Conselhos para Crentes Fracos (Condensado)

por

Rev. Richard Baxter

 



INTRODUÇÃO

Prefácio: Dedicatória do livro à Igreja de Kidderminster.

Introdução: Tarde demais para ocultar as fraquezas dos cristãos.

O Texto: “Ora, como recebestes a Cristo jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo eem ações de graça” (Cl 2:6-7).

A Doutrina do Texto: Aqueles que salvificamente receberam ao Senhor Jesus Cristo, ao invés de descansarem neste estado como se tudo já houvesse sido alcançado, devem passar o resto de seus dias andando nele, enraizados e edificados nele, confirmados na fé como os apóstolos ensinaram, e abundando especialmente em alegres louvores ao nosso Redentor.


I. O QUE É SER CONFIRMADO NA FÉ


O que não é?

Um crente confirmado, ao contrário de um crente fraco, não deve ser avaliado: 1) Pela ausência de todas as dúvidas e temores. 2) Nem pela sua eminência na estima ou observação do homens. 3) Nem por seu poder de memória. 4) Ou pela liberdade de expressão na oração, pregação ou discurso. 5) Ou por sua postura e cortesia para com os outros. 6) Nem por seu temperamento quieto, calmo, agradável, e livre de alguma precipitação e paixão a que outros temperamento são mais tendentes. 7) Nem pela capacidade fingida, mas que agrada aos homens, de refrear a língua, impedindo-a de revelar a corrupção da mente, e de suprimir todas as palavras que poderiam fazer com que os outros soubessem quão perverso é o coração. Há muitos dons louváveis e desejáveis, os quais não evidenciam tanto a sinceridade com relação a graça; e muito menos o estado de confirmação e estabilidade.


O que é?

Confirmação consiste no elevado grau daquelas graças que caracterizam um crente, e este elevado grau se manifesta nas suas práticas: 1) Quando a santidade é como que uma nova natureza em nós, nos dá prontidão para atos santos, nos torna livres e prontos para tais atos e os torna fáceis e familiares para nós; enquanto que o crente fraco sente dificuldade, e mal consegue compelir e forçar sua mente à estas ações. 2) Quando há constância e frequência de ações santas; que demonstram vigor e estabilidade de inclinações santas. 3) Quando estas graças mostram-se poderosas para suportar oposições e tentações, podem superar os maiores impedimentos no caminho, tirar proveito de toda resistência e desprezar as mais esplêndidas iscas do pecado. 4) Quando tais graças estão ficando cada vez mais firmes, e inclinam a alma mais e mais próximo de Deus.; quando o coração torna-se mais celestial e divino, e estranho para o mundo e para as coisas terrenas. 5) E quando as coisas celestiais são mais doces e agradáveis à alma, e são procuradas e usadas com mais amor e prazer. Todas estas coisas mostram que as operações da graça são vigorosas e fortes, e consequentemente mais constantes.


Manifestações da Confirmação na Fé

No entendimento, na vontade, nos sentimentos e na vida. A mente adquire maior compreensão da veracidade, excelência, natureza, razões, propósitos, ordem e utilidade da verdade. A vontade passa a ser dirigida por essa compreensão, livrando-a de dúvidas e relutâncias consideráveis, sendo constantemente inclinada para as coisas do alto, passando a responder com mais prontidão e prazer à vontade de Deus. Os sentimentos procedem desta vontade, e estão prontos para assistí-la, motivá-la e serví-la, e a impulsionar-nos aos deveres necessários. O coração torna-se sensível para com a Palavra de Deus, para com Seus servos, Suas graças e Seus caminhos, e contra todo pecado. Quanto à vida, passamos a considerar a nós mesmos, nosso tempo, e tudo o que temos, de Deus e não nosso, e somos inteiramente e sem reservas entregues a Ele, vivendo para o Seu inteiro agrado, inteiramente submissos à Sua vontade.


II. INCENTIVOS PARA QUE VOCÊ SEJA CONFIRMAÇÃO NA FÉ

1. Compromisso de Prosseguir. Cristo como um médico e capitão. Quem vai a um médico é por que está disposto a submeter-se ao tratamento. Quem se apresenta como voluntário no exército é porque está disposto a lutar.

2. Se não houver desejo de progredir a conversão não é sadia. A graça não é verdadeira se não houver desejo de maior porção dela.

3. Quanto labor seria desperdiçado e quantas esperanças frustradas! (nossos e daqueles que se preocupam e empenham por nós)

4. Quanto da obra da salvação ainda está por acontecer! Nós encontramos o caminho certo, mas ainda há uma jornada para caminhar. Escolhemos o melhor comandante e estamos em companhia dos melhores soldados; mas ainda há muitas batalhas para combater. Se somos realmente cristãos, sabemos que ainda há muita corrupção para resistir e conquistar, muitas tentações para vencer e muita obra necessária por fazer; e esta obra é tão necessária quanto a obra inicial (de conversão).

5. Os fracos estão normalmente cheios de inquietações, e vivem sem aquela convicção do amor de Deus e aquela paz espiritual e conforto que outros desfrutam.

6. São os crentes fortes e confirmados que fazem verdadeiro uso e se beneficiam de todas as ordenanças de Deus. Carne só é digerida por um estômago sadio.

