A Essência da Evangelização: Resenha

por

Gildásio Jesus Barbosa dos Reis




BARRS, Jerram. A Essência da Evangelização. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. 271pp. Tradução de Neuza Batista da Silva do Título Original The Heart of Evangelism.


Conforme o próprio autor afirma na introdução, sua obra é resultado de mais de 30 anos de reflexão sobre o que o Novo Testamento ensina sobre a evangelização. Jerram Barrs é o fundador do Francis Schaefer Institute, no Covenant Theological Seminary, onde também é professor das disciplinas de Apologética e Evangelização.

Diferentemente de outras obras com uma ênfase mais pragmática (que prioriza métodos e técnicas), nesta obra que está dividida em quatro partes, Barrs é insistentemente bíblico, sempre enfocando os ensinos e a prática de Jesus e dos apóstolos quanto a verdadeira natureza da evangelização.

A PARTE I, subdividida em 13 capítulos, utiliza-se dos textos chamados de “A Grande Comissão” (Mt 28:18-20; At.1:6-11; Mc16:15) para fundamentar a essência da evangelização e os diversos horizontes da missão que Cristo comissionou a seus discípulos. Prossegue mostrando de maneira persuasiva através da análise de vários textos bíblicos, que cada cristão, por ser membro da Igreja de Cristo, tem a responsabilidade de se envolver no chamado missionário da igreja. Barrs considera com cuidado exegético, que a Grande Comissão pertence a nós tanto quanto aos apóstolos para quem originalmente foi dada. Ele afirma que a evangelização é também uma tarefa exigida da igreja contemporânea, portanto, não sendo uma exigência exclusiva aos apóstolos. Ao concluir a parte 1 de seu livro, mostra-nos que o contexto da evangelização é a nossa família, nosso local de trabalho e a sociedade de modo geral. Acrescenta ainda que a igreja terá melhor êxito na tarefa evangelística se perceber o poder da amizade, o poder da humildade e o poder do afeto.

A PARTE II é um estímulo às igrejas apáticas, frias e desinteressadas com a evangelização. Aqui Barrs enfoca a pessoa de Deus como o Grande Evangelista. Segundo ele, a igreja, diferentemente de Deus, tem sido relutante na propagação da fé Cristã. Com Deus não é assim. Se perguntarmos: “O que Deus faz para salvar a pessoas ? Que esforço, que zelo, que amor ele investe nesta obra?” encontraremos uma resposta muito diferente daquela vista em nós muitas vezes.

Analisando passagens bíblicas que narram a história do eunuco etíope ( At 8:26-40), do centurião Cornélio (At. 9:43 – 10:48); a conversão de Paulo (At 8-9; 2: 1-16; 26:4-18), o autor mostra de modo convincente que Deus não é um evangelista relutante, e sim, um Deus pronto e interessado em salvar pessoas. Nos três últimos capítulos desta 2ª parte, Barrs considera alguns exemplos bíblicos e outros exemplos contemporâneos para mostrar que Deus usa uma infinita variedade de meios para atrair as pessoas a ele e isso em virtude dele ter nos criado, cada um de nós, de maneira ímpar e diversificada. E porque Deus em sua misericórdia respeita nossa personalidade e história impares, utiliza-se desta variedade de meios para no alcançar.

Na PARTE III, com seus sete capítulos, são examinadas as barreiras que atrapalham os cristãos de compartilharem o Evangelho a outras pessoas. Aqui Barrs é indiscutivelmente brilhante em sua exposição. Ele aborda as barreiras internas, ou seja, aquelas que estão dentro de nós mesmos: 1) culpa, 2) falta de confiança, 3) incertezas sobre o método evangelístico e 4) supercomprometimento. Conforme o autor, é extremamente importante conhecer estas barreiras para que possamos lidar com elas, vencê-las e nos tornar mais ousados e eficazes na evangelização. Além das barreiras internas, existem as externas, aquelas que existem entre os cristãos e não cristãos. São elas: 1) perda da crença de que existe uma verdade; 2) a falta de testemunho da igreja (Fé sem vida); 3) a perda da linguagem comum, e 4) a alienação. Barrs conclui esta terceira parte identificando algumas características da cultura pós-moderna que tornam a evangelização em nossos dias um tema tão desafiador, como a 1) perda de confiança na razão, 2) a rejeição da autoridade, 3) incerteza moral, 4) moralidade por consenso, 5) idolatria da mente, do coração e da vontade, e 6) o paganismo.

Na Última seção de sua obra, PARTE IV, Barrs examina sete princípios de comunicação que caracterizam o ministério evangelístico do apóstolo Paulo. São eles: Respeito, construção de pontes, entender aqueles aos quais somos enviados, uso da linguagem adequada, persuasão racional, verdade esclarecedora e desafio da mente e do coração. Estes sete princípios foram extraídos pelo autor de mensagens pregadas pelo apóstolo Paulo em três diferentes situações conforme registras no livro de Atos. A mensagem pregada na sinagoga aos judeus e gentios (At 13:14-52); a mensagem pregada aos politeístas pagãos da cidade de Listra (At 14:8-18) e a mensagem pregada aos pensadores de Atenas que eram instruídos na filosofia da época (At 17:16-31). Conforme Barrs nos mostra, estes sete princípios governam e norteiam a prática envangelística do apóstolo Paulo. Sabemos que a Bíblia não nos fornece um método ou técnicas, que podemos aprender e que fará de nós bons comunicadores. Entretanto, a Escritura Sagrada nos fornece princípios, e são estes princípios que precisam nos governar à medida em que buscamos alcançar as pessoas com o evangelho de Jesus. Ler e estudar estes princípios nos desafiará biblicamente a usá-los para pregarmos as boas novas para as pessoas em pleno séc. XXI.

A obra de Jerram Barrs é uma obra ímpar ao tratar do tema evangelização. O autor consegue unir uma sólida base teológica com princípios práticos. Consegue ser profundamente bíblico e teológico sem o intelectualismo árido presente em algumas obras deste tipo e consegue de maneira magistral ser prático sem o risco do pragmatismo de nossos dias. Estes elementos presentes na obra são o que a tornam tão relevante às nossas igrejas. Aqueles que se sentem despreparados teologicamente e aqueles que se sentem culpados e inadequados por não saberem como evangelizar, serão indiscutivelmente enriquecidos com a leitura e estudo desta grande obra e se tornarão motivados a tão gloriosa tarefa de falar da obra redentora de Jesus.

 

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Rev. Gildásio Jesus Barbosa dos Reis é pastor da Igreja Presbiteriana de Osasco, Mestre em Educação Cristã pelo Centro Presbiteriano Andrew Jumper e Professor de Evangelização e Missiologia no Seminário Presbiteriano “Rev. José Manoel da Conceição” .


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