Mais um Ensaio sobre a Aliança

por

Sérgio Paulo de Lima

 

“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra”. (Gênesis 12.1-3)

Nos últimos tempos, temos visto igrejas se formando em todos os lugares, apresentando um Deus que parece estar dissociado do que aprendemos sobre ele na Bíblia. É o Deus das soluções estáticas e sobrenaturais, e pregações ecoam em muitos lugares, anunciando essas “soluções”.

A existência de falsos profetas, reconhecida pela Bíblia, reivindicando o fato de serem inspirados por Deus e falarem em seu nome, torna necessária a existência de alguns testes pelos quais eles possam ser conhecidos e distinguidos dos verdadeiros profetas.

Com o objetivo de abordar o macro, a partir do micro, eu olho para a igreja de hoje, ao mesmo tempo em que estudo sobre a igreja de nossos pais, e procuro traçar um paralelo entre as duas. O ideal seria que elas andassem de forma semelhante – com as mesmas práticas. Que a segunda fosse a continuidade da primeira. No entanto, vejo a enorme distância que as separam. E não é apenas o tempo decorrido.

Deus teria mudado a sua maneira de agir? O Deus que é apresentado hoje é o mesmo de ontem? Será que os praticantes da religião cristã estão interpretando a Deus corretamente?

As suas atitudes nem sempre têm correspondido com o que a Bíblia têm ensinado, por isso, a apreciação de Gênesis 12.1-3 tornar-se necessária, principalmente para ver, se a aliança de Deus com Abraão tem implicação para nossa vida hoje, ou não, e também ponderar se o Deus que está sendo apresentado hoje é o mesmo Deus da aliança – e se estamos dentro do mesmo pacto – que chamou Abraão, ou se ele mudou ajustando-se a alguma situação contemporânea.

O que motivou Deus a fazer uma aliança com Abraão? Devemos aceitar como história narrada ou como fábula? O povo que ouviu, ou leu, teria entendido a mensagem? E nós, a entendemos?

Ao longo dos anos, o livro de Gênesis, que é fundamental para toda a Bíblia, por ser o livro que revela a origem de todas as coisas, tem sido atacado, tanto por sua historicidade quanto por sua autenticidade. Isso, porque na história da humanidade sempre houve quem se levantasse para questionar a inerrância e a infalibilidade das Escrituras. Mas através de evidências históricas, documentais, arqueológicas e bíblicas podemos encontrar base para confiarmos em Gênesis.


Quem é o autor fundamental?

Os hebreus deram-lhe o nome de “Bereshith”, devido à sua primeira frase “No princípio...”; no período talmúdico, o livro foi conhecido como o livro da criação do mundo. O título “Gênesis”, se encontra na versão do Antigo Testamento Grego, a LXX, traduzida por judeus em Alexandria, no Egito em 250 a.C.; conforme a tradução de Gn 2:4 (tradução: Este é o registro das origens do céu e da terra). [1] E Jerônimo em 382 d.C. apenas transliterou da LXX, para a sua versão Latina, a Vulgata, o título “Liber Genesis”. E este título é utilizado pela maioria das Bíblias que receberam influência das línguas latina e grega, como o inglês, espanhol, francês e português. [2] O livro leva este nome em virtude de ter como conteúdo a narrativa da origem do universo e do homem na obra criativa de Deus [3] , e em particular da aliança que compõe o povo redimido por Deus. [4]

O livro de Gênesis traz aos seus leitores o conhecimento de fatos importantíssimos para a compreensão do universo, e da aliança do Senhor com o seu povo. Também o conhecimento da origem de todas as coisas, do céu, da terra, do homem, o pecado, o dilúvio, a aliança..., Gênesis é a base, a porta pela qual Deus inicialmente se fez conhecido ao seu povo. Por isso diz-se que Gênesis foi dado como uma instrução divina. [5]

Podemos ressaltar a importância de Gênesis em três áreas principais: [6]

Em relação à história: Descreve a origem de toda a criação apontando ser Deus o seu autor, e delineando uma linha contínua da raça humana a partir de Adão, relatando fatos importantes como a queda, as genealogias, o dilúvio, a aliança, a confusão das línguas em Babel, os patriarcas, a ida do povo de Israel para o Egito. Todavia, não é intenção de Gênesis apresentar a história completa de todas as nações, mas somente o relato especializado da implantação do reino teocrático no mundo e do plano de redenção da humanidade. [7] O livro também explica o cosmo, e atribui a um único relato “a primeira causa” do universo. [8]

Em relação à literatura: Por ser uma obra literária hebraica, é um trabalho que interessa diretamente aos hebreus, já que ela descreve o desenvolvimento da nação Israelita, e também de outros povos no mundo. [9] O livro segue um plano lógico e procura evitar detalhes desnecessários. Os personagens são sempre apresentados como seres humanos reais, descrevendo seus defeitos e pecados cometidos, nunca como figuras mitológicas; a sua importância é ainda maior e mais clara, pelas freqüentes referências feitas a ele nos demais livros da Bíblia. [10]

Em relação à teologia: Gênesis apresenta a pessoa e caráter de Deus. Mostra a presença de Deus como o Senhor que governa, providencia e coopera na história do mundo, e a forma de como ele se relacionou com o homem desde o princípio. Relata a criação e queda do homem, as alianças e promessas divinas de trazer a humanidade à redenção por meio de um redentor. Onde se apresenta o “Proto-Evangelho”; possui também temas proféticos, apontando para o redentor, através de tipos de Cristo.

Gênesis também apresenta o início da “Lei oral”, quando o povo e os patriarcas começam a receber as normas de Deus, as quais ele estabeleceu em sua aliança. [11]

Quanto à autoria desta obra, mesmo que alguns críticos a considerem anônima, a tradição da comunidade judaica e da Igreja Cristã, afirmam que Moisés é o autor de Gênesis, e também de todo o Pentateuco. Não está subscrito, e nem há nenhuma introdução, ou declaração de que a obra pertença inteiramente a Moisés; contudo, podemos obter evidências convincentes internas e externas que confirmam Moisés como o autor de Gênesis.

Mas quando se afirma que Moisés escreveu, ou que é o autor de Gênesis, não se quer dizer necessariamente que ele pessoalmente tenha escrito cada palavra que ali se encontra. [12] Admite-se:

· Que existe a possibilidade do uso de fontes orais e escritas sob orientação divina;

· Que Moisés poderia ter usado escribas, ou amanuenses para registrar os relatos. Admitindo isto, não se quer dizer que tenha delegado poder a outros escritores para a produção de parte do Pentateuco.

· Que pequenas inserções e mudanças no Pentateuco podem ser admitidas sem que se negue a unidade e autoria mosaica da obra, como por exemplo, Deuteronômio 34, pode ter sido escrito por Josué, após a morte de Moisés, pelos seguintes motivos:

a. Analogia de 1 Samuel 25:1;
b. Moisés não teria registrado sua própria morte;
c. A tradição judaica, afirma que foi Josué quem escreveu sobre a morte de Moisés. [13]

Por isso devemos fazer uma diferença quando dizemos que Moisés foi o autor real, ou fundamental do Pentateuco; e levando em conta as possibilidades apresentadas, para a composição do livro, podemos afirmar que, substancial e essencialmente, Gênesis é produto de Moisés, embora ele tenha empregado porções de documentos antigos já existentes, e o uso da tradição oral. [14] Young expressa isso nas seguintes palavras citando Wilson:

"Que o Pentateuco, conforme se encontra, é histórico e data do tempo de Moisés; e que Moisés foi seu autor real, ainda que talvez tenha sido revisado e editado por redatores posteriores, adições essas tão inspiradas e tão verazes como o resto, não há dúvida (A Scientific Investigation of the Old Testament, 1929, p. 11). [15] "

A mensagem para os primeiros ouvintes

Moisés escreveu Gênesis para ensinar e apontar na história de onde o povo de Israel havia descendido, quem era o Senhor, Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e onde na história havia se processado a aliança do Senhor com Israel. Um povo influenciado pelo paganismo egípcio, que possuía um conhecimento muito confuso e obscuro do Deus e de seu pai Abraão. Este povo que agora peregrinava no Deserto do Sinai, liderado por Moisés, o qual os levaria até os arredores do Monte Sinai, onde o Senhor “estabeleceria a aliança com os israelitas, que nada mais era do que uma confirmação, codificação e ampliação do Pacto feito com os patriarcas.” [16]

