Uma Refutação Lógica do Open Theism

por

www.carm.org

 

 

O que se segue abaixo é uma tentativa de fornecer uma prova lógica de que Deus conhece todos os eventos futuros exaustivamente e que a visão do open theism de que Deus não conhece as futuras escolhas do livre-arbítrio das criaturas é falsa:

1. Deus é o único ser eterno, não causado e auto-existente. Ele é Aquele que já era antes de todas as coisas.

A. Deus sempre existiu e é eterno por natureza.

B. Deus sempre auto-existiu eternamente, não necessitando de nada para a Sua existência, senão a Sua própria natureza e essência.

C. Nota: Dizer que Deus é antes de todas as coisas, isto é, antes do tempo, pode ser problemático visto que a palavra "antes" implica tempo e visto que estamos tentando descrever um "tempo" quando o "tempo" ainda não existia. Há dificuldades naturais com esta aproximação. Mas, basta dizer que Deus é antes de todas as coisas e que houve um "tempo" quando Deus era tudo que existia.


2. Tempo é aquela sucessão não-espacial de eventos do passado, através do presente, e para o futuro.

A. O tempo existe como uma função, como um relacionamento das coisas que mudam. Se nada existe, então nada muda e o tempo não é existente.

3. Visto que Deus é eterno por natureza, Deus não é limitado pelo tempo e nem contido por ele; nem é Ele limitado por uma sucessão contínua de eventos do passado, através do presente, e para o futuro; nem é o tempo um atributo da natureza de Deus.

A. Se você disser que o tempo é uma propriedade da existência de Deus, então, para se chegar ao presente, isto significa que uma quantidade infinita de tempo deve ter passado para fazer com que chegássemos ao presente. Mas, uma quantidade infinita de tempo não pode ser atravessada. Portanto, o tempo deve ter um princípio. Visto que Deus não tem um princípio, o tempo não é uma parte de Deus e Deus não está limitado pelo tempo.

i. Se uma pessoa afirma que o tempo é uma propriedade da existência de Deus, então, isto significa que atravessamos uma quantidade infinita de tempo para chegarmos ao presente. Mas isto é impossível, portanto, o tempo não pode ser uma propriedade da existência e da natureza de Deus.

B. Se a resposta for: se o futuro não existe, como alguém o pode conhecer? Esta é, na melhor das hipóteses, uma suposição. Se o futuro não existe, então, como Deus pode perfeitamente predizer ou saber algo futuro com certeza?

C. Tempo é aquela sucessão contínua de eventos do passado, através do presente, e para o futuro. Trabalhando com isto, podemos ver que Deus não pode ser limitado pelo tempo e estar fora dele. Isto porque...

i. Todos "eventos" ocorrem no tempo.

ii. Um evento que ocorre no tempo é um evento que veio à existência em sua ocorrência.

iii. Qualquer evento que vem à existência tem um princípio.

iv. Qualquer evento que tem um princípio é causado por outra coisa.

a. Isto é assim visto que algo que não existe não pode ser trazido à existência por si mesmo e deve ser trazido à existência por outra coisa.

v. Se declararmos que Deus existe com relação ao tempo, então, Deus existe como uma seqüência de eventos.

vi. Se Deus existe como uma seqüência de eventos, então, todos os eventos na existência de Deus têm causas.

vii. Todavia, não pode haver uma regressão infinita de causas.

a. Isto é o porque todas as coisas que existem devem ter sido causadas por outra coisa.

viii. Visto que não pode existir uma regressão infinita de causas, deve haver uma causa inicial não causada. Mas, visto que o tempo é uma seqüência de eventos, e todos os eventos têm causas, então, o tempo deve ter uma causa inicial não causada para ele. Isto significa que o tempo teve um princípio.

ix. Se o tempo é uma propriedade da natureza de Deus, e o tempo é uma série de eventos consecutivos, então, a natureza de Deus requer um princípio.

x. Isto significa que Deus teve um princípio. Mas, isto não é possível, visto que algo que tem um princípio não pode trazer a si mesmo à existência. Portanto, Deus não pode ter trazido a Si mesmo à existência.

a. Para que algo realize uma ação, ele deve existir. Algo não pode trazer a si mesmo à existência se ele não existe; porque só então ele poderia realizar uma ação pela qual ele poderia trazer a si mesmo à existência.

xi. Visto que Deus não teve um princípio, Deus não pode ser limitado pelo tempo, e o tempo não pode ser um atributo da existência de Deus.

xii. Portanto, o passado, presente e futuro são irrelevantes à natureza de Deus, e não uma parte da Sua natureza; Deus existe independentemente deles, o que significa que o futuro é conhecido por Deus.

4. Deus é o Criador do universo e é independente dele.

5. O universo existe em relacionamento com o tempo, o qual é uma série consecutiva de eventos que se relaciona com a mudança e a seqüência.

6. Deus não é sujeito ou limitado pelas restrições do universo, as quais incluem a restrição ou limitação do tempo ou quaisquer propriedades do tempo que possam nos limitar como humanos.

7. Visto que Deus criou o universo, e visto que Deus não é sujeito ao tempo, e visto que o universo opera no tempo, Deus também criou o tempo quando Ele criou o universo.

A. Dizer que Deus não criou o tempo e que o tempo sempre existiu, mesmo antes do universo existir, implicaria em duas coisas:

i. Primeiro, que o tempo é uma parte da natureza de Deus. Se o tempo é uma parte da natureza de Deus, então, Deus é sujeito às suas restrições. Mas isto é problemático porque Deus é eternamente infinito por definição (Salmos 90:2) e não houve um evento inicial que O trouxe à existência. Visto que algo não pode trazer a si mesmo à existência se ele não existir, Deus deve ter sempre existido e nunca ter tido um evento inicial. Além do mais, se Deus é infinito e sem princípio, então, Deus é eterno - visto que o conceito de princípio não é aplicável a Deus. Portanto, o tempo não é uma propriedade da existência de Deus, pois Ele não está sujeito às suas restrições e nenhum evento inicial está conectado com Ele pelo qual o tempo se "move".

ii. Segundo, que o tempo tem uma qualidade que tem uma existência independente de Deus e está separado da obra criativa de Deus. Isto é problemático porque significaria que o tempo é sua própria coisa eternamente existente, o que implicaria que o tempo é de alguma forma igual a Deus em Sua natureza eterna bem como sendo algo que está fora da obra criativa de Deus.

B. Dizer que Deus não criou o tempo e que o tempo sempre existiu, mesmo antes do universo existir, seria uma declaração absurda visto que o tempo é uma relação de eventos seqüenciais e se o universo não existia, não haveria capacidade para os eventos seqüenciais ocorrerem. Portanto, não poderia ser um tempo quando o tempo não existia. Mas, devemos entender que as dificuldades de nossa linguagem conceitual em relação ao tempo nos impede de acuradamente descrever sua relação com o universo bem como a do "tempo" antes do universo. Portanto, quando nos referimos a um período antes de algo, o conceito de tempo é automaticamente incluído. Como então, pode haver um período (o qual denota tempo) antes do tempo, quando o tempo não existia? Eu não creio que este paradoxo sintático/lógico possa ser vencido.

Portanto, devido aos limites de nossas descrições sintático/lógicas, eu me referirei ao "tempo antes do tempo existir" para descrever a condição de toda existência, querendo dizer a existência de Deus somente e aparte tanto do tempo como da existência do universo.

C. Comentário: Se for verdade que o tempo é uma função da matéria e do espaço, como a ciência tem proclamado, e visto que houve um "tempo" quando Deus era a única coisa em existência, então, a matéria e o espaço não existiam. Portanto, o tempo não existia. Deus criou o universo dando ao espaço e à matéria suas propriedades que incluíam a propriedade de ter um princípio. Portanto, o tempo é uma propriedade do universo que foi criado. Isto significa que Deus criou o tempo e não está sujeito a ele.

8. Visto que Deus criou o tempo, Deus sempre existiu e continua a existir fora do tempo e não é sujeito às suas propriedades.

A. Isto significa que Deus não é sujeito a uma sucessão de eventos que se move do passado, através do presente, e para o futuro.

B. Além do mais, passado, presente e futuro (que são aspectos do tempo numa continuação contínua) são irrelevantes à natureza e existência de Deus, visto que Ele existe fora do tempo.

C. Nota: Novamente, o termo "sempre" é usado aqui numa referência antes do tempo. Mas, "sempre" denota tempo e eu estou usando-o num sentido para descrever um estado de "nem sempre". Estou ciente desta dificuldade na descrição e peço ao leitor que seja paciente comigo à medida que tento descrever o indescritível.

9. Deus é onipresente. Isto significa que Ele existe em todos os lugares no universo bem como fora dele (até pode ser descrito como existindo fora da existência).

10. A onipresença de Deus não é limitada pelo tempo porque Deus, por natureza, não é restrito pelo tempo.

A. Se a onipresença de Deus fosse restringida pelo tempo, então, Deus seria sujeito ao tempo e não seria onipresente. Visto que o futuro é uma existência relativa à criação, mas não a Deus, Ele pode existir no futuro.

B. Se é dito que Deus pode ser onipresente somente no tempo presente, então, Ele é limitado pelo tempo. Mas isto não pode ser visto que Ele criou o tempo e não é limitado por ele.

11. Visto que Deus não é restrito pelo tempo, e visto que Ele é onipresente, então, o futuro é uma realidade presente para Deus.

A. Lembre-se, visto que Deus criou o universo e o tempo, Ele não é limitado ao tempo ou pelo tempo.

B. Além disso, o tempo é irrelevante à natureza e existência de Deus, visto que Ele já existia antes do tempo existir.

12. Portanto, porque Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo, Deus sabe todas as coisas, até mesmo as futuras escolhas do livre-arbítrio das criaturas livres. Isto significa que a visão do open theism, de que Deus não conhece todos os eventos futuros do livre-arbítrio das criaturas, é falsa.

A. As futuras escolhas do livre-arbítrio do homem sustentadas pela posição do "teísmo aberto" é um livre-arbítrio libertariano. Isto significa que as pessoas são completamente livres para serem capazes de fazer escolhas, de uma forma igual, tanto para o bem como para o mal, baseadas na capacidade do livre-arbítrio delas - mesmo em contradição às referências bíblicas que declaram a depravação do homem. Veja Jeremias 17:9; Marcos 7:21-23; Romanos 3:10-12; 6:14-20; 1 Coríntios 2:14; Efésios 2:1-3, etc., para descrições bíblicas da escravidão do homem ao pecado e sua inabilidade para ser completamente livre neste sentido.

B. A liberdade compatibilista é a posição que uma pessoa é livre somente até onde a sua natureza o permite ser livre. Se ele é um escravo do pecado, por exemplo, então, ele não é livre para ser livre do pecado, mas deve agir de acordo com sua natureza; de outra forma, ele estaria violando sua própria natureza, o que é auto-contraditório.

C. Além do mais, este livre-arbítrio, dizem os "teístas abertos", é algo que Deus escolher não saber no futuro. Mas, um problema se levanta. Se Deus sabe que no futuro alguém fará uma escolha, como Ele pode então decidir NÃO saber qual será ela, visto que Ele deve saber que no futuro aquela escolha do livre-arbítrio será feita? Em outras palavras, Deus sabe que uma escolha será feita, todavia, escolha não saber qual será ela? Como Ele poderia saber que uma escolha seria feita, se Ele não sabia qual seria a escolha?

E mais, Deus vê as futuras escolhas do livre-arbítrio como sendo passado? Incontáveis escolhas serão feitas no futuro. Porque, para Deus ser capaz de ordenar os eventos futuros, Ele tem que ser capaz de conhecer o futuro. Se for assim, então é possível que Deus possa facilmente deduzir qual será o resultado daquela escolha do livre-arbítrio, visto que Deus pode ver os efeitos delas sobre as outras e ver os efeitos delas sobre o Seu divino plano - de outra forma, Deus não poderia estar soberanamente no controle. Isto significa que Deus pode deveras deduzir todas as escolhas do livre-arbítrio, simplesmente olhando como sendo passado as futuras escolhas, para ver quais escolhas foram feitas. Se Ele NÃO faz isto, então, Deus NÃO deve olhar para o futuro com respeito a alguma coisa e todas as coisas, como estando relacionadas com a liberdade humana. Deus seria largamente ignorante e incapaz de governar o mundo, visto que Ele não poderia saber qual seria o resultado das coisas. A posição "teísta aberta" é ilógica e auto-contraditória.


Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 29 de junho de 2004.


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