Declarado Filho de Deus

por

João Calvino

 


Declarado Filho de Deus” (Romanos 1:4).

4. Declarado Filho de Deus. Ou determinado [=definitus]. Paulo está dizendo que o poder da ressurreição representava o decreto pelo qual, como se acha no Salmo 2.7, Cristo foi declarado Filho de Deus: “Neste dia eu te gerei”. Gerar, aqui, tem referência àquilo que foi feito conhecido. Certos intérpretes encontram nesta passagem três provas distintas da divindade de Cristo — a primeira é o poder (pelo qual compreendem os milagres); a segunda é o testemunho do Espírito; e a terceira é a ressurreição dentre os mortos. Prefiro, contudo, juntar estas três provas e sumariá-las assim: Cristo foi declarado Filho de Deus pelo exercício público de um poder verdadeiramente celestial, ou seja, o poder do Espírito, quando ele ressuscitou dos mortos. Este poder é possuído quando é selado pelo mesmo Espírito em nossos corações. A linguagem do apóstolo apóia esta interpretação. Ele afirma que Cristo foi declarado com poder, porque foi visto nele o poder que com propriedade pertence a Deus, e o qual comprovava além de qualquer dúvida que Cristo era Deus. Isto na verdade se fez ainda mais evidente em sua ressurreição, assim como Paulo alhures, após declarar que a fraqueza da carne se fez manifesta na morte de Cristo, exalta o poder do Espírito em sua ressurreição [2 Co 13:4]. Esta glória, contudo, não se nos fez notória até que o mesmo Espírito a imprimisse em nossos corações. O fato de Paulo também incluir a evidência que os crentes individualmente experimentam em seus próprios corações com o espantoso poder do Espírito, o qual Cristo manifestou ao ressuscitar dos mortos, é claro de sua expressa menção da santificação. É como se dissesse que o Espírito, ao mesmo tempo que santifica, também confirma e ratifica essa prova de seu poder que uma vez demonstrou. As Escrituras com freqüência atribuem títulos ao Espírito de Deus, os quais servem para elucidar nossa presente discussão. Daí o Espírito ser chamado por nosso Senhor de o Espírito da verdade [Jo 14.17], em razão de seu efeito como descrito nesta passagem. Além do mais, diz-se que o poder divino foi exibido na ressurreição de Cristo, visto que ele ressuscitara por seu próprio poder, como ele mesmo testificou: “Destruí este templo, e em três dias o reconstruirei” [Jo 2.19]; “ninguém a toma [minha vida] de mim” [Jo 10.18]. Cristo triunfou sobre a morte, à qual se entregou em razão da debilidade de sua carne, triunfo este não em virtude de algum auxílio externo, mas pela operação celestial de seu próprio Espírito.

 


Fonte: João Calvino, Romanos. (São Paulo: Edições Paracletos, 1997). Páginas 42, 43.

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