valor após a morte e ressurreição de Cristo. Vamos começar analisando a situação do Concílio de Jerusalém:

a) Paulo e Barnabé haviam acabado a sua primeira viagem missionária, com um grande êxito na evangelização de gentios (At 13-14);

b) Alguns judeus ensinaram aos irmãos da igreja de Antioquia que era necessário circuncidar os gentios, como na Lei (15:1);

c) Paulo e Barnabé se opuseram fortemente a isso (15:2);

d) A questão é levada aos apóstolos e presbíteros, em Jerusalém (15:2);

e) Os fariseus conversos de Jerusalém disseram que era necessária a circuncisão e a guarda de toda a Lei de Moisés (15:5);

f) Pedro e Tiago concordam com Paulo e Barnabé (15:7-21);

g) O que é exigido dos gentios: abstenção da idolatria, da prostituição, da carne de animais sufocados e do sangue (15:20).

Ok, talvez você diga que o texto não afirma que a circuncisão perdeu o valor. Mas mostra que os judaizantes, cuja grande bandeira era impor, além do batismo, a circuncisão, foram derrotados. Mas Paulo foi bem menos simpático aos judaizantes do que o Concílio:

"Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. De novo, testifico que todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei. De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes." (Gl 5:2-4)

Bom, este texto não apenas afirma que a circuncisão perdeu o seu valor, como também diz que aqueles que se circuncidam para observar a Lei estão se desligando de Cristo e procurando se justificar na Lei. Na verdade, circuncidar-se ou não, para quem já está em Cristo, não faz a menor diferença:

"Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor." (Gl 5:6)

Por que Paulo circuncidou a Timóteo? Para evitar problemas com os judeus, apenas isso. De forma alguma a circuncisão possui qualquer valor depois da obra expiatória de Jesus, é uma cerimônia da velha aliança, que foi substituída pelo batismo cristão. Entendimento este que, repito, é professado por eruditos batistas, como o Dr.Russell Shedd.


3) A CIRCUNCISÃO DE JESUS E O BATISMO DE JOÃO

Por que Jesus foi, então, circuncidado? Em primeiro lugar, porque Jesus tinha que guardar toda a Lei. Logo, como a Lei prescrevia a circuncisão, ele tinha que ser circuncidado. Ele tinha que receber o sinal da aliança. Como disse anteriormente, a vida de Jesus foi umaé poca de transição, em que o AT dava seus últimos suspiros e as bases do NT eram lançadas. O batismo ainda não havia sido instituído como novo sinal da aliança, portanto, Jesus se submeteu ao antigo.

Contudo, João já estava sendo usado por Deus para mostrar ao povo um novo sinal. O batismo de prosélitos já era feito anteriormente, e respondendo a um questionamento seu, cito Oscar Cullmann:

"A obra de Joachim Jeremias[16], que é de capital importância para a discussão desta questão, recorda com efeito que no judaísmo se batizava não somente os pagãos adultos, como também às suas crianças, enquanto que as crianças que nasciam depois da conversão dos pais já não eram batizadas, sendo consideradas como santas por causa de seus pais. Esta comprovação é importante também por sua analogia com o que Paulo escreve em I Co.7.14[17]."

O artigo do Cullmann pode ser achado na site www.monergismo.com, no tópico Batismo, e foi escrito em um livro sobre história eclesiástica. Cullmann cita Joachim Jeremias, um dos maiores eruditos sobre a vida quotidiana nos tempos de Jesus, o que qualquer teólogo concorda. O Talmud é uma obra pós-século I, escrita pelos fariseus (as outras seitas do judaísmo não sobreviveram muito tempo após a destruição do Templo) e que já conhecia o cristianismo. Não é, pois, uma fonte da época, e que deve ser usada com um certo critério.

Mas, voltando ao assunto: o batismo de prosélitos já vinha sendo aplicado, mas somente aos gentios conversos e a seus filhos. Quando eles tinham filhos após o batismo, o judaísmo considerava que estas crianças já eram santas, portanto não precisavam de batismo, eram apenas circuncidadas. Obviamente, os judeus de nascimento não eram batizados, nem seus filhos. Os filhos de prosélitos nascidos após o batismo também eram considerados filhos de judeus, daí não havia necessidade de serem batizados.

João não apenas conhecia este batismo de prosélitos, como apropriou- se dele de forma muito interessante. Ele disse que os judeus étnicos também precisavam de um batismo. Que o judeu precisava de conversão e de arrependimento tanto quanto os gentios. Eis aí a inovação de João Batista. Mas, como o Oscar Cullmann mostra muito bem, o batismo de João era uma prefiguração do batismo cristão. João batizava com água, mas isso, apenas para revelar Aquele que batiza com o Espírito Santo e com fogo. Batizar com água e nada é a mesma coisa. O batismo que realmente conta é aquele que é feito por Jesus no Espírito Santo.

Por que Jesus se batizou? O Cullmann também explica melhor do que eu. Jesus não tinha pecados, não precisava de um batismo de arrependimento. Mas ele se batizou porque Ele carregaria os nossos pecados na cruz. Jesus se batizou por nós, recebeu o sinal do arrependimento por nós. Foi publicamente "ungido" para ser o Messias, recebendo o testemunho do Pai e vendo não o óleo, mas o Espírito Santo em forma de pomba descer sobre Ele.

O batismo de João acabou quando Jesus ressuscitou. Atos 19 mostra isso com clareza, pois os discípulos de Éfeso que haviam sido batizados com o batismo de João foram rebatizados em nome de Jesus.


4) POR QUE BATIZAR JUDEUS CIRCUNCIDADOS?

A pergunta poderia ser a mesma de cima: por que rebatizar quem já havia recebido o batismo de João? Por que dar o sinal da aliança (batismo) a quem já havia recebido o sinal da aliança (circuncisão)? Minha explicação é simples: a aliança mudou. Não, Deus não estava fazendo uma aliança "neós", mas ele estava fazendo uma aliança "kainós", e era necessário que os judeus rejeitassem algumas coisas da antiga para poder entrar na nova.

O judeu precisava deixar a sua esperança de salvação por meio da observância da Lei e do sistema de sacrifícios, e aceitar uma salvação baseada na graça e no sacrifício expiatório de Jesus. Precisava abrir mão de seu orgulho étnico, de seu Templo e aceitar que samaritanos e gentios também se intitulassem filhos de Abraão e que eles podiam adorar a Deus aonde estavam. O judeu precisava se converter a nova aliança, e receber o sinal correspondente.

Algo análogo aconteceu com Abraão. Ele já conhecia a Deus, conversava com Ele, enfim, se relacionava com Ele de modo franco e aberto. De repente, Deus institui a circuncisão. E Abraão se circuncida com mais de oitenta e seis anos de idade. Ora, pra quê receber um sinal de aliança, se a aliança já existia? Abraão não podia prescindir daquilo? Entretanto, Abraão se sujeita e é circuncidado. O mesmo podia ser dito do povo de Israel, eles foram libertos por Deus, viram o Mar se abrir, mas, dos que entraram na terra, só Calebe e Josué
eram circuncisos. A primeira coisa que fizeram ao entrar na terra foi se circuncidarem. São apenas analogias, eu sei. Mas, pelo menos para mim, me bastam.


5) BATISMO SALVA?

Eu creio que não. Na verdade, quero me lembrar de Efésios 4:5

"Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo".

Um versículo problemático, porque sabemos que existe o batismo "nas águas" e o batismo "no Espírito". Mais uma vez eu recorro ao Cullmann. O batismo que existe é aquele que Jesus fez na cruz. É o batismo no Espírito Santo, que se torna possível na cruz e que é individualmente aplicado a cada crente após a sua regeneração. Quem crer e for batizado será salvo, isso é a mais pura verdade, e não precisamos fugir disso. Quem crê, é batizado, como ensina 1 Coríntios 12:13.

"Pois em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito."

Portanto, sinceramente falando, uma pessoa pode ser salva sem ser batizada nas águas. Como também uma pessoa pode ser batizada nas águas, e não ser salva. O mesmo acontecia com a circuncisão, a circuncisão que conta, desde os tempos do AT, era a do coração, e não a da carne. A circuncisão carnal era uma cerimônia que só tinha mesmo sentido para quem era circuncidado no coração. Agora, veja bem: este sinal era aplicado, indiscriminadamente, sobre todos os meninos, inclusive sobre os escravos! O fato de a circuncisão na carne poder ficar, digamos, sem sentido, não impedia os judeus de circuncidarem seus filhos. Circuncisão nunca foi garantia de salvação.

Nem eu e nenhum pedobatista sério vai dizer que o batismo de uma criança a salva, ou então é garantia de uma conversão futura. Alguns batistas nos acusam disso, mas, repito, esta é uma acusação falsa. Batizamos as crianças do mesmo modo que os judeus circuncidavam os seus filhos. Sabemos muito bem que o batismo nas águas de um infante
só terá real valor se esta criança for regenerada pelo Espírito Santo. Mas, aplicamos o batismo mesmo assim. Mesmo em caso de adultos, os batistas também não têm certeza se o batizando foi mesmo regenerado, e, no entanto, o batizam. Talvez o grau de incerteza batista seja menor, mas permanece.


6) A QUESTÃO DAS MULHERES E DOS ESCRAVOS


Por que o batismo é aplicado às mulheres, enquanto que a circuncisão era aplicada apenas aos homens? Será que esta diferença não anula o vínculo entre batismo e circuncisão?

De modo algum! Um substituto não precisa ser igual, como você sugere. Ao contrário, o fato do batismo ser aplicado às mulheres mostra que este é superior a circuncisão, e que a nova aliança é superior à antiga. Afinal, na nova aliança:

"Dessarte, não pode haver nem judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus." (Gl 3:28)

Você me acusa, com uma leitura bem "ao pé da letra" do meu texto de chamar a aliança abraâmica de "escravidão" (o que eu não disse diretamente) e de chamar a Nova Aliança de liberdade. Bem, uma coisa é fato. Antes de Cristo, havia sim diferença entre homem e mulher, judeu e gentio, são e defeituoso, puro ou impuro. Quando nascia uma mulher, a mãe ficava impura o dobro do tempo do que se nascesse um homem. O amonita, nem ainda na décima geração era aceito na assembléia. O que tivesse sarna era excluído do sacerdócio. O escravo não tinha sequer a sua própria casa (família), ele era contado como sendo da casa de seu senhor, por isso recebia também a circuncisão.

A Nova Aliança acaba com isso. Ela coloca judeus e gregos, homens e mulheres, livres e escravos no mesmo patamar. Por conseguinte, as mulheres também passam a ter o direito de receber o sinal da aliança: o batismo. O batismo foi uma das maiores conquistas da mulher na História! Quanto aos escravos, eles deixam de ser contados na casa de seus senhores para, mesmo sendo escravos, serem reconhecidos como chefes de sua própria casa. Em Cristo não existe nem livre e nem escravo, logo não faz o menor sentido batizar um escravo, uma vez que para Cristo isso não existe.

Desta forma, tanto no caso das mulheres como no dos escravos, vejo o batismo como sendo um substituto superior ao da circuncisão, mostrando como a Nova Aliança é superior.


7) O LUGAR DA CRIANÇA NA TEOLOGIA PEDOBATISTA

Continuo insistindo que a teologia pedobatista tem um lugar reservado para a criança, ao passo que a teologia batista as mantêm distantes até que elas atinjam uma "idade da razão" para poderem se batizar, e que vem sendo colocada cada vez mais cedo. Por que batizamos?


a) Por causa de 1 Coríntios 7:14

"Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos"

Para mim, o texto é claro: os filhos dos crentes, bem como seus cônjuges, são santos, e não impuros. O texto não diz "salvos", mas diz "santos". E diz, claramente, que os filhos não são "impuros", mas não diz que eles não possuem o pecado original. Aliás, quem escreveu Romanos 3 e 1 Coríntios 7:14 foi a mesma pessoa, não preciso negar um para afirmar o outro. Sim, os filhos dos crentes são vítimas da depravação total. Mas isso não muda o fato de que eles são santos.

A sua explicação de 1 Coríntios 7:14 eu nunca havia ouvido antes, mas confesso que não anula o texto. Mas eu gostaria de colocar um comentário da Bíblia Shedd:

"7:14. Santificado. Não no sentido ético ou espiritual, mas o que resulta da conversão. O membro incrédulo RECEBE INFLUÊNCIA DIRETA DO ESPÍRITO SANTO pela relação com o crente (cf 1 Pe 3:1ss). OS FILHOS PERTENCEM À COMUNIDADE CRISTÃ. E COMO EM ISRAEL, ONDE TODOS GOZAVAM DE CERTAS BÊNÇÃOS DE DEUS, APESAR DE MUITOS NÃO ESTAREM SALVOS (10:1- 5)."

