Evangelismo e Ação Social

por

John R. W. Stott


818. Um dualismo anti-bíblico

O recente debate sobre os méritos rivais do evangelismo e da responsabilidade social nunca são necessários. Ele expressa um dualismo anti-bíblico entre corpo e alma, este mundo e o porvir. Em qualquer caso somos chamados tanto para testemunhar como para servir; ambos são partes de nosso ministério e missão cristã.

- Extraído de “Sua Confirmação” (rev. edn. London: Hodder and Stoughton, 1991), p. 145.


819. Quem é o meu próximo?

Nossa negligência evangélica do interesse social até os anos recentes, e todo o argumento sobre o evangelismo e a ação social, tem sido tanto inadequada como desnecessária. Certamente os cristãos evangélicos têm totalmente o direito de rejeitar o assim chamado 'evangelho social' (que substitui as boas novas da salvação com uma mensagem de aperfeiçoamento social), mas é incrível que nós jamais deveríamos ter colocado a obra evangelística e social uma contra a outra como alternativas. Ambas deveriam ser expressões autênticas de amor ao próximo. Pois quem é o meu próximo, para que eu o ame? Ele não é uma alma sem corpo, nem um corpo sem alma, nem um indivíduo privado divorciado do envolvimento social. Deus fez o homem um ser físico, espiritual e social. Meu próximo é um corpo e alma em comunidade. Eu não posso reivindicar amar meu próximo se estou realmente preocupado com apenas um aspecto dele, seja sua alma ou seu corpo, ou sua comunidade.

- Extraído “Ande Sob os Seus Pés” (London: IVP, 1975), p. 16.


820. Uma parceria no evangelismo

Há um modo de expressar a relação entre o evangelismo e a ação social, a qual creio ser verdadeiramente cristã, a saber, de que a ação social é *uma parceira do evangelismo*. Como parceiros os dois pertencem um ao outro e, todavia, são independentes um do outro. Cada um permanece de pé por si mesmo e em seu próprio direito ao lado do outro. Nem é algum deles um meio para o outro, ou nem mesmo uma manifestação do outro. Porque cada um é um fim em si mesmo. Ambos são expressões de amor genuíno.

- Extraído “A Missão Cristã no Mundo Moderno” (London: Falcon, 1975), p. 27.

821. Nenhum 'evangelho social'

O reino de Deus não é uma sociedade cristianizada. É a regra divina nas vidas daqueles que reconhecem Cristo. Ele deve ser 'recebido', 'entrado' ou 'herdado', Ele disse, pela humilde e penitente fé nEle. E sem um novo nascimento é impossível vê-lo, muito menos entrar nele. Aqueles que o recebem como uma criança, contudo, encontram-se a si mesmos como membros de uma nova comunidade do Messias, que é chamada para exibir os ideais de Seu governo do mundo e assim apresentar ao mundo uma realidade social alternativa. Esta mudança social do evangelho do reino é totalmente diferente do 'evangelho social'. Quando Rauschenbusch [1] deu um caráter político ao o reino de Deus, é compreensível (embora lamentável) que, em reação a ele, os evangélicos se concentraram no evangelismo e na filantropia social, e se afastaram da ação sócio-política.

- Extraído “Assuntos que Confrontam os Cristãos Hoje” (London: Collins/Pickering, 1990), p. 7.

[1] Walter Rauschenbusch (1861-1918) - Pastor batista americano; pai do evangelho social; ensinou no Seminário Teológico de Rochester; tentou alcançar as pessoas do Hell's Kitchen; escreveu Cristianismo e a Crise Social e Uma Teologia para o Evangelho Social. [Nota do tradutor].


822. Um aspecto da conversão

A responsabilidade social torna-se um aspecto não somente da missão cristã, mas também da conversão cristã. É impossível ser verdadeiramente convertido a Deus sem ser através disso convertido ao nosso próximo.

- Extraído de “A Missão Cristã no Mundo Moderno” (London: Falcon, 1975), p. 53.


823. Amor e justiça

A cruz é uma revelação da justiça de Deus tanto como de Seu amor. Isto é o porquê a comunidade da cruz deveria se concentrar tanto com a justiça social como com a filantropia amorosa. Nunca é suficiente ter piedade das vítimas de injustiça, se não fazemos nada para mudar a situação dos injustiçados. Os Bons Samaritanos sempre serão necessários para socorrer aqueles que são assaltados e roubados; todavia, seria bem melhor libertar a estrada de Jerusalém-Jericó de salteadores.

- Extraído de “A Cruz de Cristo” (Leicester and Downers Grove: IVP, 1986), p. 292.


