O Evangelho
A Única Esperança para a Sociedade

por

Maurice Roberts



A maravilha das boas novas que o Evangelho traz para nós nunca deve, pela familiaridade, perder seu vigor e plenitude. A maravilha do anúncio do Evangelho é boa além de todo cálculo humano. Isto é assim, primeiro por causa da glória que ele traz a Deus que o designou e executou. Através do Evangelho Deus tem feito o que é singular e sem paralelo ao fazer a revelação de Si mesmo para o universo dos seres racionais. Que glória e que sabedoria o Deus Triúno tem demonstrado na maneira como Ele tem tratado o pecado do homem! Ele fez do pecado a ocasião para aparição de Si mesmo em natureza humana. Ele tem glorificado a Sua justiça em punir aquele pecado em uma Pessoa divina. Ele criou um método de remir a culpa que salvaguarda todos os requerimentos de Sua natureza santa e os requerimentos da lei moral. Ao mesmo tempo Ele providenciou uma justiça de valor infinito para pecadores que podem se vestir de graça tanto na terra como no céu eternamente, para a glória de Sua própria graça. Desta maneira Deus fez com que o pecado ministrasse para a Sua própria glória na medida em que proporciona ocasião para a plena e maravilhosa exibição do seu rico e imerecido perdão. Ele, diz Paulo, “encerrou a todos na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos” (Rm.11:32).

O plano do Evangelho da salvação é impressionante sob todos os ângulos. Sua simplicidade harmoniza-se com sua grandeza. Sua sabedoria jamais sonhada confunde a sabedoria de todos os sábios que já ensinaram ou que já escreveram eruditos livros de filosofia. Ele dá toda a glória a Deus e faz do homem um devedor da graça. Ele nos une a Deus em gratidão com adoração e um senso de dever que nada mais poderia igualar.

O Evangelho glorifica cada atributo de Deus de uma maneira ou de outra, e especialmente aqueles atributos morais que estão no coração da salvação: graça, misericórdia, piedade, bondade e amor.

Mas em segundo lugar, o Evangelho é maravilhoso por causa das bênçãos do favor que ele confere a todos os crentes. Estas bênçãos são conferidas em muitas passagens das Escrituras e podem ser brevemente resumidas em uma palavra: perdão. Deus se agradou de não imputar o pecado àqueles que estão em Cristo. Ele levou os nossos pecados, colocou um fim a nossa transgressão, cobriu nosso pecado, esqueceu nossa culpa. Ele nos lavou, nos limpou, nos aspergiu. Ele lançou a nossa iniquidade para trás de Si, a escondeu como uma nuvem, a sepultou nas profundezas do mar, perdoando-a e apagando-a.

Como consequência, estamos em um novo relacionamento com Deus. Como aqueles que foram misericordiosamente perdoados, nós temos paz com Ele, somos reconciliados com ele, permanecemos na Sua graça, desfrutamos de acesso ao Seu trono pela oração, regozijamo-nos em todas as providências presentes e temos uma alegre expectativa da glória de Deus que breve virá - tanto Sua como nossa.

O Evangelho nos faz amigos de Deus, servos de Deus, filhos de Deus e herdeiros de Deus. Ele remove a antiga inimizade de nossa parte e o justo desagrado da Sua. Ele nos faz novos homens, nos dá novos corações, nos introduz em uma nova família e nos compele com novas ambições do pleno desfrutar do próprio Deus na glória por vir.

As maravilhas do evangelho são inesgotáveis. Cada raio recente de novo entendimento que conseguimos nos conduz adiante em descobertas da “multiforme graça” do Evangelho. Assim, o jovem crente se gloria no seu recém-encontrado Salvador e é plenamente atraído com um senso de gratidão a Cristo, bem como o velho santo que olha para trás e vê uma vida inteira de experiências com Cristo.

A cada estágio da vida do peregrino há novas misericórdias para se ver e novas verdades para se apreciar na medida em que a plenitude de Cristo é explorada e desfrutada.

Um dos maiores e mais valiosos dos nossos privilégios pelo Evangelho é nossa eterna segurança. Já somos justificados em Cristo, estamos agora em um processo de sermos interiormente perfeitos e estamos persuadidos que Deus não nos deixará até que Ele tenha nos trazido a um estado de perfeição prometida na Sua Palavra.

Nossa convicção destas coisas não é fundada em um texto ou dois das Escrituras mas em dez milhares. Nós temos um Deus que prometeu. Nós temos o juramento de Deus, bem como, Sua promessa. Nós sabemos que Ele não somente não mente como também não pode mentir. Ele se comprometeu, por uma aliança, a realizar cada promessa do Evangelho aos Seus filhos. Ele deu abundante prova de sua credibilidade na maneira como nós vemos todas as Suas promessas cumpridas no passado. Nós também temos o testemunho interior do Espírito para confirmar cada meio de confiança que nós possuímos. Deus será perfeitamente verdadeiro para com Sua Palavra e não deixará uma sílaba cair ao chão de tudo o que Ele nos prometeu em Cristo. A Palavra e o Espírito igualmente confirmam nossa esperança e reforçam a certeza de que nossa fé em Cristo não é em vão. Assim é, em poucas palavras, a maravilha do Evangelho e merece de todas as maneiras ser chamado de boas novas. Aqui está um Evangelho digno do nome. Perguntamos, de onde “vem um outro como este?”


O Evangelho que a nossa Sociedade Precisa

Há vários comentários que precisam ser feitos sobre a relação entre este glorioso evangelho para com nossa moderna sociedade secular. Pois uma coisa dolorosamente evidente para todos os que amam o Evangelho da verdade, é que o mundo ao nosso redor nunca esteve em maior necessidade deste Evangelho do que hoje.

Nossos políticos parecem estar trancados num círculo vicioso de pequenas e inadequadas soluções para os reais problemas da sociedade. Talvez isto deveria ser esperado. Porém, pateticamente, muitos proeminentes eclesiásticos estão se mostrando incapazes de pensar sobre as necessidades da sociedade em termos de Evangelho.

O mundo moderno com seu espírito secular, sua violência e sua ávida sensualidade é o produto de forças e agências que são a própria contradição do Evangelho de Deus. A severa voz do céu está apontando para que possamos ver que estes são os amargos frutos de nossa sociedade má. Deus está proclamando como através de uma trombeta: “Aqui está o que se tornou o seu mundo sem o Evangelho do Meu Filho Jesus Cristo. Vocês quiseram viver sem Deus. Agora desfrutem das conseqüências e comam os seus frutos se puderem!”

O noticiário diário dos nossos crimes sociais devem nos envergonhar. Os lares partidos, os corações partidos, as vidas arruinadas, os espíritos feridos dos homens, mulheres e crianças ao nosso redor são uma dolorosa lembrança para nós de que o experimento secular faliu miseravelmente. Se o comunismo entrou em colapso no Leste, também o ídolo de Mamom fracassou para nós no Ocidente. Um é tão fútil quanto o outro e precisam ser derrubados tão vigorosamente como vimos o muro de Berlim cair e tão triunfantemente como vimos as nações do Leste desmantelarem as estátuas de Lenin e Marx.

O humanismo secular tem sido tentado no Ocidente desde a Primeira Guerra Mundial. Ele tem sido pesado na balança e achado em falta. Ele reduziu uma vez grandes nações como a Grã-Bretanha em desertos espirituais. Ele brutalizou populações, cauterizou as consciências dos homens com um ferro quente e deu à sociedade um coração de pedra que não tem pena de ninguém e não poupa ninguém. A humanidade está cansada dos deuses do prazer que a têm dominado. O clamor sobe a Deus dos céus para nos salvar de nós mesmos e nos trazer um novo dia.

Amantes da verdade vêem muito claramente que o que é preciso em todos os lugares é um retorno ao velho e desprezado Evangelho do Senhor Jesus Cristo. O Evangelho é a única esperança para nossa sociedade perversa e distorcida. As almas miseráveis e atormentadas dos homens estão perecendo por falta de atenção à mensagem de um livre perdão e uma nova esperança em Cristo e através de Sua Cruz. Nada senão o glorioso Evangelho do bendito Deus pode adoçar as amargas águas da vida moderna. Nada menos do que um Salvador e Seu sangue purificador pode deter a onda do crime violento e a ameaçada ruptura de cada instituição social. Nenhuma caridade, nenhuma filantropia é tão grande quanto aquele que dá o puro Evangelho de Cristo à humanidade. Nós corremos o perigo de esquecer isso em meio às vozes que clamam por ajuda social e humanitária. Uma é claro, deveria ser acompanhada pela outra e normalmente o é. Mas nós não devemos deixar que sejamos submetidos a uma lavagem cerebral pelo triunfalismo do filantropo secular. Que demos toda a ajuda financeira e material que podemos para o nosso mundo moderno. Mas, quando tivermos feito isso, ainda não fizemos o que deveríamos até que tenhamos dado aos homens a água da vida.


Tragam de Novo, o Bom e Antigo Evangelho

Não é somente nossa sociedade moderna que está perecendo por falta do puro Evangelho da salvação. Muitas igrejas modernas estão perecendo pela mesma razão. Muitos pregadores estão alimentando suas congregações com pedras e não com pães. Igrejas inteiras não passam de exércitos de esqueletos. Milhares de adoradores estão aleijados com raquitismo espiritual. O que é necessário não é nada novo, nada sofisticado, nada “esperto”, senão simplesmente uma volta ao bom e velho Evangelho da salvação. Quer os homens ouçam quer deixem de ouvir, deve-se dar mais evangelho nos seus cultos de adoração.

Os políticos precisam voltar aos sólidos valores morais. Os políticos devem defender o inocente e proteger o necessitado, punir o culpado efetivamente e trazer a roda do julgamento justo sobre o pescoço dos malfeitores. Essa é sua vocação e sua responsabilidade e responderão pela maneira como eles as cumprem.

Os pregadores precisam voltar para ao Evangelho. Que os sermões sejam plenos do Evangelho, plenos da verdade, plenos das gloriosas provisões de um Deus misericordioso para pecadores arrependidos.

Não há nada que o homem possa fazer de maior valor do que levar à frente e promover o Evangelho em cada esfera e nível da sociedade. Quando a mulher samaritana ouviu o Evangelho ela se esqueceu dos jarros. Quando os modernos pecadores ouvirem da graça de um Salvador eles se esquecerão dos seus jarros da carne.

Faz um século desde que a voz dourada de Charles Spurgeon caiu silenciosa em nossa terra (Inglaterra). Nós agradecemos a Deus que outros eminentes pregadores têm sido levantados desde sua época e que o “antigo” Evangelho que ele pregou ainda é ouvido em nosso mundo escuro - e agora, também, ouvido em terras que na época de Spurgeon eram desconhecidas. Mas quem pode viver para contemplar a situação do nosso mundo moderno e não sangrar interiormente ao ver que há necessidade em todo lugar de que o Evangelho de Cristo seja poderosamente conhecido?

Se nossa sociedade moderna conhecesse que benefícios o Evangelho confere, ela moveria montanhas para trazê-lo novamente do seu longo e triste exílio. Nossa tarefa como crentes nesta hora, é persuadir nossa geração de que cada necessidade que ela enfrenta é suprida pelo imutável e antigo Evangelho que ela tem rejeitado. Poderes humanos de persuasão certamente não serão por si mesmos bem sucedidos. Mas, pode ser que até mesmo enquanto estamos falando(lendo) destas coisas, Deus está preparando suas carruagens e retornará no poder do Espírito quando os homens menos esperarem. Ele é capaz de, das próprias pedras, suscitar uma raça de pregadores cuja proclamação do “antigo” Evangelho prove ser irresistível.

 


Fonte: Transcrito do jornal “Os Puritanos” de Fevereiro/1993.


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