Bom, um renomado erudito batista, o Dr.Russell Shedd concorda comigo. Os filhos dos crentes pertencem à comunidade cristã, do mesmo modo que acontecia em Israel, onde TODOS gozavam de certas bênçãos, apesar de muitos não estarem salvos. Fico com o Dr.Shedd. O "santos" de 1 Coríntios 7:14 eu aplico como poderia aplicar a todos os israelitas. É verdade que muitos descendentes de Abraão segundo a carne morreram e estão no inferno. Mas também é verdade que, apesar disso, mesmo estes foram abençoados por Deus. Coré, Datã e Abirão também foram libertos de Faraó, comeram maná, viram a glória de Deus no Sinai, entre outros, apenas por serem israelitas. Eles foram circuncidados, mas morreram. Contudo, Deus os tratou de um modo diferente.

Esta questão dos pais poderem influenciar os filhos é interessante. Ana ofereceu Samuel antes mesmo que ele nascesse, e Deus não disse nada do tipo "É Samuel quem vai decidir, você não pode me oferecê- lo". Reis ímpios, como Acaz e Manassés, tiveram seus filhos os sucedendo no trono por causa de Davi. O próprio povo de Israel só foi liberto por causa de Abraão, Isaque e Jacó. Ismael e Esaú, embora excluídos da aliança, foram abençoados por Deus por causa de Abraão e Isaque. Isto sem falar em Atos 2:39, que, para mim, continua válido.

Sem falar no fato de que, de Abraão até João Batista, sempre o sinal da aliança foi aplicado, independente da fé, aos filhos. Por que será que a Nova Aliança iria revogar esta prática?


b) Por causa de Colossenses 2:11-12

Não preciso repetir aqui o versículo, nem a nota do Dr. Shedd, que diz que o batismo toma o lugar da circuncisão na nova aliança. Assim sendo, continuo insistindo na validade do paralelo.


c) Por causa dos casos de batismo de famílias

De acordo com R C Sproul, um quarto dos batismos do NT são de casas. Quando lemos a Bíblia, fica claro que casa pode significar família, incluindo crianças, bebês, enfim, toda a descendência. Basta lembrarmos de alguns versículos, como Josué 24:15 ("Eu e a minha casa serviremos ao Senhor") ou 2 Samuel 7:11 ("O Senhor te fará casa), etc.

Assim sendo, quando a Bíblia diz da casa do carcereiro, de Lídia e de Estéfanas, ela fala que foram batizados todos os familiares. O que pressupõe, no mínimo, que eles possuíam família. Lídia podia não ter marido, mas prole ela tinha, e toda esta prole foi batizada.

Cullmann é sábio quando diz que estes textos não dizem, explicitamente, que haviam crianças ali. Mas, repito, uma simples análise do perfil socioeconômico daquele tempo: baixa expectativa de vida, famílias patriarcais, muitos filhos por casal, vemos que a probabilidade de que existissem crianças pequenas nestas famíliasé alta. Hoje mesmo, ainda existem mais jovens do que adultos ou velhos no planeta. Quanto mais naquele tempo! Quanto mais "atrasada" uma nação, maior a proporção de crianças e de jovens na sociedade. Naquele tempo, em qualquer nação, o grupo mais populoso era o de pessoas até 20 anos de idade, e como a mortalidade infantil era alta, destes, os mais numerosos eram as crianças. Ou seja, não posso afirmar que não haviam crianças. Mas o peso da análise demográfica me diz que é mais provável que sim.

Bom, isso é o que tenho a dizer sobre o assunto. Confesso que não tenho nenhum argumento guardado na manga, mas caso você queira saber mais, a página do Felipe Sabino (www.monergismo.com) tem vários artigos, de gente muito mais gabaritada do que eu. Sou um ex-batista, os mais antigos da lista podem se recordar de meus embates com o Anamim sobre o assunto, mas fui vencido. Ao meu ver, o pedobatismo é uma doutrina bíblica, que dá um lugar para as crianças na Igreja e que se harmoniza muito bem com o aliancismo. O que não digo que ocorre com a mesma facilidade na teologia batista. Mas é uma opinião minha.


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