Moisés queria transmitir ao povo de Deus que o Senhor havia no passado feito uma aliança com Abraão; que o Senhor havia tirado ele do meio de um povo pagão, chamando e separando-o, para uma aliança; e que fez promessas. [17]

A aliança inicialmente havia sido feita com Abraão, e se estendido aos outros patriarcas, e agora era transmitida ao povo de Israel formalmente. “A vocação de Abraão era agora a vocação de Israel, diríamos a escolha e a eleição de Abraão se cumpria agora na escolha e eleição de seu povo.”[18] Havendo uma continuidade na aliança, por causa da Fidelidade do Senhor a sua palavra.

O propósito desta passagem além de apresentar a origem de Israel, a aliança com seu povo, também apresenta qual é o papel do povo eleito, no mundo. Que a libertação de Israel da escravidão, retirando-os do meio de um povo idólatra, como o fez com Abraão, e o levando para a Terra Prometida, não era uma mera separação, mas uma separação para serviço. [19] Da mesma forma que Abraão foi o mediador da aliança anterior, tipificando Cristo, agora o Senhor escolhe Moisés para ser o mediador de Israel diante dEle. E Moisés, descreve Abraão, e a aliança do Senhor, para dar um referencial, de qual aliança eles faziam parte, e de qual aliança Moisés, agora era o Mediador. [20]

Assim, a mensagem para o povo era que eles tomassem consciência que eles tiveram origem no plano divino de uma maneira toda especial, eles foram eleitos pelo Senhor para serem o Seu povo e como descendentes de Abraão haveriam de possuir a terra que lhes era prometida e assim eles deveriam também ser canal de bênção para as demais nações, eles deveriam cumprir a ordem que foi dada a Abraão: “Sê tu uma bênção!”

A teologia empregada na mensagem

Os capítulos de Gênesis 12 a 36 apresentam três indivíduos (um pai - Abraão; um filho – Isaque; e um neto - Jacó) que representam as primeiras três gerações de uma família que Deus escolheu para abençoar. Eles não foram escolhidos porque eram bons. Eles foram escolhidos na base do testamento soberano de Deus – ou seja, a Soberania de Deus. Até mesmo, porque em algumas situações, são eles culpados por terem um comportamento pouco ético, não obstante, Deus se mantém leal à promessa dele. [21]

Deus tem um plano – e nesse plano há uma aliança. O “descendente” é o centro do seu enfoque, enquanto acrescenta muitos aspectos novos. O fato de que é repetido e renovado tão freqüentemente em Gênesis 13, 15, 17, 22, 24, 26 e 28 também constitui outra razão porque os teólogos do Antigo Testamento devem achá-lo de grande significado. [22]

Assim, percebe-se que a teologia do texto de Gênesis 12.1-3 está intimamente ligada à doutrina da aliança como a base mais forte desta doutrina.

Outro ponto fundamental é que teologia da redenção fica mais especificada, deixando claro o propósito da nação de Israel como canal de bênção, e que a redenção do homem seria concluída através da “semente de Abraão”, sendo, portanto, revelado que o Messias, isto é, Jesus Cristo viria da linhagem de Abraão e que ele era a “sua semente”.

A doutrina da Eleição também é nitidamente verificada nesta passagem, Deus escolheu Abraão e a sua semente, levando-o sair de Ur e trazendo-o à terra prometida de Canaã, fazendo uma aliança perpétua lá com ele e seus descendentes, prometendo que a semente dele deveria ser uma bênção para toda a terra (Gn. 11:31-12:7; 15; 17; 22:15-18; Ne. 9:7; é. 41:8). Se a eleição estivesse baseada em mérito e não em graça. Jacó nunca teria sido qualificado! [23] E nisso, podemos verificar a iniciativa de Deus revelando um amor onipotente e livre. [24]

O Senhor mantém relações pactuais com a humanidade, e “a Bíblia é o registro permanente das relações pactuais de Deus com a humanidade através dos séculos.”[25] No texto escolhido (Gn 12:1-3) encontramos nitidamente o Senhor se revelando, indo em direção ao homem, para estabelecer sua aliança com ele. E nessa atitude encontramos os fatores que compõem a aliança. [26] Em seguida será apresentada tanto a teologia como alguns fatores da aliança do Senhor com Abraão.

Deus busca o homem

Em todos os casos onde se encontra registrado que o Senhor estabeleceu sua aliança, a começar no pacto da criação. Em lugar algum do registro divino, se encontra escrito que o homem quis buscar a Deus por iniciativa própria, pelo contrário, sempre é Deus quem soberanamente traz o homem até ele.

Deus requer santidade

Abraão vivia no meio de um ambiente pecaminoso, e certamente era influenciado por ele, embora Deus providencie uma separação honrosa, com a morte de seu pai (Gn 11:32), e depois quando ele o separou de Ló (Gn 13:7-18), o Senhor soberanamente fez com que Abraão ficasse em Canaã, enquanto Ló escolhe para si, as campinas do Jordão (vs. 12). Abraão deveria perder aquele referencial de vida (pecaminosa), e se tornar um referencial de vida conforme a vontade do Senhor (Santo).

Deus recompensa pela obediência

Pela fé Abraão obedeceu, foi um abençoado e um abençoador, e todos os que se relacionassem com ele deveriam respeitar-lhe como agente ou representante do Senhor, e seriam abençoados por isso; caso contrário receberiam a justa punição pela sua arrogância e desrespeito. Quando Abraão obedeceu pela fé, em reposta ao chamado de Deus, que é eficaz, ele recebeu graciosamente várias promessas, tanto espirituais, quando materiais. Então, entendemos que o Senhor nos chama, nos convence de nossas necessidades espirituais, e muda nossa natureza. Ele nos dá fé e assim nos capacita a obedecê-Lo, e mesmo sendo tudo isso de forma graciosa, ele nos recompensa pela nossa obediência, pelo fato de sermos seres morais e termos com responsabilidades diante dEle.

Deus promete bênção e maldição

Não podemos dizer de forma inconseqüente que todas as promessas da Bíblia são para os salvos, pois nela existem promessas de bênção e maldição. Aos participantes da aliança a sua desobediência gera disciplina do Senhor, mas para os que estão fora dessa aliança, gera a ira de Deus, vindo a merecida punição. Em circunstâncias financeiras, os ímpios podem ser prósperos, mas há diferenças enormes entre eles e os servos do Senhor (Sl 34, 37, 73); espiritualmente os ímpios estão mortos, sem ligação nenhuma com Deus, mas os servos do Senhor possuem vida, pois estão numa relação pactual com Deus.

Deus separa o seu povo para o serviço

Quando Deus nos separa, ele exige santificação negativa e positiva. Santificação negativa, pois devemos abster-nos de toda forma do mal, e até de sua aparência (1Ts 5:22). Na santificação positiva, devemos obedecer aos preceitos do Senhor, trabalhar ativamente, praticando o que é bom e agradável ao Senhor. Obedecendo e levando outros a obedecerem também. Sendo luz para iluminar, sendo imitadores de Cristo para que outros vejam em nós o referencial de vida divino, e nos imitem, não como modelo de perfeição, mas de transformação de vida.

Deus nos fez herdeiros da aliança

Paulo expõe isto de forma clara e objetiva interpretando a promessa de Deus a Abraão (12:3), nos capítulos 9,10 e11 de Romanos, quando ele descreve quem é a verdadeira família da aliança.

Quando Moisés escreveu Gênesis, tinha esse objetivo comunicar aquele povo, que eles eram os descendentes de Abraão segundo a carne, e também espiritualmente, embora nem todos, muitos foram nitidamente rejeitados e exterminados no deserto por causa de sua rebelião contra Deus, mesmo sendo israelitas.

Deus nos fez abençoados e abençoadores

Uma vez abençoados, sempre propagadores da bênção. Quando Pedro diz que somos “geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa” (1Pe 2:9) significa que nos tornamos agentes da bênção do Senhor, pois agora o mundo é abençoado através do corpo de Cristo no mundo. Nossa comunhão com Deus nos faz abençoados e abençoadores.

Para pensar...

O homem, ainda no Éden, desacreditou das palavras de Deus; não quis mais ser servidor, e em sua revolta, quis tornar-se igual a Deus; transgrediu a aliança, quebrou sua ligação com Deus. No entanto, Deus não revogou a aliança. Ao contrário, “providenciou a expiação para a culpa da revolta e restauração da Ordem Divina com restabelecimento do convívio do homem com o Criador.” [27] Isso aconteceu ao longo da história, na qual, Deus separou uma família, se revelou a ela, sustentou-a na sua aliança, conviveu com ela e lhe prometeu inúmeras bênçãos. Dessa família, surgiria uma nação, e o seu patriarca (Abraão), seria denominado “amigo de Deus”. Boanerges Ribeiro, no livro Aliança da Graça, conclui:

“Eles creram nas palavras e nas promessas divinas e foram, patriarcas e povo de Israel, receptores de revelações divinas e elos de ligação histórica com o grande evento redentor da expiação e sua seqüência, a Nova aliança. Por isso lemos em Hebreus 11.8:

“Pela fé Abraão, sendo chamado obedeceu indo para um lugar que havia de receber como herança; e saiu sem saber para onde ia”.” [28]

Portanto, quando Deus faz uma aliança com Abraão ele não está apenas providenciando um meio da humanidade caída se voltar para ele, mas também está revelando como é grande o Seu amor por Sua criação. Deus chamou Abraão, lhe fez promessas pessoais e espirituais, mas deixou o cumprimento de tais promessas condicionado à obediência de Abraão, motivando assim, a responsabilidade pessoal de Abraão.

As promessas que Abraão recebeu dizia respeito à sua vida física e também sua vida espiritual. Deus também ordenou a Abraão para que fosse uma bênção. E que em Abraão seriam abençoadas todas as famílias da terra. Quando Deus chamou Abraão do meio de um povo idólatra, não indicava um isolamento, um ascetismo, mas separou Abraão para ser bênção e canal de bênção para outros. Assim, ele deveria cumprir seu papel estabelecido por Deus, isto é, ser uma bênção. Isso é aplicado a nós, hoje. Nós também somos “filhos de Abraão”, e devemos ser bênção para as pessoas, temos de ser o canal de Deus por onde fluem as bênçãos dEle para as pessoas. As pessoas devem ver em nós algo que as motivem a se arrependerem, a confessarem seus pecados e se converterem também ao Senhor.

Jesus Cristo é o “descendente” de Abraão, é o clímax da bênção de Deus. Nós devemos refletir a nossa filiação em Abraão pela fé em Cristo, aceitando o senhorio de Cristo, pois nEle nos tornamos participantes da aliança de Deus em Abraão. Por isso desfrutamos os mesmos benefícios de Abraão e temos também as mesmas responsabilidades de Abraão, isto é, devemos ser uma bênção. O cristianismo deve ser praticado no dia-a-dia, resultando em boas obras.

Assim, a aliança do Senhor sempre vigorará. Mesmo que os homens queiram que Deus mude, que ele se torne mais complacente, mais tolerável para com os pecados do povo e que por mais que os falsos mestres de hoje ensinem e apresentem um “Deus” diferente, mutável, o nosso Deus, o Deus da aliança, o Deus das Escrituras sempre será imutável.

A aliança do Senhor envolve promessas e preceitos que se não forem devidamente observados, trarão sérias conseqüências e sérios castigos a qualquer um que desobedeça a Sua aliança.

Se a aliança é a ordem divina para a humanidade, não como direito adquirido, mas como favor divino, os que tiverem fé nas palavras do Criador, viverão com Deus. Os que transgredirem as instruções do Senhor, serão separados do seu convívio.

Por isso, concluímos que:

Moisés foi o autor não só de Gênesis, mas de todo o Pentateuco em aproximadamente 1450 e 1445 a.C. Há opiniões de autores que negam esta autoria, mas os seus argumentos, além de prejudiciais a integridade da Bíblia são falhos e frágeis. E a ocasião da escrita se deu quando o povo de Israel estava deixando o Egito, sendo liderado por Moisés. A mensagem original foi escrita para eles, com o objetivo de instruí-los sobre as verdades fundamentais divinas e sobre a aliança de Deus para com a nação. O objetivo histórico era produzir uma narrativa autêntica da origem do homem ao ser criado por Deus, sua queda no pecado e as conseqüências, e a introdução do reino de Deus.

O contexto situacional do povo de Israel era de completa ignorância sobre as suas origens e principalmente sobre Deus. Abraão ao ser chamado por Deus recebeu promessas difíceis de serem cumpridas, pela lógica humana, mas, mesmo assim, creu e obedeceu ao chamado de Deus. Percebemos também como Deus se preocupou em preservar uma linhagem que mantivesse um remanescente fiel. Vimos também, como é importante a vida de Abraão e a aliança abraâmica no decorrer de toda história bíblica, sendo citado até mesmo por Jesus e pelos apóstolos.

A passagem é rica na sua estrutura e na sua teologia, formando uma base sólida para várias doutrinas teológicas. Tendo verificado estes aspectos, pudemos aplicar o texto à nossa vida prática, concluindo que o Deus da aliança não muda, Deus fez uma aliança com Abraão e se mantém fiel a esta aliança. Ainda que os homens mudem, ainda que os homens quebrem esta aliança, Deus se mantém fiel à aliança, fiel à sua palavra.

Que Deus nos abençoe e nos ajude a praticar todos estes ensinamentos e não deixá-los apenas como um conhecimento a mais, mas pelo contrário, que o conhecimento possa nos levar a uma prática cada vez mais séria da Palavra de Deus.

Que Deus nos abençoe para que tenhamos condições de defender a fé de nossos pais, e não sucumbamos às práticas contemporâneas que negam o pacto de Deus e suas implicações, bem como a imutabilidade de Deus.


NOTAS:


1 R. K. Harrison, Introducción ao Antiguo Testamento, (Jewison, Michigan, T.E.L.L., 1990), Vol. I, p. 542
2 H. C. Leupold, Exposition of Genesis, (Gran Rapids, Baker house, 1987), p.5
3 S. A. Ellisen, Conheça Melhor o Antigo Testamento (São Paulo, Ed. Vida, 1996), p.15
4 G. L. Archer, Merece Confiança o Antigo Testamento? (São Paulo, Vida Nova, 1991), p.88
5 Van Groningen, From Creation to Consumation, p. 128.
6 D. A. Cardoso, Introdução ao Pentateuco e a Gênesis, (apostila) p. 5
7 D. A. Cardoso, op. cit.,p. 5
8 Ibidem, p. 5
9 Ibidem, p. 5
10 R. N. Champlim, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia,(São Paulo, Ed. Candeia, 1991), vol. IV, p.882
11 D. A. Cardoso,op. cit. p. 5
12 E. J. Young, Introdução ao Antigo Testamento,(São Paulo, Vida Nova,1964),pp. 47-48
13 S. M. Arruda, Isagoge do Velho Testamento, (Apostila não publicada) pp. 19-20
14 O.T. Allis, The Five Books os Moses, (Phillipsburg, New Jersey, Presbyterian and Reformed Publising CO., 1964), pp. 12-14
15 E. J. Young, Op. cit., p.52
16 W.C.Ferreira, Esboço de Teologia Bíblica, (Campinas, Luz Para o Caminho, 1985), pp. 59
17 G. Van Groningen, op. cit., p.124-125
18 W.C.Ferreira, op. cit., p. 59
19 G.VanGroningen, op.cit., p.125
20 Ibidem, p. 177
21 Hamilton, The New International Commentary on the Old Testament – The Book of Gênesis – Chapter 1-17. p. 43.
22 Kaizer. Teologia do Antigo Testamento. p. 42.
23 Hamilton, The New International Commentary on the Old Testament – The Book of Gênesis – Chapter 1-17. p. 43.
24 The New Bible Dictionary, (Wheaton, Illinois: Tyndale House Publishers, Inc.) 1962.
25 Ibidem, p. 56
26 G. Van Groningen, From Creation to Consumation, (Apostila, St. Louis, Missouri, Novembro/1990), Parte II, pp. 306-308.
27 Boanerges Ribeiro, A Aliança da Graça, (São Paulo, Associação Evangélica Reformada Presbiteriana, 2001) p.13
28 Ibidem, ibidem.

 

Fonte: Revista Pensador Cristão


www.monergismo.com

Este site da web é uma realização de
Felipe Sabino de Araújo Neto®
Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê.

TOPO DA PÁGINA

Estamos às ordens para comentários e sugestões.

Livros Recomendados

Recomendamos os sites abaixo:

Academia Calvínia/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela /Textos da reforma / Thirdmill
Editora Cultura Cristã /Edirora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova