A Adoração do Evangelicalismo

por

Kevin Reed


Como os evangélicos não celebram a Missa (pelo menos não ainda) muitos se confortam com uma comparação relativa com Roma, observando que a adoração que prestam não é tão degenerada como a idolatria da Missa. Mas, comparações relativas não devem ser a medida da verdadeira religião. A Bíblia condena qualquer forma de adoração artificial como uma espécie de idolatria; e as igrejas evangélicas estão cheias de adoração sintética. A última moda inclui apresentações musicais excessivas, drama, shows de marionete, filmes, danças sagradas, e hinos histéricos — para nomear apenas algumas poucas infrações. Assim como com Roma, a palavra de Deus é deixada de lado, neste caso em troca do entretenimento, apresentações de multimídia, e ensinos falsos.

Os edifícios evangélicos e os materiais para instrução estão cobertos de imagens gravadas do Senhor. Nos anos recentes muitos evangélicos têm promovido atividades “missionárias” através do uso do filme Jesus, que está disponível em várias línguas. Os evangélicos clamam que estas imagens servem a um propósito didático, especialmente para o ensino de crianças e para a evangelização do iletrado. O argumento deles é meramente uma paráfrase moderna da antiga afirmação papista de que as imagens servem bem como “livros para o leigo” [1]. Ao contrário, “a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Deus” (Romanos 10:17).

Os leitores estão convidados a fazerem um passeio em uma típica livraria evangélica. As prateleiras estão cheias de bugigangas religiosas e parafernália que competem com a mercadoria papista, e podem até excedê-las por seu puro desmazelo.

Há também uma tendência perturbadora dentre os evangélicos de se fascinarem com o ritual e a liturgia romanista. Esta tendência não está isolada às comunhões de “high-church”, tais quais as igrejas anglicanas e “ortodoxas” que nunca foram completamente reformadas. Antes, algumas igrejas “protestantes” têm começado a adotar a pompa dos ritos e liturgia romanistas: ministros vestem togas sacerdotais e começam a introduzir elementos de adoração litúrgica. As igrejas colocam cruzes em locais proeminentes dentro de seus prédios, e começam a seguir o ano eclesiástico de Roma.

O bíblico entoar de Salmos é notavelmente ausente por toda parte do evangelicalismo. Ao invés disto, evangélicos contemporâneos parecem gostar de cânticos sentimentais e hinos histéricos. Muitos que nunca cantaram os salmos se unem para cantar “Fé de Nossos Pais”, alheios ao fato de que o autor deste hino o compôs como um testemunho de sua própria conversão a Roma! [2] Talvez isto seja próprio, já que os coristas evangélicos modernos estão em peregrinação paralela.

Os evangélicos também mutilaram os sacramentos. Enquanto Roma corrompe a Ceia do Senhor e nega o cálice ao leigo, muitas congregações evangélicas não distribuem nenhum dos elementos para as pessoas. Em alguns casos, os elementos bíblicos da Ceia do Senhor têm sido substituídos por suco de uva e biscoito (ou bolinhos de se comer com café). A idéia de que a congregação local tem o direito de mudar os elementos dados pelo Senhor é tão perniciosa quanto a doutrina de Roma do poder da igreja. Faz pouca diferença se a autoridade divina é usurpada por uma hierarquia de sacerdotes (Roma) ou por uma democracia localizada (evangelicalismo); em ambos os casos isto é uma presunção arrogante contra a regra da religião bíblica do sola scriptura.

No capítulo anterior mencionamos o apelo do altar em conexão com o evangelicalismo espúrio. O apelo do altar também tem impacto na doutrina da adoração porque funciona como um sacramento — como um “sinal e selo” público da graça. Como em Roma, os evangélicos têm ordenanças religiosas inventadas por homens que permanecem como símbolos de falsa piedade e adoração. [3]


Conclusão

Tanto Roma como o evangelicalismo moderno compartilham uma suposição básica de que a igreja tem poder para inovar na adoração. Existe um contraste nas práticas externas porque as inovações de Roma fluem de séculos de tradições acumuladas; enquanto que os evangélicos freqüentemente descartam a tradição em prol das práticas de adoração “contemporâneas”. Em sua raiz, entretanto, ambos os grupos compartilham a mesma suposição de que os homens têm o direito de suplementar os meios bíblicos de adoração.

Ao examinarmos o assunto da adoração observamos muitas similaridades entre Roma e os evangélicos. É assustador perceber como a adoração a Deus tem sido corrompida pelos evangélicos e católicos romanos juntos.


Notas:

[1] - “Mas não podem ser toleradas as imagens nas igrejas como ‘livros para ignorantes’? Não, porque não devemos ser mais sábios do que Deus. Ele não quer ensinar a seu povo por meio de ídolos mudos (1) , mas pela pregação viva de sua Palavra” (Jr 10:5,8; Hc 2:18,19. (2) Rm 10:14-17; 2Tm 3:16,17; 2Pe 1:19) - Catecismo de Heidelberg #98.

[2] - Frederick W. Faber foi ordenado na Igreja da Inglaterra em 1842. Sob a influência de John Henry Newman, ele entrou para a Igreja Católica Romana em 1846. Três anos depois Faber publicou um livro: Jesus and Mary; or Catholic Hymns for Singing and Reading. O terceiro verso deste hino é freqüentemente alterado nos hinários evangélicos; o texto original fala:

Fé de nossos pais! As orações de Maria
Vencerão nosso país de volta a ti
E através da verdade que vem de Deus,
A Inglaterra irá de fato ser livre
Fé de nossos pais, santa fé!
Deveríamos ser verdadeiros a ti até a morte.

Citado em William Jensen Reynolds, Hymns of Our Faith (Naschville: Broadman, 1964), pp.43, 289.

[3] - Um outro exemplo, que decaiu em popularidade na comunidade evangélica mais ampla, é a forma como alguns fundamentalistas medem a piedade dum homem por este se abster totalmente de todas as bebidas alcoólicas.


Extraído do livro “Fazendo a Fé Naufragar” — pela autorização escrita para Evangélicos e Católicos Juntos, Kevin Reed, Editora Os Puritanos, páginas 64-67.


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