Calvino e a Unção com Óleo

por

João Calvino




Comentário de João Calvino de TIAGO 5:14-15

Como o Dom de curar* ainda existia, ele(Tiago) orienta o doente a ter recurso para o seu remédio. É certo que nem todos eram curados, mas o Senhor dava o Seu favor quantas vezes Ele achasse proveitoso; nem é provável que o óleo era usado indiscriminadamente, mas somente quando havia expectativa de cura. Pois, juntamente com o poder era dado também prudência aos ministros, a fim de que eles não abusassem nem profanassem o símbolo. O desígnio de Tiago não era outro senão recomendar a graça de Deus, a qual o fiel poderia experimentar, para que o benefício disso não fosse perdido por causa de desdém ou negligência.
Para este propósito ele ordenou que os presbíteros fossem enviados, mas o uso da unção deveria ser restrita ao poder do Espírito Santo. Os papistas se orgulham fortemente desta passagem quando procuram aprovar sua extrema unção. Mas quão diferente é a corrupção deles da antiga ordem de Tiago, pelo o que eu não vou me comprometer agora em mostrar. Que os leitores aprendam isso nas minhas Institutas. Eu somente direi que esta passagem é impiamente e ignorantemente pervertida; quando se tenta fundamentar a extrema unção aqui, chamam de sacramento para ser perpetuamente observado na igreja. Na verdade, concordo que foi usado como sacramento pelos discípulos de Cristo, (pois eu não posso concordar com os que pensam que tratava-se de remédio), mas como a realidade daquele sinal somente permaneceu por um tempo na Igreja, o símbolo também deve ter sido só por um tempo. E é bem evidente que, nada é mais absurdo do que chamar de sacramento aquilo que é vazio e na verdade não nos apresenta o que significa. Que o Dom de cura foi temporário, todos são forçados a concordar, e os eventos claramente aprovam isto: que o sinal disto não deveria mais ser considerado perpétuo. Segue-se portanto que aqueles que nos dias atuais colocam a unção entre os sacramentos, não são os verdadeiros seguidores, mas os “micos”, imitadores dos apóstolos, exceto se eles restaurarem o efeito produzido por isto, o qual Deus já retirou do mundo há mais de mil e quatrocentos anos. Portanto, nós não temos nenhuma disputa se a unção era um sacramento; mas sim se ela foi dada para ser continuada. Isto eu condeno porque é evidente que a coisa significada já cessou há muito tempo. Os presbíteros da igreja. Eu incluo aqui geralmente todos aqueles que presidem sobre a igreja; para pastores não foram chamados somente os presbíteros ou anciãos, mas também aqueles que foram escolhidos do povo para serem protetores da disciplina. Pois cada igreja tinha seu próprio senado, homens escolhidos de peso e integridade aprovada. Mas como era costume escolher especialmente aqueles que eram portadores de dons mais do que ordinários, ele (Tiago) ordena-lhes que enviem os presbíteros como sendo aqueles nos quais o poder e a graça do Espírito Santo mais particularmente aparecia. Mas devia ser observado que ele liga uma promessa à oração, a fim de que não seja feito sem fé. Pois o que duvida, como o que não invoca corretamente a Deus, é indigno de obter qualquer coisa, como vimos no capítulo um. Quem pois realmente busca ser ouvido, deve ser totalmente persuadido de que não ora em vão. Como Tiago coloca diante de nós este Dom especial, para o qual o rito externo era uma adição, nós portanto aprendemos que o óleo não poderia ter sido usado corretamente sem fé. Mas, desde que os papistas não têm nenhuma certeza quanto à unção deles tanto o quanto é manifesto de que eles não têm o Dom, é evidente que a unção deles é espúria.

*Nota do tradutor: O dom de cura ao qual Calvino refere-se é aquilo que os apóstolos faziam.


Traduzido por Rev. Moisés C. Bezerril


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