Cristo no Período Mosaico

por

Rev. José Maurício Passos Nepomuceno


Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar”. (Deuteronômio 18.18)

O período mosaico é uma referência ao tempo em que viveu Moisés. Contudo, deve permanecer subentendido que o situamos, mais especificamente, no período de concessão da Lei de Deus - os Dez Mandamentos e toda a estrutura legal de Israel, recebida e assimilada no sopé do Monte Sinai e na peregrinação pelo deserto. Nesse tempo, o povo de Israel sofreu a forte influência da personalidade marcante e do caráter messiânico do ministério de Moisés.

Durante esse período, muitas figuras apontavam para Jesus, tais como a rocha donde brotou água, a serpente levantada para cura dos que foram picados pelas víboras do deserto, o maná que caía do céu etc. Portanto, essa foi uma época, tipologicamente falando, muito rica em figuras que apontavam para Cristo Jesus; e, dentre tantas figuras de conteúdo messiânico, apontaremos aqui para Moisés, o profeta messiânico.

Moisés, servo do Senhor, serviu como um tipo de Jesus Cristo, sendo aquele homem que exerceu as funções primordiais do serviço messiânico: profeta, sacerdote e rei. No entanto, foi a sua função profética que o ligou mais fortemente à figura de Cristo.

O nascimento de Moisés traz, no contexto do seu acontecimento histórico, um valor grandioso para o entendimento do cumprimento da promessa pactual do “proto-evangelho”. Toda a dramaticidade que envolve o nascimento de Moisés, a morte dos pequeninos e a maneira preciosa com que Deus o guardou, provocam nossa mente a pensar na semelhança entre esse fato e a perseguição de Herodes aos pequeninos no tempo de Jesus.

Não creio, no entanto, que devamos conceituar o nascimento de Moisés como uma tipificação do nascimento, não menos dramático, de Jesus. Mas, devemos nos lembrar que há uma guerra declarada entre a semente da serpente e a da mulher, e isso caracteriza o contexto da realização profética em que está envolto o nascimento de Moisés.

O nascimento de um filho dos hebreus sempre significou a possibilidade do surgimento de um libertador. O livro do Êxodo, que registra a história de Moisés e demarca o tempo da concessão da Lei de Deus, começa com uma perspectiva diferente das narrativas do Gênesis, pois aponta para uma semente, a dos israelitas, que havia crescido enormemente após a chegada da família “messiânica” ao Egito - a família de Jacó.

É digno de nota que a Bíblia ressalte o valor do nascimento de Moisés e o descreva nos termos de sua dramaticidade. Não somente o livro do Êxodo, mas também escritores neo-testamentários destacam o surgimento de Moisés no contexto da realização da promessa e apontam para a sua ligação com o Cristo (Ex 2.1-10; At 7.20-25; Hb 11.23-27). Assim, o cumprimento da promessa da Aliança – o surgimento do Descendente – sai da esfera familiar e ingressa num contexto nacionalístico com a formação da nação dos hebreus.

Moisés destacou-se como agente messiânico e pactual, exercendo simultaneamente os três ofícios pactuais (profeta, sacerdote e rei) e, por isso, pode ser considerado como um dos maiores agentes messiânicos do Velho Testamento. Mas, como já dissemos, foi como profeta que a sua função messiânica tornou-se mais efetiva.

A tarefa de Moisés era conduzir o povo para fora do Egito, da casa da servidão, com a finalidade de que, como uma nação, servisse a Deus, o grande EU–SOU. Nessa árdua tarefa, vemos Moisés se desgastando na obra de Deus e, em muitas ocasiões, sendo o mediador entre Deus e o povo, tanto nos momentos em que o Senhor lhes quer servir derramando bênçãos, como nos momentos de punição, em que o Senhor segreda a Moisés os seus planos e este intercede em favor da nação.

Provavelmente, alguns israelitas mais piedosos poderiam afirmar: finalmente, chegou-nos o libertador prometido e a cabeça da serpente será esmagada! Mas, com a experiência cada vez mais aguda no deserto, onde toda uma geração morreu, esses mesmos homens talvez começassem a duvidar do cumprimento da promessa de Jeová a Abraão.

Foi confiado na promessa de Deus a Abraão que muitas vezes Moisés suplicou a misericórdia do Senhor para o pecado do povo. Na ocasião em que o povo fez o bezerro de ouro - provocando a ira do Senhor, o qual ameaçou matar a todos - Moisés clamou: “Lembra-te de Abraão, de Isaque e de Israel (Jacó) Teus servos, aos quais, por Ti mesmo tens jurado e lhes disseste: Multiplicarei a vossa descendência ...para que a possuam (a terra) por herança eternamente”. Mais uma vez, vemos que o princípio da multiplicação da semente deveria ser considerado a bênção de Deus, pois desta semente, Deus suscitaria o Descendente que derrotaria duma vez por todas os inimigos.

Moisés caminhava à frente de uma nação de coração duro e ouvidos moucos, que resistia à voz do Senhor. Foi a ele que Deus disse: “suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos...”. Quando Deus faz essa afirmação, está apontando para o fato de que a descendência de Israel receberia um outro libertador, maior que Moisés, ao qual o povo ouviria a voz.

Esse profeta estaria intimamente ligado a Moisés, pois o Senhor afirma: “...semelhante a ti”. A infinita graça de Deus estaria presente na vida desse rebento prometido e seria a sua voz poderosa para falar da parte de Jeová: “...em cuja boca porei as minhas palavras”. Assim prossegue a saga da Aliança, e o Cristo continuaria presente na mente e coração de cada filho de Deus, que o aguardaria ansiosamente pelo seu nascimento.

Moisés, como todos nós sabemos, morreu antes de entrar na terra prometida. Em seu lugar foi nomeado líder do povo o vigoroso Josué, que em sua submissão às ordens de Deus também prefigurava o Descendente prometido. Oséias, que significa “salvação” ou Josué, que significa “Jeová livra”, são os nomes deste grande líder, que iria à frente da nação, dirigindo-a e guiando-a até a prometida possessão (Dt 31.3), assim como O SENHOR fará com o seu povo. Mas, essa é uma outra história e num outro momento poderemos abordar o tempo, a pessoa de Josué e a sua personificação do Cristo.



›› Material escrito para o boletim da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa

›› Agradecemos o autor, Rev. Maurício Nepomuceno, pelo envio e permissão da publicação do presente artigo. O Rev. Nepomuceno, pela graça de Deus, é um dos nossos colaboradores.


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