824. Compaixão Genuína

Nós somos enviados ao mundo, como Jesus, para servir. Porque isto é a expressão natural de nosso amor aos nossos próximos. Nós amamos. Nós vamos. Nós servimos. E nisto não temos (ou não deveríamos ter) nenhum motivo escondido. É verdade, o evangelho carece de visibilidade se meramente o pregamos, e carece de credibilidade se nós, que o pregamos, estamos interessados somente nas almas, e não temos interesse sobre o bem-estar dos corpos, situações e comunidades das pessoas. Todavia, a razão de nossa aceitação da responsabilidade social não é para dar primariamente ao evangelho uma visibilidade, nem uma credibilidade, nem mesmo para suprir alguma outra carência; mas, ao invés disso, para simplesmente demonstrar uma compaixão genuína. O amor não precisa se justificar. Ele meramente se expressa no serviço, não importa quando ele se mostre necessário.

- Extraído de “A Missão Cristã no Mundo Moderno” (London: Falcon, 1975), p. 30.


825. Palavras e obras

No ministério de Jesus palavras e obras, pregação do evangelho e serviço misericordioso, andam de mãos dadas. Suas obras expressam suas palavras, e suas palavras explicam suas obras. Deve ser o mesmo conosco. As palavras são abstratas, elas necessitam serem incorporadas em feitos de amor. As obras são ambíguas, elas necessitam serem interpretadas pela proclamação do evangelho. Guarde as palavras e as obras juntas no serviço e no testemunho da Igreja.

- Extraído de “Evangelismo e Responsabilidade Social”, Southern Cross (Outubro de 1980), p. 23.


826. O instrumento da mudança

O evangelismo é o maior instrumento de mudança social. Porque o evangelho muda pessoas, e pessoas mudadas podem mudar a sociedade.

- Extraído de “Assuntos que Confrontam os Cristãos Hoje” (London: Collins/Marshall Pickering, 1990), p. 71.


827. Nenhuma sociedade perfeita

Os seguidores de Jesus são otimistas, mas não utópicos. É possível melhorar a sociedade; mas uma sociedade perfeita espera o retorno de Jesus Cristo.

- Extraído de “Que é o Homem?” (London: National Prayer Breakfast Committee, 1989).


828. Igreja e comunidade

Ao urgir para que evitemos a escolha ingênua entre evangelismo e ação social, eu não estou implicando que todo cristão individualmente deva estar igualmente envolvido em ambos. Isto seria impossível. Além do mais, devemos reconhecer que Deus chama pessoas diferentes para ministérios diferentes e capacita-os com dons apropriados aos seus chamados...

Embora todo cristão de uma forma individual deva descobrir como Deus o chamou e dotou, eu me aventuro a sugerir que a igreja local como um todo deva estar envolvida com a comunidade secular local como um todo.

- Extraído de “Cristianismo Equilibrado” (London: Hodder and Stoughton, 1975), p. 46.


829. Polarização e especialização

Eu sugiro a necessidade de um reconhecimento triplo sobre o evangelismo e a ação social:

(a) Um reconhecimento de que os dois são parceiros na missão cristã...parceiros 'distintos, todavia iguais'. Nem um é uma escusa para o outro, um manto para o outro, ou um meio para o outro. Cada um existe em seu próprio direito como uma expressão de amor cristão. Ambos devem estar inclusos em algum grau no programa de toda igreja local.

(b) Um reconhecimento de que ambos são responsabilidades de todo cristão como um indivíduo. Todo cristão é uma testemunha, e deve usufruir de todas as oportunidades que tiver. Todo cristão é também um servo, e deve responder aos convites para servir, sem considerá-las como meramente ocasiões para evangelismo. Todavia, a situação existencial freqüentemente irá atribuir prioridade a uma ou outra das duas responsabilidades. Por exemplo, o ministério do bom Samaritano para a vítima dos salteadores não foi encher seus bolsos de tratados, mas derramar óleo em suas feridas. Porque isto era o que a situação demandava.

(c) Um reconhecimento de que, embora ambos sejam parte dos deveres da igreja e dos cristãos, todavia, Deus chama pessoas diferentes para ministérios diferentes e as capacita com dons apropriados. Esta é uma dedução necessária da natureza da igreja como o corpo de Cristo. Embora possamos resistir a *polarização* entre evangelismo e ação social, não devemos resistir a *especialização*. Todos não podem fazer tudo. Alguns são chamados para serem evangelistas, outros para serem funcionários públicos, outros para ser ativistas políticos. Dentro de cada igreja loca, a qual como o corpo de Cristo na localidade é comissionada tanto para o evangelismo como para a ação social, há um lugar apropriado para especialistas individuais e para grupos especialistas.

- Extraído de “Evangelismo, Salvação e Justiça Social”, de R. J. Sider com uma resposta de John Stott (2nd edn. Nottingham: Grove Books, 1979), p. 22.

 


Todos os textos acima foram extraídos e traduzidos dos escritos do Dr. John Stott.

Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 24 de agosto de 2004.

 


http://www.monergismo.com/

Este site da web é uma realização de
Felipe Sabino de Araújo Neto®
Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê.

TOPO DA PÁGINA

Estamos às ordens para comentários e sugestões.

Livros Recomendados

Recomendamos os sites abaixo:

Academia Calvínia/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela /Textos da reforma / Thirdmill
Editora Cultura Cristã /Editora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova