A Medicina do Riso: O Humor de Spurgeon

por

Larry J. Michael, PhD.

 


Alguns anos atrás houve um caso documentado no British Medical Journal sobre um homem que ria muito de si mesmo. Ele realmente tinha uma doença terminal, e pelo emprego da terapia do riso, conseguiu que seu corpo lutasse com sucesso contra a doença. Embora possamos relutantemente reconhecer o mérito de tal caso, normalmente achamos tal incidente quase incrível. Pode o riso ser realmente bom para nós? A Bíblia definitivamente apóia uma idéia do tipo.


A Bíblia apóia o riso

O escritor de Eclesiastes afirmou: “Há tempo de chorar, e tempo de rir” (Eclesiastes 3.4). Nós sabemos que existem muitas razões para chorar. Só uma olhada casual em nosso mundo, com suas guerras, ódio, violência e mal – faz-nos tristes. Todos os dias vemos/ouvimos as notícias de terríveis contagens de pessoas feridas que ferem aos outros. Entristecemo-nos com tantas pessoas que estão vivendo em trevas e rejeitam a luz de Cristo. A extrema realidade do pecado em nosso mundo com certeza é grave.

Não é surpresa que muitos de nós, como líderes, possamos ser mais inclinados para a tristeza do que para a alegria. Dada a natureza e exigências da liderança cristã em um mundo cada vez mais desafiador, alguém poderia cinicamente assumir que os líderes parecem ter mais razão para serem sombrios do que alegres nestes dias. As pressões de nossas responsabilidades organizacionais, e o stress que as acompanham, podem nos levar para baixo. Administrar conflitos eclesiásticos, perder alguém especial, ver um casamento terminar, experimentar traição pessoal, encarar uma tragédia inesperada, tudo isso pode dar motivos para lágrimas.

Contra as épocas tristes, a Escritura também aconselha que há um tempo para rir. Os líderes precisam conhecer a equilibrada terapia do riso. Em busca deste objetivo, devemos nos entregar completamente às alegrias do ministério – celebrar momentos especiais com os membros, comemorar conquistas familiares, alegrar-se por alcançar alvos difíceis e saborear as bênçãos do crescimento espiritual. Mas estas experiências ainda podem falhar quanto ao pronunciamento bíblico a respeito do riso. Quando foi a última vez que você riu tanto que chorou? Ou que você riu até doer a barriga?

 

O grande senso de humor de Spurgeon

Muitos evangélicos conhecem bem o lado austero de C.H. Spurgeon e sua séria busca de uma vida santa. Certamente, sua firmeza quanto às causas corretas, e o confronto com erros doutrinários são freqüentemente relatados. Muitos leitores podem não saber que ele era um homem com grande sensor de humor. Spurgeon conhecia o valor da risada e da diversão. Ele virtualmente colocou em seu coração a palavra de Provérbios 17.22: “O coração alegre é remédio eficiente”.

Spurgeon ria tanto quanto podia. Ele ria das ironias da vida, ria dos incidentes cômicos, ria de elementos engraçados da natureza. Ele ria algumas vezes de seus críticos. Ele adorava dividir suas piadas com os amigos e colegas de ministério. Ele era conhecido por contar histórias engraçadas do púlpito. William Williams, um pastor amigo que fazia companhia a ele, era um amigo próximo e querido nos últimos anos da vida de Spurgeon. Ele escreveu:

Que efervescente fonte de humor o Sr. Spurgeon tinha! Eu ri mais, realmente acredito, quando estive em sua companhia do que durante todo o resto de minha vida. Ele tinha o mais fascinante dom do riso... e ele tinha também uma habilidade ainda maior de fazer todos os seus ouvintes rirem com ele. Quando alguém o condenava por dizer coisas engraçadas em seus sermões, ele dizia ‘ele não me condenaria se ele apenas soubesse quantas delas eu escondi' [1]

Spurgeon considerava o humor como uma parte tão integral em seu ministério que um capítulo inteiro de sua autobiografia é dedicado a isto. Humor permeava os seus sermões e escritos, freqüentemente costurados nos tecidos das suas mensagens. Esta é uma razão entre muitas do por que ele ainda é tão agradável de ler hoje em dia.

 

A terapia do riso

Spurgeon conhecia a bênção do tratamento de humor. Ele freqüentemente falava de sua doença em termos humorísticos: “Estou tendo dores fortes”, ele escreveu a um amigo, “mas estou me recuperando. Apenas minhas costas estão quebradas, e preciso de uma nova vértebra” [2] . Uma vez, quando estava sentindo-se deprimido, ele falou do remédio do riso:

Outra tarde, eu estava caminhando para casa depois de um dia duro de trabalho. Eu me senti exausto e dolorosamente deprimido, quando de repente este texto veio a mim, ‘Minha graça é suficiente para ti'. Eu cheguei em casa e olhei no original, e finalmente isto veio a mim desta forma. ‘Minha graça é suficiente para TI'. E então eu disse ‘devo pensar que é, Senhor', e comecei a rir. Eu nunca entendi o que a risada santa de Abraão era até então. Pareceu tornar a incredulidade tão absurda... Oh irmãos, sejam grandes crentes. A pequena fé levará suas almas ao céu, mas a grande fé trará o céu às suas almas” [3]

Algumas vezes o humor de Spurgeon quase chegou ao cinismo – como na época em que estava envolvido na controvérsia da regeneração batismal. Quando lidou com os clérigos da Igreja da Inglaterra por causa da crença deles na regeneração batismal, Spurgeon instalou uma fonte batismal como um bebedouro para pássaros em seu quintal. Ele referiu-se a isso como “os espólios da guerra”. Embora o grande “Príncipe dos Pregadores” possa ter passado dos limites com esta, na maioria das vezes seu humor era equilibrado e apropriado.

 

Riso: uma atividade necessária

Rir é uma atividade importante na vida de um líder. É uma terapia muito necessária para cargos que são frequentemente atacados com o stress e as dificuldades do dia-a-dia. Certamente existe uma hora para ser sério, quando encaramos muitas situações duras em nossas vidas e ministérios. Porém, precisamos aprender como experimentar o alívio do riso. Parte do problema é que muitos de nós nos levamos muitíssimo a sério. Quando esquecemos que Deus tem um senso de humor, precisamos fazer com um líder sugeriu – dar uma olhada no espelho!

Spurgeon conhecia o valor do riso e do humor. Em tempos duros e tempos de doença, o humor era um meio de ele tratar com sua situação. Era um mecanismo eficiente para ele. Sempre existirão épocas de tristeza e alegria para o líder consciente. Porém, o líder que aprende a equilibrar os dois aprenderá a disciplina de empregar o riso e a alegria em sua vida. Isto pode fazer uma diferença muito grande no cumprimento e propósitos do seu serviço ao Senhor.


Dr. Larry Michael é pastor sênior da Primeira Igreja Batista em Clanton, Alabama. Ele trabalha como professor adjunto no Beeson Divinity School em Birmingham, Alabama. Este artigo é uma adaptação do autor de seu livro, Spurgeon on Leadership , Kregel Publications, de 2003.



NOTAS:


[1] - William Williams, Personal Remembrances of Charles Haddon Spurgeon (London: Passmore and Alabaster, 1895), 24. [voltar]

[2] - Ibid, 231. [voltar]

[3] - Ibid, 25. [voltar]


Traduzido por: Josaías Cardoso Ribeiro Jr.
Revisado por: Felipe Sabino de Araújo Neto
24 de Abril de 2005.



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