Batismo

por

Rev. Nelson Gonçalves de Abreu

 

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Antes de prosseguirmos nossa abordagem a respeito do batismo, é necessário que entendamos o significado do nome. Calvino define batismo da seguinte forma: “Batismo é uma marca do nosso cristianismo e o sinal pelo qual somos recebidos na sociedade da igreja, para que enxertados em Cristo sejamos contados entre seus filhos”. [1]

O grande teólogo de Princeton, Charles Hodge, por sua vez, define batismo da seguinte forma: “Batismo é um sacramento no qual o lavar com água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo significa e sela nossa união com Cristo, a participação das bênçãos do pacto da graça e a promessa de pertencermos ao Senhor”. [2]

A meu ver essas definições se completam e nos dão um entendimento mais amplo do conceito de batismo que precisamos ter tanto como sinal e selo, do nosso ingresso no reino de Deus, como também de uma vida de testemunho a Cristo que necessitamos constantemente demonstrar por termos sido alcançados, pelo amor de Deus.


O Batismo testifica a remissão dos pecados.


O texto de Mc16.16 nos deixa claro esse ensino. O batismo serve de sinal e documento de nossa purificação, ele testifica que fomos redimidos pelo poder de Deus. A idéia não é a de que o batismo salva, mas que todos os que são salvos, são confirmados pelo batismo. Calvino a respeito disso diz o seguinte: “Porque Deus quer que todos os que crêem sejam batizados para a remissão de pecados”. [3]

Essa afirmação nos ajuda a entendermos que devemos receber o batismo como uma promessa de que todo o que crer e for batizado será salvo.


Testemunho Bíblico.

Vejamos o que Paulo diz em Ef5.26, e também em Tt3.5 e também o que Pedro ensina sobre isso em 1Pe3.21. Entendamos o seguinte: Paulo não quis dizer que nossa purificação e salvação acontecem com água e que a água em si mesma tenha capacidade para nos salvar.

O que Paulo está dizendo é que neste sacramento se recebe o conhecimento e a certeza do dom da salvação como claramente demonstram essas palavras. Paulo aqui em efeito une a Palavra de vida com o batismo da água, como se disse-se que por meio do Evangelho as boas novas nos são dadas, as boas novas da purificação e da santificação sendo essa boa nova selada pelo batismo.

O que Pedro faz, é demonstrar figuradamente que a água no texto referida, é uma representação do sangue de Cristo, que o efeito mesmo da purificação é o sangue de Cristo que foi derramado sobre o seu povo, sendo que o mesmo sangue, serve de juízo de Deus contra os descrentes que se insubordinaram.

Percebam que quando Pedro usa o acontecimento do dilúvio para fazer um paralelo com o sangue de Cristo vs18, ele nos deixa claro que as águas que figuravam ou prefiguravam o juízo de Deus sobre os homens, foram às mesmas águas que salvaram o seu povo escolhido.

Calvino esclarece interessantemente isso dizendo: “O batismo não nos promete mais purificação que se fez pelo derramamento do sangue de Cristo, o qual está figurado na água, pela semelhança que ele tem com ela de limpar e lavar”. [4]


O Batismo testifica a remissão dos pecados passados e futuros.

Com essa proposição o que queremos dizer é que em qualquer tempo em que sejamos batizados, somos lavados e purificados de uma vez por todas. Portanto precisamos ser confortados pelo seguinte; quantas vezes cairmos, devemos refrescar de novo a memória com o batismo, e nos assegurarmos na alma, de que nossos pecados de fato foram perdoados.

Isso não significa que devemos pecar licenciosamente, não ganhamos licença para pecar o que seria um terrível atrevimento contra o nosso Senhor Jesus Cristo. Essa doutrina nos dá segurança nos momentos de canseira e opressão por causa do peso dos pecados para levantarmos nossa cabeça e prosseguirmos com Cristo na fé cristã, mesmo nas situações de confusão. Cristo é a remissão dos pecados passados também Rm3.25.


O Batismo nos mostra a nossa mortificação e nova vida em Cristo.

