O Batismo Infantil
O que os pais deveriam saber acerca deste Sacramento

por

John P. Sartelle


“O maior e melhor estudo desta natureza – simples, claro, prático, pastoral ...” J. I. Packer


Dedicado ao Dr. Preston Sartelle e sua esposa,
meus pais, os quais viveram diante de seus
filhos o que está escrito nestas páginas.


Sumário


Introdução: O Ritual sem Sentido
1 A Circuncisão: Uma Grande Herança
2 Batismo: Um Novo Símbolo
3 A Circuncisão Cumprida no Batismo
4 Deus e a Família do Antigo Testamento
5 Deus e a Família do Novo Testamento
6 As Responsabilidades do Lar do Pacto
7 Resumo
8 Perguntas Respondidas
9 Perguntas para Vocês Considerarem


Os filhos de crentes são especiais para Deus. John P. Sartelle mostra por que são especiais, e ensina o significado de seu batismo.

Os pais cujos filhos têm sido batizados, ou serão batizados, acharão que este livro conciso é justamente o que necessitam para entender o batismo de crianças. O livro explica claramente, de uma maneira positiva e não polêmica, as responsabilidades práticas de pais cristãos e as promessas de Deus com respeito a eles. Não foi escrito para o professor de teologia, mas para crentes leigos, a fim de que todos os pais cristãos possam lê-lo e desfrutá-lo.

J.I. Packer escreve: O BATISMO INFATIL - O que os Pais Deveriam Saber Acerca deste Sacramento: “O maior e melhor estudo desta natureza – simples, claro, prático, pastoral – que já li... Recomendo-o como instrutrivamente excelente (e) pastoralmente oportuno.” Pastores e dirigentes vão querer pô-lo à disposição daqueles que estão sob seus cuidados.

Introdução: O Ritual sem Sentido


Visitei a grande catedral da Cidade do México. Apesar de não ser domingo, esse imenso edifício estava cheio de gente. Duas filas de pessoas se estendiam ao longo dos corredores principais do santuário e davam a impressão de serem intermináveis. Daquelas filas saía um coro ininterrupto de sons, pois cada fila consistia de pais carregando suas crianças. Centenas de crianças que competiam para ver quem chorava mais alto! Em meio àquele coro de crianças, cujo eco retumbava nas paredes da catedral, um casal se detinha brevemente ante o bispo que se encontrava na cabeceira de cada fila. O bispo dizia umas breves palavras e derramava um pouco de água sobre o bebê. O casal então se movia rapidamente dando lugar aos próximos orgulhosos pais. Assim continuou este processo durante todo o dia, enquanto os visitantes, turistas, paroquianos e casais iam e vinham.

Quase todos nós temos observado, vez ou outra alguma cerimônia religiosa vazia, sem sentido. Um evento que deveria ter grande significado termina sendo um ritual sem sentido que se realiza somente por costume. Algumas pessoas estão tão acostumadas a isto que são perfeitamente capazes de estar agendando uma reunião de negócios para o meio da semana, enquanto recitam o Credo Apostólico!

Não me recordo de quantos pontos turísticos vi na Cidade do México nesse dia, porém a procissão contínua de crianças gravou-se em minha mente como um monumento, um monumento de pessoas religiosas que se apressam para participar de um ato religioso significativo, mas sem nenhum entendimento do que estão fazendo. Elas amenizam seus anseios espirituais com um rito vazio.

Façamos um teste. Se tivéssemos entrevistado cada casal que saía da catedral nesse dia, quantos teriam podido abrir suas Bíblias e explicado a razão pela qual estavam batizando seus bebês? Você ousaria pensar que todos eles podiam dar uma explicação? Você ousaria pensar que a maioria deles podia? Se conhecesse algo sobre a situação, você com certeza ousaria assegurar que poucos ou talvez nenhum desses casais podia expor o ensinamento bíblico concernente ao batismo infantil.

Porém, como protestante norte-americano, não me atrevo criticar os católicos do México com relação à prática de cerimônias religiosas sem ter um verdadeiro conhecimento do que se está fazendo. Quantas crianças se batizam a cada ano em nosso país, em igrejas episcopais, presbiterianas, luteranas, metodistas, reformadas e independentes? Da mesma maneira que a procissão desfila pelos corredores na Cidade do México, assim mesmo inúmeros casais chegam até a frente das igrejas protestantes para batizar suas crianças. Se entrevistássemos todos os casais na América do Norte que batizaram seus filhos no ano passado, quantos deles poderiam abrir suas Bíblias e explicar seu significado? Quantos deles poderiam falar com propriedade sobre os ensinamentos bíblicos básicos acerca do batismo infantil? O que disse Jesus? “Tira primeiro a trave do teu próprio olho e então verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.”

Você batizou seu filho ou filhos, ou está preste a batizar essa preciosa nova vida que Deus lhe deu? Se é assim, poderia abrir sua Bíblia e explicar o que Deus diz sobre este assunto? Poderia acaso explicar o que a Bíblia ensina acerca do batismo de crianças?

É disto que trata este livro. Ele não é dirigido ao teólogo famoso com três graus acadêmicos atrelados ao seu nome. Este livro é dirigido à pessoa que se senta no banco da igreja e não quer participar de cerimônias vazias. Este livro é dirigido ao membro de uma congregação que quer sair do culto no domingo com condições de explicar todos os aspectos de sua fé.

1
A Circuncisão: Uma Grande Herança

 

Começamos nosso estudo com Abraão, o personagem do Antigo Testamento. Talvez vocês estejam pensando – “O que a história antiga tem a ver comigo? Sou um cristão do Novo Testamento.” A resposta é que todo ensino do Novo Testamento tem sua origem no Antigo Testamento.

Tenho um amigo que tem quinhentos pés de rosas no quintal de sua casa. Não preciso dizer que ele sabe muito sobre rosas. Ele, porém, não poderia descrever o processo de formação de uma rosa sem falar acerca da haste e das raízes, porque ali é onde começa a história botânica dessa flor. Assim é na Bíblia. Cada doutrina ensinada nos evangelhos tem suas raízes no Antigo Testamento. Se você deseja entender a doutrina do pecado, deve começar no livro de Gênesis. Ou se quer entender profundamente a incrível beleza da cruz, deve ler o Pentateuco e os Profetas. Da mesma maneira, se você deseja saber o que a Bíblia ensina acerca do batismo infantil, deve começar pelo Antigo Testamento.

