Duas visões da Expiação: Dois “Cristos”

por

John W. Robbins



Nesses dias de assistência médica para todos, educação para todos, direitos para todos, e oportunidade para todos, parece quase inevitável que o Evangelho de Jesus Cristo seja obscurecido pelo ensino religioso popular da salvação para todos. Os ideais democráticos de igualdade e oportunidades iguais têm invadido tanto a teologia como a política.

A maioria das igrejas nos Estados Unidos [1] que se chamam de cristãs rejeitam o Evangelho. Elas ensinam, se são liberais, que Jesus foi um bom homem, até mesmo um mártir, mas que ele não morreu no lugar de ninguém; ou, se são conversadoras, que Jesus morreu no lugar de todos, deseja que todos os homens sejam salvos, e oferece salvação a todos. Mas realmente faz pouca diferença se uma igreja é grande, respeitável e liberal e ensina que Jesus não morreu por ninguém; ou se ela é entusiástica, crescente e conservadora e ensina que Jesus morreu por todo mundo: O resultado é o mesmo: Jesus Cristo não salva realmente ninguém — absolutamente ninguém. Tanto os liberais como os conservadores concordam que as pessoas se salvam pelo exercício de suas vontades. O “Cristo” conservador torna a salvação possível, se as pessoas apenas permitirem que ele entre em seus corações; o “Cristo” liberal aponta o caminho para salvação, se as pessoas simplesmente seguirem seu exemplo. Nenhum dos “Cristos” salva.

Os liberais são talvez mais francos em negar o Evangelho; eles dizem que Jesus foi apenas um bom exemplo ou um bom professor: Eles não pretendem apresentá-lo como um Salvador. Os conservadores disfarçam o fato de que eles não têm nenhum Evangelho — nenhuma boas novas — dizendo que Deus ama todo homem e oferece a salvação a todos. Mas o significado tanto da mensagem liberal como da mensagem conversadora é a mesma: Nem um bom professor moral, nem uma mera oferta de salvação realmente salva. Nem os liberais ou os conversadores, nem os humanistas ou arminianos têm um Salvador. O “Cristo” liberal é, na melhor das hipóteses, uma alma corajosa que suportou a injustiça ao invés de renunciar sua crença na humanidade; o “Cristo” conservador é um ser covarde e impotente que implora para que as pessoas permitam que ele entre em seus corações.

O que nem liberais ou conservadores, protestantes ou católicos romanos, carismáticos ou fundamentalistas ensinarão é a doutrina bíblica da expiação: Deus o Pai, possuindo todo poder e todo conhecimento, desde a eternidade escolheu os indivíduos específicos que ele salvaria; Deus o Filho, possuindo todo poder e todo conhecimento, se tornou carne para propiciar a ira do Pai, morrendo no lugar daqueles a quem o Pai escolheu; e Deus o Espírito Santo, possuindo todo poder e todo conhecimento, irresistivelmente e no tempo devido, dá aos eleitos pelo Pai e resgatados pelo Filho a fé e salvação que Cristo adquiriu para eles. Essa doutrina bíblica da Expiação é o Evangelho, as boas novas, sobre o que Deus fez para o seu povo. é as boas novas sobre Jesus Cristo, o autor e consumador da nossa fé. A salvação é um dom de Deus para o seu povo do princípio ao fim.

A teologia bíblica, particularmente a doutrina da expiação, não é democrática; ela confronta os ideais modernos de igualdade e oportunidades iguais. Mas Deus não é um Salvador que se apresenta como uma oportunidade igual para todos. Cristo morreu e ora somente por aqueles a quem o Pai lhe enviou para salvar. É somente eles a quem Cristo realmente salva. A salvação deles ilustra a misericórdia de Deus, pois eles não têm o que reivindicar do seu Criador, e são tão pecadores como aqueles que são condenados. A condenação dos réprobos ilustra a justiça de Deus. Tanto os eleitos como os condenados ilustram sua soberania.

Muitos daqueles a quem Deus predestinou ao inferno têm sido muito religiosos. Há dois mil anos atrás, eles eram os líderes religiosos de Israel, os escribas e fariseus. Parece não tem havido uma grande mudança nesses últimos dois mil anos, pois hoje muitos incrédulos são membros, suportam financeiramente e lideram grandes igrejas e organizações religiosas nos Estados Unidos; eles são descritos em Mateus 7:

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas?

E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.

A doutrina da expiação é o coração da mensagem bíblica. Ela é a doutrina cristã, juntamente com a doutrina da inerrância da Escritura, sobre a qual o mundo em sua sabedoria diabólica tem concentrado os seus ataques. Nesse livro o Dr. Clark traz uma clareza inigualável de pensamento e expressão para uma doutrina cristã crítica, e sua explanação sistemática da expiação enriquecerá os leitores crentes. Mas para aqueles que estão perecendo, como Paulo diz, a mensagem desse livro terá o cheiro de morte. Oramos para que o Deus eterno e todo-poderoso, que opera todas as coisas segundo a sua vontade entre os exércitos do céu e da terra, faça com que aqueles que leiam A Expiação creiam na verdade sobre o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

 

John W. Robbins

12 de Dezembro de 1986

Notas:

[1] - Nota do tradutor: Todas as referências que o autor faz à situação nos Estados Unidos são, infelizmente, verdadeiras também para o Brasil.

Fonte: Prefácio do excelente livro The Atonement, do grande filósofo e teólogo Gordon Haddon Clark.

 


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 07 de Outubro de 2005.

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