É importante o texto de Rm6.4. Com essas palavras não só nos exorta a que lhe imitemos, como se dissesse que pelo batismo, somos admoestados a que seguindo o exemplo de Cristo, morramos para as concupiscência da nossa carne e a exemplo da justiça de Cristo, de sua ressurreição, vivamos em justiça e retidão na maneira de procedermos.

Argumentos parecidos com esse e com a mesma idéia de morte e vida deve ser visto em Cl2.12, Tt3.5


O Batismo atesta nossa união com Cristo.


O batismo nos dá a garantia e nos certifica de que não somente somos enxertado na morte e na vida de Cristo, mas também unidos a Ele de tal forma que nos tornamos participante de todos os seus benefícios e de todos os seus bens. Deus consagrou e santificou o batismo no corpo de Cristo Mt3.13, a fim de que nos sejamos comum com Deus através de um vínculo inquebrantável de união que Ele estabeleceu conosco por meio de Jesus. Gl3.27.

Calvino colabora conosco dizendo a partir de Gl3.27 o seguinte: “E assim vemos que o cumprimento do batismo está em Cristo, o qual por causa disto chamamos objeto do batismo. Não há pois motivo para estranharmos quando ouvimos que os apóstolos batizavam em nome Dele At8.16; 19.5, ainda que haviam sido enviados a batizar em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo. Porque todos os dons de Deus que se oferece no batismo se encontram em Cristo somente”. [5]

Todas as bênçãos da regeneração e o cancelamento dos nossos pecados e o ingresso na família de Deus são nos dados por intermédio de Cristo.


O Batismo de João e o Batismo cristão.

Para esclarecer alguma possível dúvida que possa surgir em nós quanto algumas ambigüidades presentes nesses batismos, quero afirmar que não há nada de dessemelhante neles. Todos batizam em nome de Cristo de quem procede a remissão dos pecados. João disse que Cristo era o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo Jo1.28-29; através de seu sacrifício, Deus aceitou Sua justiça, ou melhor a propiciação de justiça sendo Cristo o autor da nossa salvação.

Não há diferenciação de significado entre o batismo de João e o de Cristo. Como disse J. Calvino: “Se alguém busca na Palavra de Deus uma diferença entre o batismo de um e o de outro, a única que encontrará é que João batizava em nome de alguém que viria, e os apóstolos, em alguém que já veio”. [6] Lc3.16; At19.4.


O Batismo não restaura a justiça e a pureza originais.


A importância disso é fundamental para uma melhor compreensão do que o batismo é, pois o batismo não mexe com a nossa natureza pecaminosa. Aquilo que herdamos de Adão nosso pai, que é o pecado original que é perda da justiça original, não pode ser restaurado por intermédio do batismo.

O pecado original, que é a corrupção e a culpa, estão instalados em nossa natureza, o que nos faz réus da ira e do juízo de Deus e que produz em nós aquilo que as Escrituras chamam de obras da carne Gl5.19. O que devemos reter deste tema, é que somos batizados para a mortificação de nossa carne; mortificação que começou em nós desde o batismo, e que temos de prosseguir cada dia; e que será perfeita somente quando passarmos ao Senhor.

Enquanto vivermos em nosso corpo mortal nossos pecados estarão conosco mas se tivermos fé na promessa que nos foi dada no batismo, nossos pecados não serão nossos donos, nem reinarão em nós.

O apóstolo Paulo falando a respeito disso em Rm6.3, exorta-nos a permanecermos fieis a Deus e que não deixemos o pecado dominar sobre nós. Sabendo porém Paulo que somos pecadores e que podemos fraquejar, o que ele diz é que estamos debaixo da graça e não da lei 6.14.

Portanto ainda que pequemos não devemos abandonar a fé em Cristo, em quem fomos batizados e ressuscitamos Ef2.5. E para que ficássemos consolados definitivamente da grandeza do Senhor e da não condenação dos que são de Cristo, ele diz e Rm8.1, que para nós não há condenação.


Rápida abordagem sobre o batismo infantil.


Sei que este assunto é um dos mais polêmicos e mal explicados assuntos que vemos constantemente surgir dentro da igreja evangélica de todos os tempo e nações, até mesmo entre os evangélicos de linha reformada, chamados de evangélicos históricos há divergências sobre isso.

