Por quê?

por

Josaías Cardoso Ribeiro Jr.




Um amigo cristão questionou certa vez o motivo de eventos de lazer promovidos pela nossa igreja local lotarem enquanto outras atividades de cunho social, missionário e doutrinário eram deixadas em segundo plano. Seu e-mail tinha o título de “por quê?.

Não vi uma atitude legalista ou uma neurose doentia de apontar o dedo para os irmãos esperando que eles se envergonhassem. Vi um profundo sentimento de perplexidade diante do que ele observou durante o ano. Um resumo de seu e-mail é o trecho em que ele pergunta:

‘...abandonaste o teu primeiro amor. lembra-te de onde caíste, ARREPENDE-TE E VOLTA À PRATICA DAS PRIMEIRAS OBRAS...’ Por que não somos como a Igreja primitiva de Atos?

Ao que respondi:

Poderia dizer que somos um bando de hipócritas, mal-agradecidos, gostamos de brincar de crente e baratear a graça que nos foi concedida, mais preocupados com nós mesmos e com nossos chegados que com o próximo.

Poderia falar que somos um bando de pessoas que acham que a religião é se encontrar na igreja porque preciso de comunhão, cantar umas músicas porque quero louvar, ouvir uma mensagem porque tenho de aprender e – até digo mais – ir na EBD só por ir, ler a Bíblia porque crente tem que fazer isso, orar porque preciso falar com Deus e ficar evangelizando apenas nossos amigos mais próximos por meio de regras, folhetos, etc e tal, porque medirão a minha espiritualidade pelo medidor de “quantas almas que você ganhou pra Cristo esse ano?

Poderia falar que quando se trata de ajudar aqueles que são o próximo, mas que não consideramos o próximo, não fazemos nada – como os religiosos que viram a vítima do bandido no chão, na parábola do samaritano.

Que quando se trata de provar que somos uma Juventude ativa e forte, mostramos isso através de lindas músicas cantadas na frente e belos concertos – como o fariseu demonstrava pra Deus o quanto ele cumpria bem suas obrigações.
Que quando se trata de cumprir a verdadeira religião – ajudar os órfãos e viúvas – conforme Tiago ensina, nos apegamos à graça barata, que não precisa de ações, mas sim de demonstrações envolventes de emoções explosivas. Algo que isso realmente prova o quanto somos “espirituais”. E ignoramos aqueles que consideramos legalistas, aqueles metidos a questionamentos quanto a nossas atitudes. Porém, como um sábio falou: “tente ler Tiago a sério e depois tente se sentir um crente sério”.

Na verdade, somos incapazes de recuperar nosso primeiro amor porque muitas vezes mal o tivemos. nem sabemos que gosto tem, qual a cor dele, o que ele nos leva a fazer. O que é o primeiro amor senão perceber o quanto sou fraco, inútil, pecador, miserável e que sem qualquer merecimento fui salvo?

Quando Jesus disse que aquele que tem muitos pecados perdoados ama mais que aquele que tem poucos pecados, ele não estava dizendo que os crentes que não “nasceram num lar cristão” têm mais pecados perdoados que os “que nasceram num lar cristão”. Ele diz que quanto mais consciência temos de nossa pequenez, mais somos gratos e mais desejosos de servir. Esse é o primeiro amor. Já tivemos um primeiro amor pra poder recuperá-lo?

Poderia, certamente, responder seu questionamento dessa forma. Mas quem sou eu pra dizer isso de todo mundo? Já me questionei demais quanto a isso e desisti, Pet.

Eu só posso responder por mim. E a resposta para mim é essa – quando se trata de escrever, eu posso levar horas fazendo isso; mas para servir, levo horas pra querer.

Escrevo demais e faço pouco.

E respondi com toda sinceridade. Pelo menos isso te garanto. E não me orgulho da resposta.


Sobre o autor: O autor do presente artigo é estudante de teologia na Faculdade Teológica Batista de Brasília e membro da Terceira Igreja Batista do Plano Piloto (Brasília-DF), onde atua nas áreas da Juventude, Missões e dá aulas na classe de adolescentes da EBD. É um dos colaboradores nas traduções do Monergismo.com.

E-mail/MSN: josaias@hotmail.com


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