Entrevista com o Dr. Martyn Lloyd-Jones

por

Carl F. H. Henry

 

 

 

Esta entrevista foi publicada em 1980 (um ano antes da morte de Lloyd-Jones) na revista Christianity Today

 

PERGUNTA: Você e eu nos encontramos, se não me engano, em 1966, para discutir o projeto Congresso Mundial de Berlim sobre Evangelismo [Berlin World Congresso on Evangelism]. Você recusou ser um dos participantes ou mesmo ouvinte. Você foi também, penso, o único ministro de uma grande igreja em Londres que não cooperou nas Cruzadas de [Billy] Granham? O que fez você ficar de fora?

RESPOSTA: Esta é uma questão extremamente essencial e difícil. Eu sempre cri que nada a não ser um reavivamento – uma visita do Espírito Santo, ao invés de uma campanha evangelística – poderia tratar com a situação da igreja e do mundo. A Igreja Presbiteriana Galesa tem raízes no grande reavivamento evangélico do século dezoito, quando o poder do Espírito de Deus desceu sobre pregadores e igrejas, e multidões foram convertidas. Eu nunca simpatizei com organização de campanhas. Em 1820 uma mudança muito sutil e infeliz aconteceu, especialmente nos Estados Unidos, da ênfase de Azahel Nettleton sobre reavivamento para a de Charles Finney sobre evangelismo. Há duas posições. Quando as coisas não iam bem, o antigo procedimento era os ministros e diáconos elegerem um dia para jejuar e orar e pleitear com Deus a fim de que os visitasse com poder. A alternativa de hoje é uma campanha evangelística: os ministros perguntam, ‘quem devemos contratar como evangelista?'. Então eles se organizam e pedem que Deus lhes dê sua benção sobre isto. Eu pertenço à velha escola.


PERGUNTA: Que reservas específicas você tem com o evangelismo moderno como tal?

RESPOSTA: Eu estou decepcionado com as campanhas organizadas e muito mais com o sistema de convite no qual pessoas são chamadas à frente. Perceba você que eu considero o Billy Graham um homem totalmente honesto, sincero, e genuíno. Ele, de fato, me convidou em 1963 para ser o presidente do primeiro Congresso sobre Evangelismo, previsto para Roma, não Berlim. Eu disse que faria um acordo: se ele abandonasse o apoio geral de suas campanhas – deixasse de ter liberais e católico romanos sobre a plataforma e abolisse o sistema de apelo (chamadas à frente) – eu daria apoio total a ele e tomaria parte no congresso. Nós conversamos durante três horas, mas ele não aceitou essas condições.

Eu só não posso apoiar a idéia de que congressos ou campanhas realmente resolvem a situação. Posso ver que os fatos substanciam meu ponto de vista: apesar de tudo o que tem sido feito nos últimos 20 ou 25 anos, a situação espiritual tem se deteriorado ao invés de melhorado. Eu estou convencido de que nada pode ajudar os ministros e igrejas senão dobrar seus joelhos na dependência total de Deus. E não é com campanhas que as pessoas irão dobrar seus joelhos e clamar para que Deus venha e as cure. A mim me parece que a organização de campanhas, no fim das contas, confia mais em técnicas do que no poder do Espírito Santo. Graham certamente prega o Evangelho. Eu nunca o criticaria em relação a isto. O que eu critico, por exemplo, é que na campanha de Glasgow ele levou John Sutherland Bonnell [um católico romano] para falar aos ministros do encontro. Eu o confrontei nisto. Graham respondeu: “Você sabe, eu tenho mais comunhão com John Sutherland Bonnell do que com muitos ministros evangélicos”. Eu respondi: “Ora, talvez Bonnell seja um sujeito mais agradável do que Lloyd-Jones – Não vou discutir isso. Mas comunhão real é outra coisa: Eu posso ter comunhão genuína somente com alguém que sustente as mesmas verdades básicas que eu”.

 


Tradução: Márcio Santana Sobrinho
Revisão
: Felipe Sabino de Araújo Neto


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