A Necessidade de Teologia

por

Vincent Cheung



A teologia é necessária não somente para as atividades cristãs, mas também para tudo da vida e do pensamento. Visto que Deus é tanto último como onipotente, Ele tem o direito e a capacidade de dirigir todos os aspectos das nossas vidas. A teologia procura entender e sistematizar Sua revelação verbal, e é autoritativa até onde ela reflete o ensino da Escritura. A necessidade de teologia é uma questão da necessidade de comunicação de Deus. Visto que este é o universo de Deus, a fonte última de informação e interpretação de tudo da vida e do pensamento é a revelação divina. E, visto que ela [a revelação divina] é necessária para se ouvir algo de Deus, a teologia é necessária.

A teologia é o centro de tudo da vida e do pensamento, pois ela trata com a revelação verbal do Supremo Ser — a realidade essencial que dá existência e significado a tudo. Por exemplo, a ignorância de teorias musicais não tem relevância direta para com a habilidade de alguém mexer com álgebra ou raciocinar sobre assuntos morais. Contudo, a ignorância com respeito à revelação divina afeta tudo da vida e do pensamento, desde a visão de alguém da história e da filosofia, até a interpretação da música e literatura, e o entendimento de matemática e física.

Visto que este é o universo de Deus, somente Sua interpretação sobre tudo é correto, e Ele revelou Seus pensamentos para nós através das palavras da Bíblia. Segue-se, portanto, que uma ignorância da teologia significa que a interpretação de alguém de cada assunto carecerá do fator definitivo que coloca nela a prespectiva correta. Na área de éticas, por exemplo, é impossível apresentar qualquer princípio moral universalmente válido, sem recorrer a Deus. Até os conceitos de certo e errado permanecem indefinidos sem Sua revelação verbal. E visto que somente a Bíblia é a única revelação divina objetiva e pública, o único modo de se recorrer à autoridade de Deue é recorrendo-se à Bíblia.

Uma das maiores razões para se estudar teologia é o valor intrínseco do conhecimento sobre Deus. Cada outra categoria de conhecimento é um meio para um fim, mas o conhecimento de Deus é um fim digno em si mesmo. E, visto que Deus Se revelou através da Escritura, conhecer a Escritura é conhecê-Lo, e isto significa estudar teologia.

Sucumbindo ao espírito anti-intelectual desta geração, alguns crentes distinguem entre conhecer a Deus e conhecer sobre Deus. Se “conhecer sobre Deus” se refere ao estudo formal da teologia, então, para eles, alguém pode saber muito sobre Deus sem conhecê-Lo, e alguém pode conhecer a Deus sem conhecer muito sobre Ele. Um conhecimento teológico de uma pessoa é desproporcional a quão bem ela conhece a Deus.

Mas, se é possível conhecer a Deus sem conhecer muito sobre Ele, o que significa conhecer a Deus? Se conhecer a Deus significar ter comunhão com Ele, então, isto envolve comunhão, que, conseqüentemente, requer a troca de pensamento e conteúdo intelectual, dessa forma, trazendo de volta o conceito de conhecimento sobre algo. Uma pessoa não pode se comunicar com outra sem trocar informação na forma de proposições, ou de uma maneira na qual a informação conduzida seja redutível à proposições.

Como alguém conhece a Deus, senão através de conhecer sobre Ele? Alguém pode responder que conhecemos a Deus através de experiências religiosas, mas até isso é definido e interpretado pela teologia, ou conhecimento sobre Deus. O que é uma experiência religiosa? Como a alguém a recebe? O que um sentimento ou sensação particular significa? Respostas para estas questões podem somente vir pelo estudo da revelação verbal de Deus. Mesmo se fosse possível conhecer a Deus através da experiência religiosa, o que a pessoa ganha ainda é um conhecimento sobre Deus, ou uma informação intelectual redutível à proposições.

Alguém pode reivindicar conhecer a Deus através da oração e da adoração. Mas, tanto o objeto como a prática da oração e da adoração permanecem indefinidos até que esta pessoa estude teologia. Antes de alguém poder orar e adorar, ela deve primeiro determinar a quem ela deva oferecer oração e adoração. Subsequentemente, ela deve determinar, à partir da revelação bíblica, o modo no qual ela deve oferecer oração e adoração. A Escritura governa cada aspecto da oração e adoração. O conhecimento de Deus, portanto, vem de Sua revelação verbal, e não de meios ou exercícios religiosos não-verbais. A maioria das pessoas que resiste aos estudos teológicos não pensa muito sobre estas questões, mas são capazes de orar e adorar, assumindo, freqüentemente sem garantia, o objeto e a maneira destas práticas espirituais.

Todavia, outra pessoa pode dizer que conseguimos conhecer a Deus por andar em amor. Mas, novamente, o conceito de amor permanece indefinido até que esta pessoa estude teologia. Até o relacionamento entre conhecer a Deus e andar em amor origina-se na Bíblia:

Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.
(1 João 4:7-8)

 

Sem esta e outras passagens similares na Bíblia, alguém não pode justificar a reivindicação de que conhecer a Deus é andar em amor. Muitos que reivindicam conhecer a Deus através de um andar em amor, não estão fazendo nada além de serem bondosos para com os outros, com uma bondade definida pelas normas sociais, e não pela Escritura. Estes indivíduos não possuem nada mais do que uma ilusão de conhecer a Deus.

Uma vez que uma pessoa tentar responder às questões acima sobre como alguém chega a conhecer a Deus, ela está fazendo teologia. O assunto, então, torna-se o seguinte: sua teologia é correta? Portanto, teologia é inevitável. Enquanto que uma teologia errônea leva a um desastre espiritual e prático, uma teologia acurada conduz a uma adoração genuína e a um viver piedoso. Um slogan que reflete a atitude anti-intelectual de muitos cristãos, diz: “Dê-me Jesus, não exegese”. Contudo, é a Escritura que nos dá informação sobre Jesus, e é através da exegese bíblica que averiguamos o significado da Escritura. Sem exegese, portanto, ninguém pode conhecer Jesus. Uma pessoa precisa apenas testar esta afirmação questionando aqueles que dizem tais coisas, com este slogan, sobre o que eles sabem sobre Jesus? Na maioria das vezes, sua versão de Jesus não se parece, nem remotamente, com o relato bíblico. Isto significa que eles não O conhecem de forma alguma, sem falar de outros tópicos teológicos importantes, tais como infabilidade bíblica, eleição divina e governo de igreja. O que precisa dizer é: “Dê-me Jesus através da exegese”.

Uma repudiação de teologia é também uma recusa de conhecer a Deus através do modo prescito por Ele. O conhecimento da Escritura — conhecer sobre Deus ou estudar teologia — deve estar cima de tudo da vida e pensamento humano. A teologia define e dá significado a tudo que alguém possa pensar ou fazer. Ela está cima de todas as outras necessidades (Lucas 10:42); nenhuma outra tarefa ou disciplina se aproxima dela em sinificância. Portanto, o estudo da teologia é a atividade humana mais importante.



Extraído e traduzido de Systematic Theology, de Vincent Cheung, páginas 8-11.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 04 de Janeiro de 2005.



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