Lucas 13:1-9— Tragédias e Fatalidades

por

Solano Portela




Tragédia:
“Acontecimento Funesto” (peças destinadas a despertar piedade ou terror, originárias da Grécia; etimologicamente, de traigodia - o canto que acompanhava o sacrifício do bode nas festas de Dionísio).

Fatalidade: “Adversidade, infortúnio, desgraça” (de fatalitas, fatalitates - destino inevitável).



Introdução:

Por que começar o ano com uma meditação sobre tragédias e fatalidades?

Porque:

1. Por mais que fugíssemos das notícias, neste final e início de ano, não podemos ignorar a tremenda tragédia que se abateu sobre a humanidade, nestes últimos dias, no sul da Ásia.

a. Terremoto no fundo do mar. 26/12/2004. 9.0 na escala Richter. Tsunamis (maremotos). Vários países atingidos.

b. Mais de 140 mil mortos, até agora. Perigo de epidemia. Uma década perdida. Terra “balança” e se desloca em seu eixo.
2. Cristãos estão perplexos e artodoados. Quais as respostas? Qual a razão?

3. Não podemos ficar insensíveis ou ignorar a tragédia, por mais repetitivas ou assépticas que apareçam as imagens.

4. Diversas “explicações”, “conclusões” e “avaliações” estão sendo dadas, inclusive por líderes cristãos - gerando a necessidade de termos uma posição pessoal, cristã.


a. Paralelos com o Terremoto de Lisboa
(1/11/1755) - 8.5 e.R., possivelmente mais de 60 mil mortos. Cidade arrasada (Folha de S. Paulo 28/12/2004; Jornal do Commércio - Recife - 2/1/2005.

(1) Padres Jesuitas: “Deus julgou e condenou Lisboa, como outrora fizera com Sodoma”.

(2) Voltaire (François Marie Arouet) - Deísta. Escreveu em 1756 “Poemas sobre o desastre em Lisboa”: Culpa a natureza e a chama de malévola (deixa no ar questionamentos sobre a benevolência de Deus).

(3) Jean Jacques Rousseau, responde com “Carta sobre a providência”. Culpa “o homem” como responsável pela tragédia - “20 mil casas de seis ou sete andares”. O homem “deveria ter construído elas menores e mais dispersas” (inocenta Deus e a natureza, culpa o desatino dos homens).

b. Revista Veja (05.01.2005) - Diz que nós “construímos religiões” para explicar a fúria da natureza.

c. Alguns Pastores Presbiterianos - têm escrito mensagens indicando a “mão pesada de Deus em julgamento”. Um deles fez referência à viagem que fez à Tailândia, na qual observou “prostituição infantil” - inferindo que o julgamento da tragédia teria vindo por essa razão.

d. Ricardo Gondim (pastor da Igr, Bethesda, S. Paulo - ex- presbiteriano, colunista da revista Ultimato:

(1) “Diante de uma tragédia dessa magnitude, precisamos repensar alguns conceitos teológicos”.

(2) Na sua teologia, Deus já havia sido apresentado como não sendo onisciente, mas agora ele afirma que Deus “abriu mão de sua soberania” (teologia “ aberta”).

(3) “ Ele não pode evitar a catástrofe asiática...”.

(4) Afirma que, se ele passou três noites sem poder dormir, quanto mais triste e frustrado deve estar Deus. As mortes machucaram a Deus - “Há muitas lágrimas nos céus...”.

(5) “Continuo perplexo diante de tudo que nos sobreveio e sem todas as respostas, mas espero que as minhas intuições estejam me conduzindo no rumo certo”.

5. (Principalmente) - A Palavra de Deus nos traz ensinamento sobre como entender, reagir e analisar tais situações. Em Lucas 13.1-9 temos a instrução de Jesus:

• Ele trata de uma tragédia gerada por homens;

• Ele lembra uma tragédia gerada por fatalidades (ou acidentes).

• Ele ilustra o ensino ministrado com uma história (parábola).



Pontos:

1. Tragédia gerada por homens: Vs 1-3 - Galileus mortos por soldados de Pilatos.

Fonte do comentário - “Alguns”. Talvez fossem fariseus (contexto anterior - “hipócritas”; talvez discípulos; possivelmente críticos - colocando-se como juizes.

