Num Breve Pensamento

por

Ivan Doalcei Grundmann


conhecí a verdade e pude enxergar o marasmo de aflições, que eu via toda vez que abria os olhos...
esquerda ou direita, haviam apenas duas opções em meio àquelas paredes enormes...
aflição era o nome de tudo aquilo...
não sabia qual caminho seguir, ninguém ao meu lado sabia...
vozes diziam: basta continuar caminhando...
vi muitos morrerem ao meu lado...
parecia que somente eu os via morrer...
e todos continuavam caminhando, algo assustador...
muitos corriam, e seus olhos brilhavam...
via semblantes que demonstravam a certeza de encontrar o que sequer imaginavam existir...
continuei em passos lentos...
demorei mas alcancei os que corriam...
estavam mortos...
e todos os demais continuavam caminhando, algo assustador...
parei...
fiquei encostado numa daquelas paredes enormes que me atormentavam...
loucura era o nome de tudo aquilo...
ouvia vozes que repetiam isso para mim incessantemente...
risadas vinham em minha direção com o intuito de me amedrontar...
eram de pessoas que mais tarde eu encontraria no caminho, se eu prosseguisse...
medo era o nome de tudo aquilo...
encostado naquela parede fria, tremi...
decidi então fechar meus olhos e caminhar, com a ajuda dos que "viam" o trajeto...
a mesma pergunta sempre vinha em minha direção:
"porque não abres os olhos ?"
minha resposta já se tornara inconsciente:
"não quero ver corpos, nem paredes, nem vocês... pois o que foi é o que há de ser"
solidão era o nome de tudo aquilo...
eram todos estranhos, até mesmo os que comigo caminhavam por muito tempo...
não os conhecia...
nem eles sabiam quem eram, nem para onde caminhavam...
tristeza era o nome de tudo aquilo...
eu era um estranho...
todos olhavam para mim por um breve momento e logo se distanciavam..
pensar era loucura, em meio àquelas paredes...
a ignorancia era sinônimo de companhia...
logo, me apeguei a solidão...
determinação era o nome de tudo aquilo...
me sentia livre pra pensar...
buscava algo que fizesse sentido...
estava cada vez mais forte, mais confiante, certo de que encontraria respostas...
num breve pensamento me lembrei dos que corriam...
e vi num espelho o mesmo semblante...
desespero era o nome de tudo aquilo...
e lembrei o que aconteceu com aqueles que outrora pensavam como eu...
corpos e mais corpos estendidos no chão...
morte era o nome de tudo aquilo...
parei...
fiquei alí, por muito tempo...
minha consciência já estava cauterizada...
era o momento de eliminar a dor...
vozes me diziam: faça o que deve ser feito...
como se eu ainda precisasse ouvir aquilo, pois já estava tudo definido...
fracasso era o nome de tudo aquilo...
não consegui...
não consegui...
não sei o nome de tudo aquilo...
algo aconteceu...
alguém falou comigo...
não ouvi sua voz, nem vi seu rosto, mas sei que alguém falou comigo...
esperança era o nome de tudo aquilo...
não sabia exatamente o que havia sido dito...
nem quem havia falado...
mas sabia que algo aconteceu...
alguém havia falado comigo...
abri meus olhos, sem saber porque...
vi alguem vindo em minha direção dizendo:
"toque a parede"
eu toquei, mas sem entender o que estava acontecendo...
e ele perguntou:
"o que sentes?"
percebi que a parede agora estava quente...
numa fração de segundo olhei para o lado e não mais o vi...
temor era o nome de tudo aquilo...
quem ele era ?
haviam tantas pessoas, porque ele falou comigo e não com os demais ?
perguntei aos que estavam a minha volta:
"vocês o conhecem ? "
ví uma troca de olhares entre eles e ouvi uma resposta inesperada:
"ele quem ? não vimos ninguém aqui além de nós mesmos"
pedi para eles tocarem a parede...
insisti para que tocassem a parede...
tocaram-a...
fiz a mesma pergunta que foi feita a mim, só que no plural:
o que sentem ?
"uma parede fria, e um princípio de loucura"
e acrescentaram:
"loucura por estarmos falando contigo"
e logo se ausentaram...
dúvida era o nome de tudo aquilo...
não tenho noção do ridículo ?
parede fria, parede quente...
eu enlouqueci ?
fechei meus olhos e permaneci no mesmo lugar...
decidi que não sairia mais dalí...
de uma certa forma eu sabia que seria indiferente caminhar ou não...
afinal, alguém veio até mim, sem eu fazer esforço algum...
refrigério era o nome de tudo aquilo...
a parede estava quente e minha alma refrigerada...
me senti anestesiado...
era tudo muito louco, mas não para mim...
impacto era o nome de tudo aquilo...
novamente, alguem falou comigo...
e revelou seu nome...
após isto, eu imediatamente disse: "espere, eu lhe conheço !!!"
impacto profundo era o nome de tudo aquilo...
"antes que você me conhecesse, eu lhe conheci" disse Ele
chorei...
chorei muito...
não parava de chorar...
consolação era o nome de tudo aquilo...
enquanto eu chorava Ele dizia:
"não haveria consolação se não houvesse lágrimas"
arrependimento era o nome de tudo aquilo...
senti algo que jamais havia penetrado no meu coração...
em meio a tanto choro, me senti culpado...
me enxergava como um homem mau e perverso...
como um homem que sacrificava cordeiros inocentes para demonstrar sua ira...
"um cordeiro morreu, um apenas, não por ira, e sim por amor" disse Ele
Jesus Cristo era o nome de tudo aquilo...
Abri meus olhos...
aliás...
abriu meus olhos...
no momento em que meus olhos se abriram me vi em outro lugar...
não haviam paredes, não haviam mortos e não havia choro.
além de ver aquelas coisas, enxerguei tudo o que havia se passado:


eu caminhava no labirinto das incertezas...
as paredes eram meu coração...
a altura das paredes era proporcional a depravação da minha natureza...
meus olhos jamais poderiam enxergar a altura delas, pois eram muito altas...
a parede era fria e a parede foi aquecida...
o que a aqueceu foi a fé...
os que estavam a minha volta sentiram a parede fria...
parede fria é a falta de fé...
não posso aquecer as paredes do labirinto de ninguem...
quem faz isso é aquele que diz: "Não temas"
a fé não é de todos...
não foi por intermédio de mim que a adquirí...
I still haven't found what I`m looking for...
eu nunca soube o que procurava...
gratidão é o nome de tudo o que vivo hoje

eu gostaria de continuar escrevendo...
no entanto...
me sinto no dever de me calar...
me sinto no dever de me curvar...
me sinto no dever de me humilhar...
me sinto no dever de dizer:

Pai Nosso que estás no céu...
santificado seja o Teu nome...
venha o teu reino...
seja feita a tua vontade...
assim na terra como no céu...
o pão nosso de cada dia nos dai hoje...
perdoai aos nossos pecados...
assim como nós perdoamos os que nos tenham ofendido...
e não nos deixe cair em tentação...
mas livra-nos do mal...
pois teu é o reino...
o poder...
e a glória...
para sempre...
Amém.


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