7. A condição terrível em que o mundo se encontra. Se formos crentes fracos, ao invés de podermos ajudar, nós é que precisaremos do cuidado e empenhos dos outros. São poucos os que podem ajudar uma multidão que se encontra em profunda miséria espiritual. Que lástima, se estivermos desqualificados para ajudá-los. Se, realmente almejamos a conversão das pessoas, o melhor a fazer é nos empenhar para tornar-nos crentes fortes e confirmados, habilitando-nos para sermos instrumentos de Deus para ajudá-los.

8. Isto não é tudo; se formos crentes fracos, não apenas estamos inabilitados para servir a igreja; como também a maioria dos problemas e divisões na igreja são provocados por pessoas que se encontram neste estado.

9. A nossa fraqueza, instabilidade e inabilidade espiritual desonra a Cristo. Enquanto a graça em nós for fraca, a corrupção será forte. Até onde posso lembrar, uma das principais barreiras para a conversão dos homens e uma das principais causas de empedernimento dos ímpios em seus maus caminhos é quando os piedosos são tidos por impertinentes, não pacíficos, gananciosos, orgulhosos e interesseiros. Nós deveríamos ser tais, que Deus e a Igreja pudessem orgulhar-se de nós diante do acusador. Ó se Ele pudesse dizer de nós o que disse de Jó: ‘‘Observaste a meu servo Jó? porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal’’

10. Pior do que isso; além de desonrar a Deus, podemos facilmente tornar-nos instrumentos de Satanás, para a promoção de seus terríveis desígnios de oposição a Deus. Eu afirmo, com vergonha e dor no coração, que o excesso de fraqueza e a instabilidade de crentes professos têm sido instrumentos mais poderosos de Satanás para a consecução dos seus desígnios, para obstáculo do evangelho, para a vituperação do ministério, para divisão da igreja e impedimento de reformas espirituais, do que a maioria de notórios profanos!

11. Enquanto formos fracos e não confirmados, encorajaremos os ímpios nas suas falsas esperanças, por sermos tão parecidos com eles. Enquanto não perceberem mudanças substanciais, os descrentes não serão de modo algum estimulados a mudar de vida. Pelo contrário, serão estimulados a permanecer no pecado.

13. Devemos considerar, por outro lado, que se não formos crentes fortes, e a graça de Deus não brilhar em nossa vida, estaremos roubando a Deus e a Igreja da Glória que lhes são devidas. A graça de Deus em nossa vida é um dos meios apontados por Ele para a honra do Seu Filho, do Seu evangelho e da Sua igreja, e para a convicção e conversão dos pecadores. Portanto, se não usarmos esses meios, estaremos roubando a Deus e a igreja daquilo que lhe é devido, e privando os pecadores de um dos meios de salvação. ‘‘Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.’’

14. Já consideramos as coisas difíceis que ainda poderemos vir a sofrer neste mundo? Como poderemos enfrentar as tempestades desta vida, se formos crentes fracos e instáveis? Se não nos fortalecermos no Senhor e na força do Seu poder, como poderemos ficar firmes contra as ciladas do diabo? Se não nos revestirmos da armadura de Deus, como poderemos resistir no dia mal, vencer tudo e permanecer inabaláveis?

15. As mesmas razões que nos moveram no início a nos converter, deveriam mover-nos, agora, a sermos crentes fortes e prósperos espiritualmente. Se naquela época foi razoável deixar tudo por Cristo e segui-lO, certamente também é igualmente razoável que O sigamos até o fim, até alcançarmos aquela santidade a qual é o propósito pelo qual a princípio O seguimos. Ou será que Deus nos decepcionou, nos frustrou? Nós O temos experimentado. Que mal Ele nos fez, para ficarmos vacilantes em obedecê-lO e avançar, progredindo na fé? Será que colhemos dele alguma coisa do que nos arrependemos ou envergonhamos?

16. Além disso, agora ainda temos as experiências que anteriormente não dispúnhamos para estimular-nos. À princípio, apenas pela fé, viemos a Cristo. Agora, que já temos experiência da graça salvadora e santificadora de Cristo vamos estacionar - ou pior, retroceder? Agora, que já experimentamos a redenção, a remissão dos nosso pecados, a adoção, e incontáveis experiências da suprema riqueza da graça de Deus em bondade para conosco, vamos acomodar-nos, ou andar com passadas menores do que as que inicialmente demos? Jamais; Deus nos livre disso! A medida que o tempo passa, nossos passos devem ser mais largos e firmes. ‘‘A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.’’

17. Muitos de nós têm que considerar, que já estão há bastante tempo na família e escola de Cristo. Se fossemos principiantes, poderíamos apenas ser exortados a crescer, mas não reprovados por não havermos crescido. Mas muitos de nós, na verdade, devido ao tempo decorrido, já deveriam ser mestres, bem qualificados, preparados e treinados na palavra da justiça. Para muitos de nós, já era tempo de amarmos mais a Cristo, termos mais intimidade com o nosso Deus, e obedecermos e sermos mais dócil e facilmente guiados e ensinados pelo Seu Espírito. Devemos considerar não somente o tempo decorrido, mas também os meios de graça que temos usufruído. Temos tido a oportunidade de ler bons livros; temos tido o privilégio de conhecer, ouvir e comungar com homens de estatura elevadíssima. Deus tem nos dado a bênção de nos cercar dos piedosos. Apesar de tudo isso, não vamos progredir na fé, até alcançarmos uma estatura mais digna da vocação a que fomos chamados?

18. Também deveríamos ser incentivados ao considerar o quanto outros têm progredido, em menos tempo e com muito menos meios de graça do que Deus tem nos proporcionado. Os santos do AT tinham muito menos luz que nós, e muitos deles alcançaram uma estatura muito superior à nossa. Muitos não têm tido as oportunidades que temos e, contudo, alcançam maior determinação, firmeza e piedade do que nós.

19. Consideremos também que a nossa santidade é da mesma natureza da que teremos na glória, embora não no mesmo grau. Portanto, se não estamos desejosos de progredir, isso dá a entender que não temos amor por nossas almas nem pelo próprio céu. Como podemos almejar a santidade na glória, se não a desejamos ardentemente aqui?

20. Consideremos também, que quanto menor for a graça, menor será a glória; e que quanto maior for a santidade, maior a nossa felicidade, aqui e na glória.

21. Consideremos ainda a infinita grandeza, bondade e magestade de Deus. Oh, se tivéssemos apenas um vislumbre da sua glória! Se conhecêssemos melhor a magestade de Deus, saberíamos que para Ele, o melhor é muito pouco e que a leviandade não é tolerável no Seu serviço. Lembremo-nos das Suas palavras a Arão, depois de haver fulminado a Nadabe e Abiú, por terem apresentado fogo falso diante do altar: ‘‘Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo.’’

22. Considerem também que um preço extraordinariamente alto foi pago pela nossa redenção: o precioso sangue de Cristo.

23. Consideremos também que a glória prometida no evangelho é extraordinária, e que vivemos na esperança de tomar posse dela para sempre. Que a grandeza dessa esperança se manifeste na determinação, integridade e diligência de nossas vidas.

24. Consideremos também que não foram poucas nem pequenas as misericórdias que recebemos de Deus. A Sua misericórdia nos trouxe ao mundo; a Sua misericórdias nos nutriu, e nos tem defendido, mantido e provido abundantemente. Nossos corpos dependem dela; nossas almas foram restauradas por elas; ela nos deu a nossa existência; nos resgatou da miséria; nos salva do pecado, de Satanás e de nós mesmos.

25. Consideremos também, que os auxílios e meios de graça que nos são dados para progredirmos na santidade e obediência a Deus são extraordinariamente grandes: as Escrituras, a oração, os sacramentos, a comunhão dos santos etc.

26. Há uma exigência extraordinariamente grande sobre nós. Deus não recebe qualquer pessoa. Devemos portanto conformar-nos aos termos dEle para que sejamos participantes da sua salvação.

27. Consideremos também a grande prestação de contas que teremos que fazer, quando formos levados à presença do Deus vivo, e toda a nossa vida, pensamentos e caminhos forem relembrados, e virmos as coisas que sucederão, e que aguardam o Juízo Final. Então não haverá lembrança vaga; todas estarão bem vivas.

28. Consideremos também o grande empenho empregado com relação às futilidades da vida. Quanto esforço para alcançar honras e riquezas neste mundo; para satisfazer a carne; para acumular tesouros sobre a terra; e quanto labor pela comida que perece. Oh, quanto empenho portanto deveríamos demonstrar pelos tesouros celestiais e eternos!

29. Consideremos ainda quão diligentes deveríamos ser, visto que é certo que jamais iremos tão alto nem seremos tão diligentes, embora tenhamos feito o melhor que pudermos. Sim, aqueles que mais progredirem, ficarão tão aquém que lamentarão não ter alcançado mais. Os maiores santos da terra confessarão lamentando quão pouco é o amor deles por Deus em comparação com o que deveria ser.

30. Finalmente, consideremos quão grande é o nosso compromisso para com Deus. a) Estamos mais estreitamente relacionados com Cristo do que quaisquer outros. b) Estamos compromissados com Ele por votos e alianças mais freqüentes do que quaisquer outros homens. Os lugares onde nos ajoelhamos, oramos e fizemos promessas, serão testemunhas contra nós se não ficarmos firmes com Deus. c) Fomos nós que desfrutamos do cerne das misericórdias de Deus. Outros tiveram apenas as migalhas que caíram das nossas mesas. Outros tiveram apenas as graças comuns; mas nós tivemos as grandes e especiais misericórdias que acompanham a salvação. d) Nós temos o Espírito e uma vida divina dentro de nós, os quais o resto do mundo não conhece. Certamente Aquele que nos fez novas criaturas e nos fez participantes da natureza divina, espera algo de divino nos nossos sentimentos e devoções. e) Além disso, é para nós mais do que outros que a Palavra e mensageiros de Deus são enviados. Nós fomos escolhidos do mundo para a salvação; e não responderemos a esta graça eletiva, admirável, tornando-nos admiravelmente diferentes daqueles que perecerão, quanto à excelência, mansidão, humildade, auto-negação e piedade? f) Além disso, conhecemos mais e temos mais experiências para assistir-nos do que outros. Outros apenas ouviram da hediondez do pecado, mas nós a sentimos; outros ouviram falar do desagrado de Deus, mas nós o experimentamos quando nossos corações foram quebrantados. Não provamos nós da doçura do amor de Cristo? E não nos maravilhamos com as insondáveis riquezas da sua graça? g) Mais, o mundo espera muito mais de nós do que de quaisquer outras pessoas. Deus espera mais de nós; porque nos deu mais e pretende fazer mais conosco. h) Mais ainda, o próprio Deus se orgulha de nós e conclama o mundo a observar a a nossa excelência. Ele nos colocou como luz do mundo para sermos contemplados pelos outros. Ele nos chama, neste mundo, de ‘‘raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamarmos as virtudes daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz.’’ i) Consideremos esta como a maior motivação: Deus não apenas nos exalta e se orgulha de nós; Ele também fez de nós imagens vivas de Si mesmo, do Seu Filho Jesus Cristo, do Seu Espírito e da Sua santa Palavra. E assim, Ele se expôs, ao Seu Filho, ao Seu Espírito e a Sua Palavra a ser apreendido pelo mundo através da nossa vida. j) Consideremos, finalmente, que os servos fiéis de Cristo são poucos. Logo, se nós não honrarmos o evangelho, ninguém o fará. Se nós não vivermos vida exemplar no mundo, quem o fará?


III. CONSELHOS PARA QUE VOCÊ SEJA CONFIRMADO NA FÉ

1. Certifique-se de que o fundamento (alicerce) foi bem estabelecido, tanto na cabeça quanto no coração; ou de outro modo você jamais poderá alcançar a confirmação nem ser salvificamente edificado. É tolice tentar edificar um prédio de boa estatura sobre fundamentos deficientes.

2. Não pense que, uma vez convertido, tudo está feito; mas lembre-se de que a obra do cristianismo apenas iniciou, e deve durar enquanto você viver. Eu admito que, quando um homem é verdadeiramente convertido, o perigo principal já não mais existe; ele está seguro no amor e cuido de Cristo, e ninguém poderá tirá-lo das suas mãos. Mas isto é apenas parte da verdade; a outra parte também deve ser reconhecida, junto com esta, ou estaremos nos enganando a nós mesmo Há ainda uma grande obra a ser realizada; e a santidade é o caminho da felicidade. Muito cuidado e diligência é requerido de nós. Que nós seremos salvos por Cristo não é mais certo, do que seremos guardados na fé, amor, e santa obediência a Ele.

3. Certifique-se de que compreendeu em que consiste sua confirmação e crescimento, a fim de que não se engane, buscando outra coisa no lugar da verdadeira confirmação; nem aconteça pensar que já é um crente confirmado, quando não é; nem, por outro lado, seja desnecessariamente inquietado quanto a isso, quando na verdade já é um crente confirmado.

Confirmação no Entendimento: A confirmação e crescimento nesta área, consiste nas sete partes a seguir: a) Em uma compreensão das grandes verdades essenciais da fé, fundamentada em evidências mais sólidas, válidas e significativas. b) Em uma apreensão mais clara das mesmas razões e evidências da verdade que se via antes. As melhores razões, evidências e argumentos do mundo podem operar muito pouco naqueles que as compreenderem apenas superficialmente. c) Em compreender a ordem correta e lugar de cada verdade. Muito da utilidade e excelência de verdades particulares consiste na relação que têm umas com as outras. O próprio coração e vida de vocês não ficarão em boa ordem se a ordem das verdades recebidas for mal compreendida. Pois as verdades de Deus são os próprios instrumentos da santificação de vocês; a qual, não passa do efeito sobre o entendimento e vontade de vocês dessas verdades pelo Espírito Santo. As verdades são o selo e a alma de vocês são a cera; a santidade, é a impressão feita. Se vocês receberem apenas algumas verdades, terão apenas uma impressão parcial. d) Em Discernir as mesmas verdades de modo mais prático do que antes, e perceber a utilidade de cada verdade, para que elas façam sua obra em seu coração e na sua vida. Um dono de casa pode conhecer tantas ervas, flores e frutos quanto um farmacêutico, e pode até chamá-las pelo nome, e reconhecer a aparência e beleza delas. Contudo, ele sabe pouco ou nada com relação a utilidade, para o que servem. Já o farmacêutico sabe que esta erva serve para esta doença e aquela para outra doença, e sabe como fazer uso dessas mesmas ervas para salvar a vida das pessoas, enquanto que outros homens as pisam como se fossem inúteis. Assim também, muitos homens não convertidos, podem conhecer externamente as doutrinas sagradas, mas não sabem que uso podem fazer delas. O crente fraco, por sua vez, conhece menos da utilidades dessas doutrinas, do que um crente maduro e confirmado. e) Em Crescer não apenas no conhecimento da utilidade das doutrinas, mas em como usá-las, a fim de que possa se beneficiar do valor delas. Muitas pessoas sabem para o que servem as ferramentas dos trabalhadores, embora não saibam como usá-las. Muitos conhecem a utilidades e valor das ervas e drogas, contudo não sabem como fazer um remédio delas e aplicá-las devidamente. f) Em Conhecer as mesmas verdades mais experimentalmente do que antes. Quando tiverem ‘‘a experiência de que o Senhor é bondoso,’’ vocês o conhecerão mais experimentalmente do que o conheciam antes. Quando provarem a doçura das promessas, do perdão dos pecados, da paz com Deus e das esperanças da glória, vocês terão adquirido um conhecimento mais experimental das riquezas da graça do que tinham antes. E quando tiverem vivido por um tempo em comunhão com Deus, de modo íntegro e incontaminados no mundo, vocês conhecerão a natureza e valor da santidade por meio de um conhecimento mais experimental e satisfatório do que antes. g) Uma maior estima das mesma verdades que conheciam antes. Isto será uma consequência das atitudes já mencionadas. Uma criança que encontra uma jóia, pode dar valor a ela pela beleza de seu brilho; no entanto, pode estar avaliando-a muito aquém do seu real valor.