Deus salvou a Abraão. Em Romanos 4, Paulo explica que a salvação de Abraão foi pela graça, por meio da fé. Lemos tanto no Antigo como no Novo Testamento que “Abraão creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gênesis 15:6; Romanos 4:9) . Assim, Abraão é nosso correspondente do Antigo Testamento. Da mesma maneira que nós pecadores somos salvos pela graça por meio de nossa fé, ele também foi um pecador salvo pela graça por meio da fé.

Em Gênesis 17:7, Deus chama esta relação de salvação de “pacto eterno”, um pacto de salvação de geração a geração. O poderoso Deus abaixou-se para pactuar com a criatura pecaminosa. Ele deu a Abraão um símbolo para marcar essa relação de pacto. Ele disse que Abraão devia circuncidar-se e que essa circuncisão seria o símbolo do pacto de salvação: “Circundareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós” (Gênesis 17: 11).

Ora, isto não é difícil de entender. Quando um rapaz e uma moça se casam, fazem um pacto entre si e dão um ao outro um anel como símbolo desse pacto. Quando eu olho a aliança na mão esquerda de minha esposa, eu lembro de meu pacto com ela. A aliança é mais que uma jóia decorativa; ela é símbolo do maior voto que eu poderia fazer a outro ser humano.

Da mesma maneira, a circuncisão era um símbolo da salvação de Deus dado a Abraão. Por que Deus escolheu a circuncisão? Devemos admitir que este é um símbolo um tanto diferente. Apesar de não podermos responder a essa pergunta completamente, podemos dizer que a circuncisão provavelmente significa limpeza. Em Isaías 52:1, as palavras “incircunciso” e “imundo” são sinônimos. Portanto, podemos dizer, com certa segurança, que Deus utilizou um símbolo externo de limpeza para representar a limpeza espiritual interior (Deuteronômio 30:6).

Quando um adulto que não pertencia ao povo Israel se tornava um crente, devia ser circuncidado. Se seu lar era no norte da África, e não havia nascido numa família judaica, quando cria no Deus de Abraão, era circuncidado. (Êxodo 12:48).

Várias passagens no Antigo Testamento identificam de forma tão próxima este símbolo com o evento real, de tal modo que Deus mesmo usa a palavra “circuncisão” em vez da palavra “salvação”. A pessoa ou comunidade que tem sido salva Ele chama de “circuncisa” e a não salva de “incircuncisa” (Isaías 52:1; Ezequiel 44:9; 1Samuel 14:6).

Isto se repete com tanta freqüência que nos leva a perguntar se a circuncisão salva o indivíduo. A resposta é – claro que NÃO! A tese da primeira parte do capítulo 4 de Romanos é que Abraão foi salvo pela fé, não por meio da circuncisão. Todavia, devemos enfatizar que Deus deu o mandato da circuncisão como um símbolo da salvação: “... recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé ...” (Romanos 4:11).

Provavelmente você está pensando: “E o que importa? Está bem, a circuncisão era um símbolo de salvação no Antigo Testamento, mas, o que significa isto para mim?”

Se continuarmos lendo Gênesis 17, encontraremos um mandamento extraordinário. Deus diz a Abraão que aplique este símbolo de salvação a todo menino nascido em sua casa. Isto soa surpreendente ao nosso ouvido evangélico do século vinte. Como é que um símbolo de salvação pode ser dado a uma criança que ainda não crê em Deus? Porém, lá está: “O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações...” (Gênesis 17:12).

Mais adiante consideraremos por que Deus deu este mandamento. Contudo, por enquanto, quero apenas que entendamos sem nenhuma margem de erro que:

• Abraão foi um pecador salvo pela graça por meio da fé.
• Deus constituiu a circuncisão como símbolo da salvação.
• O símbolo devia ser dado aos filhos de pais crentes.

Se nós tivéssemos vivido na época do Antigo Testamento, como pais crentes, nós teríamos circuncidado nossos filhos. Logo, teríamos aplicado em nossas crianças o símbolo da salvação. Então, depois de adultos, quando se convertessem, um novo crente talvez lhes perguntasse quando tinham sido circuncidados. Nossos filhos teriam respondido que tinham sido circuncidados quando eram crianças. Sem dúvida, o novo crente teria respondido alegremente: “Que grande herança!”

 

2
O Batismo: Um Novo Símbolo

 

Alguns homens dão ordens com tanta autoridade que suas palavras ressoam por gerações. Mas a ordem de poucos permanece constrangendo após terem passado dois mil anos. Jesus, não obstante, falou com tanta autoridade que nem mesmo o tempo tem diminuído a força de Suas ordens.

Quando alguém se batiza hoje, está obedecendo a uma ordem de quase dois mil anos atrás. Jesus disse a Seus discípulos que fizessem outros discípulos e que os batizassem (Mateus 28:19). Eles levaram a sério as palavras de seu Senhor. De maneira que, quando Pedro pregou seu primeiro sermão e três mil pessoas creram, imediatamente os discípulos começaram a batizá-las. Por quê? Porque essa havia sido a ordem de Jesus. Se um homem se convertia no meio da noite, nessa hora era batizado (Atos 16:33). Se no deserto, ali mesmo era batizado (Atos 8:26-40). Se tivéssemos vivido naqueles dias, que batismos mais estranhos teríamos presenciado!

Como se batiza uma pessoa? Aplica-se-lhe água. Nós não discutiremos aqui se a água deve ser aspergida, ou derramada sobre a pessoa ou se a pessoa deve ser submergida na água. Podemos dizer que de alguma forma a água é aplicada sobre a pessoa. Porém, há mais ainda sobre este tema. A aplicação da água sobre a pessoa no batismo não é o mesmo que tomar um banho ou lavar as mãos depois de consertar o carro. O batismo tem a ver com a relação de uma pessoa com Deus. Você pode se molhar de muitas maneiras todos os dias (seja por meio do banho, de lavar as mãos, na natação, andando na chuva, lavando pratos, etc.) sem ser batizado. No batismo bíblico, a água é aplicada sobre o indivíduo “em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28:19). De modo que Deus utiliza um símbolo externo para denotar uma realidade espiritual interna. Assim como a circuncisão, o batismo é também um símbolo.

Podemos entender facilmente por que Deus escolheu a água como símbolo. Porque é um agente universal de limpeza. Ninguém esperaria que o pó, as folhas, ou o suco de frutas significassem limpeza. Estes elementos não são utilizados para limpar nossos corpos. Porém a água é utilizada diária e universalmente como um agente de limpeza. Assim, Deus escolheu este agente de limpeza universal como um símbolo de pureza espiritual.

O batismo significa que as manchas do pecado foram removidas do nosso coração: “Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome dele.” (Atos 22:16).

O batismo é também um símbolo da limpeza moldado no novo nascimento: “... não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tito 3:5). Quando nós nascemos de novo ou somos regenerados, nós morremos para o pecado, e à medida que crescemos em nossa vida, fazemos morrer a maneira pecaminosa de fazer as coisas e vivemos mais e mais de acordo com as obras de justiça – nossas vidas são limpas! O batismo é o sinal de que isto está sucedendo.

O batismo significa ter sido separado para viver uma vida santa. Da mesma maneira que as pessoas e os utensílios eram ungidos com água ou óleo e separados para o uso sagrado no Antigo Testamento, assim também no batismo a pessoa é ungida e separada para a santidade.

O símbolo do batismo está tão ligado à salvação no Novo Testamento que nos força a perguntar se a pessoa não é salva através do batismo. Leiamos somente duas passagens:

Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes” (Gálatas 3:27).

Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome dele” (Atos 22:16).

Se nós tivéssemos somente estes dois versículos, poderíamos pensar que o batismo salva. Hoje em dia existem denominações que ensinam assim. Porém, o batismo por água é um símbolo de um acontecimento, não uma realidade em si mesma. Efésios 2:8-9 nos diz que somos salvos pela graça, não por meio de obras. E no capítulo 4 do livro aos Romanos, já vimos Paulo refutar àqueles que dizem que o símbolo salva. Nós devemos afirmar firmemente que nossos pecados são limpos pelo sangue de Cristo, e nossas vidas são santificadas através do novo nascimento. O batismo é um símbolo externo de uma obra interna.

À luz desses fatos os seguintes versículos talvez nos surpreendam. À medida que as pessoas se convertiam, não somente elas eram batizadas, mas suas famílias também. Lídia, uma mulher de negócios de Tiatira, creu no evangelho, e Paulo a batizou; ela e sua família (Atos 16:15). O escritor determina-se a chamar a atenção para a casa dela. Da mesma maneira um carcereiro não identificado de Filipos creu, e ele e sua casa foram batizados (Atos 16:33-34). E em 1 Coríntios 1:16, enquanto Paulo fala do batismo de certos indivíduos em Corinto, também menciona o batismo da casa de Estéfanas.

Alguns têm dito que não se pode provar que havia crianças nessas famílias. No entanto, supor que não havia crianças nestes lares, nem nas outras famílias que foram batizadas em toda a área do Mediterrâneo, é uma presunção que beira ao preconceito. Podemos dizer que estes batismos mencionados foram os únicos que incluíam toda a família, e que em cada um destes casos os convertidos não tinham crianças e que seus servos tampouco as tinham?

Conforme o evangelho do Novo Testamento começava a expandir-se pelo mundo, com Paulo e Pedro à frente, sua mensagem não era menos plena de graça nem menos abrangente que a mensagem de salvação dada a Abraão em Gênesis 17. Havia um novo símbolo, porém os pais que eram crentes tinham a mesma responsabilidade e a mesma bênção que Abraão, e batizavam suas crianças, as quais tinham uma grande herança como teve Isaac.


3
A Circuncisão Cumprida no Batismo

 

Deus sempre termina o que Ele começa. Ele mantém Seus votos e juramentos, cumpre Suas promessas, e nunca deixa nada incompleto. Recentemente vi a seguinte mensagem na camiseta de um jovem: “Seja paciente; Deus não terminou comigo ainda.” Quantas vezes nos sentimos assim! Um dia nosso Senhor regressará e nós seremos como Ele. Nem sequer um vestígio de pecado permanecerá em nós. Deus completará Sua obra salvadora.

Quando olhamos a vida de Jesus, nós O vemos cumprindo muitos dos votos e promessas do Antigo Testamento. Muitos de nós incorremos no erro de pensar ou crer que Cristo contradisse os ensinos do Antigo Testamento. Seu Sermão do Monte foi na realidade a maior mensagem que jamais se pregou sobre a Lei e os Profetas. Como Cristo vê a Si mesmo e o Seu ministério em relação ao Antigo Testamento? “Não penseis que vim revogar a lei e os profetas; não vim para revogar, mas para cumprir. Por que em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra” (Mt 5:17-18). Longe de negar ou contradizer o Antigo Testamento, Ele o completa e o cumpre. Apesar de que parte de Sua obra ainda está por cumprir-se, uma grande parte já foi plenamente consumada em Sua vida, morte e ressurreição.

Os sacrifícios eram oferecidos continuamente no Antigo Testamento, mas quando Jesus, como Cordeiro de Deus, Se ofereceu no Calvário, pôs fim a todo sacrifício que tenha algum valor. Os sacrifícios de animais eram símbolos de Cristo, eram símbolos que apontavam para Ele. Quando Ele veio e morreu por nossos pecados, não houve mais necessidade de sacrifícios de animais.

Na véspera da morte de Cristo era uma ocasião similar, e Ele comeu o cordeiro simbólico com Seus discípulos. Depois da ceia, Ele lhes deu o pão dizendo que este representava o Seu corpo que seria partido por eles, e o vinho, que representava o sangue derramado por eles. Exatamente como no Antigo Testamento se comia o cordeiro pascal, agora eles partilhavam do Cordeiro de Deus oferecido por seus pecados. De modo que a ceia do Senhor cumpriu e tomou o lugar da ceia pascal.

Exatamente da mesma maneira, o batismo toma o lugar da circuncisão como o símbolo da salvação.

Considere as seguintes três perguntas à luz dos capítulos anteriores:

1. O que acontecia no Antigo Testamento quando uma pessoa cria no Deus de Abraão e confiava nEle?

Ela era circuncidada.

2. Qual era o sinal externo que representava o coração limpo no Antigo Testamento?

A circuncisão.

3. Qual era o símbolo externo que marcava a entrada de uma pessoa na comunidade de crentes no Antigo Testamento?

A circuncisão.

Agora, permita-me fazer-lhe as mesmas perguntas substituindo “Antigo Testamento” por “Novo testamento”.

1. Que acontecia no Novo Testamento quando uma pessoa cria no Deus de Abraão e confiava nEle?

Ela era batizada.

2. Qual era o sinal externo que representava o coração limpo no Novo Testamento?

O batismo.

3. Qual era o símbolo externo que marcava a entrada de uma pessoa na comunidade de crentes no Novo Testamento?

O batismo.

Por esta razão, quando um menino nasce em nossa congregação eu não vou ao hospital para oficiar um serviço de circuncisão. Deixo essa parte para os médicos, porque isto já não é um símbolo da salvação. É por esta mesma razão que nós não circuncidamos os adultos que se convertem a Cristo. O batismo é o cumprimento da circuncisão.

Paulo explica isto a um grupo de gentios convertidos em Colossos. Alguns judeus diziam aos novos convertidos que eles precisavam da circuncisão porque esta era símbolo da salvação. Como estes novos conversos não eram de origem judaica, eles nunca tinham sido circuncidados. Isto levantou uma grande controversa entre eles, incluindo toda a igreja do Mediterrâneo. Notemos o que Paulo escreve a este grupo de frágeis novos seguidores de Cristo: “Nele também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos... sepultados juntamente com ele no batismo” (Colossenses 2:11-12). Apesar deles não terem sido circuncidados externamente, Paulo confirma que eles haviam sido circuncidados “não por intermédio de mãos”. Em outras palavras, a deles era uma circuncisão simbólica. E como? Quando a tinham recebido? Quando foram batizados! O que Paulo está lhes dizendo é: “Vocês não compreendem que eu os batizei como símbolo de sua salvação? Então vocês não precisam de circuncisão.”

Não é estranho que o batismo preencha as condições da circuncisão. Toda doutrina ensinada no Novo Testamento tem sua origem no Antigo Testamento. Lágrimas vêm aos nossos olhos ante a beleza e a unidade das Escrituras quando vemos Arão sacrificar cordeiros e a seguir vemos Jesus sacrificado no Calvário, castigado por Deus por causa de nossos pecados. Nós sentimos uma afinidade com Josué quando vemos sua família reunir-se para comer do cordeiro pascal no antigo Israel, e nós nos reunirmos para tomar do corpo e sangue do Cordeiro de Deus no novo Israel. Porém, o mais precioso é que Deus não retém a bênção que Ele deu a Seu povo nos dias antigos. Nós seguimos nas mesmas pisadas de Abraão na circuncisão de Isaac quando trazemos nossos filhos para serem batizados.


4
Deus e a Família do Antigo Testamento


Quando Caim nasceu, ninguém precisou lhe ensinar a mentir, nem a ser egoísta, nem tampouco a desobedecer aos seus pais. Semelhante a todos nós, isto lhe vinha mui naturalmente. Apesar de não parecer ter muita importância, isto tem um significado extraordinário.

Como sabemos, Adão foi criado perfeito. Ele não tinha nenhuma inclinação natural para o pecado. Ele foi livre num sentido que ninguém tem sido livre desde então.

Depois do primeiro pecado de Adão, tudo mudou. Sua natureza decaída estava disposta a pecar. Sua própria essência produzia pensamentos e obras pecaminosas. Nasceriam seus filhos com a mesma natureza que ele teve antes de pecar, ou herdariam eles sua natureza pecaminosa? Caim respondeu a esta pergunta. Todos os filhos de Adão até nossos dias têm sido concebidos carregando esta marca. Não é como se nascêssemos neutros e logo saltássemos para um lado ou para o outro. Nem tampouco temos nascido inocentes, sendo atraídos a fazer o mal pelas influências do mundo. Nós nascemos com uma natureza pecaminosa, e embora o mundo nos tente a pecar de maneira específica, ainda assim os nossos pecados fluem de nossos próprios corações. Escutemos como Paulo descreve nossa relação com Adão em Romanos 5:

Porque se pela ofensa de um só, morreram muitos ...” (v.15).

Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação...” (v.18).

Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores ...” (19).

Adão foi nosso representante. Ele falhou, e por isso nós nascemos com a marca de seu fracasso.

Tudo isto talvez vá de encontro à nossa natureza independente, porém nunca duvide de que isto é o que a Bíblia ensina. Senti raiva quando pela primeira vez escutei isto, mas eu não podia negar o fato de que a Bíblia claramente acusa minha natureza. Queremos dizer: “Isto não é justo! Por que devemos nascer pecadores pelo que Adão fez?” Contudo, nós devemos lembrar as palavras de Paulo em Romanos 11:33-34, onde ele nos diz que Deus é tão extraordinário em Sua sabedoria e conhecimento, que Sua mente não tem medida, e que nós, então, não temos nenhum direito de agir como se fôssemos Seus conselheiros. Também temos que considerar que, se Deus tivesse implementado nossa idéia de justiça, Ele simplesmente teria destruído Adão e Eva em conseqüência de seu pecado, e nossa raça não teria existido! Por isso, quando nos perguntamos o porquê de nossa natureza pecaminosa, nós respondemos, com mentes e corações prostrados ante o justo e misericordioso Deus: “Porque somos filhos de Adão.”

Neste momento você estará se perguntando: O que tem isso a ver com o batismo infantil? Na maneira como Deus tratou com Adão, Ele nos deu um exemplo da maneira em que trata com todos os seres humanos. Através da Escritura vemos Deus exercendo Sua graça e Seu juízo por meio das famílias.

No capítulo 6 do livro de Gênesis, Noé recebeu a graça de Deus. Apesar de Deus decidir destruir o mundo com um dilúvio, Ele escolheu salvar Noé. O verso 8 está muito claro: “Noé achou graça diante do Senhor.” Mas quando a arca zarpou estava Noé sozinho com os animais? Não, Deus o instruiu a levar sua esposa e seus três filhos e as esposas de seus filhos. Ele poderia muito bem ter excluído a família de Noé, porém Deus sempre tem em grande estima as famílias de Seu povo.

Em Gênesis17:7, Deus fez um pacto de salvação com Abraão. Ele disse a Abraão que o pacto não era somente com ele, mas com seus filhos, e os filhos de seus filhos, e os filhos dos filhos de seus filhos, e assim por diante. Fique certo de entender isto. Estes filhos não tinham nascido, nem tinham confessado sua fé; ainda assim Deus estava prometendo que os trataria de uma maneira especial. Deus não estava somente predizendo o futuro. Isto não era uma profecia do tipo que predizia o futuro - isto era um pacto. Deus tratou com Abraão somente como indivíduo? Não, Ele realizou um pacto com a família de Abraão.

Quatrocentos anos mais tarde, essa família havia crescido e tinha se tornado uma grande nação com mais de um milhão de pessoas. Escravos no Egito, eles oraram a Deus. Os resultados estão registrados em Êxodo 2:24-25.

Ouvindo Deus o seu gemido,lembrou-se da sua aliança com Abraão, com Isaac e com Jacó. E viu Deus os filhos de Israel e atentou para a sua condição.”

Por que atentou Deus para estes escravos? Seria porque eles pertenciam a uma minoria? Ou porque eles eram melhores que outras pessoas? Ou porque eram maltratados? Deus os estimou porque eram os filhos de Abraão. Deus tem uma estima especial pelos filhos de Seu povo.

Pense nas extraordinárias palavras de 1 Reis 11:11-12.

Por isso disse o Senhor a Salomão: visto que assim procedeste e não guardaste a minha aliança, nem os meus estatutos que te mandei, tirarei de ti este reino, e o darei a teu servo. Contudo não o farei nos teus dias, por amor de Davi teu pai; da mão de teu filho o tirarei.”

Salomão havia pecado seriamente contra Deus. Seu reino seria dividido por causa de seu pecado, porém, o Senhor não o faria enquanto Salomão fosse vivo, porque Salomão era filho de Davi. Davi já estava morto havia muitos anos, e ainda assim Deus trataria a Salomão de maneira especial por causa de seu pai.

Agora podemos começar a entender por que Deus ordenou que o símbolo do pacto fosse aplicado aos filhos. Eles são separados - são especiais para o Senhor.

Mas existe um outro lado neste ensino. Com lágrimas nos olhos, ouvimos Deus dizer a Israel que os pecados dos pais serão visitados nos filhos:

... porque eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Ex 20:5).

.... que não inocenta o culpado; e visita a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração” (Ex 34:7).

Nós vimos como Deus mostrou seu favor para com Salomão por causa de Davi. Roboão, o filho de Salomão, tornou-se rei. O seu reino entrou em guerra civil e se dividiu. Roboão experimentou o juízo de Deus por causa dos pecados de seu pai. Lembre, Deus havia dito a Salomão que dividiria seu reino durante o reinado de seu filho devido ao pecado de Salomão. Pais e mães, se somente pudéssemos nos dar conta de que nossos pecados vão afetar profundamente nossos filhos, não nos comportaríamos de maneira diferente?

Mas não devemos terminar este capítulo com esta nota negativa, porque existe uma grande bênção neste ensino. Ao se aproximar da morte, Abraão pôde ter grande consolo em saber que Deus abençoaria a sua linhagem. Deus estimaria as famílias de Israel. Davi escreveu o seguinte sobre isso:

Mas a misericórdia do Senhor é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos” (Salmo 103:17).



5
Deus e a Família do Novo Testamento

 

Os exemplos de Deus abençoando as crianças devido à fé de seus pais não estão limitados ao Antigo Testamento. Temo-los visto repetidas vezes no Novo Testamento, talvez sem dar-nos conta deles. Eis alguns exemplos:

Mateus 9:18-19; 23-26 - A filha de um oficial judeu acabara de morrer. O oficial então foi a Jesus e lhe pediu que restaurasse a vida dela. Jesus respondeu curando a filha deste homem. Por quê? Por causa da fé dela? Não, por causa da fé de seu pai.

Mateus 17:14-18 - O pai de um epiléptico pediu a Jesus que curasse seu filho. Como resposta o menino foi curado.

Lucas 7:11-17 - Uma mulher que havia perdido seu marido, caminhava ao lado do esquife de seu único filho. Enquanto olhava aquela triste procissão, Jesus teve compaixão da mulher. Apesar dela não ter pedido nada, Jesus devolveu a vida ao jovem e devolveu um filho a sua mãe. Por que Jesus lhe restaurou a vida? Ele o fez por causa da mãe do jovem.

João 4:46-54 - O filho de um oficial da cidade de Cafarnaum estava enfermo. Sua enfermidade parecia ser terminal. O pai aflito pede a Jesus que sare seu filho, e Jesus o sarou sem ir a sua casa. Jesus se interessou pelo filho por causa de seu pai.

Em cada um dos casos acima mencionados, a criança foi restaurada por causa de seu pai ou mãe.

O registro de uma conversão nas Escrituras que sempre traz um sorriso a nossos rostos é a do pequeno cobrador de impostos de Jericó chamado Zaqueu. Quando Jesus foi a essa cidade, a multidão era tão grande e Zaqueu tão pequeno que ele não podia ver Jesus. Então ele subiu em uma árvore, e Jesus o viu. Jesus disse a Zaqueu que descesse porque Ele ia ficar em sua casa. Mantendo uma promessa que havia feito antes dos tempos, nosso Senhor disse a Zaqueu: “Hoje houve salvação nesta casa.”

Por que Jesus não disse: “Hoje houve salvação a Zaqueu”? Visto que Zaqueu era o cabeça de sua casa, vindo a fé, Jesus falou em termos de toda a casa. Em outras palavras, Deus abençoou toda a família porque o cabeça dessa família tinha se tornado Seu filho.

Quando Pedro pediu à multidão no dia de Pentencoste que se arrependesse e que se batizasse para que seus pecados fossem perdoados, ele acrescentou:

Pois para vós é a promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor nosso Deus chamar” (Atos 2:39).

Por que Pedro disse "para vós é a promessa e para vossos filhos"? Ele sabia que Deus continuava trabalhando como fez no Antigo Testamento. Ele teria os filhos de seus filhos em alta estima.

O mesmo assunto volta a ser mencionado em 1 Conríntios 7:14:

Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos.”

À medida que os coríntios se convertiam da cultura pagã a Cristo, eles enfrentavam problemas que nós também vemos hoje. Um marido tornava-se cristão e seu estilo de vida mudava drasticamente. Conforme ele ia entendendo como Cristo afetava cada parte de sua vida, era natural que se perguntasse se deveria continuar vivendo com uma esposa que não era cristã.

A resposta de Paulo é encontrada em 1 Coríntios 7. Se sua esposa estava disposta a viver com ele, o mesmo deveria ficar com ela. Conforme Paulo prossegue dizendo, a mulher incrédula é “santificada” pelo marido crente. Isto não significa que ela seja salva. A palavra grega para “santificar” significa "separar". Em algumas partes do Novo Testamento ela é traduzida como “santo”. A vida santa de um cristão é uma vida “separada”. O que Paulo diz é que a mulher é separada - vista de uma maneira especial por Deus. Por quê? Porque seu marido é um filho de Deus.

Deus diz que, quando nos unimos em matrimônio, nos tornamos um perante Ele. Paulo explica que se isto não fosse verdade, nossos filhos não seriam santificados. Paulo diz: “Da mesma forma que seus filhos são separados aos olhos de Deus, esse mesmo princípio se aplica a suas esposas.” Então, por que não batizamos uma esposa descrente, se batizamos crianças e até mesmo bebês? Como adulta a esposa é responsável por fazer sua profissão de fé perante o Senhor. A criança se sustém na fé de seu pai, incapaz de fazer sua própria profissão, porém levando nela a marca da fé de seu pai, que lhe chama para seu Senhor em seus tenros anos.


6
As Responsabilidades do Lar do Pacto

 

Pode parecer que tudo o que você precisa fazer é batizar sua criança, e tudo caminhará bem. Isto é o que muitos membros em nossas igrejas atuais pensam. Eles trazem seus filhos e os batizam como se isto fosse uma espécie de seguro contra incêndio. Mas a partir desse momento não vemos nenhuma diferença entre esse lar e o lar do ateu que mora ao seu lado.

Se você e sua esposa não se amam como a Bíblia ordena, se você não ensina as Escrituras a seus filhos, se você não os disciplina como a Palavra de Deus ensina, se você não ora com eles e por eles todos os dias, se Cristo não é o centro de seu lar, então mesmo que batize seus filhos, eles crescerão como crianças de qualquer outro lar não cristão.

Voltando a Gênesis, onde lemos que Deus disse a Abraão que pusesse em seu filho o símbolo de salvação, Deus continuou dizendo sobre Abraão:

Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor” (Gênesis 18:19).

Esse versículo nos fala da responsabilidade de Abraão de ensinar seu filho acerca de Deus em cada faceta de seu lar. Para Abraão, a circuncisão não era uma garantia de que Deus automaticamente salvaria o seu filho. Era o símbolo do pacto de que ele criaria seu filho no Senhor, e de que Deus o estimaria.

A América tem que escutar isto! Apesar de termos tantos membros nas igrejas quanto nenhuma outra nação do mundo, nossa sociedade iguala-se aos países mais ímpios ou profanos em termos de iniqüidade. Nossos lares, os lares dos membros das igrejas, com freqüência não são em nada diferentes aos lares dos descrentes. Nós adoramos o prazer, as comodidades, o clube, o dinheiro, o sucesso, o poder, o prestígio, exatamente como o mundo. Nós não oramos em nossos lares mais que o bom vizinho que vive ao nosso lado. Vamos à igreja duas vezes por mês para apaziguar o Senhor, e ainda assim nos enfadamos se o culto passa do meio-dia. Passamos por muitas dificuldades para ensinar matemática, ciências, negócios, o futebol, o beisebol, o basquetebol, o tênis, o golfe, talvez o balé, música, arte, e teatro a nossos filhos. Mas, quanto tempo ou esforço dispensamos para ensinar a vida em santidade a nossos filhos?

Não estou escrevendo estas lições somente para ensinar presbiterianos, episcopais, luteranos e metodistas o que eles têm a obrigação de crer. Estou escrevendo acerca deste tema porque a única coisa que vai salvar a América são lares que realizem pactos com Deus, onde se criem as crianças em santidade.

Olhemos cuidadosamente para uma das promessas que fazemos quando batizamos as nossas crianças:

“Dedica você seu filho hoje a Deus sem reservas, e promete, em humilde dependência da graça divina, que você se esforçará em dar-lhe um exemplo piedoso; que você orará com ele e por ele, que você lhe ensinará as doutrinas da santa fé, e que você tentará, por todos os meios exercer esta tarefa que Deus lhe deu, de criar seu filho, educando-o e admoestando-o no Senhor?”

Meu pai é um ministro. Ele sempre formula uma pergunta adicional àqueles pais que trazem seu segundo, terceiro ou quarto filho para ser batizado. Já que os pais fizeram uma promessa antes, ele lhes pergunta: “Vocês têm cumprido a solene promessa que fizeram perante Deus com seu filho anterior de tal maneira que vocês podem fazer nova promessa com consciência limpa e sincera?” Ele faz esta pergunta ao pai e à mãe diante de toda a congregação! Quando levei para batizar meu segundo e terceiro filho, ele me fez essa mesma pergunta. Ora, nós não podemos dizer que temos obedecido ao Senhor perfeitamente neste assunto. E a pergunta não é se o temos feito perfeitamente. A pergunta é se nós temos nos esforçado para cumprir nossas promessas da melhor forma que podemos.
Meu pai está correto. Temos que dizer uns aos outros: “Deixemos de nos enganar! Para muitos de nós estes votos são apenas uma convenção social.” Deus pode falar acerca de nós o mesmo que disse de Abraão? “Ordenaremos a nossos filhos e a nossa descendência que guardem os caminhos do Senhor”? Se não podemos responder afirmativamente a essas perguntas, nós não temos por que trazer nossos filhos para serem batizados.