Portanto aqui tentarei pela graça de Deus fazer uma abordagem simples e ao mesmo tempo teológica, para tentar dissipar algumas dúvidas que porventura surjam ou já tenham se alojado no coração de vocês.

É fácil de observar hoje dentro da igreja, muitos pais que não tem convicções a respeito do por quê deveriam batizar seu filhos, e outros por sua vez, não o fazem por uma questão de tradição familiar e não de certeza sobre o que fala a bíblia, o que torna o batismo infantil algo sem sentido e vazio para ambos posicionamentos.

O sacramento batismal, tem cada dia se tornado algo sem nexo no meio evangélico porque poucos tem sabido ensinar seu propósito, o que acarreta numa terrível discussão sem relevância tanto para os que batizam seus filhos e não sabem explicar porque batizaram, quanto os que não batizam e também não sabem explicar porque não batizaram. Longe de ser alguma coisa esgotada nesse sentido, isso é apenas um ensaio sobre o respectivo tema, com a finalidade de trazer um pouco mais de clareza e fazer o ato sacramental do batismo, se tornar relevante e inteligível para nós e para a igreja de Cristo.


A herança da circuncisão.

Não devemos fechar nossos olhos para o seguinte: Cada doutrina ensinada no NT, tem suas origens, suas raízes no AT. Se você deseja conhecer melhor a respeito da doutrina do pecado, é necessário ir até o Gn3, se quiser entender mais abrangentemente a beleza da cruz, outro referencial são os livros do Pentateuco e os profetas e da mesma maneira é necessário conhecermos um pouco sobre a circuncisão para podermos falar do batismo infantil.

Deus salvou a Abraão e em Rm4, Paulo nos explica ali, que Abraão foi salvo pela graça, mediante a fé, tanto no AT, quanto no NT, podemos ler que Abraão foi salvo por que creu e isso lhe foi imputado como justiça Gn15.6; Rm4.9.

Em Gn17.7, Deus chama esta relação de salvação de pacto eterno. Um pacto de salvação que se realiza de geração em geração. Nesse pacto eterno feito através de Deus com Abraão e nunca o contrário, Deus deu um símbolo que foi a circuncisão como marca nessa relação de pacto Gn17.11.

O símbolo então da relação de pacto entre Deus e Abraão, foi a circuncisão. Esse símbolo é um símbolo diferente, se tentarmos entender isso por esse prisma, podemos ver que esse símbolo é um tanto estranho, mas absolutamente correspondente com aquilo que Deus queria ensinar por meio dele que é o significado da limpeza que ele nos passa. Is52.1 tanto incircunciso quanto imundo são sinônimos o que nos ajuda a afirmar que Deus utilizou um símbolo externo de limpeza para poder representar uma limpeza espiritual interior no homem Dt30.6

A idéia de limpeza, purificação era tão forte, que Deus chega a usar a palavra circuncisão ao invés de salvação em alguns lugares da bíblia e de não salvação aos incircuncisos Ez44.9; 1Sm14.6. O fato de isso acontecer não significa que a circuncisão é quem salva o indivíduo. Porém ela era vista como um sinal da salvação de Deus aplicada corretamente na vida de um filho de crente Gn17.12.


O novo símbolo; O Batismo.

Assim como a circuncisão no AT, o batismo, é o símbolo que Cristo usa para demonstrar essa marca de mudança e limpeza na vida dos cristãos em o NT, Mt28.19

John Sartelle, nos dá uma ajuda muito útil para entendermos porque Deus usou a água como símbolo de limpeza: “Podemos entender facilmente por que Deus escolheu a água como símbolo. Porque é um agente universal de limpeza. Ninguém esperaria que o pó, as folhas, ou o suco de frutas significasse limpeza. Assim, Deus escolheu este agente de limpeza universal como um símbolo de pureza espiritual”. [7]

Podemos com toda a certeza dizer que as manchas do pecado foram removidas do nosso coração interiormente pelo batismo, e que o batismo com água deixa claro essa certeza. A importância do batismo é fundamental não somente no seu sentido simbólico, mas também, em seu sentido realístico. O batismo significa ter sido separado para viver uma vida santa, da mesma maneira que as pessoas e os utensílios eram ungidos com água e óleo e separados para o uso sagrado no AT, assim também a pessoa é ungida e separada para a santidade Gl3.27.


