A Imputação do Pecado e a Justiça Atribuída a Cristo e ao Crente

por

David S. Steele e Curtis C. Thomas




A. O Significado de "Imputação". Imputar algo a uma pessoa significa pôr esse algo em sua conta (creditar) ou contá-la entre as coisas que lhe pertencem – ser-lhe creditado, e o que lhe é imputado passa a ser legalmente seu; é-lhe contado como sua possessão. Imputar significa contar, creditar, atribuir.

"Enquanto se faz referência ao significado de imputar, não importa quem é o que imputa, se é um homem (1 Samuel 22.15) ou Deus mesmo, como vemos em Salmo 32.2; não importa o que é imputado, se uma boa ação para recompensa (Salmo 106.30) ou uma ação má para castigo (Levítico 17.4); e, finalmente, não importa se o imputado é algo que nos pertencia pessoalmente antes da imputação, como no caso citado anteriormente do Salmo 106.30, donde se imputa a Finéias sua própria boa ação, ou algo que não nos tem pertencido previamente, como é o caso em que Paulo pede a Filemom que uma dívida que não é sua pessoalmente, lhe seja colocada em sua conta (Filemom 18) . Em todos estes casos a ação de imputar é simplesmente colocar algo em alguém… De forma que, quando Deus, no caso aqui, diz "imputar pecado" a alguém, o significado é que Deus considera o tal como pecador e em consequência, culpável e merecedor de castigo. Semelhantemente, a não imputação de pecado significa simplesmente não atribuir essa carga como base do castigo (Salmos 32.2). Da mesma forma, quando Deus diz “imputar justiça” a uma pessoa, o significado é que Deus considera judicialmente tal pessoa como justa e merecedora de todas as recompensas a que tem direito toda pessoa justa (Romanos 4.6-1 1)".


B. A Base da
Jutificação.

A dupla imputação de pecado e justiça (referidos a Cristo e ao crente) forma a base da justificação .

1. Os pecados dos crentes foram imputados a Cristo – por isto Ele sofreu e morreu na cruz (1 Pedro 2.24; 2 Coríntios 5.21). Cristo foi feito legalmente responsável pelos pecados do crente, e sofreu o justo castigo que a este correspondia. Ao morrer no lugar do crente, Cristo satisfez as demandas da justiça e o libertou para sempre de toda possibilidade de condenação ou castigo. Quando os pecados do crente foram imputados a Cristo, o ato de imputação não fez a Cristo pecador ou contaminou Sua natureza – tampouco, de modo algum afetou Seu caráter; este ato só tornou Cristo o responsável legal de tais pecados. A imputação não troca a natureza de nada; somente afeta a posição legal da pessoa.

2. Jesus Cristo viveu uma vida perfeita – guardou completamente a lei de Deus. A justiça pessoal que Cristo obteve durante Sua vida na terra é imputada ao pecador no momento em que este crê. A justiça de Cristo é outorgada ao crente; e Deus o vê como se ele mesmo houvesse feito todo o bem que Cristo fez. A obediência de Cristo, Seus méritos, Sua justiça pessoal é imputada (atribuída) ao crente. Isto de modo algum troca a natureza do crente (como também a imputação de pecados a Cristo não muda a Sua natureza); somente muda a posição legal do crente diante de Deus.

 

C. O Meio da Justificação.

O meio pelo qual o pecador recebe os benefícios da obra salvadora de Cristo (Sua vida sem pecado e Seu sacrifício), é a fé nEle. Ninguém pode ser justificado senão pela fé; no entanto, ninguém é justificado sobre a sua fé. A fé, em si mesma, não salva o pecador; porém o leva a Cristo, o qual é quem, de fato, salva; portanto, a fé, conquanto seja um meio necessário para a justificação, não é em si mesma a causa ou a base da justificação. "Paulo disse que os crentes são justificados dia pisteos (Romanos 3.25), pistei (Romanos 3.28) e ek pisteos (Romanos 3.30). O dativo e a preposição dia, representam a fé como meio instrumental pelos quais Cristo e Sua justiça são imputados; a preposição ek mostra que a fé ocasiona, e logicamente precede, nossa justificação pessoal. Paulo nunca disse, e sem dúvida negaria, que os crentes são justificados dia pistin, ou seja, por causa de sua fé. Se a fé fosse a base da justificação, a fé seria, com efeito, uma obra meritória; e a mensagem do evangelho seria, depois de tudo, meramente uma nova versão da justificação por obras, doutrina considerada por Paulo como irreconciliável com a graça, e destrutiva espiritualmente (Compare Romanos 4.4 ; 11.6; Gálatas 4.21-5.12). Paulo considera a fé, não como a causa da justificação, mas como a mão vazia, estendida, que recebe a justiça ao receber a Cristo".


D. A Distinção entre Justiça "Imputada" e Justiça "Pessoal".

Devemos ter o cuidado de não confundir a justiça imputada (a qual recebemos pela fé e que é a única base de justificação) com os atos pessoais de justiça (santidade), realizados pelos crentes como resultado da obra do Espírito Santo em seus corações. Hodge disse:

"A justiça pela qual somos justificados, não é algo feito por nós nem nada que tenhamos forjado em nós mesmos, mas algo feito por nós e a nós imputado. E a obra de Cristo, o que Ele fez e sofreu para satisfazer as demandas da lei (…) não é nada que tenhamos criado ou forjado em nós ou algo inerente em nós. Por isso dizemos que Cristo é nossa justiça; que somos justificados por Seu sangue, Sua morte, Sua obediência; somos justos nEle e somos justificados por Ele, ou em Seu nome. A justiça de Deus, revelada no Evangelho e pela qual somos constituídos justos é, portanto, a justiça perfeita de Cristo, a qual cumpre completamente todos os requisitos da lei a que os homens estão obrigados e que todos os homens têm quebrado."

A base da justificação é A OBRA DE CRISTO, e O MEIO da justificação é a FÉ EM CRISTO.

 

 


Fonte: Extraido do Jornal Os Puritanos, Ano IV, Nº 6, 1996.


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