A Perseverança dos Santos e os Arminanos

por

Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki



A doutrina da Perseverança dos Santos após Calvino teve que ser estudada com mais exatidão pelos calvinistas. O Sínodo de Dordrecht reuniu-se rejeitando a proposta dos Remonstrantes, e produzindo os Cânones de Dort. A reunião ocorreu na cidade holandesa de Dordrecht, daí a origem do seu nome, entre 13 de novembro de 1618 a 9 de maio de 1619, durando a realização do concílio cento e cinqüenta e quatro sessões.

Jacobus Arminius (1560-1609) rejeitando a posição calvinista da Igreja Reformada dos Estados Gerais dos Países Baixos, que adotava como símbolos de fé a Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg, propôs uma forma refinada de “semi-pelagianismo”. Todavia, Arminius sustentava a crença na Perseverança Final. R.K. Gregor Wright observa que Arminius

“ continuou até a crer na segurança eterna dos santos, embora este último aspecto do calvinismo tenha sido abandonado pelos seus seguidores entre os Remonstrantes, poucos anos após a sua morte, enquanto procuravam desenvolver uma teologia mais consistente sobre a graça universal” (in: R.K. Gregor Wright, A Soberania Banida, São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 1998, p. 31).

O grupo liderado por Arminius não admitia a limitação confessional. O partido fortaleceu-se tendo simpatizantes de suas opiniões dentre alguns dos representantes do parlamento holandês. Arminius falece em 1609. No ano seguinte o partido Remonstrante apresentaria um documento chamado Articuli Arminiani sive Remonstrantia exibindo formalmente suas convicções teológicas. Neste documento o quinto artigo, para tornar mais coerente a sua teologia sinergista negaria a doutrina da Perseverança Final. Foram julgados e condenados pelo Sínodo de Dortrecht.

Segue a citação apenas do último artigo dos Remonstrantes.

 

Aqueles que foram incorporados em Cristo pela fé verdadeira, e que assim tornaram-se participantes da vida concedida pelo Espírito, tendo assim, sido dotados de pleno poder para resistir a Satanás, o pecado, o mundo e sua própria carne, para obter sempre a vitória; e isto, sempre bem entendido, através do auxílio da graça do Espírito; sendo que, Jesus Cristo os assiste por meio do seu Espírito em todas as tentações, estendendo-lhes as suas mãos (se eles estiverem preparados para a tentação, e se desejarem o seu auxílio, e se não forem negligentes), [Cristo] os estimula e manterá, de modo que não caiam, nem pela artimanha, nem pelo poder de Satanás sejam desencaminhados, nem arrancados das mãos de Cristo, conforme a Palavra de Cristo em Jo 10:28 “ninguém os arrebatará de minha mão”. Não obstante, se eles podem ser capazes de, por preguiça ou negligência, de abandonar o início de sua vida em Cristo, e de retornar ao presente mundo mal, de modo a deixarem a sã doutrina que, de uma vez por todas lhes foi entregue, de perderem a sua boa consciência, e de se tornarem decaídos da graça. Que este assunto seja uma diligente pesquisa extraída das Escrituras Sagradas, antes que possamos pelo nosso próprio ensino, persuadir plenamente suas mentes com maior certeza (in: Phillip Schaff, The Creeds of Christendom: Evangelical Creeds (Grand Rapids, Baker Book House, 1969) vol. III, pp. 548-549).


Deve-se notar que, embora o artigo possua uma linguagem bíblica a sua preocupação é ensinar o Arminianismo. A insistente tese do Arminianismo é de que o ser humano ainda é capaz de exercer livremente uma capacidade que, de forma auto-determinante, define o seu destino. Esta capacidade é chamada “livre arbítrio”. Segundo os Arminianos, pelo simples exercício do seu livre arbítrio, o ser humano determina o seu estado espiritual. Determina rejeitar e frustrar, ou aceitar o soberano propósito de Deus. Deus depende do livre arbítrio humano para poder agir. Logo, quando este pressuposto é aplicado à doutrina da Perseverança dos Santos, percebemos que os Arminianos são levados, por coerência, a negar a permanência na graça. Pois, se o ser humano é capaz, de modo auto-determinante, de resistir ou permitir-se ser influenciado pela graça, também pode ser capaz de mesmo depois de tê-la recebido, novamente desprezá-la, e assim decair da graça, e perder total e finalmente a sua salvação.

O pressuposto orientador do Calvinismo é que Deus é absolutamente soberano. Aplicando este princípio a doutrina da Perseverança dos Santos, entendemos que eles permanecem em estado de graça, porque Deus os preserva. Deus preserva imutável o seu eterno propósito (Rm 8:28), iniciando na predestinação e findando na glorificação (Rm 8:30). Pois “aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1:6).


Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki
tokashiki@ronnet.com.br
Pastor da Igreja Presbiteriana de Cerejeiras – Rondônia
Professor de Teologia Sistemática no STPBC – Extensão em Ji-Paraná.


Agradecemos o autor pelo envio e permissão da publicação do presente artigo. O Rev. Tokashiki, pela graça de Deus, é um dos nossos colaboradores.

 


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