Quando nós, como pais, lembramos do símbolo da salvação aplicado a nossos filhos, somos chamados a criá-los como Deus nos ordena. Nossos filhos não são nossa propriedade. Deus no-los deu, como nos têm dado tudo o que possuímos. Nós somos mordomos. Por isso nós devemos criar nossos filhos como Deus ordena. De outra maneira, nós negamos que eles são Sua propriedade.

Permitam-me dirigir-me por um momento a vocês que foram batizados como filhos do pacto. O sinal da salvação, o símbolo da fé de seus pais, tem sido aplicado a vocês. Ele é um chamado, um mandamento, para que se arrependam de seus pecados e sigam a Jesus. Se seus pais têm sido fiéis, vocês possuem bênçãos que os filhos do mundo jamais conheceram. Sodoma não tinha a Bíblia, porém a vocês tem sido ensinada a Palavra de Deus, com vocês e por vocês se tem orado, a vocês se tem dado exemplo de santidade, e se lhes têm ensinado a lei e a misericórdia de Deus; se vocês não viverem para o Senhor, o juízo que lhe espera é pior que o daqueles filhos que nunca conheceram essa bênção. O batismo de vocês quando crianças é um chamado de Deus a virem a Cristo. Se vocês não responderem a esse chamado, então eu preferiria ser um filho de um ateu a estar no lugar de vocês! Como o Senhor Jesus disse à cidade de Cafarnaum, a qual permanecia sem arrepender-se apesar dEle fazer muitos milagres ali: “Menos rigor haverá no dia do juízo para com a terra de Sodoma, do que para contigo.”

Pais, não façam promessas somente para cumprir uma convenção social. Imagine-se você, vindo diante do Deus vivo e pronunciando palavras que não têm nenhum significado para você, apenas para ganhar respeito social! Se você faz isso, o sangue de seus próprios filhos estará sobre sua própria cabeça. Escrever-se-á de você na eternidade que você tem agido frivolamente para com o Deus Todo-Poderoso.


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Resumo

 

Por que você batizou ou deseja batizar sua criança?

A Bíblia ensina que o símbolo da salvação é para ser dado aos filhos de pais crentes. No Antigo Testamento, o símbolo era a circuncisão. No Novo Testamento, o símbolo é o batismo. O batismo de nossos filhos simboliza a realidade de que eles têm sido separados para Deus. Neste batismo, os pais realizam um pacto comprometendo-se a criar seus filhos mediante a instrução de seu Senhor. Tal batismo é um chamado às crianças para confessarem a Cristo como seu Salvador desde sua tenra idade.

Foi Deus quem iniciou, pôs os termos e selou Seu pacto com Seu povo. Graciosamente Ele Se compromete a cumprir Sua Palavra. E Ele chama a Seus filhos e os filhos de Seus filhos a manter Seu pacto e a conhecer Sua bênção de geração em geração.

 

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Perguntas Respondidas

 

1. Acaso o batismo infantil salva a criança?

O batismo não salva a criança mais do que salva um adulto. No Antigo Testamento vemos exemplos de israelitas que tinham sido circuncidados e que eram perdidos. Deus chamou a estas pessoas de “incircuncisas de coração” e disse que elas eram iguais aos ímpios do mundo (Jeremias 9: 26). Eles levavam a marca da salvação, porém não eram salvos. No Novo Testamento vemos adultos abandonarem os caminhos do Senhor e provarem com isto que não O conheciam verdadeiramente. Alguns deles realizariam obras extraordinárias em Seu nome, entretanto Jesus lhes dirá “Nunca vos conheci” (Mateus 7:23). Estas pessoas possuíam a marca externa da salvação, mas eram ímpios.

Deixe-me enfatizar bem isto, de modo que esta pergunta não precise mais ser feita. Nós não ensinamos que o batismo infantil salva a criança.

2. Se Deus mostra Seu favor à criança por causa de seus pais, pode-se considerar isto graça?

Esta é uma excelente pergunta. Se o batismo infantil contraria a graça e ensina que uma pessoa é salva pelos seus pais ou pelas obras deles, então devemos rejeitar essa doutrina, porque nossa salvação depende completamente da graça de Deus.

Se Deus mostra Seu favor a uma criança em particular, Seu favor continua sendo graça. A criança continua sendo pecadora. Seus pais ainda são pecadores. Qualquer dádiva de Deus a essa família continua sendo imerecida. Nunca conheci pais cristãos que tenham dito, após Deus ter salvado seus filhos: “Ele merecia ser salvo porque nós oramos por eles, educamo-los, disciplinamo-los; Deus nos devia isso.” O que é que dizemos? “Graças, Senhor, por Tua graça para com nosso lar; nós somos pecadores e não merecemos Tua bondade.”

3. O que acontece se os pais lutam para serem fiéis na criação de seus filhos no Senhor, porém o filho vem a ser um ímpio quando adulto?

Nós não devemos desistir dessa pessoa. Ás vezes a criança não cumpre as promessas de seu batismo nem professa a fé de seus pais até ser um adulto maduro. John Newton teve uma mãe temente a Deus durante os primeiros sete anos de sua vida, mas logo ele se rebelou contra todo o ensino sagrado. Enquanto não se tornou um adulto, os ensinos de sua mãe não deram frutos. Newton confessou que, mesmo nos momentos mais escuros de sua depravação, ele não conseguia esquecer dos hinos, versículos da Escrituras, e do Catecismo que sua mãe lhe havia ensinado.

Contudo, infelizmente existem crianças que ainda que tenham crescido em lares verdadeiramente piedosos abandonam o Senhor e nunca vêm a Ele. Encontramos este ensinamento em Ezequiel 18:5-13. Ali vemos a descrição de um homem assim: seus pais são piedosos, porém ele é um monumento à iniqüidade. Deus nos diz que esse indivíduo será castigado eternamente. Mas isso é exceção, não é a regra.

