Direção na Oração Pública

por

Maurice Roberts

 

Por ‘oração pública’ queremos dizer oração oferecida na presença de uma congregação cristã. Isto contrasta com a oração oferecida em secreto ou em família, onde uma liberdade um pouco maior pode ser apropriada e onde a linha de direção sugerida aqui pode ser mais relaxada. Por ‘direção’ na oração pública nos referimos à atividade espiritual na qual um crente conduz os pensamentos de todos os cristãos presentes ao trono de Deus, geralmente no que chamamos uma Reunião de Oração. Em nossos círculos isto tem sido feito por um homem cristão que é um membro com boa reputação. A razão para confinar as orações públicas aos homens somente é que o Apóstolo Paulo estabelece isto como uma regra para as igrejas em 1 Timóteo 2:8: “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar”. Aqui a palavra para ‘homens’ é tous andras, ‘os do sexo masculino’.


ALGUMAS ORIENTAÇÕES

Nossa preocupação neste artigo é oferecer algumas orientações pelas quais é esperado que os homens cristãos que são chamados ocasionalmente para se engajarem na oração pública possam aproveitar seu dom para o deleite e benefício de todos que atendem às reuniões de oração. Essas sugestões não são oferecidas em nenhum sentido como um desencorajamento para os homens cristãos que, como o escritor, estão conscientes de sua própria deficiência na oração pública. Mas, assim como todo dom espiritual é melhor sendo desafiado, e todo fogo é mais brilhante depois de atiçado, assim nós afetuosamente desejamos, com estas sugestões, ajudar todos nossos irmãos a darem atenção aos possíveis modos de aprimoramento.

QUANTO TEMPO?

Primeiro, quanto tempo uma oração pública deve ter como regra geral? Nós respeitosamente sugerimos que ela não deve ser mais longa do que cinco ou dez minutos, a menos que o homem que está dirigindo a oração tenha ‘liberdade’ real. Esperamos que este freqüentemente será o caso, mas a experiência sugere que não é ordinariamente assim em nossos dias. Se um homem em oração tiver uma liberdade manifesta de expressão e for guiado a pleitear com Deus de uma maneira que indica que o Espírito está sendo derramado em sua alma, deixe-o orar até que tenha terminado. Em tal caso ninguém sentirá a oração como demasiadamente longa. Mas isto é raro. Se não temos esta ‘liberdade’, devemos restringir nossas orações com respeito aos seus comprimentos.

INCLUINDO O QUE?

O que uma oração deve incluir? Devemos distinguir entre a oração de púlpito e as outras orações. A oração de púlpito oferecida pelo pastor de uma congregação deve necessariamente incluir uma amplitude de assuntos, os quais não necessitam, e nem deveriam, serem todos abordados em cada oração numa Reunião de Oração. Talvez este ponto mereça ser especificamente enfatizado. Aqueles que oram numa Reunião de Oração não são chamados para orar por muitas coisas como o ministro pode necessitar orar para o Dia do Senhor. O requerimento é diferente. Portanto, o comprimento e o conteúdo da oração deve ser diferente.

PREPARAÇÃO

Podemos nos preparar para a Reunião de Oração? Sim. É uma boa prática orar e meditar por um tempo antes da Reunião de Oração começar. Um homem cristão, especialmente se ele está ciente de que provavelmente será chamado para conduzir aquela noite em oração, faria bem em preparar seus pensamentos de antemão. Por isto, não queremos dizer ‘escrever’ uma oração e memorizá-la. Mas pelo contrário, organizar nossas mentes, de antemão, dessa forma: ‘Pelo que irei orar esta noite?’ Então, selecionar três ou quatro assuntos de interesse e relevância: a conversão de nossos jovens; a abertura de novas portas de utilidade; nossas famílias missionárias; nossa necessidade de mais ministros; nossos crentes mais idosos; a plantação de novas igrejas; o levantamento de líderes excepcionais na igreja e no estado; a pureza e ortodoxia de nossa pregação; nossa grande necessidade de mais poder do alto...Estas são partes de nossa lista mental. Desta lista podemos selecionar três ou quatro assuntos particularmente.

UM PONTO

Alternativamente, porque não nos confinarmos, quando necessário, a um único assunto em oração? Digamos, por exemplo, nossa necessidade, como igrejas de hoje, de alcançar mais pessoas com a mensagem do evangelho. Seria uma boa prática orar a Deus por esta única coisa e trazer vários argumentos diante de Deus, como porque Ele deveria responder dessa forma, a nossa oração: ‘Faça assim, Oh Senhor, porque as igrejas de hoje, por toda parte, estão muito pequenas em nosso país...porque as multidões de fora estão descendo ao abismo, em ignorância do que se situa diante deles...porque Tu nos enviaste ao mundo para trazer muito fruto para a Tua própria glória...’, etc.

MEDO DE SER MUITO BREVE

Há um sentimento geral de medo, em muitos que se levantam para dirigir em oração, que eles consigam ‘continuar por um comprimento respeitável de tempo’. Este medo tem um efeito indireto. As pessoas sentem, então, que suas orações são de qualidade inferior, pois elas são as únicas bastante breves. Umas poucas palavras de gratidão expressas, devotamente a Deus, por todas as Suas misericórdias, podem ser seguidas, então, por três ou quatro petições escolhidas com ponderação, da forma sugerida acima. Então, a oração pode ser trazida até ao fim. Não há nenhuma repreensão em proferir uma oração de comprimento moderado, ou até mesmo bastante breve.

