Não Envergonhados

por

Arthur W. Pink



Não serão envergonhados nos dias maus e nos dias de fome se fartarão” (Salmos 37:19).

De quem esta declaração é feita? De todos os filhos de Deus? Não, deveras não. Somente daqueles que são verdadeiramente “retos” (v. 18) em seus corações e caminhos. Se o leitor consultar e cuidadosamente analisar Jó 1:1, Salmos 37:37, Provérbios 14:11, 15:8; 29:27, imediatamente verá que “retos” são aqueles que andam com Deus, estão em sujeição a Deus, e vivem somente para a glória de Deus. Os “retos” são contrastados com aqueles cujos corações estão “divididos” (Oséias 10:2) – metade no céu, e metade no mundo; metade ocupado com Deus, metade envolvido consigo mesmo; e [contrastados] com cristãos verdadeiros que estão num estado apóstata.

Agora, Salmos 37:19 claramente afirma que os “retos” não serão envergonhados nos dias maus. E por quê? Porque Deus está Se mostrando forte em favor deles (2 Crônicas 16:9), e fazendo por eles o que Ele não está fazendo por muitos outros que usam o Seu nome. Nenhum bem lhes falta (Salmos 84:11). Ao buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça (Mateus 6:33), suas necessidades são livremente e abundantemente satisfeitas. “Dias maus” estão agora atingindo este mundo que perece, e estamos cientes de muitos que “ não estão envergonhados”, e que podem alegremente exclamar “O Senhor é o meu Ajudador”. Por outro lado, estamos cientes de não poucos cristãos verdadeiros que têm vários motivos para ficarem “envergonhados”, pois sua presente situação não traz glória para Deus.

Em “dias maus” como estes, as linhas devem ser tão claramente traçadas, que até mesmo o mundo possa discernir “entre o que serve a Deus e o que não O serve” (Malaquias 3:18). “Os leõezinhos sofrem necessidade e passam fome, porém aos que buscam o Senhor bem nenhum lhes faltará” (Salmos 34:10). Façamos agora aos nossos leitores algumas claras perguntas. Alguns anos atrás, quando os “dias” eram “bons” e o dinheiro era abundante, você estava “buscando ao Senhor” quando comprou um carro para o prazer de sua família? A Sua glória estava em vista quando você comprou um aspirador elétrico, uma máquina de lavar elétrica e um refrigerador elétrico? Você agora deseja que tivesse em mãos o dinheiro que colocou em tais extravagâncias. Sim, assim é a mundanalidade. Mas, você confessou a Deus o pecado de tal extravagância?

E o que dizer das meias de seda, dos “vestidos luxuosos” (Isaías 3:22); e de muitas outras luxúrias com as quais a mundanalidade esbanja o seu dinheiro? O que dizer também de ser conformado com o mundo em suas modas ímpias: o cabelo curto, as saias curtas, as blusas sem mangas? “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7). Tendo semeado na carne, por que achar estranho que você esteja agora colhendo “corrupção”? Talvez alguns respondam: Mas eu era liberal ao contribuir para a causa do Senhor naqueles dias. Você tem certeza que era para a causa do Senhor? O ajudar na ereção de uma “igreja” suntuosa, que ainda tem um grande débito a pagar, é “a causa do Senhor”? [1]

Não há remédio? Sim, graças a Deus há. “Se o Meu povo, que se chama pelo Meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, Eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2 Crônicas 7:14). Ah, note cuidadosamente o que é dito na primeira cláusula: não é “se o povo”, mas “se o Meu povo se humilhar”. Quantos cristãos estão genuinamente surpresos que não estejamos testemunhando uma mudança notável da parte das multidões ao nosso redor. Mas eles não precisam ficar surpresos: os “tempos difíceis” não causarão nenhuma impressão para o bem nas multidões, até que o próprio povo de Deus humilhe a si mesmo diante dEle! Não há necessidade de o Rei da Grã Bretanha ou do Presidente dos E.U.A. apontar um dia para humilhação nacional, jejum e oração, até que os cristãos estejam primeiramente retos com Deus.

O que se quer dizer por o povo de Deus “ humilhar a si mesmo”? Isto: dobrar os seus joelhos diante de Deus, e se envergonhar da maneira carnal e mundana na qual eles viveram durante os anos de fartura; se arrependendo verdadeiramente dos seus pecados e, com pesar, confessando sua cobiça, carnalidade e esbanjamento. Então, deve haver um sincero abandono, integralmente de coração, de qualquer continuação ou repetição de suas passadas maneiras de vida, desonrantes a Cristo. Unidos com isto deve haver o exercício da fé : que um Deus misericordioso ouvirá os gemidos penitentes de um coração contrito, que Ele graciosamente perdoará, que Ele apagará até mesmos os efeitos dos seus pecados, e agora “sara a sua terra” – seu presente caso e circunstâncias. Não somente deve as quatro condições de 2 Crônicas 7:14 serem satisfeitas, mas as três promessas finais da passagem devem ser, com confiança, de maneira séria e persistente, imploradas diante de Deus. Leitor, não permita que o diabo te demova, dizendo que você não é culpado de tais extravagâncias, como muitos dos seus vizinhos o são; porque muito provavelmente você era proporcionalmente, e segundo a sua posição na vida, não mais abnegado ou econômico do que eles. Posso o Senhor sondar cada um dos nossos corações, despertar nossas memórias e convencer nossas consciências.

 

Nota do tradutor:

[1] - Este artigo apareceu na revista Studies in Scriptures, editada por Pink, em Abril de 1933. Portanto, as extravagâncias e modas que Pink cita no texto já não o são para os nossos dias; mas, com certeza, hoje, há outras extravagâncias e “modas ímpias” das quais o povo de Deus é muitas vezes culpado. [voltar]


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 11 de Março de 2005.


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