Romanos 5:18-19

por

William Hendriksen


Comentário Sobre Romanos 5:18-19

 

Conseqüentemente, como uma só transgressão resultou em condenação para todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou, para todos os homens, em justificação que traz vida. Pois assim como pela desobediência de um só muitos se tornaram pecadores, assim também pela obediência de um só muitos se tornarão justos.

Como o termo "Conseqüentemente" indica, Paulo não só está voltando ao pensamento expresso no versículo 12, ele está resumindo o argumento do parágrafo inteiro (vv. 12-17). A presente passagem contrasta uma só transgressão, ou seja, a de Adão (Gn 3.6, 9-12, 17), transgressão aqui chamada "a desobediência de um só", e um só ato ou feito de justiça, chamado "a obediência de um só", sendo esse um só, Jesus Cristo. Cf. Filipenses 2.8. Visto que no contexto precedente Paulo não mencionou menos de três vezes a morte de Cristo por Seu povo (vv. 6, 8, 10; cf. vv. 7 e 9), é indubitável que também aqui nos versículos 18 e 19, a referência é àquele sacrifício supremo. Entretanto, não devemos interpretar esse conceito de forma demasiadamente estreita: a morte voluntária de Cristo representa todo o seu ministério sacrificial terreno do qual essa morte foi o clímax.

Podemos entender que uma transgressão resultou em condenação para todos os homens, mas o que o apóstolo tem em mente quando declara que também, para todos os homens, um só ato de justiça resultou em justificação que comunica vida? Se no primeiro caso "todos os homens" significa absolutamente todo mundo, a lógica não demanda que no segundo caso de seu uso a expressão tenha o mesmo significado? Eis a resposta:

a. O apóstolo já esclareceu bem em passagens anteriores que a salvação é para os crentes, tão-somente para eles (1.16, 17; 3.21-25 etc.).

b. Ele já enfatizou isso também nesse mesmo texto: somente aqueles que "recebem a transbordante plenitude da graça e do dom da justiça" reinarão em vida (v. 17).

c. Numa passagem que é similar a 5.18, e que já foi citada anteriormente, o próprio apóstolo explica o que ele tem em mente por "todos" ou "todos os homens" que deverão ser salvos e participarão da gloriosa salvação. Essa passagem é:

"Pois como em Adão todos morrem, assim em Cristo serão vivificados. Mas cada um em seu próprio turno: Cristo, as primícias; depois aqueles que são de Cristo, em sua vinda" (1 Co 15.22,23). Aqui declara-se nitidamente que o "todos" que serão vivificados são "todos os que estão em Cristo", ou seja, aqueles que lhe pertencem.

Mas, ainda que essa resposta prove que quando Paulo aqui usa a expressão "todos" ou "todos os homens", em conexão com aqueles que são ou serão salvos, este "todos" ou "todos os homens" não deve ser interpretado no sentido absoluto ou ilimitado, isso ainda deixa outra pergunta sem resposta, a saber: "Por que Paulo usa essa forte expressão?" Para responder a essa pergunta, é preciso que alguém leia cuidadosamente toda a epístola. Então se fará claro que, entre outras coisas, Paulo está combatendo a tendência sempre presente dos judeus de se considerarem como sendo melhores que os gentios. Em oposição a essa atitude errônea e pecaminosa, ele enfatiza que, no que diz respeito à salvação, não há diferença entre judeu e gentio. O leitor deve estudar cuidadosamente as seguintes passagens a fim de verificar isso por si mesmo: 1.16; 17; 2.7-11; 3.21-24, 28-30; 4.3-16; 9.8, 22-33; 10.11-13; 11.32; 15.7-12; 16.25-27. Quanto à salvação, diz Paulo: "Não há distinção. Deus não mostra parcialidade". Todos os homens são pecadores diante de Deus. Todos são carentes da salvação. Pois todo o caminho de salvação é o mesmo.

No dia e época em que, mesmo em certos círculos evangélicos, a distinção antibíblica entre judeu e gentio estiver ainda sendo mantida, e até mesmo enfatizada, é preciso que, o que a Palavra de Deus diz sobre esse assunto, particularmente também nas epístolas de Paulo aos Romanos, seja realçado.

Note que no versículo 18 somos informados de que uma só transgressão resultou em condenação para todos, mas que um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida. Isso mostra que a justificação não só destrói o veredicto de "culpado", cancelando a sentença de condenação, mas também abre o portão para a vida. Para esse conceito de vida - cf. versículos 17 e 21 -, ver acima sobre 2.7.

Igualmente no versículo 19, Paulo não diz: "Assim como pela desobediência de um só muitos se tornaram pecadores, assim também pela obediência de um só muitos se tornaram inocentes ou sem culpa", mas: "...muitos se tornarão justos". Por certo, isso basicamente significa "ser declarado justo". Não obstante, quando Deus declara justo a alguém, essa ação sempre determina tudo? Ver a explanação de 5.5.

 


Fonte: HENDRIKSEN, William. Romanos. Trad. Valter Graciano Martins. 1ed. São Paulo: CULTURA CRISTÃ Ed., 2001. 704p.; pp. 241-243.


www.monergismo.com

Este site da web é uma realização de
Felipe Sabino de Araújo Neto®
Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê.

TOPO DA PÁGINA

Estamos às ordens para comentários e sugestões.

Recomendamos os sites abaixo:

Academia Calvínia/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela /Textos da reforma / Thirdmill
Editora Cultura Cristã /Edirora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova