Mateus 11:21,23

por

John Gill




Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza... E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. (Mateus 11:21,23)

Estas palavras são frequentemente insistidas [1] como que provando a capacidade do homem para se arrepender, crer e se converter por si mesmo; e que a graça infrustável e irresistível não é necessária para estas coisas; e que a fé, o arrependimento e a conversão não são produzidos por ela. Mas,

1. Aqui não há menção feita da fé e da conversão, somente de arrependimento; e este, não espiritual e evangélico, mas externo e legal; tal como era realizado em sacos e cinzas, e em virtude do qual Sodoma poderia existir até hoje; porque, embora um arrependimento possa não ser para a salvação eterna, todavia, ele é freqüentemente atendido com bênçãos temporais, e são os meios de evitar os julgamentos temporais, como no caso dos Ninivitas, e pode existir onde a verdadeira graça de Deus não está; com a necessidade disto, Cristo poderia, assim como Ele justamente o fez, censurar as cidades onde Suas poderosas obras tinham sido feitas, como os judeus, em Mateus 12:41, e 21:31,42[2]; este arrependimento poderia ter sido realizado por eles, embora não tivessem poder para se arrependerem num sentido espiritual e evangélico, para o qual é requerido mais do que uma simples realização de milagres. Veja Lucas 16:31.

2. Estas palavras devem ser entendidas, como Grotius [3] observa, num sentido popular, e expressando o que era provável de acordo com um julgamento humano das coisas; e o significado é que, se os habitantes de Tiro, Sidom e Sodoma, tivessem tido as vantagens do ministério de Cristo, e visto os Seus milagres, como os habitantes de Corazim, Betsaida e Cafarnaum viram, eles teriam, muito provavelmente, ou como alguém estaria pronto a concluir, se arrependido dos seus crimes perversos, que trouxeram os julgamentos de Deus sobre eles de uma maneira notável; visto que estas coisas foram feitas, particularmente o seu pecado de rejeitar o Messias, não obstante toda a evidência dos milagres, e convicções de suas consciências, e assim provavelmente cometeram o pecado contra o Espírito Santo. E, portanto,

3. As palavras são uma exageração hiperbólica de sua impiedade, tais como aquelas em Ezequiel 3:5-7, mostrando que eles eram mais ímpios do que os habitantes de Tirom e Sidom, que viveram vidas muito depravadas e dissolutas; mais ímpios do que os habitantes de Sodoma, tão infames em suas cobiças não naturais; sim, mais do que quaisquer outros, se é que havia alguém mais ímpio do que estes, debaixo dos céus; e, portanto, seriam punidos com o pior dos julgamentos, versos 22,24. Devemos entender da mesma forma, em muitos aspectos, Mateus 12:14 e 21:31,32, onde Cristo censura os judeus com o próprio desejo de arrependimento externo por seu pecado de rejeitá-Lo, embora eles tivessem tido uma prova e demonstração plena dEle ser o Messias; e, portanto, eles eram mais ímpios do que os homens de Nínive, os quais se arrependeram externamente com a pregação de Jonas; sim, mais ímpios, não obstante toda sua pretensa santidade e justiça, do que os publicanos e meretrizes, que entraram no reino de Deus, que atenderam ao ministério exterior da palavra, creram em João o Batista, e deram pelo menos um assentimento como verdadeiro ao que ele disse concernente ao Messias.

4. Estas palavras não podem ser nenhuma prova de Deus dar graça suficiente de uma forma igualitária a todos os homens, que em alguns é eficaz para conversão, e em outros não; vendo os homens de Tiro, Sidom e Sodoma, não terem as mesmas vantagens e meios, ou a mesma graça, como os habitantes destas cidades tiveram, se as obras poderosas feitas entre eles pudessem ser assim chamadas. Além disso, onde as pessoas têm os mesmos meios externos de graça, e as mesmas vantagens externas, e alguém se arrepende verdadeiramente, crê e é convertido, e outro não; isto não é devido à vontade do homem, mas à graça soberana de Deus, como aparece nos versos 25:26: - Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve.

 

NOTAS:

[1] Remonstr. in Coll Hag. art. 3. 4. p. 218, Act. Synod. p. 120 etc; Limborch. 1. 4, c. 13, sect. 6, p. 370; Whitby , p. 173; ed. 2. 169.

[2] Whitby . p. 174; ed. 2. 170.

[3] In loc.

 

 

Fonte: Extraído e traduzido de The Cause of God and Truth [A Causa de Deus e a Verdade], Parte 1, Seção 24 – Mateus 11:21,23.

 


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 27 de Fevereiro de 2005.


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