1 Pedro 3:19-20

por

Gordon Lyons




1 Pedro 3:19-20

(19) no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão (20a) que há muito tempo desobedeceram, quando Deus esperava pacientemente nos dias de Noé, enquanto a arca era construída... (NVI).


Através do mesmo Espírito Santo que o ressuscitou dos mortos, Jesus pregou a mensagem de sua vitória triunfante aos espíritos (ou almas) em prisão, agora aprisionados pelo julgamento e sentença de Deus. Esses eram os espíritos dos homens e mulheres que viveram nos dias de Noé (Cf. 1 Pedro 4:6; 2 Pedro 2:4-5).

As vidas desses homens e mulheres tinham sido cheias de perversidade, violência e corrupção. Durante o tempo da construção da arca, Noé vinha proclamando a esses ímpios uma mensagem de salvação do juízo vindouro de Deus. Contudo, embora Deus tenha esperado pacientemente, todos — exceto Noé e seus familiares imediatos — recusaram crer que o Senhor estava a ponto de destruir o mundo da humanidade pecadora. Consequentemente, todos aqueles que falharam em buscar refúgio na arca, subsequentemente pereceram nas águas do dilúvio (Gênesis 6:3-18; 7:21-23).

Aos espíritos ou almas desses ímpios — aprisionadas e atormentadas eternamente — Cristo proclamou sua vitória triunfante. [1] Essa foi uma mensagem de vitória sobre Satanás, o pecado, a morte, o inferno e a sepultura. Essa própria vitória, contudo, selou eternamente a condenação final dessas almas rebeldes e incrédulas. Ela tornou certa a condenação eterna delas no inferno (Cf. 2 Pedro 2:9).

Na última parte do versículo 20, o apóstolo escreve:

(20b) Nela apenas algumas pessoas [ARC, almas], a saber, oito, foram salvas por meio da água... (NVI)


Na arca construída por Noé e outros, somente oito pessoas experimentaram o livramento do julgamento de Deus sobre o mundo daquela época. Aparte daqueles na arca, toda a humanidade e todas as outras criaturas [terrestres que dependiam do ar para a sobrevivência] foram destruídas.

Aqueles que creram em Deus, contudo, encontraram salvação prestando atenção à sua Palavra e buscando livramento através do meio apontado — a arca. Da mesma forma, aqueles que crêem em Deus hoje, encontram salvação prestando atenção à sua Palavra e buscando livramento através do meio apontado — seu Filho unigênito, o Senhor Jesus Cristo. Assim como a arca livrou com segurança os crentes da ira e do julgamento temporal de Deus, assim a fé em Cristo livra com segurança o crente da ira e do julgamento final de Deus.


NOTAS:

[1] — Alguns intérpretes não crêem que essa passagem ensine uma declaração pessoal de vitória pelo Senhor Jesus a esses espíritos aprisionados. Antes, na opinião deles, Cristo foi pregado a eles em e através da pregação de Noé (Cf. 2 Pedro 2:5: veja também Efésios 2:17, onde pode ser visto que ‘a vinda de Cristo para pregar' não necessariamente significa sua vinda em pessoa. Nessa passagem, ela se refere à pregação de Cristo por seus servos. Cristo é pregado onde quer que seus servos proclamem a mensagem do Evangelho).

As três interpretações principais dessa passagem podem ser resumidas da seguinte forma:

1. O Cristo pré-encarnado pregado àqueles indivíduos através de Noé (2 Pedro 2:5). Contudo, porque eles recusaram prestar atenção à advertência de Cristo, através de Noé, da vinda do julgamento de Deus, eles pereceram no dilúvio e subsequentemente foram aprisionados por Deus; ou,

2. Após a sua ressurreição, o Senhor Jesus Cristo proclamou sua vitória a esses espíritos aprisionados, durante sua “descida ao inferno” (cf. Efésios 4:9); ou,

3. O Cristo ressurreto proclamou sua vitória aos anjos caídos aprisionados (identificados como os “filhos de Deus” em Gênesis 6:2,4).

 

Nota do tradutor:

Para uma análise da expressão “desceu ao inferno”, veja o excelente artigo do Dr. Heber Carlos de Campos: Descendit ad Inferna (PDF)!

 


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 21 de Setembro de 2005.

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