Criacionismo

por

John F. MacArthur, Jr

 


Prefácio

Reconhecendo que a Bíblia é a própria palavra do Deus Vivo ao homem, e entendendo a prioridade de conhecer e obedecer as Suas verdades, os anciãos da Igreja Comunidade da Graça estão profundamente comprometidos em estudar e ensinar as Escrituras com diligência e autoridade. Dessa forma, o ministério central da Igreja da Graça é a contínua transmissão da verdade bíblica ao povo de Deus, para que eles possam conhecer a Deus e servi-LO em adoração e ministério.

Este livreto apresenta a convicção dos anciãos com respeito às principais verdades teológicas da Bíblia, construída em anos de estudo e ensino. Essas são as primárias doutrinas da fé Cristã, e elas refletem o coração do ensino aqui na Igreja da Graça.

John MacArthur, Jr. Pastor-Professor



Quando o universo e tudo o que nele há vieram à existência?

Como isto aconteceu e quanto tempo exigiu?


Deus, que é o Único que existia antes do mundo começar, dá Suas respostas àquelas questões em Sua revelação ao homem, a Bíblia.


O Ponto de Partida

Há um conto apócrifo sobre certos homens que procuraram responder a questão: De onde a terra veio? Depois de compilar seus dados e alimentá-los em um sofisticado computador, eles pressionaram o botão de resposta com grande antecipação. Luzes brilharam, sinos tocaram, buzinas soaram, e o computador deu esta mensagem impressa: “Veja Gênesis 1:1”. Esta estória fictícia ilustra um ponto crucial: a revelação escrita de Deus demanda consulta primária.


Testemunho Especial

Por toda a Bíblia existem enunciados específicos produzindo testemunho de que Deus criou o mundo: “Só Tu és Senhor; tu fizeste os céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora” (Neemias 9:6).

Assim diz o Senhor, teu Redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço tudo, que sozinho estendo os céus, e espraio a terra por mim mesmo” (Isaías 44:24).

Ah Senhor Deus! Eis que tu fizeste os céus e a terra com o teu grande poder, e com o teu braço estendido; nada há que te seja demasiado difícil (Jeremias 32:17).

O apóstolo Paulo disse ao povo de Listra: “Vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto há neles” (Atos 14:15).

Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas (Apocalipse 4:11). Para uma análise mais ampla, leia 1 Crônicas 16:25-26; Jó 38-41; Salmos 33:6; 148:1-5; Provérbios 3:19; Amós 4:13; Jonas 1:9; Zacarias 12:1; Romanos 9:20; Apocalipse 10:6; e 14:7. A Escritura aponta para uma Pessoa, e não para um processo, trazendo o mundo à existência, e a irrefutável conclusão é que Deus é a primeira causa de todas as coisas.


Reivindicações Diretas

Para muitos Cristãos sinceros a questão não é quem criou o mundo, mas como Deus o criou. A Bíblia não é silenciosa neste assunto, porque ela faz afirmativas definidas sobre a natureza específica da criação, relatando tanto a quantia de tempo como a origem do material usado.

Primeiro, a Bíblia nos relata quanto tempo foi tomado para criar o mundo. Quando Deus (através de Moisés) quis ilustrar como o Quarto Mandamento deveria ser observado, Ele se referiu à criação como um modelo: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou” (Êxodo 20:8-11). O homem deveria trabalhar por seis dias (verso 9), porque em seis dias o Senhor criou os céus, e a terra, o mar e tudo o que neles há (verso 11). Visto que os dias de trabalho são medidos em segmentos de 24 horas, o período de tempo para a criação (que serviu como o protótipo) deve ser também de igual duração. A mesma lógica se aplica ao dia de descanso (versos 10-11). A menos que dias de igual duração sejam entendidos em ambas as passagens, a ilustração será sem sentido.

Em segundo lugar, o escritor de Hebreus nos conta quais materiais Deus usou na criação: “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hebreus 11:3). Não existia nenhuma matéria eterna, nem plantou Deus uma semente para tornar-se algo mais complexo que ela mesma. A Escritura deixa claro que a criação do mundo foi ex nihilo (latim: do nada), o que significa que o mundo que vemos hoje não é o resultado de prolongados estágios de maturidade. Pelo contrário, o mundo visível veio à existência pelo criativo fiat [latim: que se faça] de Deus sem materiais previamente existentes. Visto que Deus é a primeira causa da criação especial, devemos suspeitar que Sua obra criativa traga Sua marca.


A Natureza de Deus

A eterna perfeição de Deus é assumida em toda parte na Escritura. A terrível majestade da criação, por exemplo, reflete Seu poder e glória e domínio: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos” (Salmos 19:1).

Desde o princípio, nenhum processo mecanicista de evolução ou de maturidade aponta para a infinidade e para o poder de Deus. Contudo, desde o princípio, a criatura tem estado sem escusa por sua ignorância de Deus, visto que Deus é claramente revelado na natureza da criação.