Mais pecadores?

• Violência humana - sangue derramado por armas - paralelo com situações que vivemos no nosso dia-a-dia. 11 de setembro (torres gêmeas); criminalidade nas cidades (Pilatos - afastado por crueldades...).

Ensino: Não se coloquem no lugar de Deus; não se concentrem em um possível juízo / julgamento sobre as vítimas; cuidem de si mesmos! Constatem os seus pecados! Arrependam-se!

Quantas vezes ouvimos pronunciamentos e especulações semelhantes:

a 11 de setembro: “Castigo sobre os pecados da nação norte- americana”.
b. Massacre do Carandiru (111 detentos; “bem feito...”)


2. Tragédia gerada por “fatalidade” (acidente) Vs 4-5 - Torre de Siloé, desabou deixando 18 mortos.

Fonte do comentário - O próprio Jesus. Sabia que saber que uma morte foi provocada acidente não impede a emissão de julgamento de nossa parte; não impede que tentemos nos colocar no lugar de Deus.

Mais culpados? Talvez os pecados dos relacionados no incidente anterior fossem mais evidentes. Nos que pereceram na torre não havia o relacionamento direto com pecados específicos, mas inferiam a culpabilidade maior deles.

Ensino: Não se coloquem no lugar de Deus; não se concentrem em um possível juízo / julgamento sobre as vítimas; cuidem de si mesmos! Constatem a sua culpa! Arrependam-se!

Ouvimos pronunciamentos e especulações semelhantes, quando ocorrem acidentes:

a. Mamonas assassinas (acidente com avião, que vitimou)...
b. Agora esses maremotos (Tsunamis) - “ castigo pelo turismo sexual” – se assim fosse, o próximo maremoto será no Nordeste do Brasil).

3. Ilustração do Ensino com uma história (Parábola) Vs. 6-9 - A Figueira sem frutos. Aparentemente, não tem relação com as observações prévias, mas na realidade, têm. A parábola ensina que vivemos todos em “tempo emprestado” pela misericórdia divina.

Figueiras existem para dar frutos - o homem vinha procurar frutos - era sua expectativa natural.

• Figueiras sem frutos “ocupam inutilmente a terra”. O corte é iminente, e justificado a qualquer momento.

• Apelo para que se espere um pouco mais, na esperança que, bem cuidada e adubada, ela venha a dar fruto e escape do corte.

• Jesus não dá a figueira como paralelo para comparação com as vítimas de tragédias ou fatalidades - ele já havia chamado atenção para a concentração nas nossas próprias vidas.

• Mas ele ensina e ilustra que vivemos em tempo emprestado; vivemos pela misericórdia de Deus; vivemos com um propósito de frutificar de agradar o nosso proprietário e criador.



Conclusão:

• Não procuremos grandes explicações para as tragédias e fatalidades.

• Pedro nos ensina que no mundo temos aflições - essa é a norma de uma criação que geme na expectativa da redenção. 1 Pe 4.19 fala dos que sofrem segundo a vontade de Deus. Não ousemos penetrar nos propósitos insondáveis de Deus. Não devemos “estranhar” até o “fogo ardente” (1 Pe 4.12).

• As tragédias são um lembrete da nossa fragilidade; de que a nossa vida é como vapor; de que devemos nos arrepender dos nossos pecados; de que devemos viver para dar frutos.

• Não cometamos o erro de ser insensíveis às tragédias - Pv 17.5 diz: “o que se alegra na calamidade, não ficará impune”; não somos juízes.

• Não cometamos o erro de diminuir a pessoa de Deus; lembremo-nos de Tiago 4.12: “um só é legislador e juiz - aquele que pode salvar e fazer perecer”.; não sigamos nossas “intuições”, mas a Palavra de Deus - 1 Pe 4.11: “ se alguém falar, fale segundo os oráculos de Deus”.

Solano Portela
02.01.2005



www.monergismo.com

Este site da web é uma realização de
Felipe Sabino de Araújo Neto®
Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê.

TOPO DA PÁGINA

Estamos às ordens para comentários e sugestões.

Livros Recomendados

Recomendamos os sites abaixo:

Academia Calvínia/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela /Textos da reforma / Thirdmill
Editora Cultura Cristã /Edirora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova