Regeneração e o Espírito

por

Ra McLaughlin

 


Pergunta

A regeneração (isto é, ser nascido do Espírito, como em João 3:3-5) e o receber o Espírito (como em Lucas 11:13; Atos 19:2; 1 Coríntios 2:12; Efésios 1:13-14; etc.) são a mesma coisa? Eu creio que a todos aqueles que crêem em Cristo como seu Senhor e Salvador o Espírito Santo é dado, o qual enche e habita todos os cristãos e santifica aqueles que foram justificados. Mas, obviamente, o Espírito é também aquele que regenera os pecadores. Assim, minha pergunta é: a regeneração (nascimento espiritual) e o enchimento do Espírito Santo (princípios da santificação) são a mesma coisa?


Resposta

Sobre a questão regeneração/enchimento, esses atos realmente são diferentes. O Espírito Santo tem um ministério multi-facetado. Quando nascemos de novo (regenerados), o Espírito Santo dá vida aos nossos espíritos. Ao mesmo tempo ele nos habita, misticamente nos unindo com Cristo e permanecendo conosco, sendo ele mesmo a fonte de nossa vida (isso é sua habitação). Ao mesmo tempo também, ele nos dá alguma forma de ministério (1 Coríntios 12) – é a esse aspecto do seu ministério que a Bíblia usualmente se refere quando ela fala sobre “enchimento”, como evidente pelas coisas ditas que as pessoas que são “cheias” fazem em virtude desse enchimento, tal como profecia e utilização de outros dons. (Lucas 1:41,67; Atos 2:4; 4:8,31; 13:9; Efésios 5:18). Mas os dons que ele nos dá para o ministério podem variar durante toda as nossas vidas. Ele nos dá como ele vê apropriado para o propósito que tem para nós num determinado tempo. Assim, enquanto a nossa regeneração é permanente e imutável, como o é a presença habitadora do Espírito Santo dentro de nós, o enchimento é variável. Nossos dons estão relacionados com a presença habitadora do Espírito, mas eles não são nem permanentes nem imutáveis (Romanos 11:29 refere-se aos dons para a comunidade inteira do pacto, tais como aqueles mencionados em Romanos 9:1-6, não a manifestações específicas de dons espirituais em indivíduos).

João 3:3-5 é sobre regeneração, o dar vida aos nossos espíritos mortos.

Lucas 11:13 não é tão explícito. Talvez Jesus tivesse em mente todas as diversas coisas que o Espírito faz. Mas a partir do contexto de exorcismo “pelo dedo de Deus” (v. 20), minha tendência com esse versículo é enfatizar os dons espirituais.

Atos 19:2 parece falar sobre dons espirituais. As pessoas eram judeus fiéis como discípulos de João o Batista, mas não tinham ouvido falar ainda de Jesus (uma situação que era possível somente naquele ponto transicional na história redentora). Talvez eles já fossem salvos, regenerados e habitados pelo Espírito Santo, mas não podemos ter certeza. De qualquer forma, eles certamente não tinham recebido os dons. Paulo corrigiu isso após pregar o evangelho a eles. Quando ele impôs as mãos sobre eles, os mesmo receberam os dons do Espírito, que o Espírito manifestou neles através de línguas e profecias (v. 6).

1 Coríntios 2:12 fala da presença habitadora e testemunho contínuo do Espírito Santo na vida de um crente. Ele fala da forma como o Espírito Santo nos dá a nossa fé e nos ajuda a entender as questões sobre um nível individual (como oposto aos dons que são dados para o benefício da comunidade; cf. 1 Coríntios 12:7).

Efésios 1:13-14 fala primeiramente sobre a presença habitadora contínua do Espírito Santo, como lemos. “Após terem crido” significa que isso é pós-regeneração, e “o qual é dado com um penhor” fala da possessão do próprio Espírito Santo, não simplesmente dos dons da parte do Espírito Santo. Sem dúvida os dons estão parcialmente em vista como um benefício da possessão do Espírito, mas eles não são a referência primária. Antes, é o próprio Espírito quem dá a certeza absoluta para demonstrar que receberemos nossa plena herança no futuro.

Quando a Bíblia fala de pessoas sendo “cheias” com o Espírito, ela geralmente está falando sobre dons (primeiramente em Lucas-Atos, mas também em Efésios 5:18). Quando ela fala do Espírito habitando em alguém (e.g. Romanos 8:11), ela geralmente está se referindo à união mística entre o Espírito e o crente, e à presença contínua do Espírito Santo com o crente. Quando ela fala de regeneração, ela usualmente usa linguagem razoavelmente explícita que nos leva a saber que ela está falando dessa obra mui específica do Espírito (e.g. João 3:3-8).

Santificação tem duas definições diferentes principais, e ela começa tanto no momento em que somos regenerados como num tempo dissociado, dependendo de qual definição tencionamos. Por um lado, “santificação” é um “ser separado como santo para Deus”. Esse é o significado primário da maioria dos usos de “santificação” na Bíblia. Incrédulos podem ser santificados dessa maneira, em virtude de sua participação da igreja visível, por exemplo (e.g. 1 Coríntios 7:14). Visto que os incrédulos podem ser santificados dessa forma, isso claramente acontece sem referência à regeneração, habitação ou enchimento.

Por outro lado, “santificação” é frequentemente usado como um termo técnico em teologia para o processo de amadurecimento pelo qual o crente passa. Nesse sentido, o termo significa “purificação ou limpeza”. Esse processo começa no momento da salvação, simultâneo com o novo nascimento, com a fé e com a justificação. Eu não estou ciente de qualquer ocorrência na Bíblia onde o termo é usado exclusivamente com esse significado. Parece, antes, que os autores bíblicos usaram a palavra para se referir primariamente ao “ser separado”, e algumas vezes incluindo ou implicando esse segundo significado juntamente com o significado primário. O segundo significado é mais comumente incluído por Paulo do que pelos outros escritores do Novo Testamento, e parece até mesmo ser o significado primário em uns poucos casos (e.g. Efésios 5:26; 1 Tessalonicenses 4:4).


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 19 de Setembro de 2005.

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