Lucas 11:13 - Algumas Breves Considerações

por

Felipe Sabino de Araújo Neto



Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lucas 11.13).

Que bendita declaração! Certamente esta é uma das tantas porções das Escrituras que a alma sedenta e duvidosa pode se ajoelhar e beber grandes goles da água que salta para vida, que somente Cristo pode dar. Quão preciso é o nosso Senhor. Quão claro e instrutivo é o Seu ensino! E, contrariando o “espírito evangélico moderno”, Ele mostra que vida e doutrina não são mutuamente exclusivas. As Suas palavras são vida (João 6:68 – “Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna”) , todavia, elas sempre nos transmitem mui ricas e preciosas doutrinas. No versículo em questão há pelo menos três claras doutrinas, quais sejam:

1) - O homem é pecador : Jesus declara abertamente, sem nenhum receio, “se vós, que sois maus”. Todos nós somos miseráveis pecadores, cheios de maldade em nossos corações. Independentemente de nossa religião, “boas obras”, moral ou educação, estamos todos perdidos e arruinados. O nosso coração é excessivamente mau, mais enganoso do que todas as coisas (Jeremias 17:9). Somente a graça de Cristo, através do Espírito Santo, pode nos regenerar e nos dar um novo coração.

2) - A graça comum é estendida a todas as criaturas, independentemente de sua fé : Jesus afirma que os homens são maus, mas não são maus até onde eles poderiam ser. Mesmo sendo maus, eles podem amar os seus filhos, podem constituir famílias boas e equilibradas, podem ter uma boa moral e tantas outras virtudes. Cada ser humano tem dentro de si fogo suficiente para acender um inferno, contudo, é a graça de Deus que nos refreia. A graça comum de Deus, como o nome já diz, é comum a todos os homens, crendo eles em Deus ou não. Se não fosse a graça comum de Deus, este planeta já há muito teria sido destruído ou estaria em condições praticamente inabitáveis.

3) - É Deus quem concede o Espírito Santo . É mais do que claro que esta concessão não se refere ao ato inicial em que recebemos o Espírito Santo, ou seja, quando o pecador é vivificado pelo Espírito Santo, saindo assim do estado de “morto em delitos e pecados”. Como morto ele não pode e nem sequer deseja pedir o Espírito Santo ao Pai. Como não-salvo ele não pode dizer que Jesus é o Senhor, não em meras palavras, mas no sentido de viver e acreditar nisso, e, portanto, ele não tem o Espírito Santo, conforme nos ensina o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 12:3. É o Espírito que deve convencê-lo do pecado, da justiça e do juízo antes que ele possa clamar a Deus por socorro e bênçãos. Portanto, o nosso Senhor só pode estar se referindo aqui ao clamor diário do crente por enchimento do Espírito Santo, para que o mesmo inunde a sua vida e produza aqueles preciosos frutos que Efésios 6 nos descreve.

É inevitável aqui chamar a atenção para a acusação que os pentecostais e neo-pentecostais, direta ou indiretamente, lançam sobre Deus. Jesus afirma que até os homens maus concedem coisas boas aos seus filhos, e muito mais Deus, que é o summum bonum . Em outras palavras, Jesus está dizendo que Deus seria pior do que os próprios homens se Ele não concedesse o Espírito Santo àqueles que lhe pedem. Contudo, não é esta a implicação do ensino pentecostal e neo-pentecostal? Eles não ensinam que o “batismo com o Espírito Santo” é uma bênção posterior à conversão, a qual o crente deve pedir incessantemente para receber? E não é o testemunho inequívoco que a vasta maioria dos membros dessas igrejas passam a vida inteira suplicando, clamando e chorando por uma bênção que nunca chega? Portanto, esse ensino proclama indiretamente uma grande blasfêmia contra Deus, qual seja, que Ele, que é a própria essência de toda bondade, que amou os Seus eleitos a ponto de dar o Seu próprio Filho por eles, é, todavia, pior do que um miserável pecador que atende às petições dos seus filhos. Que diremos pois? É Deus injusto? É Deus mau? Longe de nós afirmar isso. O problema é que esses irmãos, ludibriados pelo falso ensino, buscam algo que Deus nunca prometeu. “Todos nós”, os que fomos salvos, e não apenas uns poucos privilegiados, “fomos batizados em um Espírito” (1 Coríntios 12:13). Não temos necessidade de nada, visto Deus já nos providenciou “tudo o que diz respeito à vida e piedade” (2 Pedro 1:3). Tudo o que Ele nos prometeu Ele nos dará, no Seu tempo, para a Sua glória e para o bem do Seu povo. Amém.



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