Os Livros Poéticos

por

Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki

            Este texto tem por propósito o estudo dos cinco livros do Antigo Testamento conhecidos como “Poéticos”. Não se nutre o desejo de originalidade, mas apenas um esboço didático para aqueles que, em poucas palavras, querem respostas rápidas, mas, pesquisadas em fontes seguras.

            Neste texto não foi usado as letras hebraicas por dois motivos: para facilitar aos leitores que não as conhecem; e, nem todos os programas de computador tem as mesmas “fontes” de letras hebraicas.

            Adota-se uma perspectiva conservadora. Embora também busco em obras liberais o que eles podem contribuir com seus estudos, não ignoro os seus pressupostos anti-sobrenaturalistas quanto a inspiração da Escrituras Sagrada.

 

 

1. Autoria

            Há algumas opiniões discordantes quanto à autoria desta obra. A tradição judaica (Baba Bathra 14b e 15a) declara que o autor foi Moisés do livro de Jó. Vejamos algumas objeções à autoria mosaica:

1.         A obra foi escrita no mesmo estilo de Provérbios (Mashal); este estilo literário teve início no período do reinado de Salomão.

2.         Se o livro fosse de autoria mosaica, sua posição no Cânon hebraico seria diferente. Jó é classificado como “Ketubim” (Escritos), e se encontra dentro do Texto Massorético entre o livro de Salmos e Provérbios. Se ele fosse uma obra mosaica, certamente seria colocado na mesma categoria que a Lei, ou subseqüente a ela.

3.         A Lei era a referência para as demais obras do AT, seria difícil que uma obra de natureza refletiva ou meditativa tenha sido escrita por alguém cuja principal ocupação era a legislatura, mas este argumento não é decisivo. Davi era um rei com uma sensibilidade poética aguçada.

 

Sobre a autoria parece mais sensato que a obra foi redigida no tempo de Salomão. Vejamos alguns argumentos em seu favor:

1.         Era uma época de paz em que as atividades literárias de sabedoria se desenvolveram. Um período propício para compor este livro.

2.         O livro de Jó tem o caráter dos livros da sabedoria (hokhmah). Os comentaristas Keil-Delitzch observam que “é um característica daquele período criador e incipiente da hokhmah, daquela época salomônica da ciência e da arte, do mais profundo pensamento em matéria de religião e da arte, do mais profundo pensamento em matéria de religião revelada e de cultura inteligente e progressiva das formas tradicionais da arte, duma época sem precedentes, em que a literatura correspondeu ao zênite da magnificência gloriosa para que o reino da promissão tendia.”[1]

3.         Há uma exaltação semelhante de sabedoria piedosa entre Pv 8 e Jó 28.

4.         O autor mostra uma clara preferência pelo nome Elohim (traduzido por “Deus”). O nome Yahweh ocorre somente duas vezes no cap. 1, uma vez no cap. 12, uma vez no cap. 38, três vezes no cap. 40, e cinco vezes no cap. 42. Isto associa com os escritos de Salomão que geralmente utiliza o nome Elohim, e menos o nome Yahweh.[2]

 

 

2. Data da Escrita

            Existem várias datas propostas:[3]

1.         Na época de Salomão: Keil, Delitzsch, Haevernick

2.         No séc. VIII (antes de Amós): Hengstenberg

3.         No princípio do séc. VII: Ewald Riehm,

4.         Primeira metade do séc. VII: Staehelin, Noeldeke

5.         Na época de Jeremias: Koenig, Gunkel, Pfeiffer

6.         No exílio babilônico: Cheyne, Dillmann

7.         No séc. V: Moore, Driver, Gray, Dhorme

8.         No séc. IV: Eissfeldt, Voltz

9.         No séc. III: Cornill

 

Adoto uma posição apoiada em evidências literárias. O livro foi escrito durante o reinado de Salomão. Os três amigos eram árabes. O local onde Jó residia era Harã, ao norte da Palestina, perto de Damasco. Não há qualquer referência à Lei de Moisés, ou registro de fatos da história judaica. “Jó pertence em pensamento e forma à corrente literária que se originou com Salomão; daí ter maior semelhança ao livro de Provérbios do que qualquer outro livro no Velho Testamento.”[4]

 

 

3. Gênero Literário

Quanto ao estilo literário Sellin-Fohrer observam que o livro

nos mostra que seu autor é um mestre da palavra raramente superado, um mestre dotado de poder de criatividade barroca e possuidor de elevada cultura, como nos indicam não só as imagens, numerosas e multiformes, que exprimem os sentimentos mais variados em um só e mesmo discurso, como também as expressões raras, ou que já nem mesmo se usavam.[5]

 

Samuel J. Schultz considera o livro de Jó como sendo “apropriadamente classificado como um drama épico. Apesar de que a porção principal da composição seja de natureza poética e tenha a forma de um debate, o arcabouço é escrito em prosa. Neste último, a narrativa provê a base para a discussão inteira.”[6]

 

 

4. Situação Histórica

            Jó foi um personagem histórico como indicam Ez 14:14 e Tg 5:11. Parece que Jó viveu no período dos patriarcas, embora, não se pode fazer nenhuma afirmação absoluta. Vejamos algumas evidências:

1.         Jó é identificado como um habitante de Uz, e não de um lugar fictício (1:1). As referências bíblicas a Uz sugerem um local a leste de Edom (Gn 10:23; Jr 25:20; Lm 4:21). A LXX traduz terra dos Aisitai, povo, que segundo o geógrafo Ptolomeu, se localiza no deserto da Arábia perto dos edomitas do monte Seir.

2.         Elifaz, amigo de Jó, era de Temã, localidade bem conhecida perto de Edom.

3.         Eliú pertencia aos buzitas, região perto dos caldeus;

4.         A riqueza é medida pela quantidade em animais. Isso nos lembra os dias de Abraão (Gn 13:1-11);

5.         A narrativa faz menção a uma época anterior à legislação do Sinai (1:5).

6.         A ausência de citações sobre as instituições israelitas, indica um cenário patriarcal.

7.         Jó viveu um modelo patriarcal de vida e religião.

8.         A idade avançada de 140 anos de Jó (42:16) está mais de acordo com a idade atingida pelos patriarcas.

 

 

5. Propósito

5.1. Propósito Didático

            Mostrar como Deus pode usar a adversidade, bem como a prosperidade para ensinar o seu povo, para se dar a conhecer a Si mesmo (Jó 42:5).

 

5.2. Propósito Teológico

Mostrar a soberania de Deus. Deus usa os piores ataques de Satanás para o cumprimento do seu santo decreto (Jó 42:2). O soberano Deus ilustra através da vida de Jó, que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28).

 

 

6. Estrutura do Livro

            1. O Contexto Familiar................. 1:1-2:13

            2. Lamentação de Jó......................... 3:1-26

            3. Discursos Com os Três Amigos.......... 4:1-31:40

                        1. primeiro ciclo de discursos...... 4:1-14:22

                        2. segundo ciclo de discursos..... 15:1-21:34

                        3. terceiro ciclo de discursos....... 22:1-31:40

            4. Discursos de Eliú............... 32:1-37:24

            5. Pronuncio do Senhor......... 38:1-42:6

            6. Conclusão........................... 42:7-17

 

            1. Prólogo (prosa)..................... 1-2

            2. Diálogos............................ 3-28

                        2.1. Lamento inicial de Jó........      3

                        2.2. Diálogo entre Elifaz e Jó.... 4-5; 15; 22

                        2.3. Diálogo entre Bildade e Jó... 8; 18; 25

                        2.3. Diálogo entre Zofar e Jó..... 11; 20

            4. Poema de sabedoria.................. 28

            5. Série de discursos.................. 29-42

                        5.1. Jó alega inocência........... 29-31

                        5.2. Discursos de Eliú............ 32-37

                        5.3. Discursos de Yahweh.......... 38-42:6

            6. Epílogo............................. 42:7-17

 

 

7. Análise do Conteúdo

            Sellin-Fohrer fazem uma preciosa contribuição em perceber que

o poeta de Jó não aborda o problema da Teodicéia, sob a forma do sofrimento merecido do justo, ou sob a forma da justiça de Deus, em contraposição com a experiência humana. Isto estaria em contradição com o pensamento concreto e subjetivo do israelita. Também ele não apresenta pura e simplesmente um acontecimento. Pelo contrário: trata-se aí de um problema vital: o problema da existência humana vivida no sofrimento; trata-se da questão sobre o modo de proceder corretamente dentro dessa existência. Jó vive o comportamento que lhe parece possível e correto. Os amigos querem ensinar-lhe um comportamento que, no seu parecer, é o melhor, e Deus o coloca diante do problema decisivo no que respeita a seu comportamento. (...) A narrativa que enquadra o poema interpreta o sofrimento como provação do homem que deve, por este meio, confirmar a sua piedade que alimentar até então. Os amigos de Jó atribuem a infelicidade às culpas do homem, e o convidam a se desviar do mal, a se voltar humildemente para Deus e a se converter radicalmente. (...) Passando por cima de todas estas opiniões – as ortodoxas e as heréticas -, o poeta de Jó, que faz Deus condenar, inclusive, os amigos de Jó, apesar de sua fé imaculada, e recomendá-los à intercessão daquele Jó que antes parecia tão herético, parte em busca de sua própria solução, a qual atesta a profunda influência da fé profética: a atitude correta do homem no sofrimento é o silêncio humilde, na plena entrega de si mesmo, brotando da paz com Deus, e baseada não somente na intuição de que o sofrimento decorre de uma intervenção misteriosa, impenetrável, mas inteiramente lógica de Deus, mas também na certeza da comunhão com Deus, a qual faz com que tudo o mais seja secundário.[7]

 

 

8. Unidade

            O livro demonstra uma unidade natural e estrutural.[8] Não há discussões quanto a este aspecto.

 

 9. Fatos Interessantes

1.         Jó é a maior de todas as obras dramáticas do AT.

2.         Nenhum livro da Bíblia revela tanto da pessoa e do caráter de Satanás.

3.         É citado explicitamente uma vez no NT (1 Co 3:19 – Jó 5:13).

4.         Implica que a terra é esférica (22:14), pendurada no espaço (26:7).

 

SALMOS

 

1. Título

            O título hebraico significa “livro dos louvores”. O título adotado pela LXX não é muito apropriado, pois a palavra Psalmoi (salmos) é a tradução da palavra hebraica Mizmor. O Codex Alexandrinus da LXX nomeia este livro de Psalterion. A Vulgata adotou o seu título apenas transliterando da LXX.[9]

 

 2. Autoria

            A tradição judaica Baba Bathra 14b declara “Davi escreveu o livro dos Salmos auxiliado por dez anciãos: Adão, Melquisedeque, Abraão, Moisés, Hemã, Jedutum, Asafe e três filhos de Coré”. Evidentemente que Davi ao compor os “Salmos” não teve a assistência destas pessoas. Esta afirmação deve ser reinterpretada, por não possuir qualquer fundamento histórico. Melhor do que nós, os “homens da Grande Sinagoga” que escreveram o Talmud, certamente, sabiam do distanciamento cronológico entre estes personagens bíblicos e Davi. Provavelmente, que Davi compôs muitos dos salmos, outros foram escritos durante o seu reinado e o reinado de Salomão, e os demais foram escritos num período pós-exílico. Há algumas considerações que devemos fazer ao confirmar a autoria davídica de muitos dos salmos:

1.         Algumas passagens do AT indicam Davi compondo cânticos para o santuário (1 Cr 6:31; 16:7; 25:1; Ed 3:10; Ne 12:24, 36,45-46; Am 6:5).

2.         Sabe-se que Davi foi talentoso músico.

3.         Davi também era poeta (2 Sm 1:19-27).

4.         Ele era um homem de profunda sensibilidade e riqueza de imaginação. “A riqueza da sua imaginação está patente na propriedade dos termos e nas freqüentes figuras que emprega”.[10]

5.         Davi era um homem piedoso, de sentimentos religiosos, com uma profunda percepção de quem Deus era e como Ele agia, um verdadeiro adorador de Deus. Os salmos não poderiam ser escritos por alguém que não amasse o Senhor, e que não tivesse de modo experimental conhecido ao Senhor.

6.         Era um homem vivido. Possuindo uma larga experiência de vida como pastor, soldado, músico, chefe, rei, administrador, poeta, pai, perseguido pelo seu rei (Saul), e traído pelo próprio filho (Absalão), com uma família atribulada e manchada de incesto e sangue. Ele estava apto para exprimir as alegrias da graça, e também as angústias do pecado.

7.         Davi era um homem capacitado pelo Espírito de Deus (1 Sm 16:13).

8.         É importante lembrar que Davi escreveu muitos salmos, mas não todos.

 

Geralmente através do título do Salmos[11] pode-se identificar o autor. A preposição hebraica l denominada pelos estudiosos de lamedh auctoris pode significar:

1.         escrito por

2.         pertencente à

3.         ligado com

4.         dedicado à

5.         a respeito de

 

Acerca deste assunto, mesmo os eruditos liberais Sellin-Fohrer aceitam que “a concepção de que, no caso dos salmos, se trate de um lamed auctoris, é reforçada pelo fato de que em várias passagens se indica a ocasião em que Davi deve ter composto um salmo, e que dificilmente se trataria de um comentário posterior.”[12]

 

O livro de Salmos é uma coletânea de escritos de diversos autores:

1.         Atribuí-se 1 salmo à Moisés (90)

2.         Atribuí-se 73 salmos à Davi (3-9, 11-32, 34-41, 51-65, 68-70, 86, 101, 103, 108-110, 122, 124, 131, 133, 138-145. 

3.         Atribuí-se 2 salmos à Salomão (72, 127)

4.         Atribuí-se 12 salmos à Asafe (50, 73-83)

5.         Atribuí-se 12 salmos aos Filhos de Coré (

6.         Atribuí-se 1 salmo à Hemã, o ezraíta (88)

7.         Atribuí-se 1 salmo à Etã, o ezraíta (89)

8.         São 48 salmos órfãos/anônimos

 

Autores sugeridos pelos tradutores da Septuaginta:

1.         Atribuí-se 15 salmos à Ezequias (120-134)

2.         Atribuí-se 1 salmo à Jeremias (137)

3.         Atribuí-se 1 salmo à Ageu (146)

4.         Atribuí-se 1 salmo à Zacarias (147)

5.         Atribuí-se 1 salmo à Esdras (119)

 

 

3. Os Títulos dos Salmos

3.1. Os títulos são indicadores da natureza literária de cada Salmo. Alguns títulos se referem ao uso litúrgico dos salmos a serem cantados em certas ocasiões. Há títulos descritivos da característica poética:

1.         57 salmos são chamados de Mizmor. Referem-se a música que deve ser cantada acompanhada de instrumentos de cordas.

2.         Shir, cântico de qualquer qualidade ou espécie, ocorre 30 vezes (46, 120-134).

3.         Mashkil, um cântico de especial qualidade, ocorre em 13 salmos, podendo significar vários tipos de cânticos: meditativos, didáticos (32).

4.         Miktam, salmo com idéia de lamentação pessoal (16, 56-60);

5.         Shiggayon só ocorre uma vez (7).

6.         Tephillah, significa “oração” (17, 86, 90, 102, 142);

7.         Tehillah, somente ocorre uma vez (145), significa “louvor”.

 

3.2. Títulos que indicam a direção musical:[13]

1.         Lamnatseach, é a palavra que vem ao titulo de 55 salmos. A Vulgata traduz “in finem”, e a Versão Almeida “para o cantor mor” (IBB), e “ao mestre de canto” (SBB).

2.         Neginoth, aparece em 6 títulos, sempre combinado com Lamnatseach. O termo significa “instrumentos de cordas”. Quatro dos títulos em que aparece, vem associado ao termo Mizmor.

3.         ‘Al hashsheminith, ocorre duas vezes, nos Sl 6 e 12, significa “sobre a oitava”.

4.         ‘Al ‘alamoth, se encontra no título do Sl 46, significa “instrumentos de cordas”.

5.         Gittith aparece em três títulos, podendo significar “canção de vindima”.

6.         Nehiloth, só ocorre no Sl 5, é traduzido pela SBB “para flautas”.

7.         Mahalath, literalmente significa “doença, aflição”, possivelmente, indicava um salmo fúnebre. No título do Sl 88 aparece como Mahalath Leannnoth, que a SBB traduz “para ser cantado com cítara”.

8.         Selah esta palavra não aparece nos títulos, mas no fim de algumas seções (Sl 46:7). Esta palavra chama a atenção por ocorrer 71 vezes no Livro I, 30 vezes no Livro II, 20 no Livro III, e 4 no Livro V.[14] É uma indicação musical, não para ser lida, mas significando uma pausa no cântico, para um interlúdio instrumental, ou, uma elevação de som (forte).

 

3.3. Treze salmos em seus títulos preservam a tradição histórica da vida de Davi, fornecendo o seu contexto:

1.         Salmo 3..... 2 Sm 15:1-18:33

2.         Salmo 18.... 2 Sm 22:1-51

3.         Salmo 30.... 2 Sm 5:11-7:29

4.         Salmo 34.... 1 Sm 21:10-15

5.         Salmo 51.... 2 Sm 11-12:1-25

6.         Salmo 52.... 1 Sm 22

7.         Salmo 54.... 1 Sm 23; 26:1

8.         Salmo 56.... 1 Sm 21:13-15

9.         Salmo 57.... 1 Sm 24

10.     Salmo 59.... 1 Sm 19:11

11.     Salmo 60.... 2 Sm 8:13; 1 Cr 18:12

12.     Salmo 63.... 2 Sm 15:23-28

13.     Salmo 142... 1 Sm 24:1-3

 

 

4. Classificação dos Salmos

O modo como podemos classificar os salmos é diverso. Nenhuma classificação é perfeita, mas todas são úteis e necessárias para entendermos os temas e ênfases dos salmos.

Hermann Gunkel foi o pioneiro a elaborar um esquema de classificação que divide o livro em cinco principais categorias, a partir do seu lugar vivencial (Sitz im Leben):[15]

1.         Hinos, como meio para adorar a Deus, podendo ser em solos ou coros. Salmos 8, 19, 29, 33, etc.

2.         Lamentos comunitários, por causa de alguma ocorrência de desastre nacional ou calamidade diante de Deus, quando apelam para o auxílio de Deus. Salmos 44, 74, 79, 80, etc.

3.         Salmos reais, que relatam acontecimentos importantes na vida dos reis hebreus. Salmos 2, 18, 20, 21, 45, 72, 89, 101, 110 e 132.

4.         Lamentos individuais, expressam anseios pessoais. Salmos 3, 7, 13, 25, 51, etc.

5.         Ações de graças individuais, recitados ou cantados em relação as cerimônias no Templo. Salmos 30, 32, 34, etc.

 

Roland K. Harrison propõe a possibilidade duma classificação a partir da experiência religiosa:[16]

1.         Salmos de oração, envolvendo pedidos de proteção, libertação, intervenção ou bênçãos.

2.         Salmos de adoração, por motivos gerais e específicos.

3.         Salmos penitenciais, incluindo a representação da confissão.

4.         Salmos de declaração de fé, em Deus como rei justo, um juiz ético, e governador do universo.

5.         Salmos homiléticos, dividido com sabedoria, poder divino, o verdadeiro serviço a Deus, e ao lugar da Toráh na vida nacional e individual.

6.         Salmos imprecatórios, constituindo uma resposta aos inimigos nacionais, e suplicando a Deus o exercício da justa retribuição.

7.         Salmos sobre problemas de ordem moral, envolvendo os sofrimentos dos justos, a prosperidade dos ímpios, e a esperança da imortalidade.

 

Arnold B. Rhodes realiza uma classificação mais detalhada dos

salmos:[17]

1. Hino de adoração

1.1. Adoração por motivos diversos: 100,113,117,145,150;

1.2. Adoração ao SENHOR da Criação: 8,19,29,104;

1.3. Adoração ao SENHOR da história

            1.3.1. A história da salvação: 68,78,105,106,111,114,149;

            1.3.2. O reinado de Deus: 47,93,96,97,98,99;

1.3.3. O reinado dos ungidos: 18,20,21,45,61,63,72,89,101,132,144;

1.4. Adoração ao SENHOR da Criação: 33,65,103,115,135,136,146,147,148;

1.5. Adoração ao SENHOR de Sião

            1.5.1. Em geral: 46,48,76,87;

            1.5.2. Canções de peregrinos: 84,122,134;

            1.5.3. Entrada em Sião: 15,24;

2. Orações em tempo de aflição

2.1. Lamentos do povo: 12,44,58,60,74,77,79,80,83,90,94,106,123,137;

2.2. Lamentos individuais

2.2.1. Em geral: 3,5,6,13,22,25,31,39,42-43,52,54-57,61,63,64,71,86,88,120,141,142

            2.2.2. Protestos de inocência: 7,17,26,59;

            2.2.3. Imprecações contra os inimigos: 35,59,69,70,109,137,140;

            2.2.4. Orações de Confissão: 6,32,38,51,102,130,143;

3. Declarações de fé: 4,11,16,23,27,46,62,63,90,91,121,125,131;

4. Cânticos de ações de graças

4.1. Gratidão da comunidade: 67,75,107,118,124;

4.2. Gratidão individual:18,30,32,34,41,66,92,116,138;

5. Poesia sapiencial:1,2,37,41,49,73,111,112,119,127,128,133,139;

6. Liturgias

6.1. Liturgias didáticas: 15,24;

6.2. Hino e benção sacerdotal: 134;

6.3. Liturgias reais: 2,20,110,132;

6.4. Liturgias proféticas

            6.4.1. Em geral: 12,75,85,126;

            6.4.2. Misto de Hino e oráculo: 81,95;

            6.4.3. Estilo livre de imitação de profecia: 14,50,82;

7. Poemas mistos

7.1. Adaptação de materiais antigos: 36,40,89,90,107,108,144;

7.1. Composições autônomas: 9,10,78,94,119,123,129,139;

 

 

5. Data de Compilação Final[18]

            Davi se preocupou em formar uma coleção dos seus salmos. Instituiu o seu uso litúrgico, determinando que fossem cantados no santuário (1 Cr 15:16-24; 16:4-43).

Podemos crer que Ezequias tivesse compilado e acrescentado outros salmos ao livro que Davi havia iniciado (2 Cr 23:18; 29:30). Ainda é possível que num período posterior ao exílio babilônico Esdras e Neemias tenham dado a forma final ao realizarem suas reformas sociais e religiosas (Ed 3:10; Ne 12:24,27).

O livro apócrifo Eclesiástico 47:8-10 mostra que uma coleção de salmos sob o nome de Davi já circulava no tempo de Sirac (200 a.C.).

 

 

6. Propósito

6.1. Propósito Teológico

            Ao cantar, o povo aprendia e refletia sobre quem Deus é, ou seja, meditava-se nos Atributos Divinos. Aprendiam acerca da Aliança da graça, sobre o perdão dos pecados, a justiça, o proceder do justo na santificação, acerca do Messias, a vida futura, etc. Aage Bentzen declara que “foi criado a fim de conter a expressão autoritativa da religião de Israel, da mesma forma que a Lei, os Profetas e a literatura sapiencial, que foram colecionados com o mesmo escopo.”[19]

 

6.2. Propósito Litúrgico

            O Saltério fora compilado para ser usado liturgicamente no templo e em reuniões festivas do povo de Deus. O título do livro aponta para o seu objetivo literário: “o livro dos louvores”. Este era o seu hinário!

 

6.3. Propósito Histórico

            Os salmos são parte da história de Israel, como também narram acerca desta história (Sl 78, 105, 106, 135 e 136).

 

6.4. Propósito Devocional

            É um modelo para a prática devocional dos filhos de Deus. Um completo livro de louvor e oração, que ensina o crente a dirigir-se a Deus, como Ele mesmo requer.

Os crentes de todas as épocas e lugares percebem a unidade do povo de Deus, por possuírem os mesmos anseios, temores, tristezas, sofrimentos, dúvidas, e por poderem esperar em Deus com esperança e confiança o cuidado providencial do Deus da Aliança.

 

 

7.Estrutura do Livro

7.1. O livro de Salmos é dividido em 5 livros.[20] As divisões do livro correspondem aos 5 livros da Lei:

Primeiro Livro... 1-41

Segundo Livro.... 42-72

Terceiro Livro... 73-89

Quarto Livro..... 90-106

Quinto Livro..... 107-150   

1.         Esta divisão não segue uma ordem cronológica;

2.         Não é por autoria;

3.         Não está dividida por classificação literária;

4.         Não se sabe qual o critério adotado para esta divisão.

 

7.2. Cada um dos 5 livros termina com uma doxologia especial a servir de conclusão a todo o Saltério:

Primeiro Livro... Sl 41:13

Bendito seja o SENHOR, Deus de Israel, da eternidade para a eternidade! Amém e amém!

Segundo Livro.... Sl 72:18-20

Bendito seja o SENHOR Deus, o Deus de Israel, que só ele opera prodígios. Bendito para sempre o seu glorioso nome, e da sua glória se encha toda a terra. Amém e amém! Findam as orações de Davi, filho de Jessé.

Terceiro Livro... Sl 89:52

Bendito seja o SENHOR para sempre! Amém e amém!

Quarto Livro..... Sl 106:48

Bendito seja o SENHOR, Deus de Israel, de eternidade a eternidade; e todo o povo diga: Amém! Aleluia!

Quinto Livro..... Sl 150:6

Todo ser que respira louve ao SENHOR. Aleluia!

 

7.3. Há certos grupos que seguem arranjos naturais:

1.         Uma seqüência de 15 salmos intitulados “cântico dos degraus” ou “cânticos da ascensão” (120-134). A versão ARA traduz o título como “cântico de romagem”, o que é uma tradução ruim da expressão hebraica original. A palavra “romagem” no português significa “peregrinação à Roma”, uma alusão à prática idólatra da Igreja Católica Romana. O título hebraico é uma referência à peregrinação dos israelitas em suas idas anuais à cidade de Jerusalém, que ficava sobre o monte Sião (“cântico da ascensão”), quando chegavam e esperavam nas escadarias da porta do Templo;

2.         Os salmos alfabéticos/acrósticos. Os salmos 9, 10, 25, 34, 37, 111, 112, 119, 145 desenvolvem seu texto seguindo a ordem alfabética hebraica. O salmo 119 é o mais completo e possuí uma rígida elaboração na divisão dos versículos;

3.         Existem 11 salmos de “Aleluia” (111-113; 115-117; 146-150);

 

 

8. Análise do Conteúdo

            Cada salmo é uma unidade, sem ligações com os salmos antecedentes ou posteriores.

            O que une os cinco livros, além da categoria literária? Existe um tema unificador? Isso seria um assunto para ser debatido pela Teologia do Antigo Testamento.

 

 

9. Dificuldades de Interpretação

            É fácil perceber o absurdo de uma interpretação literal aplicado na poesia. Clyde T. Francisco declara que

interpretar as passagens poéticas do Velho Testamento de qualquer outra forma além da exaltação como se apresentam é ignorar o método divino que acolhe poetas acima de todos os outros, a fim de acenar aos homens do passado e do futuro.[21]

 

9.1. Princípios de Interpretação dos Salmos:

1.         Se o título dá a situação histórica, deve ser considerado. Se não, há pouca chance de recriar o contexto;

2.         Tentar classificar o salmo segundo as formas já existentes, mas não forçá-lo a se enquadrar numa forma;

3.         Identificar as figuras de linguagem, tipos de paralelismo, e explicar o significado;

 

9.2. Salmos Imprecatórios.

Como é possível conciliar a graça e o amor de Deus com o sentimento de vingança?

 

 

10.Fatos Interessantes

1.         O livro de Salmos levou aproximadamente 1000 anos para ser completado (Sl 90 de Moisés ... Sl 137 pós-exílico).

2.         É o livro mais conhecido e usado na literatura mundial de todos os tempos.

3.         São mencionados cerca 90 vezes no NT.[22]

4.         Sinônimos de salvo/justo nos Salmos:[23]

1. os retos

2. o oprimido

3. o humilde

4. o pobre

5. o fraco

6. os retos de coração

7. os piedosos

8. os fiéis

9. os limpos

10.os santos

11.o necessitado

12.o servo

13.os simples

14.os bons

15.todos os que se escondem em ti

16.os que amam o teu nome

17.aqueles que conhecem o teu nome

18.aqueles que te buscam

19.os que amam a tua salvação

20.o que confia em ti

21.o que teme ao Senhor

22.que anda na Lei do Senhor

23.contritos de coração

24.pobres de espírito

25.mansos da terra

26.fiéis

 

5.         Sinônimos de ímpio nos Salmos:

1. os pecadores

2. os transgressores

3. os injustos

4. os perversos

5. os apóstatas

6. povo sem virtude

7. inimigos do Senhor

8. os néscios

9. insensatos

10.insensatos/sem entendimento

11.os altivos

12.os soberbos

13.os enganadores

14.os traidores

15.hipócritas

16.os de lábios enganosos

17.os mentirosos

18.os sanguinários

19.os violentos

 

6.         O livro de Salmos era o hinário do povo israelita;

7.         O Sl 53 é uma repetição do 14, mas emprega Elohim (Deus), em vez de Yahweh (SENHOR).

8.         21 salmos se referem à história de Israel (do êxodo ao retorno do exílio).

9.         Os salmos apresentam o Messias de maneira semelhante aos evangelistas:

a.         Mateus (Rei) 2, 18, 20, 21, 24, 47, 110, 132

b.        Marcos (Servo) 17, 22, 23, 40, 41, 69, 109

c.         Lucas (Filho do Homem) 8, 16, 40

d.        João (Filho de Deus) 19, 102, 118

 

 

 

PROVÉRBIOS

 

1. Título

            O título origina de uma raiz hebraica que significa “ser como”. Por isso, tem primariamente o sentido de “comparação” indicando duas situações de similar caráter.

 

 

2. Autoria

            Há pelo menos sete indicações da autoria no próprio livro:

1.         1:1 – “provérbios de Salomão”.

2.         10:1 – “provérbios de Salomão” (título).

3.         22:17 – “palavras dos sábios”.

4.         24:23 – “provérbios dos sábios”.

5.         25:1 – “também estes são provérbios de Salomão, os quais transcreveram os homens de Ezequias, rei de Judá”.

6.         30:1 – “palavras de Agur, filho de Jaque, de Massa” (título).

7.         31:1 – “palavras do rei Lemuel, de Massa, as quais lhe ensinou sua mãe”.

 

            O livro é prefaciado com o nome de Salomão, mas há uma seção atribuída aos “sábios”, e dois capítulos são atribuídos: um a Agur e o outro a Lemuel. Há quem tente explicar o fato, dizendo que Lemuel e Agur são outros nomes de Salomão, mas isso é improvável.

A tradição judaica no Baba Bathra 15a afirma que “Ezequias e seus companheiros escreveram os Provérbios”. Provavelmente que esta declaração talmúdica refira-se a “Ezequias e seus companheiros” não como autores, mas como compiladores que ajuntaram e editaram o livro, acrescentando outros provérbios.

Podemos admitir algumas conclusões:

1.         A maior parte dos provérbios são realmente de Salomão. Conforme 2 Rs 4:32 lemos que Salomão “disse três mil provérbios e foram o seus cânticos mil e cinco”.

2.         Agur foi o autor do cap. 30, e nada se sabe a seu respeito.

3.         O rei Lemuel foi o autor do cap. 31, e também, nada se sabe sobre a sua identidade.

4.         Podemos deduzir que Salomão tenha compilado e incluído os provérbios pré-existentes aos seus, os “provérbios dos sábios”. Edward J. Young observa que “pode ser que esta referência aos sábios não seja indicação de autoria, mas mostre simplesmente que as palavras empregadas pelo escritor são as aprovadas ou seguidas pelos sábios, ou pelo menos estão de acordo com os seus ditos”.[24]

5.         Ezequias e sua equipe adicionaram em seus dias (cerca 700 a.C.), outros provérbios, talvez do próprio Salomão, e de outros sábios, que igualmente foram inspirados e guiados pelo Espírito Santo.

6.         Os dois últimos capítulos são unidades independentes, de autores desconhecidos. Seriam como apêndices.

 

 

3. Data

            Não há motivos sólidos para abandonarmos a autoria de Salomão da primeira parte do livro. Nesse caso, a data provável seria aproximadamente 950-900 a.C., para a escrita dos capítulos 1-24, na metade final do seu reinado, e aproximadamente 725-700 a.C. para os últimos capítulos 25-31, que foram compilados por “Ezequias e seus companheiros”.

            O livro apócrifo Eclesiástico 47:17, cita Pv 1:6. Este apócrifo é datado em 200 a.C.. Ao citar Provérbios isso aponta algumas evidências da data do livro:

1.         Provérbios já existia tempo suficiente, antes de Eclesiástico, para que tornasse reconhecido como fonte de autoridade canônica.

2.         O livro de Provérbios influenciou o estilo literário de Eclesiástico, o que indica uma imitação daquilo que se tornara “padrão” no estilo Mashal.

 

 

4. Propósito

4.1. Propósito Didático

            Advertir dos grandes perigos que resultam inevitavelmente por seguir os ditames da natureza ou paixões pecaminosas (Pv 1:1-7). “O propósito do escritor aqui é traçar o contraste mais nítido entre as conseqüências de buscar e encontrar a sabedoria e as de seguir uma vida de insensatez.”[25]

 

4.2. Propósito teológico

            Foi escrito para dar ao povo de Deus um guia prático e memorável de como aplicar o conhecimento de Deus (o temor do Senhor) à vida diária, para aqueles que já entraram num relacionamento de Aliança com Ele. Mostrando como a Aliança com Deus tem aplicação extremamente prática no seu cotidiano.

 

 

5. Estrutura do Livro

5.1. Primeiro modelo:

1. Prólogo..................................... 1:1-7

            2. Provérbios aos jovens....................... 1:8-9:18

            3. Miscelânea de Provérbios.................... 10-24

            4. Coleção de Ezequias......................... 25-29

            5. Apêndice de Agur e Lemuel................... 30-31

 

5.2. Segundo Modelo:

1. Título e assunto............................ 1:1-7

2. Vários discursos............................ 1:8-9:18

3. Primeira coleção de provérbios de Salomão... 10:1-22:16

4. Primeira coleção das “palavras dos sábios”.. 22:17-23:14

5. Discursos adicionais........................ 23:15-24:22

6. Segunda coleção das “palavras dos sábios”... 24:23-34

7. Segunda coleção de provérbios de Salomão.... 25:1-29:27

8. As palavras de Agur......................... 30:1-33

9. As palavras de Lemuel....................... 31:1-9

10.O elogio à esposa prudente.................. 31:10-31

 

 

6. Análise do Conteúdo

O livro de Provérbios é uma excelente antologia de declarações sábias. Estimula de forma provocante a imaginação, levando o leitor a refletir nas implicações de uma verdade simples e evidente.

R.K. Harrison observa que “os provérbios consistem geralmente de breves e incisivas declarações em que podem ser usadas com grande efeito na comunicação de verdades morais e espirituais, sobre a conduta.”[26]

            Klaus Homburg comenta que “no provérbio da sabedoria são formulados expressões proverbiais segundo os critérios da analogia e do paradoxo.”[27]

 

 

7. Contribuição ao Cânon

            O texto do Talmud, Shabbath 30b registra a dúvida entre os rabinos quanto à canonicidade de Provérbios. Declara o Talmud que “o livro de Provérbios, também o procuraram esconder, por haver contradições no seu contexto”. E cita como exemplo a passagem de 26:4-5 que diz “não respondas ao insensato segundo a sua estultícia (...), ao insensato responde segundo a sua estultícia...”. Mas o próprio Talmud interpreta a situação afirmando que “não há dificuldade; um refere-se a assuntos da lei e o outro a negócios seculares.”

 

 

8. Fatos Interessantes

1.         Em 1 Rs 4:32, Salomão fez 3000 provérbios e 1005 cânticos. O livro de Provérbios contém apenas 915 destes 3000.[28]

2.         O cap. 31 inclui um poema acróstico (a primeira palavra de cada versículo começa com uma letra do alfabeto hebraico, vide* TM).

 

 

ECLESIASTES

 

1. Título

            Qoheleth deriva de uma raiz hebraica que significa “chamar”, ou “reunir”. Vários significados tem sido sugeridos a Qoheleth. Uns dizem que significa “alguém que reúne uma audiência”. Outros, insinuam a idéia de um colecionador de verdades. Outros ainda, afirmam que significa aquele que debate ou discursa, ou seja, um pregador. Talvez, este último seja o melhor significado da palavra qoheleth, como adotam a maioria de nossas versões em português. A tradução da LXX deriva da palavra grega ekklesia.

           

 

2. Autoria

            A tradição judaica Baba Bathra 15ª declara que “Ezequias e seus companheiros Eclesiastes”. Esta afirmação se refere apenas à compilação e redação dos livros escritos por Salomão. Em outros trechos a tradição judaica de forma explícita diz que Salomão foi o autor de Megilla 7ª e Shabbath 30).[29]

O erudito conservador Edward J. Young rejeita a autoria de Salomão e oferece algumas objeções:[30]

1.         Por quê Salomão usaria tão estranho título (qoheleth)?

2.         O nome de Salomão não aparece no livro, como ocorre em Cantares e Provérbios.

3.         As condições históricas não parecem ser da época de Salomão. Em 1:16 o autor afirma que sobrepujou em sabedoria “a todos os que antes de mim em Jerusalém”. Salomão foi o segundo rei, no regime da teocracia de Israel, a morar em Jerusalém.

4.         O livro supõe um contexto histórico de opressão (4:1-3,13; 5:8; 7:10; 8:2,9; 9:14-16; 10:6-7,16-17,20).

5.         Foi autor desconhecido, que viveu num posterior pós-exílico, que colocou as suas palavras na boca de Salomão. A linguagem, o uso das palavras e o estilo contém muito do aramaico.

 

Argumentos em defesa da autoria salomônica:

1.         Visto ser o livro de Eclesiástico um livro de refinada retórica, nada impediria Salomão referir a si mesmo como o título de “qoheleth”.

2.         É fato que há a omissão do nome de Salomão, mas, ele se identifica de um modo inconfundível como sendo “filho de Davi, rei de Jerusalém”.

3.         A afirmação “a todos os que antes de mim em Jerusalém” pode ser uma referência aos reis da cidade-estado de Jerusalém, no período que os jebuseus eram senhores sobre aquele lugar, ou, aos demais reis das nações pagãs (2 Cr 9:22).

4.         Embora o autor fale de opressão, miséria, perversão da justiça, isso pode ser uma descrição daquilo que Salomão viu nos outros reinos antes dele, como também, em reinos pagãos. Todavia, não devemos cair no erro de pensar que o reinado de Salomão fora perfeito. Foi um reinado próspero, o melhor período da história de Israel, mas nunca poderia ser considerado um período de perfeição magisterial, ou isento de corrupções (1 Rs 12:4); Salomão não está preocupado em fazer propaganda positivista do seu reinado, mas mostrar a corrupção que o poder pode causar.

5.         As possíveis ocorrências de palavras aramaicas, podem ser explicadas pelo contado comercial internacional (1 Rs 9:10-10:29), como também pelas esposas estrangeiras (1 Rs 11:1-2).

6.         Se o autor não foi Salomão, então o escritor mentiu. As auto-identificações do autor indicam Salomão. “Caso Salomão não fosse seu autor, a falsa personificação do mais sábio de todos os homens sábios teria sido descoberta há muito tempo pelos rabinos de Israel, e esses não permitiriam a inclusão do livro no Cânon.”[31] Note o seguinte:

a.         O autor afirma “venho sendo rei em Jerusalém” (ARA).

b.        A descrição de Eclesiastes 2:1-11 confere com as riquezas que Salomão possuiu e construiu (2 Cr 8:1-9:28).

c.         O autor identifica-se como aquele que reuniu e organizou muitos provérbios (12:9).

d.      Ninguém possuiu tanta sabedoria, prosperidade e expressão mundial no período monárquico, quanto Salomão, de fato, ele se tornou uma referência em muitos sentidos para seus posteriores.

 

 

3. Data

            Aproximadamente 935 a.C. O livro é uma retrospectiva na velhice, da vida vazia em que ele viveu com o coração desviado do temor do Senhor (1 Rs 11:1-8). Ellisen observa que “o conteúdo e as conclusões certamente combinam bem com os anos de maturidade de Salomão.”[32] Esta tese é confirmada, pela tradição judaica na Midrash (Shir Hashirim Rabá 1,10), que afirma ter o rei Salomão escrito o livro de Cantares na sua juventude e o Eclesiastes na sua velhice.[33]

            O comentarista A.R. Fausset esclarece que Eclesiastes fica “como selo e testemunho de arrependimento de sua apostasia no período de intervenção (Sl 89:30,33) a prova de sua penitência.”[34]

 

 

4. Propósito

            O propósito é descobrir qual o melhor bem da vida. Trata do prazer, sabedoria, da riqueza, mas considerando-os sem-sentido. O melhor bem da vida somente pode ser conseguido se alguém teme a Deus e guarda os seus mandamentos (12:13). A vida sem Deus, ou, fora da vontade de Deus é fútil.

            Busca pelo verdadeiro significado da vida. Longe de Deus a vida não é vida, pois só Deus lhe pode dar o verdadeiro significado.

            O homem e sua relação com o mundo. “A única interpretação possível do mundo é considerá-lo, pois como criação de Deus e usá-lo e gozá-lo apenas para a Sua glória.”[35]

 

 

5. Estrutura do Livro

            1. Prólogo: Tudo é vaidade........ 1:1-11

            2. Monólogo: Vida sem sentido..... 1:12-12:1-8

            3. Epílogo: Temor de Deus........... 12:9-14

 

 

6. Análise do Conteúdo

            O lingüista Lyman Abbott faz uma análise do livro dizendo

assim, o livro de Eclesiastes é um monólogo dramático, apresentando as complicadas experiências da vida; essas vozes estão em conflito, porém apresentam ou relatam o conflito de uma simples alma em guerra consigo mesma. Nesse monólogo, o homem se apresenta monologando consigo mesmo, comparando as experiências da vida umas as outras. Assim, o livro de Eclesiastes é deliberadamente de uma confusa intenção, porque é o quadro de experiências confusas de uma alma dividida contra si mesma.[36]

 

 

7. Contribuição ao Cânon

            Vários fragmentos de Eclesiastes foram encontrados na caverna 4 de Qumran, que datam, aproximadamente, da metade do século II a.C.. Disto pode-se concluir que na época ele já possuía reconhecido valor canônico.

 

 

8. Dificuldades de Interpretação

            Devemos ter cuidado para que a nossa mentalidade existencialista (antropocêntrica) não seja um princípio regulador na aplicação da nossa hermenêutica neste livro. O livro deve ser interpretado como um todo. A chave para a interpretação do livro é o texto final 12:13-14.

 

 

9. Fatos Interessantes

1.         Os argumentos do livro não são os argumentos de Deus, e sim os registros de Deus para os argumentos do homem.

2.         O autor usa somente o nome “Elohim” (Deus), nunca o nome “Yahweh” (SENHOR), “assim o autor pode estar enfatizando o relacionamento do homem com Deus, à parte da experiência da redenção”.[37]

3.         Os judeus lêem este livro na Festa dos Tabernáculos. O rabino David Gorodovits explica a razão desta prática entre os judeus “sendo Sucót considerado Zeman Simchatênu, ou seja, ‘época de nossa alegria’, quando, em Israel, os celeiros estão abarrotados com os frutos da colheita, seria fácil entregar-se a futilidades e lazer, esquecendo de onde veio a benção que resultou no sucesso do trabalho. É exatamente quando a leitura do Cohelét, com suas mensagens profundas, conscientiza-nos da bondade e da justiça do Eterno, sem as quais nenhum sucesso pode ser alcançado pelo ser humano.”[38]

  

 

CÂNTICO dos CÂNTICOS

 

1. Título

            Considerando que Salomão escreveu 1005 cânticos (1 Rs 4:32), este seria o “cântico dos cânticos”, ou seja, “o melhor de todos os seus cânticos”.

 

 

2. Autoria

            O Talmud Baba Bathra 15a declara “Ezequias e seus companheiros escreveram o Cântico dos cânticos.” Mas, a mesma afirmação feita acerca do livro de Provérbios (vide* autoria), é repetida sobre este, tendo o mesmo significado. “Ezequias e seus companheiros” não são os autores de Cânticos, mas apenas os compiladores das obras de Salomão. Algumas evidências internas e externas a respeito da autoria:

1.         O primeiro versículo atribui o livro a Salomão com o prefixo hebraico para autoria (lamedh auctoris).

2.         A obra parece referir-se a uma época histórica anterior à divisão do reino. O autor menciona várias localidades do país, como sendo único reino, por exemplo, Jerusalém, Carmelo, Sarom, Líbano, Em-Gedi, Hermon, Tirza, etc..

3.         A comparação da noiva com “as éguas dos carros de Faraó” (1:9), é interessante, se atendermos a que foi Salomão quem importou os cavalos do Egito (1 Rs 10:28).

4.         A autor mostra-se também conhecedor de plantas e animais exóticos: 15 espécies de animais e 21 variedades de plantas (1 Rs 4:33).

5.         Salomão escreveu 1005 cânticos, sendo Cantares o único preservado (1 Rs 4:32).

6.         Negar a autoria, afirmando que um homem polígamo não poderia ter escrito este cântico de fidelidade conjugal é a mesma coisa que fazer objeção à autoria salomônica de Provérbios, baseando-se no fato dele ter violado tantos dos seus próprios princípios.

7.         A tradição judaica considera universalmente Salomão como o autor. Os judeus lêem liturgicamente todos os anos por ocasião da Festa da Páscoa, atribuindo-o a Salomão.

 

 

3. Data

            Escrito depois dele ter adquirido muitas carruagens do Egito e ter ampliado suas vinhas até o vale de Jezreel. O seu harém de esposas e concubinas era bem menor, 60 a 80 mulheres, em comparação com as 700 esposas e 300 concubinas, posteriormente.

            Cantares, talvez, seja o mais antigo livro canônico de Salomão. Reflete sua juventude vigorosa, do mesmo modo que Provérbios reflete sua meia-idade, e Eclesiastes mostra a sua maturidade nos seus anos finais.

            A data aproximada para Cantares pode ser o ano 900 a.C.

 

 

5. Propósito

5.1. Propósito Histórico

            Comemorar o casamento de Salomão com a Sulamita e expressar o prazer do sexo no casamento como uma dádiva de Deus.

 

5.2. Propósito Didático

            Edward J. Young afirma que o livro foi escrito

para leitores que vivem num mundo de pecado, de prazeres e de paixões, onde violentas tentações nos assaltam e procuram afastar-nos do tipo modelar de casamento, nos moldes da lei de Deus, e lembra-nos de um modo particularmente sublime, quão puro e quão nobre é o verdadeiro amor.[39]

 

 

6. Análise do Conteúdo

            O cântico apresenta interação entre Salomão, a Sulamita, e o coro, passando repentinamente de uma pessoa para outra e de uma cena para outra. A identificação é geralmente feita pelos pronomes pessoais usados.

 

 

7. Contribuição para Teologia AT

            Sellin-Fohrer comentam que

a importância do Cântico dos Cânticos deve ser vista não só no fato de que ele evita, de um lado, uma divinização sacral do elemento sexual, de que estavam impregnados os cultos míticos da fecundidade do Antigo Oriente, mas de que, por outro lado, contradiz também aquela atitude de desdém e de repulsa pelo sexo, que partiu sobretudo do judeu-cristianismo de cunho essênio e da mística platônico-helenística. O Cântico dos Cânticos indica que, desde o momento em que o matrimônio está de acordo com a vontade de Deus, o amor sexual vale igualmente como seu pressuposto e como seu fundamento.[40]

 

 

8. Contribuição ao Cânon

            Na tradição judaica, Mishnah, Yadim 3:5, lemos uma afirmação do rabino Aqiba, da escola de Hillel, acerca da canonicidade de Cantares que diz “pois em todo o mundo nada há que possa comparar-se ao dia em que Cantares de Salomão foi dado a Israel. Todos os escritos são santos, mas num grau superior o Cântico dos Cânticos”.[41]

            Fazendo uma comparação temática entre Provérbios e Cantares, William M. Ramsay fornece um precioso motivo em favor da canonicidade deste poema tão sensual. Ramsay observa que

livros como Provérbios, todavia, celebram a obra de Deus na criação. A vida diária, de acordo com a literatura sapiencial, é um dom de Deus. Assim, tão natural é a função da união sexual como parte da boa criação de Deus. Crendo que a natureza é um dom do Criador, o sábio não poderia separar o “secular” do “sagrado”. Deste modo, o poema de amor, é igualmente, um poema de amor sensual, não podendo ficar fora das Escrituras.[42]

 

 

9. Dificuldades de Interpretação

            Há controvérsias acerca da interpretação deste livro por muitos séculos. Três interpretações principais são usadas:[43]

1.         A alegorização judaica. A método alegórico é o mais antigo de todos. Segundo esta posição o livro estaria descrevendo em linguagem figurada a relação entre Yahweh e Israel.[44]

2.         A alegorização da Igreja Primitiva. Seguindo o método alegórico a Igreja Primitiva (Orígenes e Hipólito) interpretou o livro como sendo uma descrição do amor de Cristo e a Igreja (ainda usada pela Igreja Católica Romana:

a.         1:5 fala da cor morena, ou negra, pelo pecado, mas bela pela conversão (Orígenes);

b.        1:13 “entre os meus seios” refere-se às Escrituras do AT e NT, entre os quais se encontra Cristo (Cirilo de Alexandria);

c.         2:12 alude à pregação dos apóstolos (Pseudo-Cassiodoro)

d.        5:1 é uma alusão à Ceia do Senhor (Cirilo de Alexandria)

e.         6:8 refere-se às oitenta heresias (Epifâneo).

3.         O uso da alegorização no período moderno pelos protestantes. Os dois heruditos em AT Hengstenberg e Keil aplicam a interpretação alegórica neste livro. Também a Versão Autorizada Inglesa em seus títulos de divisão:

a.         1-3.... O mútuo amor de Cristo e da sua Igreja

b.        4...... As graças da Igreja

c.         5...... O amor de Cristo para com ela

d.        6-7.... A Igreja manifesta a sua fé

e.         8...... O amor da Igreja para com Cristo

4.         A interpretação do método Gramático-histórico, e o Histórico-crítico interpretam como uma descrição do amor humano, num relacionamento de pureza conjugal conforme Deus estabeleceu para o casamento desde o princípio.

 

 

10. Fatos Interessantes

1.         Os judeus lêem este livro na Páscoa.

2.         Assuntos não mencionados: nenhum dos nomes de Deus. pecado; culto de Israel; nem alusão a outro livro do AT.

3.         Na época da escrita, Salomão já tinha 60 rainhas e 80 concubinas (1 Rs 11:3, 700 rainhas e 300 concubinas).

4.         O único livro dedicado completamente ao amor conjugal, romântico e sexual.

5.         Salomão e Sulamita são sinônimos. Seria o casamento do “pacificador” e da “pacificadora”. O casamento deve ser construído sobre o Shalom de Yahweh.

 

 

 

 NOTAS:


[1] C.F. Keil & F. Deltzch, Commentary on the Old Testament: Job-Psalms vol.5, p. 19 (Books for the Ages, 1997), CD-Master Library Christian 01/02, in loco.

[2] Gleason L. Archer, Merece Confiança o Antigo Testamento? p. 410

[3] Edward J. Young, Introdução ao Antigo Testamento, pp. 334-338

[4] Clyde T. Francisco, Introdução ao Velho Testamento, p. 216

[5] E. Sellin, G. Fohrer, Introdução ao Antigo Testamento, vol.II, p. 480

[6] Samuel J. Schultz, A História de Israel no Antigo Testamento (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1995), p. 265

[7] E. Sellin, G. Fohrer, Introdução ao Antigo Testamento, vol.II, pp. 496-497

[8] Aage Bentzen, Introdução ao Antigo Testamento, vol.II, pp. 197-202, considera a prosa e a maior parte das seções poéticas como uma unidade.

[9] Roland K. Harrison, Introduction to the Old Testament (Grand Rapids, Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1988), pp. 976-977

[10] Edward J. Young, Introdução ao Antigo Testamento, p. 314

[11] Salmos, no plural e com letra maiúscula refiro-me ao livro, salmo no singular e com letra minúscula indico o capítulo.

[12] E. Sellin, G. Fohrer, Introdução ao Antigo Testamento, vol.II, p. 410

[13] Roland K. Harrison, Introduction to the Old Testament, pp. 978-979

[14] Stanley A. Ellisen, Conheça Melhor o Antigo Testamento, p. 166

[15] Roland K. Harrison, Introduction to the Old Testament, p. 991

[16] Roland K. Harrison, Introduction to the Old Testament, p. 997

[17] Arnald B. Rhodes, “The Book of Psalms” in Layman’s Bible Commentary (Richmond, John Knox Press, 1960), vol.IX, pp.26-27

[18] A.F. Kirkipatrik, The Book of Psalms (London, Cambridge University Press, 1910), para uma análise de datas de salmos individuais.

[19] Aage Bentzen, Introdução ao Antigo Testamento, vol. II, p.192

[20] Para uma análise mais detalhada vide*, Stanley A. Ellisen, Conheça Melhor o Antigo Testamento, p. 163

[21] Clyde T. Francisco, Introdução ao Velho Testamento, p. 214

[22] Vide alguns exemplos em: Stanley A. Ellisen, Conheça Melhor o Antigo Testamento, pp. 169-170

[23] Frans van Deursen, Los Salmos (Rijswijk, FELiRe, 1996), vol.I, pp. 45-46

[24] Edward J. Young, Introdução ao Antigo Testamento, p. 327

[25] W.S. Lasor, D.A. Lasor, F.W. Bush, Introdução ao Antigo Testamento, p. 502

[26] Roland K. Harrison, Introduction to the Old Testament, p. 1011

[27] Klaus Homburg, Introdução ao Antigo Testamento, p. 188

[28] Samuel J. Schultz, A História de Israel no Antigo Testamento, p. 273, nota 13

[29] Gleason L. Archer, Merece Confiança o Antigo Testamento? pp. 436-437

[30] Edward J. Young, Introdução ao Antigo Testamento, pp. 362-363

[31] Stanley A. Ellisen, Conheça Melhor o Antigo Testamento, p.191

[32] Stanley A. Ellisen, Conheça Melhor o Antigo Testamento, p. 191

[33] Meir Matzliah Melamed, Torá a Lei de Moisés, p. 647

[34] Jamieson, Fausset, Brown Commentary, vol.2, pp.93-94 (Books for the Ages, 1997), CD-Master Library Christian 01/02, in loco.

[35] Edward J. Young, Introdução ao Antigo Testamento, p. 367

[36] Lyman Abbott, Life and Literature of the Ancient Hebrews (New York, Houghton Mifflin and Company, 1901), pp. 292-293

[37] David Merkh, Síntese do VT, p. 57

[38] Meir Matzliah Melamed, Torá a Lei de Moisés, p. 669

[39] Edward J. Young, Introdução ao Antigo Testamento, p. 351

[40] E. Sellin, G. Fohrer, Introdução ao Antigo Testamento, vol.II, p. 446

[41] Roland K. Harrison, Introduction to the Old Testament, p. 1051

[42] William M. Ramsay, The Westminster Guide to the Books of the Bible (Louisville, Westminster John Knox Press, 1994), p. 178

[43] Para outras propostas hermenêuticas, vide* Edward J. Young, Introdução ao Antigo Testamento, pp. 348-350

[44] Ainda hoje os judeus interpretam o livro de Cantares como sendo “símbolo do amor de Deus pela Congregação de Israel, sendo o dia de sábado seu intermediário.” Meir Matzliah Melamed, Torá a Lei de Moisés, p. 648. Em outro lugar, o comentarista faz a seguinte observação “apesar das expressões de amor e nostalgia parecerem referir-se ao amor humano e à beleza física feminina, seu objetivo não é outro senão descrever alegoricamente as virtudes do povo de Israel e sua fidelidade ao Criador e a Seus preceitos, como também o amor de Deus a Seu povo predileto”. p. 655


Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki

tokashiki@ronnet.com.br

Pastor da Igreja Presbiteriana de Cerejeiras – Rondônia

Professor de Teologia Sistemática no STPBC – Extensão em Ji-Paraná



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