O Mandamento Novo

por

Santo Agostinho


O Senhor Jesus atesta que dá aos seus discípulos um mandamento novo, o de se amarem uns aos outros: Dou-vos um mandamento novo: Amai-vos uns aos outros (Jo 13,34).

Mas já não havia este mandamento na Lei Antiga, dada por Deus, na qual está escrito: Amarás o teu próximo como te amas a ti mesmo? (Lv 19,18). Por que então o Senhor chama de novo aquilo que se prova ser tão antigo? Porventura é novo por que, despindo-nos do homem velho, nos reveste do homem novo? De fato não é qualquer amor que renova o ouvinte, ou melhor, o obediente, mas apenas aquele do qual o Senhor afirma por acréscimo, para distingui-lo do amor carne, como eu vos amei (Jo 13,34).

Este é o amor que nos renova, porque faz de nós homens novos, herdeiros do novo testamento, cantores do cântico novo. Este amor, irmãos caríssimos, renovou os antigos justos, os patriarcas e os profetas, como mais tarde os santos apóstolos. É este o que, atualmente, renova as nações e, de todo o gênero humano, espalhado pelo mundo inteiro, forma um novo povo, corpo da nova Esposa do Filho único de Deus, da qual se diz no Cântico dos Cânticos: Quem é esta que sobe, vestida de branco? (cf. Ct 8,5). Sim, vestida de branco, porque renovada. E renovada como? Pelo mandamento novo.

Por isso é que nela os membros são solícitos uns pelos outros: se um membro, sofre, sofrem ao mesmo tempo todos os outros; e se um membro é glorificado, todos ao mesmo tempo se alegram (cf. 1 Cor 12,25-26). Eles ouvem e praticam: Dou-vos um mandamento novo: amai-vos uns aos outros (Jo 13,34). Não como se amam os que corrompem, não como se amam os homens, só pelo fato de serem homens. Mas como se amam aqueles que são deuses e filhos do Altíssimo, a fim de serem irmãos de seu Filho único. Amam-se uns aos outros com o amor com que ele amou os homens, a fim de levá-los para o termo que lhes dê a plenitude e onde a abundância dos bens cumule os seus desejos (cf. Sl 102,5). Pois nada faltará aos seus anseios quando Deus for tudo em todas as coisas (1Cor 15,28).

Este é o amor que nos dá aquele que prescreveu: Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros (Jo 13,34). Para isto é que nos amou: para que nos amássemos uns aos outros. E deu-nos a graça, pelo amor que nos tem, de nos estreitarmos uns com os outros pelo amor mútuo e de sermos unidos os membros por tão doce vínculo, o Corpo vivo de tão ilustre Cabeça.

Trat. 65,1-3

 


Fonte: Dos “Tratados Sobre São João”, de Santo Agostinho.



Este artigo é parte integrante do portal http://www.monergismo.com/. Exerça seu Cristianismo: se vai usar nosso material, cite o autor, o tradutor (quando for o caso), a editora (quando for o caso) e o nosso endereço. Contudo, ao invés de copiar o artigo, preferimos que seja feito apenas um link para o mesmo, exceto quando em circulações via e-mail.


http://www.monergismo.com/

Este site da web é uma realização de
Felipe Sabino de Araújo Neto®
Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê.

TOPO DA PÁGINA

Estamos às ordens para comentários e sugestões.

Livros Recomendados

Recomendamos os sites abaixo:

Monergism/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela / Spurgeon em Espanhol / Thirdmill
Editora Cultura Cristã /Editora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova