Apontamentos sobre a Doutrina da Eleição

por

Frank Melo





[Tanto] a eleição quanto a rejeição são obras do livre-arbítrio de Deus”.
Ulrich Zuínglio
Reformador da Igreja

 


Eleição – Introdução

Aqui farei um breve resumo sobre essa verdade bíblica tão doce para alguns e ao mesmo tempo tão amarga para outros. Neste nossos anos humanistas atuais nenhuma doutrina têm sido mais amordaçada, censurada e banida do círculo evangélico do que a Eleição. Mas porque? Será para atender os critérios de entretenimento tão usados nas pregações atuais, será por receio de ferir pessoas e elas saírem das igrejas? Ou ainda , pela febre ecumênica de "sermos todos um" não importa o que cremos? Não sei. Não cabe a mim essa resposta. Responderei sim uma coisa! Ela é bíblica ? , porque se for têm que ser pregada. Ela têm sido ensinada por nossos pais na fé? Se sim , veremos os testemunhos dos Antigos.

Para o homem é difícil aceitar a eleição pois como disse certo teólogo : "Todo homem nasce um arminiano (pessoa que crê no livre-arbítrio)". E nos tempos atuais onde o ditado têm sido "Deixe minha vida por minha conta , eu decido o que faço com ela". É duro para o coração altivo crer que a nau da sua vida está nas mãos de outro Comandante.

Se você que está lendo estas linhas fosse questionado com as seguintes perguntas : Você crê em Deus? Você responderia : "CLARO!" , O que Ele é para você? Você provavelmente diria: "Ele é o Senhor da minha vida, meu Deus soberano , justo e bom.". Aí Eu lhe pergunto se esse Deus bom e Justo o mandasse para o inferno por seus pecados você aceitaria a justiça de Deus ou blasfemaria como uma criatura rebelde? Quando chegamos a esse ponto vemos o quanto somo mesquinhos em relação a Deus , queremos ficar com Ele porque amamos realmente Sua Pessoa ou será pelos benefícios que Ele nos trará?

Que possamos permitir que o Senhor controle nossas vidas pois estaremos em boas mão e seja o que acontecer possamos ficar certos que os pensamentos do Senhor são mais altos que os nossos. A Ele toda glória e todo o louvor pelos séculos dos séculos. Que a graça eficaz e as misericórdias do Senhor permaneçam sobre nós. Amém


Eleição – Controvérsia ,Definição e Importância

(Extraído da Revista Os Puritanos)

1) A Controvérsia da Eleição:

Se um dia você desejar uma viva disputa entre cristãos, permita-me oferecer-lhe uma sugestão: pronuncie uma só palavra: "Predestinação"!

A controvérsia que existe quanto à predestinação não se encontra na falta de evidências bíblicas. É inevitável que seja controversa, qualquer coisa que desafie a independência humana, seu orgulho e a supremacia da sua vontade.

Na realidade, a predestinação é quatro vezes mais fácil de ser comprovada do que a divindade de Jesus. No Novo Testamento há mais ou menos 10 versículos que expressam diretamente a Deidade de Cristo. Porém, mais de quarenta expressam a predestinação. No Entanto, os mesmos cristãos dispostos a defender até a morte a Deidade de Cristo, lutarão com igual fúria para refutar a doutrina da Predestinação. Por que? Como expressou um erudito evangélico, J.I.Packer, "...a mente carnal do homem, incluída entre os salvos, não suporta abandonar a ilusão de que ela mesma é a capitã de seu próprio destino e dona de sua própria alma".

2) Definição da Palavra:

“Predestinação” quer dizer “destinado antes”. Refere-se ao concerto divino das circunstâncias do fato de cumprir com Seus decretos feitos antes da fundação do mundo. A Eleição se refere ao decreto divino de criar, dentre a humanidade condenada, certos indivíduos para serem beneficiários do Dom gratuito da salvação. Deus fez isso sem referência aos méritos, ao estado da vontade, ou a fé prevista dos eleitos. A reprovação tem tudo a ver com o decreto divino mediante o qual Deus deixa uma parte da humanidade pecadora seguir seu caminho até a condenação eterna, servindo desta maneira de objeto da ira santa de Deus. Deus não os obriga a pecar. Tão pouco é o Autor do pecado deles. Simplesmente os deixa continuar seu caminho como castigo por seus pecados. Mesmo que os conceitos de predestinação e eleição sejam semelhantes, não são exatamente iguais. A Eleição encerra a decisão divina de salvar a alguns; em troca, a predestinação se refere ao poder de Deus para arranjar as circunstâncias a fim de cumprir seus decretos.

3) Importância da Eleição:

A Eleição é como uma luz que ilumina o significado da palavra "graça". Sem ela, a graça é entendida como a recompensa por alguma atividade ou disposição humana, e não como a causa desta disposição. Se a definição correta da palavra "graça" é "um favor imerecido", então a graça tem que ser independente de qualquer atividade humana. No momento em que aceitamos este conceito, entendemos porque a graça e a eleição são inseparáveis. Não é lógico proclamar a doutrina da salvação pela graça enquanto negamos que a Eleição o seja. Paulo expressou esta unidade com estas palavras: "Assim pois também agora, no tempo de hoje sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça"(Rm 11:5).


Eleição – Bíblia e Confissões de Fé

1) Confissão de Fé de Westminister (confissão adotada pela Igreja Presbiteriana do Brasil) :

I. Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça.

Ref. João 15:16; At. 13:48; Rom. 8:28-30 e 11:7; Ef. 1:5,10; I Tess. 5:9; II Tess. 2:13-14; IICor.3:3,6; Tiago 1:18; I Cor. 2:12; Rom. 5:2; II Tim. 1:9-10; At. 26:18; I Cor. 2:10, 12: Ef. 1:17-18; II Çor. 4:6; Eze. 36:26, e 11:19; Deut. 30:6; João 3:5; Gal. 6:15; Tito 3:5; I Ped. 1:23; João 6:44-45; Sal. 90;3; João 9:3; João 6:37; Mat. 11:28; Apoc. 22:17.

II. Esta vocação eficaz é só da livre e especial graça de Deus e não provem de qualquer coisa prevista no homem; na vocação o homem é inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo Espírito Santo, fica habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela oferecida e comunicada.

Ref. II Tim. 1:9; Tito 3:4-5; Rom. 9:11; I Cor. 2:14; Rom. 8:7-9; Ef. 2:5; João 6:37; Eze. 36:27; João5:25.

III. As crianças que morrem na infância, sendo eleitas, são regeneradas e por Cristo salvas, por meio do Espírito, que opera quando, onde e como quer, Do mesmo modo são salvas todas as outras pessoas incapazes de serem exteriormente chamadas pelo ministério da palavra.

Ref. Gen. 17:7; Sal. 105:8-10; Eze. 16-20-21; Luc. 18:1516; At. 2:39; Gal. 3:29; João 3:8 e 16:7-8; I João 5: 12; At. 4:12.

IV. Os não eleitos, posto que sejam chamados pelo ministério da palavra e tenham algumas das operações comuns do Espírito, contudo não se chegam nunca a Cristo e portanto não podem ser salvos; muito menos poderão ser salvos por qualquer outro meio os que não professam a religião cristã, por mais diligentes que sejam em conformar as suas vidas com a luz da natureza e com a lei da religião que professam; o asseverar e manter que podem é muito pernicioso e detestável.

Ref. Mat. l3:14-15; At. 28:24; Mat. 22:14; Mat. 13:20-21, e 7:22; Heb. 6:4-5; João 6:64-66, e 8:24; At. 4:12; João 14:6 e 17:3; Ef. 2:12-13; II João 10: l 1; Gal. 1:8; I Cor. 16:22.

2) Comentário de Alexander A . Hodge sobre a Confissão de Fé de Westminster - CFW (Capítulo III , seção III)

CFW : III. "Pelo decreto de Deus e para manifestação da sua glória, alguns homens e alguns anjos são predestinados para a vida eterna e outros preordenados para a morte eterna."

1.Os sujeitos são sempre expressos nas escrituras em termos individuais: "Creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna" (At 13.48 ; 2 ts 2.13 ; Hb 12.33)

2.Os nomes dos eleitos diz-se estarem "escritos no céu" e no "livro da vida"( Fp 4.3 ; Hb 12.33)

3.Diz –se expressamente que a fé[salvadora] e o arrependimento são frutos da eleição, e conseqüentemente não podem ser sua condições. "Todo aquele que o Pai me dá esse virá a mim: .. E a vontade do que me enviou é esta : que eu não perca nenhum de todos os que me deu". (Jo 6.37,39)

3) Cânones de Dort ( Decisões do Sínodo de Dort sobre os erros arminianos) reza em seu artigo 7 do capítulo 1 :

Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação, por graça pura. Estas são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de sua vontade, dentre todo o gênero humano, decaído, por sua própria culpa, de sua integridade original para o pecado e a perdição. Os eleitos não são melhores ou mais dignos que os outros, mas envolvidos na mesma miséria. São escolhidos, porém, em Cristo, a quem Deus constituiu, desde a eternidade, Mediador e Cabeça de todos os eleitos e fundamento da salvação. E, para salvá-los por Cristo, Deus decidiu dá-los a ele e efetivamente chamá-los e atraí-los à sua comunhão por meio da sua Palavra e de seu Espírito. Em outras palavras, ele decidiu dar-lhes verdadeira fé em Cristo, justificá-los, santificá-los, e depois, tendo-se guardado poderosamente na comunhão de seu Filho, finalmente glorificá-los. Deus fez isto para a demonstração de sua misericórdia e para o louvor da riqueza de sua gloriosa graça. Como está escrito ... assim como nos escolheu nele, antes do fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado... E em outro lugar: E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também, glorificou (Ef 1.4-6; Rm 8.30).

4) Confissão de Fé de Heidelberg no seu Artigo 16 :

"Cremos que, quando o pecado do primeiro homem lançou Adão e toda a sua descendência na perdição(1). Deus se mostrou como ele é , misericordioso e justo. Misericordioso, porque ele livra e salva da perdição aqueles que ele, em seu eterno e imutável conselho(2), somente pela bondade, elegeu(3) em Jesus Cristo nosso Senhor(4), sem levar em consideração obra alguma deles(5). Justo, porque ele deixa os demais na queda e perdição em que eles mesmo se lançaram.(6)

(1).Rm 3.12
(2).Jô 6.37,44;Jô 10.29; Jô 17. 2,9,12 ; Jô 18.9
(3).1 Sm 12.22; Sl 65.4; At 13.48; Rm 9.16, Rm 11.5; Tt1.1
(4).Jo 15.16,19; Rm 8.29; Ef 1.4,5
(5).Ml 1.2,3; Rm 9.11-13; 2 Tm 1.9 ; Tt 3.4,5
(6).Rm 9.19-22 ; 1Pe 2.8


Eleição na História

1) Clemente de Roma em sua carta aos Coríntios (95-96 D.C) foi o primeiro escrito pos-bíblico a mencionar a eleição que temos conhecimento:

“ O amor nos une a Deus, o amor cobre a multidão de pecados. O amor tudo sofre e tudo suporta. No amor não há nada de banal , nem de soberbo. O amor não divide, o amor não provoca revolta, o amor realiza tudo na concórdia. No amor, tornam-se perfeitos os eleitos de Deus; sem amor nada é agradável a Deus”. ( 1Clemente 49.5)

2) Agostinho em seu livro A Graça (429 D.C) fala da predestinação dos Santos:

“Eis a misericórdia e o juízo; misericórdia para a eleição que alcançou a justiça de Deus; juízo para os demais que ficaram cegos... Portanto a gratuidade da graça foi alcançada porque foi alcançada a eleição. Da parte deles não a precedeu nenhum mérito que pudesse ser apresentado antes e a eleição significasse uma retribuição. Salvo-os a custa de nada”.

3) Martinho Lutero em sua disputa com Erasmo(1520 D.C) disse:

“Sem Dúvida você está certo em conferir ao homem algum tipo de arbítrio mas imputar-lhe um arbítrio livre nas coisas de Deus é demais”.

Rupp e Watson comentando Lutero afirmaram: “Quando, portanto, a Razão louva a Deus por salvar os indignos, mas censura-o por condenar os indignos, ela torna-se culpada porque não louva a Deus como Deus, mas serve aos seu próprios interesses”.

4) Ulrich Zuínglio outro reformador também fala da eleição:

“[Tanto] a eleição quanto a rejeição são obras do livre-arbítrio de Deus”.

Por esta afirmação o sacerdote católico romano John Eck chamo-o : “um tolo , um estúpido que nega o livre arbítrio”.

Zuínglio como Lutero entendiam a predestinação como uma defesa contra a justificação pelas obras. Visto que não são as pessoas que elegem a Deus, mas Deus que os escolhe, os cristãos não podem exigir nenhum crédito por sua própria salvação. O cume da arrogância humana e negar a gratuidade da graça de Deus.

5) João Calvino disse em sua Institutas da Religião Cristã (1536 D.C) :

“Primeiro, pois, que recordem que quando estudam Predestinação estão penetrando nos recintos mais sagrados da sabedoria divina. Se alguém irrompe com segurança despreocupada neste lugar, não chegará a satisfazer a curiosidade e entrará num labirinto do qual não achará saída”. (Inst, III xxi,1)

Para Calvino a predestinação é absoluta, particular e dupla.

-Absoluta: “O conhecimento prévio de Deus não pode ser motivo de nossa eleição, porque, quando Deus olha para o futuro e observa toda a humanidade, Ele encontra todos do primeiro ao ultimo debaixo da mesma maldição”. (Comentaries p.294)

-Particular: “Deus elegeu Israel como seu povo especial da aliança. Contudo nem todo membro individual da nação estava eleito para a salvação, como Paulo ressaltou em Rm 9.1-16”.

-Dupla: “A eleição em si mesma não poderia permanecer, exceto que estabelecida contra a reprovação”. (Inst.III, xiii, 31)

6) John Owen em seu livro "Por quem Cristo morreu?" (1647 D.C) declara :

“Cristo não morreu por ninguém sob a condição de que eles cressem ele morreu por todos os eleitos, para que eles pudessem crer”. Neste versículos é nos dito que Ele morreu por: seu povo (Mt 1.21), suas ovelhas (Jo 10.11 e 14), sua Igreja (At 20.28 e Ef 5.25), seus eleitos (Rm 8:32-34) e seus filhos Hb 2:13.

7) Charles Haddon Spurgeon, também conhecido como "Príncipe do Pregadores", em seu livros sobre eleição e livre-arbítrio (1889 D.C) :

“ Durante o tempo que você quiser, você poderá exortar um homem cego a enxergar, porém ele não enxergará. O quanto quiser, você poderá exortar um homem morto a viver, porém ele não viverá somente através de sua exortação. Algo mais é necessário”.

“Deus nos faz dispostos no dia de seu Poder e a sua graça não viola a vontade humana, mas triunfa docemente sobre ela. Nunca haverá alguém arrastado para o céu pela orelhas; saiba disso. Nós iremos para lá de coração e porque desejamos”.

“Vocês têm ouvido muitos sermões arminianos, eu ouso dizer, mas nunca ouviram uma oração arminiana – pois os santos em oração se parecem iguais em palavra, oração e mente. O Arminiano não pode orar a respeito do livre-arbítrio; não a lugar para isso. Imagine-o orando: 'Senhor eu te agradeço porque não sou como estes pobres calvinistas presunçosos. Senhor eu nasci com um glorioso livre-arbítrio; eu nasci com o poder pelo qual posso me voltar para ti por conta própria; tenho melhorado minha graça. Se todos tivessem feito o mesmo que eu fiz com a Tua graça, poderiam ter sido salvos. Senhor, eu sei que tu não nos fazes espiritualmente propensos se nós mesmo não quisermos. Tu dá graça a todos; alguns não melhoram mas eu sim. Haverá muitos que irão para o inferno, tantos quantos foram comprados pelo sangue de Jesus como eu fui; ele tinham tanto do Espírito Santo quanto me foi dado; tiveram uma boa chance, e foram tão abençoados como eu sou. Não foi a tua graça que nos diferenciou ; eu sei que ela faz muito, mas eu cheguei ao ponto desejado; eu usei o que me foi dado e os outros não – essa é a diferença entre eu e eles'. Essa é uma oração para o diabo, pois ninguém ofereceria tal oração”.

“Não estou pregando aqui nenhuma novidade; nenhuma doutrina nova. Gosto imensamente de proclamar essas antigas e vigorosas doutrina que por certo e verdadeiramente, são a verdade de Deus, a qual nos foi revelada em Jesus Cristo. Por meio dessa desta verdade da eleição, faço uma peregrinação ao passado,e, enquanto prossigo, contemplo pai após pai da Igreja, mártir após mártir levantarem-se e apertar minha mão. Se eu acreditasse a doutrina do livre-arbítrio humano, então eu teria de prosseguir sozinho por séculos e mais séculos em minha peregrinação ao passado. Aqui ou acolá algum herege de caráter não muito honrado, talvez se levantasse e me chamasse de irmão. Entretanto aceitando como aceito essas realidades espirituais, como padrão da minha fé, contemplo a pátria dos antigos povoada por numerosíssimos crentes; multidões que confessam as mesmas verdades que defendo, que reconhecem que essa é a religião da própria Igreja de Deus”.


Eleição – Autores Contemporâneos

1) Louis Berkhof, em sua Teologia Sistemática, afirma :

“Indubitavelmente, o decreto da predestinação é, em todas as suas partes, um ato concominate das três pessoas da Trindade, que são um só em seu conselho e sua Vontade. Mas, na economia da salvação, como nos é revelada na Escritura, o ato soberano da predestinação é atribuído mais particularmente ao Pai, Jo 17.6,9; Rm 8.29; Ef 1.4; 1Pe 1.2”.

2) Antony Andrew Hoekema, em seu livro Salvos pela Graça, diz:

“Jesus ensinou claramente que não somos aptos por natureza a aceitar o convite do Evangelho (ler Jo 3.3,5). Não somente não podemos entrar no reino como não podemos sequer vê-lo, a não ser que recebamos vida do alto. Somos espiritualmente mortos e por isso precisamos ser vivificados para que possamos responder afirmativamente a graça de Deus (ler Ef 2.4,5) . Pedir a pessoas espiritualmente mortas que respondam sim ao evangelho sem serem vivificados pelo Espírito Santo é como pedir a um cego que veja um cartaz. Esta escolha positiva está ligada a eleição que é a escolha que Deus fez desde a eternidade”.

3) J. I. Packer, em seu livro Teologia Concisa, declara:

“A doutrina da eleição, como toda verdade acerca de Deus envolve mistério, e algumas vezes, incita à controvérsia. Mas na Escritura é uma doutrina pastoral, incluída ali para ajudar os cristãos a verem, quão grande é a graça que os salva, conduzindo-os à humildade, confiança, alegria, louvor, fidelidade e santidade como resposta”.

4 )R.C Sproul, em seu livro Eleitos de Deus, fala:

“Soberania de Deus – Deus é a suprema autoridade no céu e na terra , se Deus não é soberano, Ele não é Deus. Deus não deve salvação a ninguém. A misericórdia de Deus é voluntária. Ele não é obrigado a ser misericordioso. Ele reserva-se o direito de ter misericórdia de quem ele tiver misericórdia”.

5) Samuel Falcão, em seu livro Escolhidos por Cristo, cita Abraão Kuyper :

“Toda a nossa existência, nossa natureza, nossa posição na vida, dependem inteiramente dela. Esta predestinação que abrange tudo, é colocada pelos calvinistas não nas mãos do homem, e menos ainda nas mãos de uma força natural cega, mas nas mãos do Deus Todo-Poderoso, soberano Criador e Dono dos céus e da terra. Sob a figura do barro e do oleiro, as escrituras, desde os tempos dos profetas, vêm-nos expondo essa eleição que domina tudo. Eleição na criação, eleição na providência e assim também eleição na vida eterna; eleição na esfera da graça, tanto quanto na esfera da natureza”.

6) R. K. Mc Gregor Wright, em seu ótimo livro Soberania Banida, afirma :

“Quando Jesus disse aos seus discípulos em Jo 15.16. 'Não fostes vós que escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros', dificilmente poderia significar 'eu decidi escolhê-los porque eu percebi que vocês iriam me escolher'.A condição que o Arminiano acredita que o crente teria de aceitar é expressamente excluída em versos como Jo 10.26: "Mas vós não credes porque não sois das minha ovelhas". Se Jesus fosse arminiano, ele teria dito: "vocês não são da minha ovelhas porque não crêem". Por todo o evangelho de João, as ovelhas de Deus são os eleitos que lê escolheu no mundo, aquelas que o Pai lhe havia dado do mundo para que fossem seus”.

7)Charles Hodge em sua, Systematic Theology, expressa:

“Nós encontramos numerosas passagens que designam o propósito da Morte de Cristo, que é salvar o seu povo dos seus pecados. Ele não veio meramente para conseguir uma possibilidade de salvação, mas para eficazmente livrá-los do peso da lei e do poder do pecado. Isto está incluído em todos as representações escriturísticas sobre a natureza e o designo de seu trabalho”.

8) John Murray, em seu livro Redenção Consumada e Aplicada, toca no assunto eleição:

“Foi o livre e soberano beneplácito de sua vontade, um beneplácito que emana das profundezas da sua própria bondade, que ele elegeu um povo para ser herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo. A razão reside inteiramente nele mesmo e procede das determinações que são peculiarmente suas : 'Eu Sou o que Sou'”.

9) John L.Dagg, em seu Manual de Teologia, explica:

A doutrina da eleição encontra forte resistência no coração dos homens ... Visto tratar-se de um ato da mente divina, nenhum prova da sua veracidade pode ser melhor do que o testemunho das Escrituras. As Escrituras ensinam claramente que Deus tem um povo eleito, escolhido: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?” Rm 8.34. "Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai" 1Pe 1.2; “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos?” Lc 18:7; "Vós porém sois raça eleita" 1Pe 2.9; “Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação” 2Ts 2.13; “Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo” Ef1.4.

As Escrituras ensinam que a eleição é pela graça e não pelas obras. Este assunto é ilustrado pelo caso de Jacó e Esaú, dos quais Jacó foi escolhido antes mesmo das crianças terem praticado bem ou o mal. Ao aplicar esta ilustração Paulo diz : “(para que o propósito de Deus, quanto a eleição prevaleça, não por obras ,mas por aquele que chama)”.Rm 9.11


ALGUMAS OBJEÇÕES CONSIDERADAS E RESPONDIDAS

1. A eleição faz Deus injusto. Sem a menor dúvida, esta objeção é feita sem pensar. Salvação não é uma questão de justiça, mas de misericórdia. Não era a justiça de Deus que O causou a prover a salvação, mas a misericórdia. A justiça simplesmente é cada homem recebendo o que merece. Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao eu a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?" Romanos 9:20,21.

2. A eleição destrói a doutrina de "Quem quiser, vem". De jeito nenhum. A eleição explica e sustenta a doutrina de "Quem quiser, vem". Sem a eleição não haveria nenhum "Quem quiser"; todo mundo seria " Quem Deseja". A vontade humana é livre, mas a sua liberdade está dentro dos limites da sua natureza caída e humana. É livre como a água. A água é livre a descer a colina. É livre como o urubu. O urubu é livre a comer carniça, mas sofreria fome até a morte em um campo de trigo. Não é a sua natureza comer comida limpa. Aqui é um cadáver físico. É livre a se levantar e caminhar? Em um senso, é sim. Não é acorrentado e preso. Não há nenhuma restrição externa. Mas em outro senso, aquele cadáver não é livre. Não é a natureza do morto a mexer-se. Aqui é um cadáver espiritual. É livre para se arrepender, crer na verdade acreditar e fazer obras boas? Sim, em uma senso é. Não há nenhuma restrição externa nele. Deus não o impede, mas Ele oferece influencias e induções. Mas o cadáver é dificultado pela sua própria natureza.

O Concílio de Trento (1563): “Se qualquer um afirmará que desde a queda de Adão, a vontade do homem foi eliminada, que seja amaldiçoado”. Mas, lamentavelmente hoje em dia, tal crença não é limitada aos Católicos Romanos.

3. A eleição é incompatível com um espírito missionário. A eleição produz "hard shells" (casca duras). Esta palavra "casca duras" é uma palavra inventada. É empregada com preconceito. Os que são contra missões empregam este termo para o dano dos homens que tenham o espírito missionário. Fatos que obstinadamente não podem ser contestados negam a acusação de que a eleição e a predestinação antagonizam o programa missionário de Cristo. Estes que crêem nestas doutrinas foram e são agora os mais fortes missionários: Andrew Fuller, Spurgeon, Boyce Taylor, etc.

4. A eleição leva a libertinagem. Novamente os fatos proclamam em uníssono claro: "De jeito nenhum". Alguns dos homens mais piedosos que jamais viveram eram os que creram na eleição e na predestinação. John Gill, um dos mais inteligentes dos batistas, era notável pelo caráter piedoso. A idade Puritana do Cristianismo é conhecida como a mais pura idade da igreja desde os tempos apostólicos. E cada um dos Puritanos, quase sem nenhuma exceção, creu na eleição. Há quase duzentos anos, Toplady fez um desafio duplo que nunca foi respondido no seu dia e nem em nossos dias. Ele desafiou o mundo Cristão inteiro a achar uma pessoa que realmente creu na soberania de Deus que foi para o lado do Catolicismo Romano. E também desafiou o mundo a achar o nome de um único mártir Cristão que não creu na eleição. Outros desafiaram o mundo para achar um único crítico superior, ou um único Espírita, ou um único partidário de evolução, ou um único Russellite, ou um único Cientista Cristão que acredita na soberania absoluta de Deus e na doutrina de eleição. Sem nenhuma exceção, cada um destes hereges terríveis são Arminianistas. Este é um fato revelador.

5. A eleição não segue a razão. Este fato não é negado, mas alegremente admitido. Este fato atesta a eleição uma verdade divina. Qualquer religião que está de pleno acordo com a razão humana não é uma religião salvadora.


Objeções Calvinistas às Propostas Arminianas

1. Se o homem é livre para fazer o bem ou o mal, como é que Deus consegue executar Seus propósitos, sem violentar tal liberdade? Nenhuma profecia deixou de ser cumprida porque "os homens não cooperaram". Deus não está ansioso, "roendo as unhas", aguardando a decisão do homem, para correr com um paliativo e remediar uma traquinagem humana.
Sl 33.11; Is 55.10, 11; Rm 9.17

2. Se o homem natural pode decidir aceitar a Cristo, isto significa que ele não é totalmente depravado. Está doente, mas não está morto! Ele seria o autor de sua própria salvação.
Ef 2.8, 9; Fp 1.6

3. O livre-arbítrio arminiano transforma Deus em rei que não reina. Ei-lO impotente, fervendo de ira, ou chorando de tristeza, diante do comportamento humano! Alguns arminianos chegam a negar que Deus conhece as ações futuras, livres, dos homens, por serem incertas.
Sl 139; Is 10.5-7, 12, 15; At 4.27, 28

4. Para que Deus não fosse argüido de parcialidade e favoritismo (argumento arminiano comum) seria necessário que todos os seres humanos tivessem as mesmas oportunidades, sofressem as mesmas ameaças e tentações, recebessem os mesmos dons e castigos, as mesmas bênçãos e agruras, de tal modo que todos tivessem as mesmas condições para decidir salvar-se ou perder-se. Todavia, bens e males são distribuídos desigualmente, segundo os propósitos de Deus.
Mt 25.15; Rm 8.15-21

5. O crente, segundo o Arminianismo, não pode saber se vai salvar-se ou não. Sabe, no máximo, que hoje está salvo porque hoje tem fé, obedece ao Senhor, confia em Cristo. Não sabe, todavia se cairá da graça dali a algumas horas. Poderá ser dominado pelo pecado outra vez, e perder-se eternamente.
Jo 10.28, 29; At 11.31; 1 Jo 1.9; 2.1-5


Eleição - Conclusão

Durante toda a minha vida vivi na Igreja Presbiteriana, defensora nos seus símbolos de fé do ensino glorioso da predestinação, mas sem saber de nada ou muito pouco desta verdade bíblica e consoladora.

Para mim era algo irrelevante, algo semelhante a isso: “Você não crê na predestinação, amém ; você crê, amém também”. Hoje chego a conclusão de que assim pensava porque em mim não havia conhecimento e como conseqüência não podia ter convicção. Percebi que muitos que estão em Igrejas supostamente Reformadas chegam à convicção de que a doutrina da predestinação é bíblica e por isso é correta. Mas neles ainda há um problema: a questão parou na mente, não desceu ao coração, não tocou a consciência. Não amam a doutrina da predestinação, não gostam dela!

Falar de predestinação, no entanto, é falar dos decretos de Deus, do seu amor eterno para com o seu povo, da sua sabedoria, da sua graça, do seu chamado eficaz, da sua justiça imputada a nós, é falar de nossa garantia de glorificação. É falar da nossa regeneração, da fé, do nosso arrependimento, da nossa salvação é falar da nossa responsabilidade de sermos santos, da nossa responsabilidade de evangelizar. Afinal é "deixar Deus ser Deus" como disse Lutero a Erasmo. Que esta doutrina nos faça mais humildes e Deus mais glorioso. Nós que somos meros mortais só podemos afirmar como afirmou o Apostolo Paulo :

Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!.Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11 : 33-36)

 


Frank Melo é Diácono da Igreja Presbiteriana do Brasil no bairro de Boa Viagem, Recife-PE.


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