Com isso eu mostrei a vocês o que é necessário para a confirmação e crescimento com relação ao entendimento, quanto as verdades que conheceram desde o princípio. Mas vocês também precisam empenhar-se para conhecer muitas outras verdades que não conheciam à princípio, e a alcançar o máximo que puderem da vontade revelada de Deus, e a não se satisfazerem com as verdades essenciais; pois todas as revelações divinas são preciosas e de grande utilidade, e não podem ser negligenciadas. O conhecimento de muitas outras verdades são de utilidade, também, para o nosso claro entendimento das verdades essenciais; e, também, para que nos apeguemos firmemente e pratiquemos essa verdades essenciais. Com relação a isso, devo dar-lhes mais alguns conselhos: a) Que vocês prossigam na ordem devida; dos pontos fundamentais àqueles que se seguem; e não pulem os pontos que se seguem em necessidade e importância, para questões mais elevadas e menos necessárias, antes que estejam preparados para elas. b) Atentem, também, para que recebam todas as verdades seguintes que forem ensinadas a vocês, como que fluindo e intimamente ligadas às verdades essenciais. Prosseguir desordenadamente tem provocado enormes malefícios à alma de milhares de pessoas, as quais se envolvem em controvérsias com relação a assuntos menores, antes de haverem compreendido a abundância de assuntos mais necessários os quais deveriam ter compreendido antes. Seguir por esse caminho será um desperdício ou, pior, engana o entendimento ao invés de informá-lo. Vocês não podem aprender a respeito das difíceis controvérsias teológicas, ou sobre a exposição de profecias obscuras, ou dúvidas doutrinárias, sem que antes tenham aprendido as muitas, grandes e necessárias verdades que precisam ser compreendidas primeiro.

Confirmação na Vontade: Consiste no seguinte: a) Quando, firmado em um bom entendimento e profunda consideração, você está mais determinada, habitual, absoluta e praticamente resolvido a submeter-se a Deus e a viver para a sua glória do antes. b) Quando você tem este mundo na mais baixa estima, e a maior e mais resoluta aversão a tudo o que tenderia a afastá-lo de Deus, e pode resistir às mais mundanas e carnais tentações com uma santa obstinação. c) Quando você é rápido em tomar resoluções santas, e não é levado por causa de uma tentação, por maior que ela seja, a imaginar uma desculpa para ceder a ela, e reduzir a marcha da corrida cristã; mas prossegue firmemente na realização de seus deveres, como se o tentador nada lhe tivesse dito e o mundo estivesse morto para você.

Confirmação nos Sentimentos: a) Os sentimentos (afeições) são vívidos, e não entorpecidos, de modo que você tem sede de Deus e dos céus com vigor e entusiasmo. b) Eles estão sempre à mão (são expontâneos), e não precisam ser excitados, não sendo necessário esforço para estimulá-los. c) Eles são puros e não misturados, tendo pouco do próprio temperamento humano e mais de Deus neles. d) Mas, principalmente (e esta é a característica mais segura para avaliá-los), eles são acompanhados pela confirmação e determinação de vontade já mencionada; pois os sentimentos religiosos devem ser avaliados mais pela vontade que os acompanha do que pelo fervor deles. e) E, finalmente, eles seguem a melhor direção do entendimento; são mais fervoroso com relação aos assuntos mais importantes, e não para com assuntos menores ou duvidosos; são obedientes e submetem-se à fé e à razão santa, e não são tão prontos a responder aos sentidos e a ser movidos por coisas físicas e carnais.

Confirmação na Conduta: a) Prontidão em obedecer. b) Obediência plena. c) Determinação de conquistar todas as tentações que poderiam perverter-nos. d) Uso diligente de todos os meios que podem confirmar-nos e fortalecer-nos mais. e) Conduta uniforme, constante e não misturada com escândalos, tropeços e desvios. f) Frutificação e utilidade para os outros, na medida dos nossos talentos; disposição para fazer o bem, e isto com todo o cuidado, sabedoria e diligência que pudermos. g) Espiritualidade, de modo que Deus seja o fim principal de tudo, e todos os atos movidos pela fé de quem considera os Seus atributos, e tudo faz à luz da bem-aventurança eterna. De maneira que nosso propósito seja firme para com Deus e percebamos que tudo fazemos, até mesmo as coisas comuns, para o Seu prazer, conforme a Sua vontade e para a Sua glória; e que o amor de Deus nos constranja em todas as nossas ações. h) Finalmente, a confirmação na conduta consiste no grau de honra que ela dá a Deus no mundo, como fruto de Suas graças internas; de modo que Suas graças, brilhando nas nossas obras, nossos Pai seja glorificado; e nos mostremos prontos para ir ter com Deus e encontrar-nos com o nosso Redentor, e ansiemos mais pela sua manifestação.

Conclusão: Por tudo o que eu disse, vocês podem compreender no que não consiste a estabilidade, vigor e crescimento na graça: a) Não consiste em especulações ou conhecimento de verdades menos importantes. b) Não consiste no mero fervor das emoções, pois estas podem ser mal orientadas vindo a provocar o mal e revelarem-se paixões meramente naturais, descontroladas ou pecaminosas. c) Não consiste meramente em temores e propósitos determinados pelo medo e contra a vontade. d) Nem tampouco consiste nos dons naturais. e) Nem ainda consiste em atos singulares não fundamentados e ativismo inusitado.

4. Progrida de modo descendente em humilhação; seja insignificante e pequeno aos seus próprios olhos; não pretenda ser importante e grande aos olhos dos outros; tenha sempre uma profunda apreensão da enormidade e perigo do pecado do orgulho; especialmente, do assim chamado orgulho espiritual. O edifício que não tiver um alicerce profundo, logo será abalado e derrubado. Cristo é o nosso alicerce; e é a humilhação que cava profundamente e O estabelece em nosso coração. A alma humilde reconhece nada ser e anela conhecer mais. Ela tem fome e sede de justiça, e portanto será satisfeita. Ninguém valoriza tanto a Cristo, a graça e os meios de graça quanto ela. Até as migalhas, que os orgulhosos rejeitam, são bem recebidas por uma alma humilde. ‘‘A alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce’’ (Provérbios 27:7)

5. Exercite-se diariamente em uma vida de fé em Jesus Cristo como seu Salvador, Mestre, Mediador e Rei; como seu exemplo, sua sabedoria, sua justiça e sua esperança. Não deixe que nenhum pensamento seja tão doce e freqüente em seu coração, nem nenhum outro assunto tão constante em sua boca (depois das excelências do Deus eterno) do que este que diz respeito a redenção do homem. Deixe Cristo ser para a sua alma o que o ar, a terra, o sol e o alimento são para o seu corpo, sem o que você não poderia continuar vivendo. Aprouve ao Pai que nele residisse toda a plenitude, e ‘‘é por meio dele que, sendo justificados pela fé, temos paz com Deus e acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes, e nos regozijamos na esperança da glória de Deus’’(Romanos 5:1-2). E é nele, o cabeça, que devemos crescer em todas coisas, de quem todo o corpo recebe seu crescimento (Efésios 4:15-16). Vocês não crescem mais em graça, do que crescem no verdadeiro conhecimento e uso diário de Jesus Cristo.

6. Deixe que o conhecimento e o amor de Deus e sua obediência a Ele sejam as obras da sua religião; e o gozo eterno dEle nos céus seja seu constante propósito e a motivação que governa seu coração e vida, a fim de que sua própria conversação seja com Deus nos céus. Um verdadeiro crente, ao fazer suas contas, certificando-se de que este mundo não faz ninguém feliz, foi guiado por Cristo a buscar sua felicidade com Deus nos céus. Habite com Deus, e habite nos céus, se você quiser compreender a natureza e propósito do Cristianismo. Que Deus seja tudo para você. Busque conhecê-lO, em todas as suas obras. Estude-O em sua palavra; estude-O em Cristo. E nunca O estude meramente para conhecê-lO, mas a fim de amá-lO e obedecê-lO.

7. Com relação a obra de mortificação, deixe que a auto-negação seja o princípio e o fim de todos os seus estudos, cuidados e diligência. Empenhe-se em compreender quanto do estado caído e depravado do homem é encontrado no pecado do egoísmo. Este amor-próprio é o grande inimigo de todo o verdadeiro amor a Deus e aos homens, e a raiz e coração da cobiça, orgulho, volúpia, e de toda iniquidade. Empenhe-se, portanto, durante cada dia da sua vida, a mortificar e vigiar este pecado.

8. Considere seus desejos carnais corrompidos como o maior inimigo da sua alma. Mortifique constantemente e a cada dia a sua natureza pecaminosa, e esteja vigilante contra suas concupiscências e apetites, com relação a cada um dos seus sentido. Lembrem-se de que os seus sentidos não foram feitos para governarem-se a si mesmos, mas para serem governados por uma reta razão. Pelo costume de agradar aos apetites e sentidos, você aumenta de tal modo seus desejos, que chega ao ponto de não mais conseguir negar ou desagradar suas demandas.

9. Fique atento para que você não ame o mundo ou qualquer coisa que nele há, para que seus pensamentos com relação a qualquer lugar ou condição que você possua ou espere possuir ou desfrutar, torne-se demasiadamente doce ou agradável a você.[2] ‘‘Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele’’ (1 João 2:15). Valorize todas as coisas terrenas, conforme elas o conduzam ao serviço do seu Mestre ou à sua salvação; e não segundo elas tendam a agradar sua carne. Você deve de tal modo viver pela fé, que não atente para as coisas temporais que se vêem, mas para as coisas eternas que se não vêem (2 Coríntios 4:18).

10. Não se lance intencionalmente às tentações, mas evite-as ao máximo; e se você, sem intenção, for lançado a elas, resista resolutamente, sabendo que elas vieram com o propósito de seduzí-lo na tentativa de arrancá-lo de Deus e da felicidade eterna e lançá-lo no pecado e no inferno. Procure discernir, portanto, a que tentações específicas você fica sujeito, com cada pessoa, relação, negócio, tempo, lugar e condição da vida; e vá sempre munido com os antídotos específicos para cada uma delas.[3] A tentação é o caminho para o pecado, e o pecado o caminho para o inferno. Se você percebesse o perigo em que se encontra quando se expõe deliberadamente à tentações, tremeria e correria para salvar sua vida. Eu já tenho por perdida a pessoa que escolhe a tentação ou que, podendo, não a evita. Compreenda, especialmente, quais as doenças e maiores perigos a que sua alma está sujeita; e guarde-se atentamente delas.

11. Se for possível, escolha para ajudar e guiar sua alma um pastor que seja criterioso, experiente, humilde, santo, piedoso, fiel, diligente, vigoroso e pacífico e não faccioso.[4] Não pensem que vocês são suficientes em si mesmos, sem a ajuda daqueles a quem Cristo designou como supervisores das almas de vocês. Contudo, há grande diferença entre um ministro e outro; tanta quanto entre médicos, advogados e pessoas que exerçam qualquer outra função. Assim, não pode haver a menor dúvida que se você é cuidadoso quanto a instrução, conduta e segurança da sua alma, deverá ter todo o cuidado quanto a quem escolherá para confiá-la. Lembre-se que Deus opera racionalmente através do homem de acordo com as suas qualificações, como um agente livre e racional, pela operação moral, e não como uma mera injeção física da sua graça.

12. Escolha para seus amigos pessoais e companheiros, crentes humildes, piedosos, sérios, que mortifiquem a carne, caridosos, pacíficos, judiciosos, experientes, e resolutos em seguir os caminhos de Deus; e não pessoas ímpias, ou orgulhosas, auto-suficientes, críticas, sectárias, não criteriosas, inexperientes, carnais, mundanas, opiniosas, superficiais, mornas ou meros professos da religião.[5] Que ajuda e alegria é ter um amigo santo, judicioso e fiel com quem podermos abrir o coração e caminhar juntos nos caminhos da vida! Por outro lado, quão difícil é escapar do pecado e do inferno e ir para o céu, na companhia e amizade dos servos do diabo, os quais estão a caminho do inferno!

13. Subjugue suas paixões e abomine todos os princípios e práticas intolerantes, e viva em amor; mantendo a paz na sua família, com seus vizinhos e, especialmente, na igreja de Deus. Ame como você gostaria de ser amado; sim, ame se quiser ser amado. Ame porque você é graciosamente amado por aquele Deus cuja ira você tão frequentemente merece. Deixe o sentimento de gratidão pelo Seu amor em Cristo transformá-lo todo em amor por Deus e pelos homens. Abomine cada pensamento, palavra ou ação que seja contrária ao amor e possa ferir os outros; e odeie a maledicência e palavras amargas de quaisquer pessoas, que tendam a tornar alguém odioso e a destruir seu amor por qualquer pessoa que Deus lhe ordena amar.

14. Mantenha sob constante vigilância os seus pensamentos e a sua língua, especialmente contra aqueles pecados a que você é mais tentado e nos quais você vê que outros cristãos caem mais frequentemente. Mantenha seus pensamentos ocupados com alguma coisa que seja boa e proveitosa; seja com algumas verdades úteis, seja com alguns deveres a Deus e aos homens, inerentes à sua vocação geral ou particular. Aprenda como vigiar seus pensamentos e a interrompê-los logo que comecem a enveredar-se por caminhos ruins; e a estimulá-los e torná-los úteis a cada graça e dever.

15. Que cada situação ou relação em que você se encontra nesta vida seja santificada para Deus, e assim usada. Para este fim, compreenda as vantagens e deveres de cada condição ou relação, e os pecados, impedimentos e perigos aos quais você é mais sujeito.[6] Os deveres inerentes às nossas situações e relações são parte importantíssima da obra de um cristão nesta vida: como autoridades ou cidadãos, como pastores ou rebanho, como pais ou filhos, maridos ou mulheres, senhores ou servos; como superiores em dons ou funções, ou inferiores ou iguais; como vizinhos ou colegas; ao ensinar ou aprender, ao comandar ou obedecer, ao comprar ou vender. Se você quiser viver como cristão, de modo aceitável diante de Deus, seja digno em quaisquer dessas condições ou relações. Se você for falso para com os homens, não pode ser verdadeiro para com Deus.

16. Viva como alguém que recebeu todos os seus poderes, dons e oportunidades, para com eles fazer bem no mundo; como alguém que haverá de prestar contar de como empregou o que recebeu; e como alguém que acredita que quanto mais bem fizer, mais receberá; e maior é a honra, proveito e prazer que tem na sua vida. Que fazer o bem seja o propósito e emprego da nossa vida. Prefiramos o bem público ao bem individual de qualquer pessoa; e o bem da alma do que o bem do corpo. Mas ainda assim, não negligencie nem um nem outro, mas faça o menos importante a fim de poder fazer o mais importante.

17. Empenhe-se em remir o tempo e valorize bastante cada minuto; não economize tempo em laborar para a sua salvação; não imagine que uma vida fácil, ociosa e preguiçosa é suficiente para o elevado e glorioso fim que é a salvação da sua alma. Ó, quão entorpecida é a condição estúpida do homem que não leva a sério o caminho da eternidade - aquela vida interminável de alegria ou tristeza que depende dos preparativos feitos em uma vida tão pequena. Quão pouco conhece do valor da sua alma, das alegrias do céu, da maligna diligência de Satanás, da dificuldade da salvação, aquele que pode ficar desperdiçar horas e horas. Aprenda a conhecer o valor de uma hora, para o bem da sua vida e de sua alma.

18. Pare para calcular o que pode custar-lhe ser verdadeiramente cristão e ser salvo. Não calcule baseado em prosperidade ou em uma religião barata; mas resolva tomar a cruz e seguir a Cristo no sofrimento, e em ser crucificado para o mundo e, através de muitas tribulações, entrar no reino dos céus.[7] Embora Deus possa poupá-lo de maiores sofrimentos pela sua causa, não é sábio ou correto esperar que isto aconteça; pois isto o impediria de preparar-se para o sofrimento. Quando provação vier sobre você, que ela não lhe seja alguma coisa estranha ou inesperada.

19. Se você cair em algum pecado, levante-se rapidamente por meio de completo e profundo arrependimento; e evite qualquer delonga ou cura paliativa. O que o Apóstolo disse sobre a ira, o mesmo eu digo com relação a outras quedas: não se ponha o sol sobre elas. Se seus joelhos se deslocaram, ou seus ossos quebraram, trate disso imediatamente, antes que se fixem fora de lugar. Que a cura seja completa, e não economize dor neste sentido. Que uma confissão pública, quando o caso requerer e uma completa restituição demostre a sinceridade do seu arrependimento.

20. Viva como que com a morte continuamente diante dos seus olhos, e gaste cada dia preparando-se seriamente para este momento, a fim de que, quando ela vier, você esteja pronto. Não se prometa vida longa; não pense na morte como se estivesse muitos anos adiante, mas como se à mão. Pense no que será necessário para sua paz e conforto naquele momento, e disponha toda a sua vida de acordo com isso. Prepare-se agora, para o que será necessário naquela ocasião.


CONCLUSÃO

Agora que dei a vocês estes conselhos, para concluir só posso pedir que vocês disponham seus corações para praticá-los diariamente; pois não há outro caminho para um estado maduro de confirmação na graça. Se vocês realmente têm consideração pela glória de Deus, pela honra da religião de vocês, e pelo bem da Igreja e daqueles à volta de vocês, e pela vida e morte confortadora de vocês mesmos, não acomodem-se preguiçosamente em um estado infantil de graça! Despertem a graça que foi dada a vocês, usem os meios que Cristo concede a vocês, e façam o melhor que puderem; e descobrirão que Cristo não é um médico insuficiente, nem um Salvador ineficaz, nem uma fonte vazia; mas que ele está cheio da plenitude de Deus, que ele tem espírito e vida para comunicar aos seus membros, e que não há nenhuma falta que ele não possa suprir e nenhuma corrupção ou tentação que sua graça não seja suficiente para vencer.


[1] Traduzido e condensado por Paulo R. B. Anglada, de Richar Baxter, “Directions to Weak Christians for their Establishment, Grouth and Perseverance,” in The Practical Works of Richard Baxter; Select Treatises (Blackie and Son, 1863; reprint, Grand Rapids: Baker Book House, 1981), 645-95. Direitos reservados.

[2] Ver Mateus 19:24, ‘‘É mais fácil passar um camelo por um buraco de uma agulha, do que entrar um rico no reino dos Deus’’; 1 Timóteo 6:9-10, ‘‘Os que querem ficar ricos caem em tentação e ciladas, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmos se atormentaram com muitas dores’’; e Mateus 6:19-21 e 24-34 (nota do tradutor).

[3] Ver Mateus 26:41, ‘‘Vigiai e orai para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.’’ Ver também 1 Coríntios 10:13, ‘‘Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel, e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.’’ Conferir ainda 1 Coríntios 7:5; Gálatas 6:1; Hebreus 2:18; 4:15; e Tiago 1:13 (nota do tradutor).

[4] Ver 1 Coríntios 3 (nota do tradutor).

[5] Ver Salmo 1:1, ‘‘Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores’’; Salmo 16:3, ‘‘Quanto aos santos que há na terra, são eles os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer’’; Salmo 101:6, ‘‘Os meus olhos procuram os fiéis da terra, para que habitem comigo; o que anda em caminho reto, esse me servirá’’; e o Salmo 119:63, ‘‘Companheiro sou de todos os que te temem, e dos que guardam os teus preceitos’’ (nota do tradutor)

[6] Ver 1 Pedro 2 e 3 e Efésios 5:15-6:9 (nota do tradutor).

[7] Ver Mateus 16:24; Lucas 9:23ss e 14:25-33 (nota do tradutor).


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