Os Quatro "Todos" da Oração

por

William Hendriksen

 

 

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A Palavra de Deus dirigida aos homens (v. 17) é deveras poderosa, especialmente quando ela se acha em íntima relação com a palavra dos homens dirigidas a Deus (vv. 18-20), não como se Deus e os homens fossem parceiros em iguais condições, mas porque a palavra dos homens, dirigida a Deus, é dada pelo Espírito, guiada pelo Espírito (“no Espírito”). Paulo escreve:

Efésios 6:18. por meio de toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e, em vista disto, estando alerta em toda perseverança e súplica, por todos os santos.

O soldado, com seu próprio poder, nada pode fazer contra tão grande inimigo. Por isso, enquanto toma e põe cada peça da armadura e faz uso dela, deve orar pedindo a bênção de Deus.


1. A variedade de oração: “toda oração e súplica”.

O apóstolo enfatiza de maneira especial que a comunhão do soldado com seu General — a comunhão do crente com seu Deus — não deve ser de apenas uma forma. Alguns estão sempre pedindo coisas. Toda a sua vida de oração consiste apenas disto. Porém, a oração — a primeira menção da palavra é muito geral — não deve incluir somente clamores por ajuda, mas também confissão de pecado, profissão de fé, adoração, ações de graças, intercessão. Além do mais, a vida de oração deve ser definida, não apenas dizer: “Ó Senhor, abençoa a todos quantos esperam por tuas bênçãos”, o que é muito geral, mas “súplicas” ou “petições” acerca de necessidades definidas, rogos por bênçãos específicas. Isso significa que a pessoa que ora deve ter consciência de situações concretas ao seu redor, pelo menos não deve limitar-se ao próprio e reduzido horizonte, mas deve conhecer as situações nas quais sua ajuda é necessária. Deve, talvez, separar hoje para enfatizar esta necessidade, amanhã lembrar outra.


2. O “quando” e o “onde” da oração: “em todo tempo...no Espírito”.

Oração em tempo de “grande capacidade” ou “catástrofe” é algo muito em voga. Para muitos, entretanto, o “Dia de Ações de Graças” vem apenas uma vez ao ano. É o dia determinado pelo governo nacional ou por uma igreja. O apóstolo admoesta os leitores à virem a Deus “em todo tempo”. “Reconhece-o em todos os teus caminhos” (Provérbios 3:6).

No tocante ao “onde” da oração, não devemos confiná-la a “Jerusalém” ou a “este monte”, mas há de ser sempre “em (a esfera de) o Espírito”, ou seja, “com seu auxílio” e “em harmonia” com sua vontade como revelada na Palavra que Ele inspirou”


3. A forma da oração: “estando alerta em toda perseverança e súplica” (Colossenses 4:2).

Os que não permanecerem “alerta”, mas são negligentes e indiferentes no que respeita a seus lares, no que passa nas ruas de sua cidade, em sua região ou província, em seu país, em sua igreja, em sua denominação ou no mundo terão uma vida de oração muito limitada. Os que não conhecem a vontade de Deus, porque dedicam um tempo ínfimo ao estudo das Escrituras, não poderão colher os frutos da oração. Os que não conhecem as promessas não podem pretender “penetrar as profundidades das promessas de Deus” em seus períodos devocionais, nem podem participar da profunda e recompensadora comunhão com Deus. Em conseqüência, orarão somente de vez em quando. Não haverá “perseverança” e as “súplicas” (= petições por bênçãos definidas) serão escassas.


4. Os sujeitos indiretos da oração: “por todos os santos”.

Cristo, ao longo de sua peregrinação terrena, valorizou grandemente a oração intercessória (= oração uns pelos outros), como se pode ver em vários incidentes (Mateus 9:18-26; 15:21-28; 17:14-21; etc.). Em Paulo observa-se a mesma atitude. O coração de nosso Grande Intercessor, que não só intercede por nós, mas que realmente vive com esta determinação (Hebreus 7:25), se sente profundamente comovido por estas petições! Assim, a comunhão dos santos se mantém viva e real.

Nesta comunhão de oração o judeu convertido não deve ignorar o gentio convertido, nem o ancião ao jovem, nem o livre ao que está em prisão, e vice-versa. Deve haver oração “por todos os santos”. Em Deus não há acepção (= discriminação) de pessoas.

Até a este ponto o apóstolo disse muito pouco sobre sua própria situação pessoal. Não se queixa. Menciona de forma breve o fato de achar-se escrevendo na qualidade de prisioneiro (3:1; 4:1), e também instou com os efésios a “não perder o ânimo” por causa do que ele sofria em favor deles (3:13). Mas isto foi tudo; e mesmo em tais passagens ele não pensa em si mesmo tanto como no bem-estar dos leitores.

Finalmente, agora ele, por um breve momento, centraliza a atenção em si mesmo, em suas próprias necessidades, e pede que quando se oferecessem orações “por todos os santos”, ele, também, fosse lembrado de forma especial. Note-se, todavia, quão nobremente se expressa: 19. e (orando) por mim, para que, ao abrir minha boca, eu possa ter uma mensagem, de modo que possa fazer conhecido corajosamente o mistério do evangelho.

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Fonte:
Extraído do excelente comentário de “Efésios”, de William Hendriksen, publicado pela Editora Cultura Cristã. Páginas 349-352.


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