TEXTOS

É uma parte de nossa preparação de antemão ter alguma idéia dos textos da Bíblia que citaremos em nossa oração. Se não tivermos alguma desta premeditação, perceberemos que sempre citamos as mesmas passagens – ou somente algumas muito familiares. Traz muito deleite refrigério a uma congregação, na Reunião de Oração, ouvir um ou dois textos não familiares da Bíblia citados. As orações devem edificar o ouvinte – não como o fazem os sermões, mas de uma maneira especial, pelo uso apropriado dos versos da Bíblia, adequadamente citados.

USANDO O NOME DE DEUS MUITO FREQÜENTEMENTE

É um erro se dirigir a Deus muito freqüentemente na oração, pelo uso de um ou outro dos Seus nomes e títulos. Comece imediatamente se dirigindo a Deus em algumas palavras tais como estas: “Deus Todo-poderoso e santíssimo’. Então, vá diretamente para sua oração. Mas, rejeite a tentação de repetir ‘Oh Deus’, tão regularmente, à medida que você continua. Se seus pensamentos desaparecem ou te faltam as palavras, é aceitável ter um silêncio momentâneo, enquanto vê reúne seus pensamentos novamente. Esta ‘luta’ para conseguir palavras será apreciada pelos seus ouvintes, que serão todos repentinamente conduzidos à orar por você, a medida que eles sentem compaixão de seu esforço para se expressar.


REGRAS ELEMENTARES

Algumas regras elementares que devemos sempre lembrar em nossas orações públicas são facilmente declaradas:

1. Nunca use não-palavras, tais como ‘er’ ou ‘hem’. Lute para superar o mau hábito de encher uma lacuna deselegante em seu fluxo com tosses ou barulhos incoerentes da garganta.

2. Não se repita.Dizer o ponto uma só vez é suficiente na oração pública. Em secreto, você pode repetir um assunto tão freqüentemente como sinta necessário. Mas não em público, pois o efeito é ‘matar’ o espírito de oração nos outros.

3. Não ‘pregue’ na oração. Não é apropriado oferecer explicações do sentido de textos da Bíblia na oração ou fazer um desfile de algum tipo de conhecimento, que podemos pensar que temos o direito de transmitir. Similarmente, quando confessamos nossos pecados a Deus, não devemos tentar confessar os pecados de outras pessoas por elas, a menos que sintamos que também somos participantes da mesma culpa dos pecados mencionados.

4. Não conte um ‘vida de Cristo’ em sua oração. É um erro comum ir da manjedoura à Cruz, e daí à sepultura, e ao trono, e à Segunda Vinda do Senhor. Se esta seqüência é feita muito detalhadamente, ela enfadará os ouvintes, todos os quais sabem antecipadamente o que vem a seguir.

5. Não seja aleatório na oração. Por isto queremos dizer que devemos ter ordem e progresso de pensamento numa oração. Tendo agradecido a Deus, passe a expressar seus pedidos, ou confesse pecados, ou lamente nossas falhas. Não vá para trás e para frente. Quando Deus tiver sido agradecido, e o pecado confessado, e quando você estiver no meio de suas petições, não volte ao início. Se você fizer, os corações dos seus ouvintes desfalecerão e eles serão tentados a desejar que você termine logo.

QUAL DEVE SER O NOSSO OBJETIVO?

Qual deve ser o nosso maior objetivo na oração pública? Em uma palavra, devemos ter como maior objetivo o trazer ao povo um senso da própria presença de Deus. Para isto não há substituto. Quando um irmão ora realmente, todos teremos um senso de temor. Sentiremos que nos separamos do mundo por um momento e fizemos uma visita ao próprio céu. Isto, nós afetuosamente urgimos, é o que todos nós devíamos ter como objetivo supremo quando vamos à Reunião de Oração. Uma oração profundamente espiritual engaja as almas de todos que estão presentes e conduz os ouvintes freqüentemente às lágrimas! O pensamento que devemos ter quando uma oração termina é que ‘sentimos os poderes do mundo vindouro”. É como se, quando o excelente irmão está em oração, ‘os céus descessem’ e ‘Deus viesse à reunião’.

UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL

Deixemos claro que esta é uma experiência espiritual e não tem nada a ver com elocução fina ou dicção educada. Quando uma alma verdadeiramente espiritual está em oração, nos tornamos conscientes da intimidade que ele tem com Deus. Isto é, portanto, o que mais enriquece as Reuniões de Oração: reunir com homens e mulheres espirituais que estão no hábito de ‘orar sem cessar’. Aqueles que estão perto de Deus e que estão em constante oração, tornarão uma Reunião de Oração numa nascente de água para o povo sedento de Deus. O tom do nosso caráter será sentido nas reuniões. A própria presença de pessoas piedosas numa reunião terá um efeito notório em todos os que estão presentes – não menos do que naqueles que são chamados para se engajar na oração pública.

Seria bom sentir mais da presença de Deus em nossas Reuniões de Oração – e seria bom ver mais lágrimas nelas.

Free Church Witness. Setembro de 2003


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 04 de Setembro de 2004.


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