Circuncisão e Batismo: Promessas, figuras e fundamento sãos os mesmos.

A partir desse subtópico, quero poder tentar esclarecer mais dilatadamente a idéia que trata de dois símbolos que tem o mesmo significado para tanto é necessário que prestemos a atenção às diferenças e conveniências existentes entre os dois sinais e o que podemos aplicar um do outro.

Quando o Senhor ordenou a circuncisão a Abraão Ele disse que seria o Deus dele e de sua descendência declarando-se o Senhor Todo Poderoso e mostrando também a abundância de todas as suas bênçãos procedentes dele e que seriam dadas também aos seus descendentes Gn17.7-10.

Nas palavras de Deus a Abraão, se contém a promessa da vida eterna, que deveria ser confirmada pela circuncisão, que marcaria, selaria a remissão de nossos pecados também com o simbolismo de mortificação e início de uma nova caminhada com Deus.

Quando olhamos para o batismo no NT, um símbolo que como vimos anteriormente é purificador, vemos a promessa de vida eterna, que deveria ser confirmada pela obediência ao realizar o ato simbólico, que marcaria e selaria a remissão dos pecados com o simbolismo de mortificação e início de uma nova caminhada com Deus, e mais com a explicita verdade de santificação presente nos dois atos Mc16.16.

O Reformador de Genebra nos presta um esclarecimento que considero de suma importância ao que está sendo dito: “A promessa no qual temos dito consiste a virtude dos sinais, é a mesma em ambos: eles falam; da misericórdia de Deus, da remissão dos pecados e da vida eterna. A coisa significada é sempre a mesma: A nossa purificação e mortificação. O fundamento em que essas coisas se apóiam e o cumprimento dessas coisas também são os mesmos.

Por conseguinte, se segue que não há diferença alguma entre o batismo e a circuncisão em quanto mistério interior, no qual consiste toda a essência dos sacramentos... A única diferença se refere às cerimônias externas que é o menos importante nos sacramentos posto que a consideração principal depende da Palavra e da coisa significada e representada.

Podemos então concluir que tudo quanto pertence a circuncisão, pertence ao batismo exceto a cerimônia externa e visível. A esta dedução nos encaminha toda a Escritura a qual se deve medir e pesar conforme a analogia e proporção da fé Rm12.3,6”. [8]

Com isso podemos afirmar que a idéia de pacto é a idéia que permeia toda a Escritura Sagrada, sendo que Deus fez um pacto com Adão e sua família, pois Adão como representante do povo, agia em nosso lugar e também no lugar de seus familiares mais próximos. Quando Adão pecou Deus confirmou seu pacto com Noé, e depois com Abraão, sendo que com este Deus instituiu a circuncisão como sinal deste pacto feito com ele e sua família, seus filhos, o que é chamado de pacto da graça pelos reformadores, esse pacto não muda, o que muda são os simbolismos dele, mas não ele.

Isso ressalta a profundidade com que Deus trata seus filhos e os filhos de seus filhos com quem Ele estabelece relações e as ratifica com o sinal do pacto.


Crianças no Pacto da Graça no AT

Quando Deus instituiu a circuncisão como sinal do pacto da graça feito com Abraão no AT, eles foram todas circuncidadas, fato que se não fosse realizado, estaria demonstrando que elas não faziam parte do povo de Deus.

É preciso entender que esta aliança que Deus fez com Abraão, chamada de pacto da graça é a implementação histórica de uma aliança eterna que nunca é destruída e nem desfeita. Obs: A aliança com Abraão não passou é aliança eterna. Paulo Anglada diz o seguinte a respeito disso: “As ordenanças, os símbolos dessa aliança, mudaram: primeiro só a circuncisão; depois foi acrescentada a páscoa, e depois ambas foram substituídas pelo batismo e pela ceia do Senhor. Mas a aliança é a mesma”. [9]

A perspectiva de Paulo em Gl3.17,demonstra que a lei de Moisés não pode invalidar a aliança com Abraão ou seja; uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei que veio quatrocentos e trinta anos depois não a pode ab-rogar, de forma que venha desfazer a promessa. A aliança em o NT, não é uma outra aliança recentemente estabelecida que anulou a aliança feita com Abraão; mas a mesma aliança renovada por aquele que é o Mediador da aliança, que é o Senhor Jesus. Gl3.27,29. A palavra usada não é neuoa, mas kainoua, como em novos céus e nova terra, não outros céus e outra terra, mas céus e terras renovados.

O fato é que a igreja é a mesma. Somos membros de um mesmo corpo. Somos a comunidade do pacto, somos os verdadeiros filhos de Abraão, descendentes dele por fé. A salvação não mudou, a salvação é pela fé, o mesmo modo da salvação que alcançou os crentes em o AT.

As promessas também não mudaram, a crença é no Messias desde os tempos do AT, Rm4.1-17, porque então os filhos dos membros da nova aliança deveriam ser excluídos da comunidade do pacto, da igreja visível? Por que lhes negar o selo do pacto, que é o batismo?


Crianças e o pacto da graça no NT.

O NT exclui as crianças da condição de beneficiárias do pacto da graça? Não, em nenhum lugar do NT os filhos dos que pertenciam à aliança foram excluídos. Ao contrário, o que há são, afirmações explicitas de que continuam incluídos.

Vejamos o que o Senhor Jesus fala a esse respeito em Lc18.16. Pedro também tem opinião clara sobre isso, o apóstolo Paulo reconhece a posição dos filhos de crentes como Santos quando um dos pais é crente ao menos 1Co7.14.

Há alguns exemplos implícitos de sua prática em vários lugares de o NT. AT16.14,15; At16.30-33; 1Co1.16.

Os pais da igreja de um modo geral sempre aceitaram o batismo infantil como uma prática vinda desde os tempos apostólicos e pelo menos 9 dentre 12 pais da igreja, o aceitaram foram eles: Justino Mártir 130, Irineu 180, Orígenes 230 e posteriormente Agostinho.

A argumentação é muito maior e forte para quem aceita essa prática do que para aqueles que não a vêem com bons olhos. Se por um lado os opositores a essa doutrina dizem não haver exemplos explícitos disso em o NT, também não há a menor referência a batismos de adultos nascidos e criados em lares cristãos.

Calvino usa o seguinte argumento: “O Senhor disse expressamente que a circuncisão que se administra às crianças lhe servirá de confirmação do pacto que temos exposto. Se pois, o pacto permanece sempre o mesmo, é de todo certo que os filhos dos cristãos não são menos participantes dele do que foram os judeus do AT. E se participam da realidade significada, por que não lhes a de ser comunicado também o sinal”. [10]

Portanto o batismo infantil é bíblico e não podemos negar ou passar desapercebidos a esse fato que é tão importante para a edificação dos membros,para o conforto de saber que nossos filhos pertencem ao pacto e traz sobre nós pais, a responsabilidade de ensinarmos os nossos filhos no caminho do Senhor.

Quero encerrar este assunto contra argumentando uma pergunta que parece ser o forte dos que não aceitam o batismo infantil. Eles dizem o seguinte: As crianças não preenchem as condições necessárias para serem batizadas que é; o arrependimento e fé.

O terrível desse argumento é que se usado dessa forma, ele não somente exclui as crianças do batismo, como também do céu. Observemos o texto de Lc13.3 e também o de Jo3.18. Mas Cristo não os excluiu e nem mesmo os que fazem essa objeção os excluem.

Sobre isso Paulo Anglada diz o seguinte: “O argumento é valido apenas para os adultos que podem exercer fé, mas não para crianças. A bíblia também diz: ‘Quem não trabalha não coma’. E as crianças? Devemos deixa-las com fome, porque não podem trabalhar”. [11]

Esse argumento é válido também ao AT, onde as crianças não podiam nem se arrepender ou exercer fé, mas não foram excluídas de receberem o sinal do pacto nelas mesmas.


