Ensino, Pregação e Curas de Cristo: Mateus 4:23

por

William Hendriksen



Mateus 4:23-25 (ARA)

Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo. E a sua fama correu por toda a Síria; trouxeram-lhe, então, todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curou. E da Galiléia, Decápolis, Jerusalém, Judéia e dalém do Jordão numerosas multidões o seguiam.

Cf. Marcos 1:39. Lucas 4:44



23.
O tipo de obra que Jesus realizou durante seu Grande Ministério Galileu é agora brevemente resumido. Não ficou limitado a Cafarnaum, pois lemos: E ele percorreu toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando toda doença e toda enfermidade entre o povo. A atividade de Jesus diferia da de João, e isso de diversas maneiras: a. João pregava ao ar livre; Jesus também na sinagogas; b. João pregava; Jesus também ensinava; c. em sua pregação João enfatizava a necessidade de arrependimento em vista do juízo iminente; Jesus, ainda que não negligenciando isso, pôs maior ênfase na mensagem positiva: proclamava o evangelho do reino (ver C.N.T. sobre Fp 1:27 e 28); d. “João veio não comendo e bebendo; o Filho do homem veio comendo e bebendo” (11:18 e 19); e, finalmente, e. João pregava e batizava; Jesus pregava e realizava milagres de cura.

Há diferença entre pregação e ensino, embora seja verdade que boa pregação é também ensino. Não obstante, a ênfase não é a mesma. O termo usado no original — pregar — significa introduzir, anunciar, proclamar (ver C.N.T. sobre1 e 2 Timóteo e Tito, p. 310). Por outro lado, ensinar indica a tarefa de comunicar uma informação mais detalhada a respeito da proclamação que fora feita. Jesus fez pleno uso de sua oportunidade de pregar e ensinar nas sinagogas (13:53-58; Mc 6:1-6; Lc 4:16-31).

Na frase “o evangelho do reino”, o que significa “reino”? Não há necessidade de se repetir o que já foi dito a respeito (ver p. 130, e também comentário sobre 3:2 e 4:17). Em sua conotação mais ampla, as expressões o reino dos céus”, “o reino de Deus”, ou simplesmente “o reino” (quando o contexto deixa claro que está em pauta “o reino dos céus ou de Deus”) indicam a realeza de Deus, seu governo ou soberania, reconhecido nos corações e que opera na vida de seu povo, efetuando neles sua completa salvação, sua constituição como igreja, e finalmente como um universo redimido. Notar especialmente os quatro conceitos:

a. A realeza, o governo ou a soberania reconhecida de Deus. Esse poderia ser o significado em Lc 17:21: “O reino de Deus está dentro de vós”, e é o significado em Mt 6:10: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade...”.

b. A completa salvação, isto é, todas as bênçãos espirituais e materiais — ou seja, bênçãos para a alma e para o corpo — que resultam quando Deus é Rei em nosso coração, reconhecido e obedecido como tal. Em consonância com o contexto, esse é o significado em Mc 10:25,26: “É mais fácil... do que entrar um rico no reino de Deus. E eles... diziam: 'Quem, pois, pode ser salvo?'”.

c. A igreja: a comunidade de homens em cujos corações Deus é reconhecido como Rei. Reino de Deus e igreja, quando usados neste sentido, são quase equivalentes entre si. Este é o significado em Mt 16:18,19: “... e sobre esta rocha edificarei a minha igreja... Eu te darei as chaves do reino dos céus”.

d. O universo redimido: o novo céu e a nova terra com toda a sua glória; algo ainda futuro: a realização final do poder salvífico de Deus. Assim em Mt 25:34: “... herdai o reino preparado para vós... ”.


Esses quatro significados não são separados e sem relação entre si. Todos eles procedem da idéia central do reino de Deus, da supremacia de Deus na esfera do poder salvífico. O reino ou reinado (o termo grego possui ambos os significados) dos céus é semelhante a uma semente de mostarda que se desenvolve gradualmente; por isso, é ao mesmo tempo presente e futuro (Mc 4:26-29). É presente — estudar Mt 5:3; 12:28; 19:14; Mc 10:15; 12:34; Lc 7:28; 17:20,21; 1 João 3:3-5; 18:36. É futuro — estudar Mt 7:21,22; 25:34; 26:29.

Jesus falou da obra da salvação como sendo o reino ou reinado dos céus para indicar o caráter, a origem e o propósito sobrenaturais de nossa salvação. Nossa salvação tem início no céu e deve redundar em glória para o Pai que está no céu. Por isso, ao usar esse termo Cristo defendia a verdade, tão preciosa para todos os crentes, de que tudo está subordinado à glória de Deus.

Jesus não só pregou e ensino; ele também curou. Nenhuma doença foi demasiadamente difícil para ele curar, nenhuma enfermidade foi tão complicada que ele não pudesse mitigar; daí, “toda (espécie de) doença e toda (espécie de) enfermidade”.

Os milagres de cura que Cristo realizou tinham um significado tríplice: a. confirmavam sua mensagem (Jo 14:11); b. revelavam que de fato ele era o Messias das profecias (Is 35:5; 53:4,5; 61:1; Mt 11:2-6); e c. comprovavam que, em certo sentido, o reino já havia chegado, porque, como já se indicou, o conceito de reino inclui bênçãos tanto para o corpo como para a alma. Os Evangelhos, por toda parte, estabelecem uma relação muito estreita entre os conceitos de reino e milagres (Mt 9:35; 10:7,8; 12:28; Lc 9:1,2; e cf. também At 8:6,7,12).

O caráter universal das obras de cura é também exibido pelo fato de que Jesus percorria toda a Galiléia, a Galiléia com sua mistura de judeus e gentios, e curava “toda doença e toda enfermidade entre o povo”, sem, no entanto, nunca ter perguntado a um doente: “Tu és judeu ou gentio?” Ele curava a todos, sem distinção de raça ou nacionalidade. Verdadeiramente ele era — e é! — “o Salvador do mundo” (Jo 4:42; 1 Jo 4:14).


Fonte: C.N.T de Mateus - volume 1, William Hendriksen, Editora Cultura Cristã.

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