O Amor e seus Frutos
por
Ian Hamilton
Três pontos da exposição de 1 Coríntios 13 de Jonathan Edwards pregado na Conferência Reforma e Reavivamento de novembro de 2003 por Ian Hamilton, da Igreja Presbiteriana de Cambridge.
(1)
Jonathan Edwards era um cristão estratosférico, mas ele era preeminentemente um pastor e a principal de todas as suas preocupações para sua congregação era enfatizar para eles que o amor era a maior de todas as coisas. Todas as virtudes dignas tinham sido reunidas no amor cristão. A heresia do coração é uma força tão destrutiva na igreja quanto a heresia da mente. Com esta convicção Edwards pregou seus 13 sermões sobre “Amor e seus frutos” (Banner of Truth Press). Todos os dons espirituais, os permanentes e os temporários, não podem compensar um “jota” da abstenção do amor no coração. A fé trabalha pelo amor. O Senhor diz para sua igreja em Efésios: “Você deixou o amor que tinha no princípio”.
Edwards começa nos dizendo que o amor é o espírito cristão correto. Em Lucas 9 descobrimos que os Samaritanos rejeitaram a Jesus e seus discípulos queriam destruí-los com fogo. Jesus lhes disse que eles careciam do espírito que caracterizava a disposição cristã e a natureza do reino de Deus. O amor é a coisa principal. O amor é a luz e a glória ao redor do trono sobre o qual Deus está assentado. As pessoas fazem essa dedução de nós, quando elas visitam nossas igrejas? À medida que elas sentam em nossas igrejas e ouvem nossos ministros, por acaso elas pensam: “Que espírito de amor marca a vida dessa congregação!”?
Edwards continua dizendo que o amor testa nossas experiências. Os cristãos não se alegram neles mesmos, mas em Deus que é sua alegria excedente. A presença do amor em nossos corações testa nossas experiências.
O amor mostra o objetivo do espírito cristão – quão agradável e amável e bem comedido é – docemente moderado e amável. Agostinho nos diz que o que primeiramente penetrou em sua lembrança quando ele olhou para trás foi aquela bondade para com ele do pregador Ambrósio. A bondade tem penetrado e convencido mais pecadores que o conhecimento e a eloqüência.
O amor mostra o prazer da vida cristã – quão doce ela é. É fácil queixar-se e criticar quem ajuda. Quando uma crítica constante sobre um ministro chega até ele com algum outro murmúrio, ele responde “nunca tinha surpreendido você que eu poderia ouvir suas lamentações antes e diferentemente se viessem de uma vida que fosse mais auxiliadora e encorajadora?” Quando o amor de Deus é presente em nossas almas então o Espírito de Cristo cria o amor.
A abstenção do amor promove contendas. Pouco se duvida de que a fé reformada diga respeito ao espírito cristão quanto qualquer um dos cinco pontos. Não podemos ser humildes suficientemente para nos angustiarmos sobre nossas divisões e rupturas. Nós somos freqüentemente arrogantes sobre nossas dissensões. A abstenção do amor provoca muitas destas dissensões.
A vigilância e guarda devem se sobrepor a todo amargor e qualquer coisa que impeça o amor dos homens. Um cristão invejoso, malicioso, frio e de coração duro é a maior de todas as contradições. É como “brilho da escuridão”, ou “mentira verdadeira.” Um cristão desamável não é um cristão completamente.
Não é incrível que o cristianismo requeira de nós amar nossos inimigos. No sermão do monte Jesus fala daqueles que amam os que os amam. Não! “Amem seus inimigos”, ele os exorta, pois o amor é o cerne do cristianismo. Nós somos obrigados a fazer o bem para cada pessoa. Nós somos o reflexo do amor de nosso Pai no céu. Nosso salvador morreu por seus inimigos e experimentou o abandono de Deus por causa deles.
Nós estamos procurando cada vez mais o amor. Se seu coração está cheio de amor, ele encontrará passagem. Todas as suas atividades são feitas por amor a Deus e aos homens? Somos simplesmente sinos a tocar e címbalos ressonantes (1Co 13) sem amor. Eu poderia mover montanhas pela fé, e ainda estar sem amor. Então uma montanha movida pelo homem é nada. Eu realmente acredito nisso? O que uma igreja deve escolher quando confrontado, o poder que move montanhas ou o amor? Se eu não tenho amor então não tenho nada.
Então sem este amor, ou objetivo, ou a partida de nossas almas para Deus, toda a reforma e avivamento no mundo é como nada. Quão rapidamente todos os despertamentos na história correram para como estavam antes. Com sete anos do Grande Despertamento Jonathan Edwards foi demitido por sua congregação. Isto não é incomum. Em todas as nossas defesas precisamos marcar nos corações de nossa própria gente que tudo que não resulta de amor palpável para Deus é indigno. Nós exibimos tão pequeno amor por que o sentimos em pequena quantidade. O amor dará a saída, diz Edwards.
Toda vez que Deus concede uma pequena benção, os homens lhe atribuirão maior importância , o que sempre é uma decepção, pois o que nossos pais viram é que nós estamos crescendo na graça de nosso Senhor Jesus, e todo o resto está vazio. Quando vemos ruínas de igrejas vazias ou edifícios que abrigaram igrejas utilizados para outros fins, costumamos dizer, “afundou-se no naufrágio do liberalismo”, mas não devíamos estar dizendo, “há ausência de amor?”.
(2)Creio que minha grande necessidade como cristão é compreender a revelação básica de Deus. Falhas surgem por que não entendemos o básico. Se, por exemplo, vocês não entendem o significado bíblico da Justificação, então suas vidas devem ser preservadas de tanta insensatez que surge através das igrejas evangélicas. Amor é o sumo e substância do Cristianismo. Nós sabemos e acreditamos nisto, mesmo que seja um pouco nós conhecemos a graça e poder do amor em nossas vidas.
Quando Cristo estava dirigindo-se à igreja de Éfeso no livro do Apocalipse ele também estava falando com as igrejas de todas as eras. Éfeso era uma igreja espiritual estabelecida sobre o ministério de Paulo e Timóteo, uma congregação que tinha conhecido grandes bênçãos. “Conheço as tuas obras, tanto seu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus,” diz o Senhor “Tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.” Então a igreja trabalhou duro para Deus. Éfeso seria a voz da igreja reformada de hoje. Todavia, diz o Senhor a eles, “tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.” Não era suficiente acreditar nas coisas certas. Paulo os tinha avisado que algumas pessoas iriam se levantar dentre eles, distorcendo a verdade e levá-los para maus caminhos. Pureza de doutrina não é o grande fim em si mesmo, mas sim amor de um coração puro e fé sincera.
Em 1 Coríntios 13 Paulo exulta no amor cristão. A igreja do NT viveu unicamente ao tempo dos dons miraculosos. Eles sabiam que embora Paulo dissesse que falava a língua de homens e anjos, a influência natural do Espírito de Deus trabalhando o amor no coração era mais importante para o apóstolo do que todos os dons espirituais. Salvação é prometida para aqueles que têm as graças do Espírito, não os dons. Os grandes privilégios que Deus concedeu ao apóstolo Paulo ou à virgem Maria são como nada se comparados com o privilegio de ter Cristo em seus corações e uma disposição para amar. Há vezes em que as pessoas dizem algumas coisas sobre nosso ministério público como – “grande desempenho!” – mas sem amor no coração este desempenho não é nada. Os homens também podem manifestar grandes sofrimentos por suas convicções religiosas, mas sem amor no coração aqueles homens não são nada.
Deduções
- Não é a realização de trabalhos externos que não possuam neles mesmos nada digno sob a perspectiva divina. O Senhor não tem necessidade de nada. Mas o Senhor é o amante de nossas almas, e ama contemplando-nos por amor.
- Nós podemos nos exaltar e pensar de nós mesmos como melhores que outros em um bando de questões. Mas é absurdo acreditar que qualquer coisa possa maquiar a ausência do amor. Nós simplesmente criamos outro problema.
- Se nós temos uma grande aparência de respeito, isto será hipocrisia na ausência do amor. Todas as pregações de Edwards sobre o amor procuram nossos corações. Um copo de água gelada em nome do amor é mais digno na perspectiva divina do que um reino dado sem amor. Edwards não enfatiza a sinceridade como bem supremo. “Todos estes anos eu lhe tenho servido,” disse o irmão do filho pródigo a seu pai. Mas onde estava e integridade e a pureza? A verdadeira porção que o amor tinha em nossa sinceridade será reconhecida.
Então como é absolutamente necessário deixar o amor ser a maior coisa que você deva almejar, penso que não descansaremos com qualquer evidência do amor. Terminaremos onde começamos, em Apocalipse 2, onde o Senhor tem uma coisa contra nós, que deixamos o primeiro amor. Eu temo que tenhamos perdido o foco em algumas coisas – se a igreja de Éfeso perdeu o foco então certamente nós também podemos perdê-lo. Porque amor é a regra que governa nossas ações, e Deus não aprovará nada que careça de amor, não importando quão grande pareça a fé ou os dons para os homens.
(3)
Foi dito sobre Richard Sibbes que o céu estava nele antes de ele estar no céu. O que foi dito sobre ele pode igualmente ser dito sobre Jonathan Edwards. Seu contexto natural era declarar as excelências do amor de Deus em Jesus Cristo. Edwards não tinha nenhum prazer na morte de pecadores, mas sim em sua conversão. O ar natural que ele respirava era o generoso amor de Deus em Jesus Cristo. O clímax de sua exposição em 1 Coríntios 13 está em estado eterno em um mundo de amor, e Edwards produz uma correta doutrina do texto com aplicação e uso. O céu é um mundo de amor, ele diz. O que Edwards procurou nos dizer é que se este é o eterno estado estabelecido da igreja, para estar em um mundo de amor, então que outra coisa deve ser desejada para agora?Nossas igrejas estão nos preparando o suficientemente para este mundo de amor? Quanto mais repletos estivermos das coisas do alto estivermos, mais úteis somos na terra. Nós podemos não falar com as línguas dos homens e dos anjos e não ter grandes dons, mas se nós exibimos a igualdade familiar Deus pode nos usar para Sua glória. A causa e fonte do amor no céu é Jesus Cristo. O Espírito é o Espírito do amor divino e por sua influência todo santo amor é derramado grandemente em nossos corações. Cada membro da Trindade contribui para este amor no céu. Seu amor para com o próximo transborda para todos os habitantes do céu, e então todos no céu são amáveis.
A última trajetória da regeneração é consumir-nos na glória do amor divino, em absoluta conformidade com a imagem de Deus. O mundo deve saber que Deus enviou seu Filho para que nós nos amássemos. Pode existir um cristão professo, digno de fé, se não há amor? Como nós podemos olhar para nossas próprias congregações? Este amor está em seus corações? O amor lhes dará um poder evangelístico. Você ama e então você continua, e você serve, e voe fala. O amor não nos faz auto-indulgentes, sendo insinceros com os irmãos, mas ao contrário, o amor o envia para o mundo. Este amor fundamentará sua vida pelos irmãos. No céu não haverá nenhuma inveja, nenhuma malícia ou egoísmo.
Quando estamos lendo o último sermão de Jonathan Edwards, voltamos às palavras de Paulo em Filipenses 2 e o chamado para que a mente que estava no Servo Rei encarnado também esteja em nós. A mente de Cristo determina e submete e torna em nada o que nós podemos ter.
Edwards não está simplesmente estimulando nosso apetite para o céu. Ele está dizendo que se este é o nosso alvo – se o céu é tal qual o mundo que descrevemos – então a discórdia em uma igreja obscurece nosso testemunho para nosso glorioso destino. Isto é um desafio para todos nós. Como julgaremos a nós mesmo como cristãos? Devemos deplorar o sectarismo e o divisionismo. Não fomos salvos por acreditar em grandes doutrinas por acreditar em um Salvador , Seu sangue e justiça. É natural para um lobo aflige um cordeiro, mas quando um cordeiro aflige outro cordeiro, então isso é uma coisa monstruosa. Nós tratamos os filhos de Deus como seus filhos de verdade, e os irmãos e irmãs de Cristo como seus verdadeiros irmãos e irmãs. As marcas fundamentais são características do evangelho.
O Ego não mortificado é o grande obstáculo para a benção das igrejas de Deus. O Espírito Santo traz a santa graça do amor, e mortifica o que é pecaminoso em nós. O Espírito nos ajuda a mortificar o pecado. Ele não vem e diz que está vindo para fazer tudo por nós, mas antes Ele diz “vamos fazê-lo juntos.”
Edwards também aplicou esta verdade para não-crentes com exortações e avisos solenes. Edwards conclui com duas aplicações:
- Se o céu é tal qual um mundo de amor como tem sido descrito então nós que somos mínimos em amor somos o mínimo do céu e estamos distante dele.
- Deixe a reflexão do céu excitar-nos para procurá-lo:
a] Não deixe seu coração se deteriorar depois que as coisas da terra como seu bem principal;
b] Você deve falar com a divindade e as coisas celestiais e o Deus que lá habita;
c] Esteja contente em passar por dificuldades como você tem passado;
d] Em todo o seu caminho deixe seus olhos fixados em Jesus. Isto é a vida cristã;
e] Se você estiver no caminho do mundo do amor, olhe para sua vida como uma vida de amor , que você tem em união com Cristo aquele Espírito por Ele manifestado.
Avivamentos são também seguidos por declínio espiritual. Em poucos anos Edwards foi esquecido. A graça do Senhor estava nele, ele testemunhou sobre ela de um modo memorável. O amor é a maior coisa, a principal das virtudes cristãs. Nós sabemos que passamos da morte para a vida quando amamos nossos irmãos. Que Deus possa dizer de nós, “Veja como eles se amam”.
Traduzido por: Leandro Bachega
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