O Modo do Batismo e seu Simbolismo.

Os nossos irmãos tanto os batistas quanto os pentecostais, insistem na imersão como a forma legítima do batismo, tentaremos rapidamente compreender algumas coisas que nos esclareça melhor esse posicionamento.

A argumentação deles é baseada em Rm6.3, e também em Cl2.12, no entanto esses textos não estão aqui para argumentar favoravelmente de como devemos realizar o batismo, mas que nós estamos tão indestrutivelmente unidos a Cristo, que a morte de Cristo pelo pecado dos homens, deve ser a nossa própria morte para uma vida de pecados, que o ressuscitar de Cristo para uma vida incorruptível, deve ser o marco do nosso ressuscitar para uma vida pura e santa diante de Deus.

Mesmo porque, se assim não fosse e o texto estivesse se referindo a uma forma batismal, deveríamos para que ela tivesse validade, ficar 3 dias embaixo d’água o que jamais suportaríamos, pois foi esse o tempo em que Cristo ficou sepultado.

O texto não está falando de modo como se deve batizar, e sim da simbologia do batismo, que está no lavar, na purificação pela lavagem de água, na ação purificadora do Espírito Santo, o qual nos separada da impureza e nos une a Cristo e não no modo como essa lavagem é efetuada.


Usos da palavra batizar.


Nas quatro vezes em que a palavra batizar, baptiuzis, aparece na Septuaginta em todas às vezes, o verbo pode ser traduzido por lavar, mas nem todas pode ser traduzida por imergir. EX: Dn4.33, Lv6.28, 2Rs5.14, e neste último texto onde a imersão parece ser provável, o propósito é claramente a lavagem como símbolo de purificação como os vs 10,12,13, indicam.

No AT, freqüentemente os ritos de purificação eram por meio da aspersão do sangue ou da água e nunca por imersão no sangue e na água. Textos como Nm19.9, 13 e 20 nos ajudam nessa compreensão.

Observemos agora alguns textos no NT, que poderão nos ajudar a esclarecer ainda mais essa perspectiva. Mc7.2-5.

E vendo que alguns dos discípulos dele comiam o pão com as mãos impuras, isto é, por lavar (acsniuptoia) pois os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar (niutsntai) cuidadosamente as mãos; quando voltam da praça não comem sem se aspergirem (baptiuszntai); e há muitas outras coisa que observam, como a lavagem (baptsmonua) de copos, jarros e vasos de metal e camas, interpelaram-no os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar (koinaiãã-impuras)?

Em Hb9.10,13,19 e 21 fala de abluções (baptismoiãã) de aspergir cinzas e sangue com vistas a purificação religiosa. Há muitos outros textos que serviriam mais para fortalecer a idéia de aspersão pela bíblia toda do que como querem afirmar os batistas e os pentecostais de que seria por imersão. Ver At2.37-41, At8.26-40, At9.17-19, At16.30-33.

Charles Hodge diz o seguinte a esse respeito: “E assim, no que diz respeito ao Novo Testamento, não há um só caso em que o batismo implique necessariamente a imersão; há muitos casos nos quais este sentido é totalmente inadmissível, e muitos outros nos quais é improvável no grau máximo”. [12]


NOTAS:

1 - João Calvino, Instituición, Livro IV, cap XV, p1028.

2 - C. Hodge, Teologia Sistemática, ed Hagnos, São Paulo, 1a ed 2001.

3 - João Calvino, Instituición, Livro IV, cap XV, p1028.

4 - Ibidem, p1029.

5 - Ibidem, p1031.

6 - Ibidem, p1032.

7 - John P. Satelle, O Batismo Infantil, ed Puritanos, 1a 2000, p13.

8 - Instituición, Livro VI, capXVI pp1045e1046

9 - Paulo Anglada, O Batismo Infantil, ed puritanos, p43.

10 - Intituición, LivroVI, cap XVI, p1046.

11 - Paulo Anglada, O Batismo Infantil, p46.

12 - Charles Hodge, Teologia Sistemática, p1417.


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