Teologia Evolucionista?
Barro, Macaco e Homo Sapiens

por

Wilson Porte Júnior



No dia 27 de Dezembro de 1999, a revista Época publicou um artigo intitulado Rastros de Deus. Nesse artigo, Martha San Juan França teve o objetivo de demonstrar que há lugar para a fé na ciência moderna. Em todo o artigo seu maior objetivo foi mostrar as duvidosas possibilidades de se crer somente na Teoria Evolucionista de Darwin, ou, no relato bíblico de Gênesis a respeito das origens (sobretudo, do homem). Sendo assim, Martha tentou evidenciar a coerência e possibilidade de se crer numa teologia evolucionista..

Para tanto, foi necessário para ela emitir a opinião de alguns que realmente “entendem” do assunto. Cita ela o biofísico Arthur Peacocke, um ministro anglicano inglês, o qual não vê contradições entre a Teoria da Evolução de Darwin (que ele estudou com tanto afinco), e sua missão religiosa. Cita também John Polkinghorne que após 25 anos de matemático abstrato, tornou-se ministro anglicano. Cita também o jesuíta e astrônomo Bill Stoeger que trabalha no Observatório do Vaticano no Arizona, Estados Unidos: “Certamente existem diferenças profundas e quase irreconciliáveis entre a ciência e algumas versões fundamentais da religião. Mas existe também uma percepção crescente da harmonia e do apoio mútuo ”. Segunda Martha, na era da interdisciplinaridade, teólogos que abraçaram a ciência e cientistas que buscam algo mais do que os cálculos matemáticos, discutem também a integração entre os dois campos. Cita o físico e teólogo americano Bob Russell e o, também físico e teólogo brasileiro, Eduardo da Cruz, para os quais não só a ciência tem componentes religiosos, como diz Einstein, como também deve-se ponderar que nenhuma teoria científica, incluindo a da evolução, pode representar uma ameaça à religião por que as duas são ferramentas do entendimento humano que operam de maneira complementar. Essa tentativa de se mesclar teorias científicas claramente opostas aos relatos bíblicos com a fé é algo que tem confundido a mente de muitos que querem estudar com sinceridade Palavra de Deus e ao mesmo tempo alguma ciência moderna. Nada de errado em se querer estudar a ambos, creio que isso é bom, porém há de se ter um certo cuidado com o tipo de terreno sobre o qual se pisará quando o fizer. Pelo fato de muitos cientistas hoje crerem que há a possibilidade de se crer que o homem é resultado de uma série de evoluções originada de uma pequena célula que passou por uma série de evoluções chegando a um primata (macaco) que após uma série de evoluções veio a resultar no homem moderno. Por causa desses homens, a religião hoje está em crise. “Muitos teólogos, influenciados por correntes filosóficas modernistas e especialmente pela teoria da evolução, descrêem de doutrinas bíblicas fundamentais e desaconselham a sua pregação” [1]. É tremendamente lamentável que há dois séculos eruditos incrédulos começaram a analisar a Bíblia com pontos de vista puramente intelectuais, e a criticá-la com total irreverência. Hoje, modernistas, alguns até teólogos, que descrêem da sobrenaturalidade da Bíblia, aceitam a possibilidade evolucionista como explicação lógica para muitas questões em estudo nos tempos modernos, especialmente a da origem do homem. É lamentável que de dentro da maior instituição cristã no mundo (Igreja Católica Apostólica Romana) venha a afirmação por meio de seu papa Paulo VI em declaração do L'Observatore , que ‘os teólogos dentro da Igreja Católica Romana deveriam ter a permissão para admitir que o homem evoluiu gradualmente de algum organismo primitivo. Quem já não ouviu falar do famoso Teilhard de Chardin (homem da estirpe de Darwin, Spencer e Lamarck), padre francês que aceita o evolucionismo de Darwin e procura justificá-lo na Bíblia. Segundo Chardin, Deus teria instalado uma alma no primata, o qual veio a tornar-se homem, e não só isso, mas também que, num dado momento, a face da Terra estaria povoada por macacos, dos quais a metade tem alma e a outra não! No entanto, há ilustres homens da ciência, cristão e ateus, que divergem das conclusões apressadas e heréticas desses teólogos antes mencionados, totalmente divorciados da Biblia. Sugere-se o seguinte quadro para começarmos a entender o quão opostos o Evolucionismo e o Criacionismo são:


CRIAÇÃO

EVOLUÇÃO

Sobrenaturalista

Naturalista

Origens explicadas através de um Criador. Matérias inanimadas causaram a formação do Universo.

Processos naturais decorrentes de propriedades intrínsecas.

Baseada no Catastrofismo

Baseada no Atualismo

Houve pelo menos uma catástrofe de proporções globais, quando a Terra foi coberta pela água. Desvenda o mistério das origens

O presente é a chave do passado.

Externamente Dirigida

Auto-Suficiente

Dirigida pelo Criador, que mantém sua obra através de processos de conservação por Ele estabelecidos.

Tudo é explicado em termos evolutivos, sem a necessidade de qualquer agente externo ao Universo.

Dotada de Propósito

Destituída de Propósito

O Criador trouxe o Universo à existência para um certo fim.

A evolução é um mero produto do acaso.

Concluída

Constante

Houve um período de criação, ao fim do qual o Criador completou sua obra.

O Universo encontra-se em plena evolução.

A teoria da Evolução deve ser rejeitada. Não só a teoria dos que se dizem cristãos e vêem a possibilidade da interdisciplinaridade, mas toda a teoria em si. Vejamos como a tal teoria não se auto-sustenta:

•  Em primeiro lugar é importante ressaltar que não há unanimidade entre os grandes cientistas, na crença da teoria. Segundo o Dr. Vicente J. Obrien, professor de ciências no colégio Castteknock, Irlanda, e presidente da Associação de Professores de Ciências Irlandesas, “há, contudo, um número muito significante de cientistas de categoria superior, que não aceitam a teoria.” , e Obrien chega a citar alguns desses cientistas: “Douglas Dewar, F.Z.S. rejeita a evolução no seu livro apropriadamente chamado A Ilusão Transformista. Dr. W.R. Thompson, F.R.S., que rejeitou a teoria num lugar de não menos importância do que a centenária edição da Origem das Espécies , de Darwin, escreveu novamente em 1966: ‘O que o grande livro da natureza nos mostra realmente não é um fluxo evolutivo, mas um mundo que é estável dentro de limites estritos ... quando examino o reino animal como um todo, os dados não sustentam, na realidade, a idéia de transformação gradual da mentalidade animal na inteligência humana”. Há ainda outros como o diretor nacional do Departamento de Pesquisas Científicas da França, prof. Louis Bounoure, que descreveu a evolução como “um conto de fadas para adultos” . [2]

É bom lembrarmos do que a Bíblia ensina. Ela nos lembra que duas coisas deveriam acontecer, talvez, nessa época em que estamos vivendo: o progresso da ciência e a diminuição da fé [3]. Enquanto lembro do que a Bíblia menciona sobre Cristo (ele é a Luz do Mundo - para aqueles que já decidiram depender dEle para a sua salvação), observo que a Ciência, em linhas gerais, tem sido um farol para os que ainda rejeitam a Cristo e Sua Palavra. Continuemos a ver como as conseqüências práticas dessa teoria são tristes:

• “Um pastor, adepto da Nova Teologia (Evolucionista), ao visitar um enfermo, membro de sua igreja, desejou ler alguma coisa na Bíblia do enfermo para consolá-lo. Para sua surpresa, foi-lhe entregue um volume terrivelmente mutilado, onde faltavam versículos, capítulos, e até livros inteiros. Surpreso, quis saber a razão de tanta irreverência para com o livro sagrado, ao que lhe respondeu o doente: Cada vez que o senhor ensinava que tal versículo não era verdadeiro, que certos capítulos e livros não eram dignos de confiança, eu os cortava. Acho que se eu continuar vivendo por mais algum tempo e o senhor continuar como meu pastor, de toda a Bíblia, só me restarão as capas” [4]. Tais teólogos evolucionistas raciocinam que é antiquado crer numa criação como Gênesis diz. Porém, verdadeiros sábios conhecem as reais limitações da ciência e glorificam a Deus a cada nova conquista em benefício da humanidade. Somente os pseudocientistas, vaidosos, orgulhosos e materialistas prometem os mais extravagantes milagres, arrogando para a ciência poderes que ela está longe de possuir. •  É interessante notarmos que Darwin não saiu do terreno das hipóteses quando escreveu A Origem das Espécies . Nessa obra, Darwin mais de oitocentas vezes usou expressões como “portanto..., suponhamos..., pode ser..., seja-nos permitido concluir..., daí..., etc”, em relação à Teoria Evolucionista que para ele era apenas uma teoria. •  É fato que poucos conhecem os ‘baques' de Darwin com o evangelho e evangelistas. O fato é que durante sua vida, sua crença na possibilidade de sua teoria estar certa, foi sendo arrefecida por confrontos com o evangelho. Tucker [5] menciona o confronto de Darwin com o missionário Francis Allen Gardner, o qual fez uma intensa campanha através dos jornais com o objetivo de conseguir recursos para a fundação de uma missão evangélica na Patagônia. Darwin, em diversos pronunciamentos públicos, mencionou que seria loucura o esforço de Gardner ir evangelizar os patagões, pois Darwin cria ser eles o ‘elo perdido entre os homens e o macaco', sendo assim, inútil a tentativa de evangelizar semi-humanos, sem discernimento moral. Anos mais tarde, Darwin teve de se retratar do que disse. Depois de visitar a Patagônia e ver ali os frutos da evangelização e educação de Gardner, Darwin retratou-se com as seguintes palavras: “Os resultados da missão de Tierra del Fuego são absolutamente milagrosos e surpreenderam-me, tanto mais quando eu tinha predito o seu completo fracasso” . Após isso, Darwin tornou-se um fiel contribuinte da Sociedade Missionária para a Evangelização da América Latina! Nem Darwin, a essa altura, cria com tanta força como os evolucionistas (alguns teólogos) atuais, em sua teoria. •  Porém, não param por aí as verdades que muitos evolucionistas escondem. Darwin no fim de sua vida sentiu tamanho peso das consequências de seus escritos e opiniões que, nos últimos anos de sua vida (morreu em 1882 aos 73 anos de idade) mostrou-se preocupado com o que fizeram de seus escritos. Leia atentamente o relato de uma senhora de nome Lady Hope, uma cristã de Northfield, amiga de Darwin, que o visitou na casa dele em seus últimos dias: “Num belo dia de outono... fui convidada a visitar o doutor Darwin que durante seus últimos anos passava os dias na cama ... em uma das mãos mostrava a paisagem através da janela aberta ... na outra mão segurava uma Bíblia aberta” . Então Lady Hope começa a relatar sua conversa com Darwin (preste atenção): ­ “O que está lendo, senhor professor?” ­ “A Epístola aos Hebreus. Mais uma vez a Epístola aos Hebreus. Chamo-lhe um livro divino. Não é maravilhoso?” . Nesse momento relata a senhora Hope: “... Aproveitei para fazer referência a respeito da criação e dos primeiros capítulos de Gênesis. Notei que ficou mal impressionado e várias vezes passou a mão na cabeça, dizendo por fim: ­ “ Eu era bem novo naquele tempo, e tinha algumas idéias mal formadas, que participei a outros. Para minha grande surpresa, essas idéias pegaram e os homens fizeram delas uma espécie de religião” !!!” Continua a senhora Hope: “Darwin parou um pouco para pensar e depois continuou suavemente, proferindo palavras acerca da glória de Deus e das grandezas do livro que segurava entre as mãos. De repente, disse-me: ­ “Tenho uma pequena casa no parque onde se podem alojar umas trinta pessoas. Gostaria que fizesse um culto ali. Sei que tem o costume de ler a Bíblia para o povo nas aldeias que visita ao redor. Amanhã à tardinha vou convocar os criados para um culto naquela casa, juntamente com alguns vizinhos, para que lhes fale!” ­ “De que lhes falarei?” ­ “De Jesus Cristo (respondeu Darwin com voz firme) e da sua Salvação (continuou, baixando a voz) . Não é o melhor assunto que se pode escolher? E ao mesmo tempo tem de cantar alguns hinos com eles. Se quiser, poderemos ter o culto às 15 horas, e eu vou ter a janela aberta para poder cantar convosco”. Lady Hope termina seu relato dizendo: “Como eu desejava ter um retrato do velho sábio e da linda paisagem nesse dia memorável!” Darwin no fim de sua vida creu nas grandezas do mesmo livro que muitos ‘teólogos' evolucionistas de hoje, duvidam. Engraçado não é?! •  Além desse relato da senhora Lady Hope, há vários outros escritores que têm feito menção deste fato ocorrido na vida do ilustre professor Charles Darwin. Para mencionar só mais um relato, faço uso de palavras do escritor H. P. de Castro [6] mencionando o professor H. Enoch e seu livro Evolution or Creation , o qual circula na Inglaterra desde 1968: “O livro não revela, propriamente, a conversão, in extremis, de Darwin, pois não há ali qualquer registro de arrependimento, isto que tanto apela para a misericordia divina. Contudo, ficou patente seu remorso pelo joio do ceticismo que sua vida anterior espalhara ... Não é somente a covardia perante a morte que leva alguém a mudar de idéia quando chega o fim ... Seja como for, cabe aqui o pensamento de Salomão: “Mais vale o fim de uma coisa do que o seu começo” .

•  Certamente, a teoria de Darwin trouxe mais malefícios do que benefícios para o mundo. Vejamos só um exemplo disso: Hitler, como discípulo de Darwin, defendia a superioriade do sangue ariano e também a necessidade de a Alemanha livrar-se do todas as sub-raças que viviam nela. Para atingir esse objetivo os nazistas mataram somente nove milhões de prisioneiros inocentes e indefesos, dos quais seis milhões eram judeus. Como diz um velho ditado popular: “Quem semeia vento colhe tempestades”.

Com certeza, não se pode crer na evolução e na Sagrada Escritura ao mesmo tempo, porque aquela não precisa de Deus nem para explicar o Universo nem para regenerar o ser humano. Pelo pouco que foi aqui exposto, pode-se já concluir o quão prejudicial a teoria evolucionista é. É inaceitável que hajam teólogos e cristãos em geral que creiam nela, pois a mesma só induz os homens a rejeitarem a Bíblia (como “anticientífica”), na qual Cristo é revelado como o Salvador do mundo. A Palavra de Deus, mesmo sendo atacada, continua firme e resistindo aos ataques de cientistas intolerantes e ignorantes da verdade eterna. Será que o Apóstolo Paulo não tinha em mente tais cientistas quando, aos Romanos 1.22, disse: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” ?!

NOTAS:

[1] - ALMEIDA, Abrãao de. Apologia da Fé Cristã. Pág. 157.
[2] - O Presbiteriano Bíblico . São Paulo, junho a dezembro de 1969
[3] - Dn 12.4; Lc 18.8; Mt 24.12
[4] - ALMEIDA, Abraão de. Apologia da Fé Cristã. Pág.162
[5] - Compêndio de História de Missões. Pág. 236
[6] - LOBO, H.P.Castro. George Müller. Pág. 68,69



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