“Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito” (João 10:26).
Não é incidental o fato de que jamais vi um comentarista de linha arminiana sequer tentar conciliar o texto acima com o seu sistema teológico. Na Bíblia deles o versículo em questão é quase um apócrifo. O nosso Senhor é claro demais para que as Suas palavras sejam distorcidas. Esta palavra do Senhor Jesus apareceu para se colocar no caminho de todos arminianos, com a espada desembainhada do querubim na porta do paraíso. É simplesmente impossível tentar fazer o texto dizer o que ele não diz.
Se Jesus fosse um arminiano, Ele teria dito o exato oposto do que disse, ou seja, “Vocês não são das minhas ovelhas porque vocês não crêem”. Por todo o Evangelho de João, as ovelhas de Deus são os eleitos que Ele escolheu do mundo, aqueles que o Pai lhe havia dado do mundo para que fossem seus. Ele as chama pelo nome (João 10:3); elas O seguem (João 10:4,27); elas não ouvem os ladrões e salteadores (João 10:8); Ele dá a Sua vida por elas (João 10:13); Ele conhece as Suas ovelhas e elas O conhecem (João 10:14); elas ouvem a Sua voz (João 10:27). Isso e tudo mais que a Bíblia fala sobre a relação de Cristo, o Bom Pastor, com as Suas ovelhas não pode ser dito, de forma alguma, de todas as pessoas deste mundo. Somente os eleitos de Deus, as Suas ovelhas, têm esta relação com Cristo, e somente por causa de Cristo.
Além do mais, as palavras de Cristo estão em perfeita harmonia, como não poderia deixar de estar, com o ensino de Paulo de que a fé é um dom de Deus. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Efésios 2:8). Contudo, nem todos têm fé, e sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6). O próprio apóstolo Paulo diz que “a fé não é de todos” (2 Tessalonicenses 3:2). De quem, pois, é a fé? Em Tito 1:1, lemos da “fé que é dos eleitos de Deus”, das Suas ovelhas, como exposto tão claramente em João 10:26, nosso texto-base.
Portanto, aqueles que se ofendem quando ouvem a verdade da eleição incondicional sendo pregada fielmente, deveriam se ofender primeiramente com o próprio Cristo. Usando um anacronismo, o próprio Cristo era um calvinista. Na verdade, foi com base em Seu ensino e de todos os outros apóstolos, especialmente os do apóstolo Paulo, bem como da Bíblia como um todo, que o Calvinismo foi desenvolvido. Em certo sentido, Calvinismo é apenas um apelido para o Cristianismo genuíno.
E para terminar, citamos James White, em resposta à acusação de Norman Geisler, em seu livro Eleitos mas Livres, de que o ensino da eleição incondicional, bem como de todos os outros pontos, é um “calvinismo extremado”:
Se crer que o homem está “tão morto” no pecado, que ele é incapaz de vir a Cristo por si mesmo, é “calvinismo extremado”, então, o Senhor Jesus antecedeu em 1500 anos a Calvino com a Sua pregação na sinagoga em Cafarnaum, registrada em João 6. Aqui temos o Senhor ensinando quase tudo o que Norman Geisler identifica como “Calvinismo extremado”. Jesus ensina que Deus é soberano e age independentemente das “livres escolhas” dos homens. Ele, da mesma forma, ensina que o homem é incapaz de ter a fé salvadora, aparte da capacitação do Pai. Ele então limita este trazer [do Pai, João 6:44] aos mesmos indivíduos dados pelo Pai ao Filho. Ele então ensina a graça irresistível sobre os eleitos (não sobre os “dispostos”) quando Ele afirma que todos aqueles que são dados a Ele, virão a Ele. João 6:37-45 é a mais clara exposição na Bíblia do que EML [Eleitos, Mas Livres] chama de “calvinismo extremado”... (James White, The Potter's Freedon, tradução minha).