Você pode logicamente ter um processo evolucionário sem Deus. Isto é o porquê muitos evolucionistas são ateus e Deus se torna a mosca em seu ungüento de pensamento. Todavia, você nunca pode ter súbito criacionismo sem Deus. Dessa forma, somente no súbito criacionismo o poder de Deus poderá ser, sem erro, desde o início. É por isto que Paulo concluiu: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Romanos 1:20).

Em seguida, vamos supor por um instante que o mundo e seus habitantes vieram à existência através de processos. O mais complexo deve desabrochar (desenvolver!) como resultado do simples. Além do mais, a maioria dos evolucionistas devem acreditar que a raça humana permanece como o epítome do processo. Se tudo isto for verdade, qualquer que seja a natureza básica do homem, também é básica para o organismo original do qual o homem se desenvolveu.

Este raciocínio, embora convincente, se torna falso por um fato bíblico básico. O homem foi criado à imagem de Deus. Então, os seres humanos não podem ter se desenvolvido na imagem de Deus porque não há intervalo de tempo entre a criação do homem e o homem sendo feito à semelhança de Deus. Está escrito: “Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez” (Gênesis 5:1).

Seja o que for que se creia sobre a origem, é necessário postular que Deus, num instante de tempo, embutiu a humanidade com Sua imagem. O processo não dará conta do porquê de nossa natureza exclusiva, nem do fato de que a humanidade foi contagiada pelo pecado. Este é o porquê Deus enviou Seu Filho para redimir somente a humanidade e não as multidões de outras formas de vida.


O Ministério Terreno de Cristo

Não podemos examinar maior autoridade crível em nosso assunto do que o Criador Encarnado - Jesus Cristo. Se alguém pode projetar alguma luz convincente nesta investigação, certamente o Salvador permanece como a suprema testemunha.

A Bíblia testifica sobre Seu envolvimento na criação. A Escritura faz fortes afirmações de que Cristo não se identificou meramente com a criação, mas que realmente iniciou tudo dela: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1:3).

Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele" (Colossenses 1:16). "A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo” (Hebreus 1:2).

A maioria das explanações sobre a criação requer um intervalo significante de tempo entre a criação da matéria e a origem do homem. Contudo, ouçam o próprio ensino de Jesus: “Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea” (Marcos 10:6, ênfase acrescentada). A palavra escolhida por Cristo deixa o intérprete com nenhuma outra alternativa senão entender que o homem foi uma parte da criação no início, não algum subseqüente desenvolvimento. Somente o modelo do súbito criacionismo toma esta importante evidência determinante em consideração.

As palavras de Cristo são convincentes, mas a significância de Suas poderosas obras (os milagres criativos) nos persuade ainda mais. Em uma ocasião, Ele produziu vinho da água (João 2:1-11). Duas vezes Ele criou banquetes para alimentar milhares à partir de miseráveis punhados de comida (Mateus 14:13-21; 15-34-39). Em cada caso, o milagre ocorreu aparte de um processo e sem o passar de um largo período de tempo.

Deus deu aos discípulos um vislumbre da glória da segunda vinda de Cristo no Monte da Transfiguração e também nos deu uma amostra do poder criativo de Jesus através de Seus milagres. Note cuidadosamente que Deus não somente foi capaz de manifestar o Seu poder criativo, mas Ele também desejou assim fazer.


Eventos do Fim dos Tempos

De todas as evidências bíblicas que apontam para um súbito criacionismo, os eventos do fim dos tempos talvez sejam os mais convincentes. À medida que vemos como Deus escolheu concluir a história humana, teremos de relance uma vista de como o mundo mais provavelmente começou.

Os Cristãos crêem que seus corpos serão ressuscitados do túmulo e transformados para ser glorificados e incorruptíveis. Nós temos toda razão para crer que o Senhor é capaz de fazer isto (Daniel 12:2; João 5:29; Romanos 8:23; 1 Tessalonicenses 4:16-17; 1 Coríntios 15:51-52) de acordo com as Escrituras. Cada um dos corpos dos cristãos será instantaneamente recriado do pó da terra.

Isto é semelhante à criação de Adão repetida. Mas desta vez, não somente um corpo será criado, mas literalmente milhões que têm confiado em Cristo como Salvador deles. Visto que multidões de corpos serão recriados na ressurreição, quão fácil deve ter sido para Deus criar somente Adão e Eva no princípio. Dessa forma, é logicamente válido concluir que o grande milagre criativo da ressurreição é paralelo ao milagre menor da criação inicial. Súbito criacionismo, então, permanece não somente possível, mas até mais provável como uma manifestação da consistência de Deus.

Da mesma forma que a ressurreição do homem aponta para uma súbita criação no princípio, assim o faz o fim do mundo. Em uma rápida manifestação de Seu divino poder, Deus limpará e polirá a amaldiçoada terra pelo fogo, de forma que ela se tornará uma nova terra (2 Pedro 3:10-13).

A eternidade futura não se desenvolverá à partir do mundo presente. Antes, Deus rapidamente e poderosamente trará um fim ao presente tempo e introduzirá solenemente a era final. Visto que Deus subitamente reverterá o presente processo, é razoável crer que Ele iniciou o mundo que agora existe da mesma maneira (rapidamente, do nada). Agora, tendo olhado para o fim, nós finalmente voltamos ao princípio. O Gênesis nos dá algum suporte razoável para crer que a terra foi pessoalmente criada por Deus em um curto período de tempo?


O Registro de Gênesis

A gramática de Gênesis provê algumas evidências convincentes para um súbito criacionismo. Por exemplo, no contexto, a palavra Hebraica traduzida por “dia” refere-se a este ou àquele período de claridade dentro de um ciclo de 24 horas ou a todo o período, tanto de escuridão como de claridade (24 horas). A única exceção é “dia” em Gênesis 2:4. É óbvio, a partir do contexto deste verso, que “dia” se refere a todo o período da criação.

Note primeiramente que a palavra hebraica para “dia”, quando acompanhada por um adjetivo numérico (por exemplo, quarto dia), nunca é usada figurativamente. Elaé sempre entendida normalmente.

Além disso, no Antigo Testamento, o plural da palavra hebraica para “dia” nunca é usada figurativamente (por exemplo, Êxodo 20:9) fora de um contexto de criação. Nós somos então levados a acreditar que ele é usado de forma idêntica quando se refere às origens.

Além do mais, os termos “manhã” e “noite” nunca são usados figurativamente no Antigo Testamento. Eles sempre descrevem um período de 24 horas.

Quarto, Deus define “dia” em Gênesis 1:5 designando-o como um período de claridade e um período de escuridão. Depois de criar a luz (Gênesis 1:3) e causar uma separação regional na terra entre as trevas e a luz (Gênesis 1:4), Deus estabeleceu o círculo de luz-trevas como um princípio de medida de tempo (isto é, um dia; Gênesis 1:5). Este círculo de luz-trevas é mais bem entendido como uma completa rotação da terra ou um dia de 24 horas.

A interpretação gramatical da Escritura é primária para um acurado entendimento da Escritura. Esses fatos são indicadores exegéticos significativos do aspecto tempo manifesto na criação. Eles apontam inquestionavelmente para uma criação em seis dias, dias consecutivos de 24 horas.

Agora vamos voltar nossa atenção especificamente à criação do homem. A espécie humana não se desenvolveu de alguma forma de vida inferior, mas antes foi criada pelo divino fiat (a aplicação da Divina vontade) do pó sem vida (Gênesis 2:7; 3:19; Eclesiastes 3:30; 12:7). Nenhuma outra explanação da origem humana satisfaz esta clara declaração escriturística, exceto o súbito criacionismo.

Além disto, a fêmea não se desenvolveu do macho ou de qualquer outra criação, mas foi pessoalmente formada por Deus (Gênesis 2:21-23; 1 Coríntios 11:8,12) no mesmo dia da criação do homem. Não houve largos intervalos de tempo quando a mulher (um amadurecimento em qualquer outro sistema) sucedeu do homem. Porque macho e fêmea vieram à existência num espaço de tempo aproximado, isto exige o poder criativo de Deus como sugerido pelo modelo do súbito criacionismo.

Com estes pensamentos em mente, note cuidadosamente que uma pessoa não precisa começar com Gênesis para entender o que a Bíblia ensina sobre a criação. Tendo finalmente chegado lá, contudo, , vemos que Gênesis confirma o resto da Escritura e adiciona sua própria força irresistível à posição da súbita criação.


Um Pensamento Final

Os raciocínios e conclusões alcançados aqui representam a evidência bíblica primária que deve ser honestamente encarada se o registro bíblico for tomado seriamente. Qualquer solução para o problema das origens formado sem perfeita consideração a estas evidências é inadequadamente formado.

Talvez não seja tomado um computador, apesar de tudo, para resolver as complexas questões que envolvem a criação. Todavia, devemos tomar a sugestão imaginária do computador e consultar o registro bíblico. Este é o verdadeiro lugar para se começar para todos os cristãos que estão procurando conhecer a verdade.


Como se tornar um Cristão

Admita seus caminhos e desejos pecaminosos para se voltar deles e ser liberto do julgamento que eles trazem (Romanos 3:10,23; Atos 3:19).

Reconheça que Cristo morreu por pecadores na cruz, o que foi confirmado por Sua ressurreição dentre os mortos (Romanos 5:8; João 11:25).

Receba-O como o único meio de vida eterna (Efésios 2:8-9; João 1:12, 6:40).

Aproprie-se de Sua justa reivindicação como Senhor de sua vida (Romanos 10:9; Filipenses 2:10-11).


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 17 de Janeiro de 2003.


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