Evolução Teísta?

por

Fred G. Zaspel



Teorias concernentes às origens têm por séculos competido com o relato Bíblico da criação, mas desde o aparecimento de Origem das Espécies de Darwin em 1859, a competição se tornou mais feroz. A evolução, por um lado, postula que o mundo começou de certa forma de e por si mesmo por acaso. Como a palavra implica, a evolução fala de um desenvolvimento gradual de todas as coisas de simples a complexo e de inorgânico a orgânico e assim por diante. De acordo com os evolucionistas este processo ainda está em operação hoje, embora lentamente demais para a observação humana.

Contra esta teoria está o relato Bíblico da Criação que declara que tudo veio à existência imediatamente e ex nihilo (“do nada”) pela Palavra de Deus falada. Ela ainda ensina que Deus criou todas as coisas do modo como as vemos hoje (cf. Gênesis 1; 2:1-3; Salmos 33:9; 1 Coríntios 15:39-41; Hebreus 4:3; 10; 11:3). Será visto que entre estas duas visões não há meio termo. A evolução não necessita e nem quer Deus, a criação não necessita e nem quer um processo de desenvolvimento. Contudo, a teoria da “evolução teísta” tenta fazer justamente isto. Ela sugere que ambos lados do debate podem ser verdadeiros – que Deus criou deveras o mundo, mas Ele o fez por meio de um processo evolucionário. É o simples propósito deste estudo analisar esta possibilidade. Podem ambos serem verdadeiros? Tem sido invariavelmente o caso que, aqueles que procuram sustentar esta visão mediana, no final acabam negando algumas partes da Escritura, e se mostrará que este conflito é inevitável. É a conclusão aqui que a evidência da Escritura demonstra estas duas idéias serem mutuamente exclusivas. Analisemos brevemente esta evidência.

Uma Análise da Semana da Criação

O capítulo 1 de Gênesis examina os eventos da “semana” da criação, enquanto o capítulo 2 retorna e preenche em maior detalhe. O seguinte quadro sumariza estes eventos.

Semana da Criação

Dia 1 (Gênesis 1:3-5)

luz

ciclo dia/noite

Dia 2
(Gênesis 1:6-8)

firmamento (céu atmosférico)

separação das águas acima e abaixo da terra

Dia 3
(Gênesis 1:9-13)

terra seca

plantas

Dia 4
(Gênesis 1:14-19)

sol, lua, estrelas (os luminares celestiais)

Dia 5 (Gênesis 1:20-23)

peixes

mamíferos marinhos

aves

Dia 6 (Gênesis 1:24-31)

animais terrestres

insetos

homem & mulher

Dia 7 (Gênesis 2:1-3)

o descanso de Deus


Este quadro e as passagens da Escrituras que se seguem servirão como um ponto básico de referência na análise seguinte. Mais passagens da Escritura serão trazidas à discussão conforme a necessidade.


Outros Dados Escriturísticos

Gênesis 1:26
. “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra”.

Salmos 33:6
. “Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca”.

Salmos 33:9
. “Porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu”.

Marcos 10:6
. “Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea”.

Hebreus 4:3
. “... embora Suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo”.

Hebreus 11:3
. "Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”.(1)

O próximo passo é comparar as várias idéias de cada sistema (evolução e criação) para ver que conflito eles podem ter. As idéias principais de evolução são bem conhecidas e podem ser encontradas em qualquer livro escolar de orientação evolucionária. Nosso propósito aqui é simplesmente comparar as idéias de evolução e as declarações das Escrituras.


O Que Veio Primeiro?

Para aqueles que são familiares com o calendário evolucionário, talvez o mais impressionante conflito entre os modelos da criação e da evolução seja a ordem dos eventos apresentada em cada um deles. Em muitos pontos, os dois modelos se encontram em direta oposição. O seguinte é uma listagem simples destas discrepâncias.

1.
Gênesis 1 apresenta as plantas e árvores como maduras antes de qualquer semente de vida ter crescido. Uma vegetação originariamente madura, “cuja semente está nela” (Gênesis 1:12), elimina qualquer processo evolucionário.

2.
Similarmente, de acordo com Gênesis 1-2, o homem apareceu primeiramente com um adulto maduro. Isto não somente tira qualquer possibilidade de um prévio desenvolvimento evolucionário, mas até mesmo de um crescimento a partir da infância!

3.
Gênesis 1 apresenta as baleias (dia 5) antes dos mamíferos terrestres (dia 6). Um problema embaraçoso, pois a teoria da evolução declara que as baleias e outros mamíferos marinhos devem ter se desenvolvido a partir de algum mamífero terrestre e não a partir de um peixe.

4.
Evolução ensina que as aves se desenvolveram de peixes, centenas de milhões de anos mais tarde. Gênesis 1:20-21 apresenta-os no mesmo “dia”. Além do mais, mesmo se “dia” fosse tomado aqui como se referindo a um extenso período de tempo, a idéia de que os peixes antecederam no tempo às aves é ainda claramente negada. Estas duas classes de criaturas são ditas terem aparecido separadamente, todavia, juntas no tempo.

