Falando em Línguas: Parte 1

por

W. E. Best

 

 

Leia Atos 2 e 1 Coríntios 14. Esses dois capítulos são a porção principal da Escritura que trata com o assunto das línguas. A palavra grega glossa não pode refletir tanto expressões extáticas como idiomas estrangeiros. Ela é usada para o órgão físico que emite sons conhecidos e audíveis de vários idiomas e dialetos humanos. Em Atos 2:1- 11, a referência é à diferentes idiomas de diferentes países.

O falar em línguas praticado entre os religiosos está no topo da lista da atividade demoníaca. Os demônios falam: “Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram entre dentes; — não recorrerá um povo ao seu Deus? A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva. E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e será que, tendo fome e enfurecendo-se, então, amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima, olhando para a terra, eis que haverá angústia e escuridão, e serão entenebrecidos com ânsias e arrastados para a escuridão” (Isaías 8:19-22). Demônios operam como ventríloquos. “Médiuns” traduzido para o grego dá a conotação de ventríloquos. Esses demônios são descritos como necromantes ou magos que chilreiam e murmuram (v. 19). Um mago é um médium possuído por demônio. “Mago” significa “muito conhecimento”; portanto, os demônios têm inteligência sobrenatural. Seu chilreio são sons baixos; e sua murmuração são sons altos; mas esses sons não são fabricados por eles.

Paulo procurou corrigir um conceito exagerado do dom de “línguas” (idiomas). A importância relativa das “línguas” (idiomas) aparece no fato delas serem mencionadas em apenas uma das epístolas às assembléias (1 Coríntios 12-14) e Corinto era a única assembléia dita ser carnal (1 Coríntios 3). Em cada uma das listas de dons, o idioma está no final, chamando a atenção para a sua importância menor. O dom de idiomas não era para todas as pessoas (1 Coríntios 12:8-10, 30). Toda referência a idiomas em 1 Coríntios 14:1-28 é comparada desfavoravelmente com profecia. Paulo advertiu aqueles que desejavam idiomas de sua impotência (14:21) e de seu pequeno ou nenhum benefício para a assembléia (1 Coríntios 14:2, 4-6, 9, 16, 19, 22, 23, 28). A recomendação mais alta do apóstolo do dom de idiomas era negativa (1 Coríntios 14:39).

No Novo Testamento, milagres, maravilhas e sinais foram dados para confirmar a palavra de Deus. Jesus Cristo foi confirmado por milagres, maravilhas e sinais: “Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” (Atos 2:22). Ele prometeu aos discípulos que eles e sua mensagem seria confirmada por sinais: “ E estes sinais acompanharão [futuro ativo indicativo de parakoloutheo] aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas [idiomas]; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão” (Marcos 16:17,18). Você é um crente. Esses sinais te seguem? Algumas promessas de Deus são condicionais, e outras são incondicionais. As promessas incondicionais são as que Deus predeterminou para realizar o Seu propósito eterno. As promessas condicionais são dependentes do que os recipientes de graça fazem das provisões que Deus fez para nós, de forma que possamos ser santificados e crescermos na graça e conhecimento do Senhor.

As promessas de Deus são cumpridas com o “Eu farei”. O “verbo futuro” de Marcos 16:17 denota determinação. Quando usado com pronomes, outros além de “eu” ou “nós”, ele denota ordem e determinação na escrita ou fala formal. Nesse exemplo, a fala do Senhor Jesus está sob consideração. Cristo está falando primariamente a Seus discípulos. Os sinais foram prometidos aos discípulos para confirmar a mensagem: “E eles [os discípulos], tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles [os discípulos] o Senhor e confirmando a palavra com os sinais [atestando milagres] que se seguiram. Amém!” (Marcos 16:20). Os crentes hoje não podem reivindicar a promessa desses sinais extraordinários. Nós temos a mensagem completa a qual ninguém pode adicionar e da qual ninguém pode tirar.

Falar em idiomas estrangeiros que não foram aprendidos era um sinal para confirmar a palavra nos tempos apostólicos. Idiomas devem ser avaliados pelo padrão objetivo da palavra de Deus em sua forma completa (Judas 3). É lógico assumir que Deus instituiria um milagre que os homens não pudessem duplicar através da simulação humana. Somente um milagre registrado envolveu idioma e fala antes de Pentecoste. Por causa do pecado do homem, Deus deu aos homens confusão de idiomas na torre de Babel (Gênesis 11). Ele mudou a fala simples e o idioma único do mundo em muitos idiomas (Gênesis 11). Essa foi uma mudança para idiomas estrangeiros, não expressões extáticas. Deus repetiu a natureza básica desse milagre em Pentecoste. Cristo esboçou o futuro relacionamento do Espírito Santo com o crente sem qualquer referencia à idiomas em João 14-16.

A glossolalia bíblica tem sua fonte no Deus soberano. A palavra glossolalia é composta de duas palavras gregas — glossa, o órgão físico, palavra, ou idioma, e laleo, falar. As cinqüenta ocorrências de glossa no Novo Testamento são divididas em seis categorias: (1) Quinze referem-se ao órgão do corpo usado para falar. (2) Uma fala da língua do homem rico no Hades (Lucas 16:24). (3) É usada uma vez, figurativamente, de línguas como de fogo (Atos 2:3). (4) Uma contrasta palavra com ação (1 João 3:18). (5) Sete vezes em Apocalipse ela está relacionada com famílias, povos, nações e multidões para descrever grupos étnicos caracterizados por falar certos idiomas estrangeiros. (6) Vinte e cinco vezes ela descreve o fenômeno real do dom de falar num idioma estrangeiro. A interpretação de passagens obscuras sempre deve ser determinada por conotações em passagens claras.

A maioria das opiniões dominantes da interpretação de glossolalia é que (1) ela consiste de idiomas estrangeiros por cristãos e (2) ela é extática, sujeita a um estado de êxtase, emoção sobrepujante, ou palavras corretamente rotuladas pela palavra adicional “estranhas”. Aqueles que pensam que a palavra em itálico “estranhas” em 1 Coríntios 14 na versão Almeida Revista e Corrigida está assim por causa de ênfase, falham em perceber que ela é uma palavra adicional. Como conseqüência, muitos crêem que a palavra “estranhas” é inspirada. A noção de que “línguas” (idiomas) eram um tipo de tagarelice excitante é racionalista. Quão ridículo é pensar que Paulo agradeceu a Deus que ele falava mais tipos de tagarelices do que todos os outros (1 Coríntios 14:8). Como alguém pode interpretar uma tagarelice ininteligível?

A história mostra que a ocorrência da glossolalia carismática tem sido encontrada em religiões não-cristãs. A glossolalia não-cristã tem sua origem em Satanás. A fala extática é encontrada entre os Maometanos. O sétimo artigo de fé dos Mórmons declara que eles crêem no dom de línguas, profecia, revelação, visões, cura, interpretação de línguas, etc. Faladores e não faladores de língua admitem da mesma forma que idiomas estrangeiros são geralmente identificados com o fenômeno em Atos, e a fala extática é salientada em 1 Coríntios 14. Contudo, como mencionado anteriormente, glossa não pode se referir tanto a idiomas estrangeiros e alguns estranhos ou à expressões extáticas.

O asno de Balaão falou numa língua (Números 22:28-30), mas ela foi um idioma que pôde ser tanto entendido como interpretado. A obrigação de provar está no falador moderno de língua, para mostrar que a glossolalia bíblica também inclui expressões extáticas estranhas. Os advogados do falar em línguas concordam que glossolalia ocorreu primeiramente no dia de Pentecoste. Idiomas foram distribuídos como fogo. Eles foram falados com um órgão de fala. Idiomas eram um dom sobrenatural de falar num idioma não estudado e não aprendido.

Nosso Senhor disse aos Seus discípulos que eles seriam capazes de falar em “novas línguas” (Marcos 16:17). Cristo usou a palavra kainos ao invés do sinônimo neos para “novo”. Se falar em línguas tivesse envolvido idiomas desconhecidos nunca falados antes, Cristo teria usado neos , que significa novo com respeito ao tempo ou o que é recente. O “novas línguas” são as “outras línguas” de Atos 2:4 — “E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas [idiomas], conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. Esses idiomas eram novos e diferentes para aqueles que os falariam. Eles não eram novos no sentido de que eles nunca tinham sido ouvidos ou no sentido de que eram novos para aqueles que os ouviriam.

Os discípulos falaram em “outras línguas”, não em “novas línguas”. Há duas palavras gregas diferentes para “outros”. Allos expressa uma diferença numérica e denota outro do mesmo tipo. Heteros expressa uma diferença qualitativa e denota outro de um tipo diferente. Por exemplo, Cristo prometeu enviar outro ( allos ), um do mesmo tipo, Consolador (João 14:16). Paulo disse que ele via outra ( heteros ) lei, uma lei diferente da lei do Espírito de vida (Romanos 7:23). Ele também falou de um evangelho diferente ( heteros ) daquele que ele pregava, que não é outro ( allos ) (Gálatas 1:6,7).

 


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 04 de Agosto de 2005.


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