João 19:26-27

por

William Hendriksen

Comentário sobre João 19:26:27

Ora, quando Jesus viu sua mãe e o discípulo a quem amava, de pé (ali), Ele disse a Sua mãe: Mulher, Eis aí seu filho! Depois disse àquele discípulo: Eis sua mãe! Dessa hora em diante o discípulo a levou para sua própria casa.

Das sete palavras pronunciadas na cruz, João registra três. As sete, com suas referências, são as seguintes:

(1) “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que estão fazendo” (Lucas 23:34).

(2) “Hoje você estará comigo no paraíso” (Lucas 23:43).

(3) “Mulher, Eis aí seu filho!...Eis aí sua mãe!” (João 19:26-27).

(4) “Meus Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” (Mateus 27:46; Marcos 15:34).

(5) “Estou com sede” (João 19:28).

(6) “Está consumado!” (João 19:30).

(7) “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito” (Lucas 23:46).


Portanto, o que temos aqui em 19:26,27 é a terceira palavra da cruz. Era um sofrimento para Jesus ver sua mãe no meio daqueles que estavam perto da cruz. Ele sofria por causa do sofrimento dela. Parado ao lado dela estava o apóstolo João. O particípio de parado é masculino e se refere somente a João. Então, pode-se fazer uma paráfrase da sentença como segue: “Então, quando Jesus viu sua mãe, e quando Ele viu o discípulo a quem Ele amava parado (ao lado dela), Ele disse à sua mãe” etc. Sobre a frase “o discípulo a quem Ele amava”, ver páginas 13-49; também sobre 13:23; e para o verbo em distinção de seu sinônimo, ver 21:15-17. Ninguém melhor que João entendia Jesus. Além do mais, o amor do Senhor por ele evocava a resposta do amor. Assim, o vemos aqui na cruz.

Jesus, então, vendo os dois, disse à sua mãe, “Mulher, Olhe! Seu filho”. Era muito gentil de sua parte dizer “Mulher” e não “Mãe”. A palavra “mãe” teria feito com que a espada penetrasse ainda mais fundo no coração de Maria; aquela espada afiada e dolorosa de que Simeão falara (Lucas 2:35). Aqui na cruz, exatamente como nas bodas em Caná (ver página 158) foi muito gentil da parte de Jesus enfatizar, pelo uso da palavra mulher, que Maria não devia pensar nEle como meramente seu filho, pois, quanto mais ela O visse como filho, mais iria sofrer quando Ele sofresse. Maria devia começar a vê-lO como seu Senhor. Sim, mesmo assim ela ainda iria sofrer, mas esse sofrimento seria de uma natureza diferente. Ela iria saber que, embora Sua agonia fosse indescritivelmente terrível, essa agonia era, contudo, gloriosa por causa de seu propósito. Ela iria, então, concentrar-se em seu significado redentor. Assim sendo, não mãe, mas mulher. O sofrimento meramente emocional de Maria —como qualquer mãe sofreria por ver seu filho sendo crucificado —deve ser substituído por algo mais elevado e nobre, isto é, por adoração!

Ao dizer, “Mulher, eis aí eu filho”, Jesus estava entregando Maria aos cuidados de João que, como se mostrou (ver sobre 19:25), pode bem ter sido seu próprio sobrinho, o filho de sua irmã Salomé. Parece que João tinha uma acomodação em Jerusalém (também Pedro; ver sobre 20:2), embora sua casa de fato fosse na Galiléia. Pode-se perguntar, “Mas, por que Maria não foi entregue aos cuidados de seus outros filhos?” A resposta é: provavelmente porque eles ainda não O tivessem recebido pela fé viva (ver sobre 7:5). E, além disso, quem poderia cuidar melhor de Maria do que o discípulo a quem Jesus amava?

Para o discípulo, Jesus disse, “Olhe! Sua mãe!” João entendeu imediatamente, e daquela hora em diante a levou para sua própria casa.

É verdade que aqui está implícita uma lição sobre a responsabilidade dos filhos (pense em Jesus) para com seus pais (pense em Maria). Mas certamente essa não é a lição principal. O sofrimento de Jesus ao ver Maria sofrer, e especialmente Seu maravilhoso amor —os cuidados do Salvador pelos seus, mais do que os cuidados de um filho para com sua mãe — estas são as coisas nas quais se deve pôr ênfase.

 


Fonte: William Hendriksen, Comentário de João, Editora Cultura Cristã, páginas 860-861.


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