Você está Aberto para o Teísmo Aberto?
(Are you Open to Open Theism?)

por

Marvin Padgett

 

Este artigo trata de um assunto que esperançosamente soará familiar para os leitores da Equip for Ministry. Equip tem apresentado outros artigos e revisões de livros sobre o tópico do open theism [teísmo aberto]. Há definitivamente confusão causada por este assunto, que embora tenha velhas origens, tem surfado em novos caminhos. Eu fui convidado para falar no último verão sobre este tópico em uma conferência da L'Abri num final de semana em Rochester, MN. Este artigo se refere à um ensino sobre Deus que ataca o coração de quem Deus é e o que Ele faz ou não faz. Este é um ensino que causa muita confusão em muitas de nossas igrejas "evangélicas" na América. Enquanto um membro normal de igreja pode não estar familiarizado com a designação técnica do open theism, eles sem dúvida têm sido expostos ao seu ensino.

The Openness of God”, escrito por Clark Pinnock, et al, é uma das mais claras apresentações do open theism. Pinnock e outros têm causado significante controvérsia e trazido atenção para a doutrina de Deus e a realização da doutrina da providência (ver a seção de revisão de livros, particularmente When Worlds Collide). Os cristãos precisam ser cuidadosos para entender esses escritos e os erros envolvidos.

Pinnock afirma que muito (se não tudo) do futuro está aberto, isto é, não fixo, definido, ou pré-determinado. Ele é aberto porque o futuro não está objetivamente determinado. O futuro, de acordo com os "teístas abertos", é modelado grandemente pelas escolhas até agora não feitas de agentes morais livres – seres humanos criados à imagem de Deus.

Esses escritores estão preocupados com o significado de “escolha”. Os seres humanos fazem escolhas reais não limitadas por Deus ou pelo homem; ou aquelas escolhas estão pré-determinadas pelos antigos decretos de Deus? Esta idéia, freqüentemente chamada “liberdade libertariana”, é o assunto fundamental em jogo aqui. Ela parece dirigir todos os outros assuntos. Como pode os seres humanos serem responsáveis por suas escolhas se outro ser, neste caso, Deus, pré-determina todas aquelas escolhas? Conseqüentemente, então, se o futuro é real e os seres humanos fazem escolhas reais e não limitadas, como agentes morais livres, o futuro ainda não foi determinado. Assim, quando isto recebe muita ênfase, ele é totalmente amarrado ao assunto da liberdade libertariana.

Os “teístas abertos” também parecem ser dirigidos por um esforço para alcançar um antigo inimigo da teologia, o problema do mal. Tanto John Sanders como Greg Boyd, advogados do open theism, trazem isto acima logo no início de suas obras básicas, The God Who Risks (O Deus que Arrisca) e The God of the Possible (O Deus do Possível). John Sanders tragicamente perdeu um irmão, o que parece ter contribuído para seu pensamento. Greg Boyd conta a trágica história de traição e divórcio na vida de uma jovem mulher que ele chama de Suzanne. Obviamente, nossa circunstância colore nosso pensamento muito mais do que percebemos.

O real assunto pára-raio é a divina presciência. Isto obtém toda a pressão, ódio, ira e disputa. Para parafrasear o Senador Howard Baker na Audiências de Watergate dos anos 70, como Deus sabe e quando Ele aprende isto? “Teístas abertos” afirmam que, enquanto Deus é onipotente (tudo-conhecendo), Seu conhecimento é necessariamente limitado pelo grau ou extensão do conhecimento que é intrisicamente "conhecível" - portanto o título do livro de Greg Boyd, The God of the Possible (O Deus do Possível). Deus tem conhecimento exaustivo do passado, do presente e do futuro, mas somente até ao ponto em que o conhecimento do futuro é conseguível. Se Deus não pode conhecer o futuro ou se Ele escolher Se limitar é uma “questão aberta” (open question). Algumas dessas idéias vêm das imitações normais vistas sobre outros atributos de Deus. Ser onipotente não significa que Deus pode fazer absolutamente qualquer coisa, Deus não pode fazer um círculo quadrado, etc.

Open Theism é freqüentemente referido como presentismo, teísmo relacional, o modelo de risco e o modelo de companhia. Você pode ouvir aqueles termos ou topar com eles na sua leitura sobre o assunto. O presentismo enfatiza o exaustivo conhecimento de Deus do presente. Os modelos relacional e de companhia enfatizam Seu desejo de ter relações genuínas, recíprocas com os seres humanos. Os últimos objetivos são levantados para um nível elevado no open theism.

Este assunto de reciprocidade é totalmente importante. "Teístas abertos" compartilham esta preocupação com outro grupo chamado "teístas progressistas". Enquanto eles têm algumas coisas em comum, as diferenças entre eles são reais. Ambos os campos enfatizam a vital importância de relações recíprocas entre Deus e a humanidade. Os teólogos progressistas geralmente vêem Deus somente trabalhando em e através de funcionamentos do universo. Para eles, Deus não exerce controle coercivo sobre o universo, mas opera através dele exclusivamente por meios de persuasão. "Teístas abertos", por outro lado, afirmam crer que Deus criou os céus e a terra e, de algum modo, molda o resultado, especialmente o escaton ou o fim dos tempos, embora seu dia e hora permaneça indefinido, até mesmo para Deus. Os teístas progressistas crêem, geralmente, que os "teístas abertos" são realmente como os "teístas clássicos". Um "teísta aberta" pensa que Deus pode, e na verdade o faz, entrar decisivamente nos assuntos do mundo. Ambos os campos, progressistas e "abertos", rejeitam quase todas formas da teologia ou teísmo clássico. Mas o que é teologia clássica, você pode perguntar?

O teísmo clássico é originado, de acordo com os "teístas abertos", tanto nos gregos como na igreja da Idade Média. Eles enfatizam várias coisas sobre Deus: Deus é onipotente (todo poderoso), onisciente (tudo conhecendo), imutável (não mudando), onipresente (presente em tudo) e Deus é simples (unidade). Estes podem ser tomados como afirmações teísticas primárias, ou os atributos teísticos primários de Deus de acordo com o teísmo clássico.

"Teístas abertos" usualmente acusam seus oponentes mais tradicionais como sendo teístas clássicos, no sentido do que foi dito acima. Neste sistema clássico Deus conhece tudo, controla tudo, não pode nem sentir emoções, nem sofrer. Ele não tem partes, e Ele é uma essência. Na verdade, nós ouvimos que esta descrição se ajusta melhor ao deus do Islamismo e da teologia filosófica, mas não representa acuradamente o Deus da Bíblia.

Há muitas passagens na Bíblia onde Deus mantém os seres humanos responsáveis por suas ações. Os "teístas abertos" perguntam, "Se nós somos responsáveis, como Deus pode ter determinado o futuro"? Como o próprio Deus pode conhecer o futuro?; porque se Deus conhece o futuro, o futuro deve ser o caminho que Deus sabe que será, portanto o homem não é responsável. Mas, mesmo os "teístas abertos" declaram que Deus não sustenta crenças falsas sobre o futuro. O que eles disputam é se o futuro é "conhecível", não que Deus tenha falsas crenças.

Como é isto, então, que Deus pode reter o imenso poder que os "teístas abertos" admitem que Ele tem? Como é que, enquanto Deus não conhece o futuro, Ele tem exaustivo conhecimento de todas as possibilidades? Enquanto você e eu podemos fazer boas suposições sobre múltiplas conseqüências, como um bom técnico de baseball na preparação de seu time para as eventuais possibilidades de um arremesso, Deus, como um super-competente técnico do universo está sempre pronto com a jogada certa, não importa o que aconteça. Para ilustrar alguma coisa da posição dos "teístas abertos", Deus é algo como o Andy Taylor na série de televisão The Andy Griffith Series Show. Nós somos algo como Barney, seu auxiliar, sempre implicando coisas. Deus, como Andy, está sempre observando ao redor com planos superiores, pronto para tomar cuidado de nós. Ele, não mais do que Andy, controla o que está para acontecer mas está sempre esperando no bastidor ou atrás das cenas para trazer o resgate e arrumar coisas quando Barney age. Isto sempre termina no modo correto porque Andy vê que isto faz. Assim é com Deus, de acordo com os "teístas abertos".

Para edificar mais o seu caso, os "teístas abertos" com prazer e rapidamente apontam muitas passagens na Escritura onde Deus está entristecido, lamenta e "arrepende" sobre as ações do Seu povo quando as coisas não parecem ir para o caminho de Deus. Realmente, parece ser uma confusão causada por algumas traduções da Bíblia que usam o termo "arrepender" no lugar de "piedade", que alguns crêem ser uma tradução e interpretação mais acurada. Como resultado, as pessoas estão confusas sobre aquelas diferentes palavra hebraicas. A palavra hebraica base para arrepender, de acordo com alguns eminentes estudiosos, nunca é usada para Deus. Os seres humanos são ditos arrepender, mas nunca Deus.

Por exemplo:

1 Samuel 15:35 - "E nunca mais viu Samuel a Saul até ao dia da sua morte; porque Samuel teve dó de Saul. E o SENHOR se apiedou de haver posto a Saul rei sobre Israel".

Há outras passagens onde Deus parece lamentar o que acontece, e onde Ele parece expressar surpresa como na passagem de Jeremias. É extremamente difícil reconhecer o Deus da Bíblia em algum destes modelos mencionados, "aberto", clássico ou progressista. O Deus que encontramos na Bíblia é muito mais atraente e misterioso do que os "teístas abertos" parecem estar dispostos para admitir. Michael Horton, um teólogo reformado e professor no Seminário Teológico de Westminster, Califórnia, disse recentemente no Jornal da Sociedade Evangélica Teológica: "Entre as irônicas similaridades entre a metodológica aproximação do open theism e os hiper-calvinistas é o fato que ambos são aparentemente impacientes com a face do mistério".

Basicamente, os "teístas abertos" tentam nos apresentrar um Deus que pode nos entender. Oh sim, Ele é grande e muito mais inteligente, mas de coração Ele é como um de nós, portanto, nós podemos Lhe entender. A razão porque os Calvinistas sustentam que devemos chamar uma "conversa de bebê" de revelação é porque eles vêem a revelação como tratando com um Ser que está e é acima de nós. Embora Ele seja um Deus pessoal, Ele é também soberano e misterioso. Enquanto nós, seres feitos à imagem de Deus, somos pessoais, Ele é uma pessoa infinita que trata em reinos nos quais nós podemos somente tatear. Nós não somos infinitos; portanto, nós temos somente um entendimento limitado dEle e de Seus caminhos.

Está Deus no total controle de Sua criação? Pode Ele conhecer o futuro? Ele tem um plano pré-determinado de todas as coisas que acontecem ou Ele está, como os "teístas abertos" sugerem, esperando para ver o que acontece e então vem para resgatar? A Bíblia dá uma clara resposta. Por exemplo: Isaías 40-48 afirma que a razão porque Israel pode crer seguradamente em Deus é porque Ele não somente conhece o futuro exaustivamente, mas controla o futuro exaustivamente. (Veja também Efésios 1:11 e Provérbios 16:33.).

Isaías 41:21-24 - “Apresentai a vossa demanda, diz o SENHOR; trazei as vossas firmes razões, diz o Rei de Jacó. Tragam e anunciem-nos as coisas que hão de acontecer; anunciai-nos as coisas passadas, para que atentemos para elas, e saibamos o fim delas; ou fazei-nos ouvir as coisas futuras. Anunciai-nos as coisas que ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses; ou fazei bem, ou fazei mal, para que nos assombremos, e juntamente o vejamos. Eis que sois menos do que nada e a vossa obra é menos do que nada; abominação é quem vos escolhe”.

Jesus ensinou Seus discípulos que o Pai celestial conhece o que você necessita antes de você pedir (Mateus 6:8). Se isto é verdadeiro então parece existir uma contradição entre o que Jesus diz sobre Deus e o que os “teístas abertos” ensinam. De acordo com Jesus, Deus tanto conhece como controla o futuro. Ele não é tomado por surpresa quando algo acontece porque Jesus não está se referindo à um limitado conhecimento incerto, mas à um conhecimento de todas as coisas completamente e exaustivamente, passado, presente, e futuro.

Nada do que foi dito acima sobre o conhecimento de Deus é mais maravilhoso para os cristãos do que o fato que Deus sabe até mesmo aqueles nomes que foram escritos no livro da vida antes da fundação do mundo.

Nosso Deus é um grande e maravilhoso Deus. Não há nada fora do Seu controle. Embora nós não entendamos ou necessitamos entender tudo que há para conhecer sobre Deus, não devemos adicionar ou subtrair algo do que Deus nos contou sobre Ele mesmo na Bíblia.

Nossa Confissão de Fé de Westminster sumariza o que a Bíblia ensina sobre este assunto desse modo:

Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas. Ainda que Deus sabe tudo quanto pode ou há de acontecer em todas as circunstâncias imagináveis, ele não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura, ou como coisa que havia de acontecer em tais e tais condições”, CFW 3:1,2.

Marvin Padgett

Março de 2003



Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 11 de setembro de 2003.

 


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