5.
Para a evolução, a vida se originou nos oceanos primitivos. Gênesis 1 apresenta a vida como aparecendo primeiro na terra seca.

6.
A Escritura apresenta o homem como existindo muito antes da chuva ter alguma vez caído na terra (Gênesis 2:5). A evolução requer claramente o oposto.

7.
Gênesis 2:7 declara que pela atividade criativa de Deus “o homem tornou-se ser vivente”. Para evolução, o ser vivente tornou-se homem.

8.
Gênesis 1-2 claramente declara que a mulher veio depois e a partir do homem (cf. 1 Coríntios 11:8,12; 1 Timóteo 2:13). Num esquema evolucionário não há primeiro homem ou mulher, mas uma transição gradual como humanos lentamente desenvolvidos a partir de macacos.

9.
A evolução requer que o esforço e a morte sejam necessariamente antecedentes do homem. A Escritura enfatiza que o homem é, ao contrário disso, a causa do esforço e da morte (Gênesis 3; conforme Romanos 5:12,15; 8:19ff).


Idéias Incompatíveis

1. Evolução fala do gradual desenvolvimento do homem. A Escritura fala de atos de imediata criação: homem do pó da terra, mulher do homem. Dentro de um esquema evolucionário, Gênesis 2:21-23 passa a ser sem sentido.

2. Gênesis 2:7 fala de Deus “formando” (yatsar) o homem do pó da terra. Qualquer que seja o sentido transmitido por este termo, ele claramente exclui a idéia evolucionária de Deus colocando em movimento um longo processo de autodesenvolvimento.

3.
A evolução ensina que o homem está progredindo e assim tendo sido deste o primeiro homem. A Escritura enfatiza que o homem foi criado perfeito e que ele subseqüentemente caiu em sua presente condição.

4. A evolução fala de progressão. Começando com Gênesis 3 a Bíblia fala de retrocesso . No princípio havia perfeição; a partir daí as coisas digressionaram.

5. Evolucionistas falam de uma evolução como ainda ocorrendo. Gênesis 2:1-3 fala da criação como uma obra acabada, consumada (cf. Salmos 33:9; Hebreus 4:3,10).

6. A evolução requer tanto micro como macro mutações; vida se desenvolvendo de uma célula originária a um peixe, aos répteis, e finalmente ao homem. Gênesis 1 fala de plantas e animais reproduzindo somente “segundo a sua espécie” – um ponto enfatizado umas dez vezes. (2)

7.
A evolução apresenta um esforço selvagem para a sobrevivência. Em Gênesis 1 Deus descreve a criação original como “muito boa”.

8.
A evolução enfatiza a relação comum de todas coisas viventes. 1 Coríntios 15:39, contudo, enfatiza a diferenciação das criaturas de Deus (cf. “segundo sua espécie” em Gênesis 1:11, 12, 21, 24,25).

9.
O suposto desenvolvimento do homem a partir e relacionado com os animais e todos da natureza é expressamente incompatível com a declaração enfática da Escritura de que o homem foi de modo único criado “à imagem de Deus”. As duas idéias simplesmente não podem permanecer juntas.

10.
Da mesma forma, a idéia evolucionária de um homem emergindo da natureza é exatamente contrária a Gênesis 1:26, que tem o homem como originariamente “dominando sobre” da criação.


Sumário & Conclusão


Seria difícil imaginar duas idéias mais contrárias. Realmente é como se cada lado tivesse escolhido de antemão contradizer o outro em cada ponto possível! Como indicado no início, é o propósito deste artigo simplesmente mostrar a mútua exclusividade da evolução e do relato bíblico da criação. Em muitos pontos está claro que os dois sistemas não podem ser sustentados juntamente. O desejo dos evolucionistas teístas de agarrar-se à evolução e à Bíblia é um sonho sem fundamento. Inconsistente como é, um homem pode escolher crer num “Criador” bem como numa evolução; mas ele não pode inteligentemente reivindicar crer tanto na evolução como na Bíblia. Se a evolução é verdadeira, a Bíblia não é. Se a Bíblia é verdade, a evolução não é. Nenhum dos lados permite o outro. Você deve escolher.

Notas finais

(1) O sentido do Grego me ek phainomenon é, nesta sentença, difícil de ser transmitido num inglês compreensível. De qualquer modo, “o que não é aparente/não aparece” é aqui declarado ser a fonte do material criativo de Deus. O que existe e o que pode ser visto veio do que não pode ser visto. Isto claramente tira a possibilidade de qualquer idéia da eternidade da matéria e é equivalente a uma afirmação de criação ex nihilo ("do nada"). No final das contas, Deus não criou os mundos a partir de algum tipo de “estufa”. Ele criou por decreto (cf. Gênesis 1, "E disse Deus").

(2) cf. Gênesis 1:11, 12a, 12b, 21a, 21b, 24a, 24b, 25a, 25b, 25c. Note também “cuja semente está nela”, Gênesis 1:11, 12.


Publicado pela Word of Life Baptist Church
copyright © 1994, Fred G. Zaspel



Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 20 de Fevereiro de 2004.



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