Devemos animar-nos ao ver que a maioria dos lares piedosos produzem filhos piedosos. Todavia, devemos ser cuidadosos em como definimos “um lar piedoso”. Tenho visto homens usados poderosamente por Deus como pregadores, presbíteros, diáconos, evangelistas e professores de escola dominical, cujos lares eram desertos espirituais. Eles eram pregadores e mestres ativos, porém fracassados como esposos e pais. Pregadores, nós devemos ser exemplos de esposos e pais piedosos!

É preciso esclarecer que, quando falamos de lares piedosos, não queremos dizer meramente que a família freqüente a igreja. Muitas vezes têm vindo a mim, no decorrer dos anos, pais que se perguntam o que terá acontecido a seu filho. Eles sempre dizem a mesma coisa: “Nós o criamos bem. Nós o levamos à igreja.” Porém, quando examinamos a vida desse lar em detalhe, descobrimos a razão pela qual o filho se foi por seu próprio caminho:

• Seu pai não lia a Bíblia nem orava com ele em casa.
• Ele não recebia uma disciplina contínua e consistente.
• Seus pais não gastavam tempo com ele, dando-lhe prioridade.
• Ele passava mais horas olhando a televisão que fazendo outra coisa. Quando chegou à adolescência o filho podia assistir o que quisesse.
• Seus pais se preocupavam mais por seu sucesso no mundo que por sua relação com o Senhor.

Em tais casos, não nos surpreende que um filho vá para o mundo. “Não vos enganeis; Deus não pode ser enganado: pois tudo o que o homem semear, isso também colherá” (Gálatas 6:7).

4. E o que dizer de uma criança não criada em um lar cristão? Acaso este ensino a exclui de ter alguma esperança?

No Velho Testamento houve egípcios, gregos, persas e pessoas de muitas outras nações que se converteram ao Deus de Israel. Em Ezequiel 18:14-20, Deus diz a Israel que um homem justo pode vir de um lar donde se praticava a injustiça. Deus pode romper a linhagem de iniqüidade e começar uma de justiça. Na verdade, em uma sociedade onde o lar moderno se encontra numa condição de miséria, a beleza de um lar cristão atrai as pessoas a Cristo. Noutras palavras, em vez de desencorajar as pessoas de origem familiar ímpia, nossos lares do pacto são usados pelo Espírito Santo para atraí-los a Cristo.

5. E no caso do lar que somente um dos pais é cristão? Deve o pai cristão batizar sua criança?

A resposta é muito simples. É claro que essa criança deve ser batizada! Quando Deus olha para a criança, Ele a vê como um filho de um dos Seus filhos. Todo o lar é “santificado” e “separado” através do pai ou mãe que seja cristão (1 Coríntios 7:14).


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Perguntas para Vocês

 

Se você tem dúvidas quanto a batizar seus filhos, você deve considerar cuidadosamente as seguintes perguntas.

1. Se tivesse vivido na época do Antigo Testamento, você teria aplicado o símbolo de salvação, ou circuncisão, a seu filho?

Em geral, a mesma pergunta que se faz acerca do batismo também pode ser feita da circuncisão no Antigo Testamento, porque o batismo é o cumprimento da circuncisão. O que você teria dito a Deus, se você fosse Abraão? “Senhor, eu não creio que deva circuncidar a Isaac. Melhor seria que esperássemos até ele mesmo professar sua fé antes de aplicar-lhe o símbolo da salvação. E, na verdade, ele não é diferente do filho do Faraó, não é?” Não são acaso estas mesmas perguntas que surgem hoje em dia?


2. Como podemos pregar ou escutar sermões sobre passagens do Antigo Testamento, se Deus trata de maneira diferente com as famílias do Novo Testamento?

As passagens do Antigo Testamento foram escritas no contexto do lar do pacto, onde o símbolo da salvação era aplicado às crianças. Se nós rejeitarmos esta bênção, como determinamos então quais passagens das Escrituras do Antigo Testamento se aplicam a nossa situação?


3. O que quer dizer Paulo em 1 Coríntios 7:14 quando ele chama os filhos de pais crentes de “santos” ou “separados”?

Você tem que rejeitar o significado óbvio dessa passagem para se recusar a batizar a seus filhos.


4. Acaso Deus se preocupa da mesma maneira pelos lares ímpios como pelos lares de Seu povo?

Existe uma grande diferença entre as famílias entregues à iniqüidade e as famílias que buscam a justiça divina.

....visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Êxodo 20:5).

Mas a misericórdia do Senhor é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos” (Salmo 103:17).

O favor do Senhor sobre um lar e o juízo do Senhor sobre o outro é claro. Como pode alguém ler Sua Palavra e dizer que os filhos de Herodes são iguais aos filhos do povo de Deus?


5. Se há dois diferentes povos de Deus com pouca unidade entre si – o povo de Deus do Antigo Testamento e a igreja do Novo Testamento -, como é que em Romanos 11:17 ambos são ilustrados como sendo um só?

Nessa passagem Paulo explica de forma clara que nós, a igreja do Novo Testamento, estamos enxertados no sistema já existente de troncos e raízes. Não há duas árvores diferentes, mas uma só. Certamente existem diferenças, já que muitas coisas se têm cumprido, porém devemos ser cuidadosos em não destruir a continuidade.


6. Se Deus quer que deixemos de aplicar o símbolo da salvação a nossas crianças, por que não ordenou explicitamente no Novo Testamento que mudássemos as normas ou padrões do Antigo Testamento, e que deixássemos de passar o símbolo do pacto a nossos filhos?

Este não é um assunto insignificante. Se o mandamento tivesse mudado, uma norma ou um padrão fundamental e muito importante de 1700 anos teria sido deixado de lado. É claro que a circuncisão deu lugar ao batismo como símbolo de salvação, mas não há o menor indício de um mandamento que nos impeça de aplicar a nossas crianças este novo símbolo da salvação. Pelo contrário, Pedro diz que a promessa é para os filhos dos filhos, e lemos que todas as pessoas nas casas eram batizadas. Não existe, então, razão bíblica alguma para não continuar administrando esta maravilhosa bênção dada por Deus desde há muito tempo.



Fonte: John P. Sartele, O Batismo Infantil, Editora Puritanos.
Usado com permissão.
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