Tsunami — Deus está vivo!

por

Felipe Sabino de Araújo Neto

Não seria exagero dizer que a tragédia que aconteceu no dia 26 de dezembro, na Ásia e na África, seja o assunto mais comentado neste final de ano. Não poderia ser diferente, pois o número de mortos nos países atingidos pelo tsunami aumenta diariamente, à medida que as buscas continuam; começou com 11 mil e hoje, no último dia do ano, o número confirmado já se aproxima de 125 mil mortos.

Em momentos drásticos e dolorosos como este, somente as crianças são privadas da agonizante pergunta: “Onde está Deus?” Se Deus é bom e onipotente, porque Ele não evita tais catástrofes? O motivo de escrever este pequeno artigo é que já ouço o eco dos discípulos de Nietzsche, dizendo: “Deus está morto”. Mas, mais triste do que ouvir incrédulos afirmar que Deus está morto, e ter que “ouvir” um pastor evangélico afirmar: “o Deus da Bíblia soberanamente criou o universo, mas ao formar mulheres e homens, abriu mão de sua Soberania para estabelecer relacionamentos verdadeiros. Ele não se despojou de sua natureza onipotente, que por definição não podia fazer, mas se esvaziou de suas prerrogativas divinas – evidenciadas em Jesus Cristo” (Ricardo Gondim, www.ricardogondim.com.br).

E mais aterrorizador ainda: “Não, Ele não pôde evitar a catástrofe asiática. Assim, sinto que a morte de milhares de pessoas, machucou infinitamente mais o coração de Deus do que o meu – o sofrimento é proporcional ao amor. O pouco que conheço sobre Deus e sobre seu caráter me indica que há muitas lágrimas no céu”.

Definitivamente este não é o Deus da Bíblia. Não é o Deus que governa a história. Não é o Deus que controla as ondas e os ventos (Mateus 8:27). Não é o Deus que permite que o diabo toque no Seu servo (Jó 1:12). Não é o Deus que não permite que o diabo peneire o Seu servo (Lucas 22:31,32). Não é o Deus que tem todo o poder nos céus e na terra (Mateus 28:18). Não é o Deus que opera, segundo a Sua vontade, com o exército do céu e os moradores da terra, cujos projetos não podem ser estorvados nem questionados (Daniel 4:35).

Não tentaremos justificar os tratamentos de Deus com a humanidade, mas também não tentaremos diminuir o Seu poder e glória, para fazê-lo menos “culpado”. Ele é Senhor, Ele é o Criador, e não precisa prestar contas com ninguém.

Isaías disse que no ano em que morreu o Rei Uzias, ele viu o “Senhor assentado sobre um alto e sublime trono”. E é assim que devemos ver Deus, não somente num momento como esse, mas sempre: Ele está assentado num alto e sublime trono, ou seja, Ele é o Supremo Governador deste mundo, Ele ainda está reinando, Ele ainda está no controle, e sempre estará, para a Sua própria glória e para o nosso bem. Deus está vivo, e é isso o que a nossa sociedade, inclusive a igreja, precisa ouvir!

Não resta dúvida de que toda sorte de males que nos acontecem, têm sua origem na Queda, no Paraíso. Por causa do pecado de Adão, e dos nossos, a terra foi amaldiçoada. Contudo, não só os incrédulos e ímpios sofrem as conseqüências desta maldição, como alguns querem dar a entender. Todos nós somos pecadores, e até mesmo aqueles que são pecadores justificados diante de Deus, sofrem males terríveis nesta vida. Sem dúvida algumas centenas de pessoas piedosas morreram por causa do Tsunami. Jesus quis corrigir esta tendência, já presente naqueles dias quando tabernaculou entre nós, quando disse: “Ora, naquele mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios deles. Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós que esses foram maiores pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas? Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (Lucas 13:1-5).

Não obstante isso, é fato incontestável também que Deus muitas vezes usa os sofrimentos para nos trazer para mais perto dEle, para nos despertar de nosso estado de morbidez e considerar a fragilidade da nossa vida e a eternidade que está diante de nós. C.S. Lewis foi muito feliz quando afirmou: “Deus sussura a nós na saúde e prosperidade, mas, sendo maus ouvintes, deixamos de ouvir a voz de Deus. Então Ele gira o botão do amplificador por meio do sofrimento. Aí então ouvimos o ribombar de Sua voz”.

Portanto, a atitude sábia é colocar nossas mãos à boca, suplicando a misericórdia de Deus sobre a vida dos sobreviventes, em especial pelos órfãos e viúvas. Não entendemos todos os propósitos de Deus, mas podemos confiar que Ele está no controle de todos os átomos de Seu universo. Diante da calamidade presente, o novo dever é demonstrar o amor que Cristo disse que devemos demonstrar até mesmo aos nossos inimigos, e quanto mais ainda aos nossos próximos e necessitados, não importando qual seja a sua religião ou crença. Assim, oremos e contribuamos caso tenhamos como, descansando no fato incontestável de que Deus está no comando, Ele está vivo. O Senhor fez isto! Estamos todos nas mãos de Deus, e ali estamos, e devemos desejar estar.

Eu não teria outra frase melhor do que a de J.M.L. Monsabre para terminar:

“Se Deus me concedesse Sua onipotência por vinte e quatro horas, vocês veriam quantas mudanças eu efetuaria no mundo. Mas se Ele me desse também Sua sabedoria, eu deixaria as coisas como estão”. Amém!

Cuiabá-MT, 31/12/2004.



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