A Leitura Simples da Escritura

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Os "teístas abertos" reivindicam que a melhor maneira de se ler a Bíblia é lê-la sempre com o seu significado mais simples possível. Esta é uma boa pressuposição, mas não pode ser feita sempre. Há passagens das Escrituras que não permitem leituras simples e as quais devemos interpretar à luz de outros versos. Os "teístas abertos" concordam com isto. Mas, porque os "teístas abertos" ensinam que Deus não conhece todas as coisas do futuro e/ou o futuro não é conhecível, então, quando eles se aproximam de passagens onde Deus Se lamenta, arrepende, ou testa as pessoas, eles então declaram que a melhor forma de se ler estas passagens é de uma forma simples e clara. Assim, eles encontram suporte para a idéia de que Deus está aprendendo, cometendo enganos e correndo riscos. Mas o problema está com a pressuposição deles e a imposição desta sobre vários textos, sem considerar os outros textos que contradizem sua pressuposição. Por exemplo...

A Bíblia diz em 1 João 3:20 "...maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas". Também em 1 Samuel 15:29 a Bíblia diz, "Também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende, por quanto não é homem para que se arrependa". Certamente, o significado simples destes textos é óbvio; vemos que Deus conhece todas as coisas, não apenas o presente, e vemos que Deus não Se arrepende. Todavia, o "teísta aberto" nos diz que Deus não conhece todas as coisas e que Ele Se arrepende. Certamente, estes versos necessitam ser examinados contextualmente e à luz de outros versos, mas o ponto é claro: os "teístas abertos" possuem uma pressuposição através da qual eles interpretam a Bíblia e esta pressuposição não é sempre consistente com a Escritura.

É esta pressuposição do open theism que leva a comentários tais como este:

"Enquanto alguns (incluindo eu mesmo) concordam que o desenvolvimento da visão clássica de Deus foi decididamente influenciada pela filosofia pagã, os teólogos clássicos têm sempre sustentado que esta visão está profundamente fixada na Escritura". [1]

Isto é loucura: "decididamente influenciada pela filosofia pagã"? Talvez seja o open theism que é influenciado pela filosofia pagã, visto que ele ensina que Deus pode cometer enganos, não sabe todas as coisas e Se arrepende. Qual é mais majestoso e soberano: o Deus do open theism ou o Deus do teísmo clássico que diz que Deus é absolutamente soberano, no controle, conhecendo todas as coisas, e não cometendo nenhum engano?


A leitura simples da Escritura

 

A leitura simples da Escritura é a melhor forma de se aproximar da Escritura, mas não é sempre a melhor. Abaixo estão alguns exemplos onde a leitura simples não é suficiente para explicar o texto.

1. "Então o Senhor Deus chamou ao homem, e disse-lhe: Onde estás?" (Gênesis 3:9).

A. Deus não sabia onde Adão estava após ele ter pecado? É claro que Ele sabia! A leitura simples da Escritura nos diria para supor que Deus não sabia. Mas, visto que Deus conhece todas as coisas (1 João 3:20), Deus certamente sabia onde Adão estava. Além do mais, Deus não estava perguntando por sua localização física, mas sobre a sua condição espiritual.

2. "Ouvistes que eu vos disse: Vou, e voltarei a vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai; porque o Pai é maior do que eu" (João 14:28).

A. A leitura simples deste texto poderia ser usada para sugerir que Jesus não é Deus em carne, visto que o Pai é maior do que Jesus. Como poderia ser assim, se Jesus é Deus? Mas, necessitamos ir para outras passagens para termos um esclarecimento.

Jesus disse que o Pai era maior do que Ele, não porque Jesus não era Deus, mas porque Jesus era também um homem e como um homem ele estava numa posição inferior. Ele foi "...feito um pouco menor que os anjos" (Hebreus 2:9). Também em Filipenses 2:5-8, é dito que Jesus "...esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens;mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens...".

Jesus tinha [e tem] duas naturezas. Jesus não estava negando que Ele era Deus. Ele estava meramente reconhecendo o fato de que Ele era também um homem. Jesus é tanto Deus como homem. Como um homem, ele estava numa posição menor do que a do Pai. Ele adicionou a Si mesmo a natureza humana (Colossenses 2:9). Ele se tornou um homem para morrer pelo Seu povo.

3. "Então o Senhor Deus chamou ao homem, e disse-lhe: Onde estás?" (Gênesis 3:9).

A. Deus não sabia onde Adão estava após ele ter pecado? É claro que Ele sabia! A leitura simples da Escritura nos diria para supor que Deus não sabia. Mas, visto que Deus conhece todas as coisas (1 João 3:20), Deus certamente sabia onde Adão estava. Além do mais, Deus não estava perguntando por sua localização física, mas sobre a sua condição espiritual.

 

3. "O qual [Jesus] é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação" (Colossenses 1:15).

À primeira vista este verso poderia implicar que Jesus foi a primeira coisa criada no universo. Além de ser errado, isto é uma heresia. Para entendermos este verso, necessitamos entender outros. Você não sabe que "primogênito" não significa criado primeiro, mas que é um título transferível, demonstrando preeminência?

Gênesis 41:51-52, "E José chamou o nome do primogênito Manassés; porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pai. E o nome do segundo chamou Efraim; porque disse: Deus me fez frutífero na terra da minha aflição (NASB)".

Jeremias 31:9, "...Eu sou um Pai para Israel, e Efraim é meu primogênito (NASB)".

 

Como você pode ver, a leitura simples da Escritura nem sempre é a melhor forma de olhar para algumas passagens - e os "teístas abertos" concordam. A verdade é que algumas vezes necessitamos olhar para outros versos, quando a passagem é difícil, para que tenhamos uma clarificação. Este princípio não é diferente com os versos nos quais os "teístas abertos" se focam. Mas, quando eles possuem uma pressuposição de que Deus não conhece todas as coisas e que pode cometer enganos, então, eles interpretarão algumas passagens das Escrituras de uma forma que melhor se adapta com a teologia deles - sem uma busca mais profunda na palavra de Deus - e esta não é uma boa idéia, visto que o resultado na "teologia da abertura" é um Deus que está crescendo em sabedoria e conhecimento, que tem áreas de ignorância, que comete enganos e que espera que as pessoas façam o que Ele deseja que elas façam. Este é um conceito muito débil e antibíblico de Deus.

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1. Boyd, Gregory A., God of the possible [Deus do possível], (Grand Rapids, Michigan: Baker Books), 2001, p. 24



Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 06 de julho de 2004.


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