Fazendo, Cumprindo e Quebrando Promessas - Parte 3

por

Vincent Cheung

 

(O que se segue é uma correspondência de e-mail editada)


O princípio 5 é fácil de explicar e ilustrar.

Quando chegamos ao que a Escritura ensina sobre promessas, uma das principais questões que as pessoas desejam resolver é esta: é verdade, como alguém inicialmente tende a assumir, que você sempre deve cumprir toda promessa que você fizer, não importa qual seja? A resposta é não, pois algumas promessas são anuladas por uma autoridade maior, e algumas são moralmente erradas para se cumprir.

Contudo, isso não significa automaticamente que você não tenha pecado numa situação onde você deve quebrar uma promessa. Em muitos casos, você já pecou ao fazer a promessa; você apenas cometerá outro pecado se cumprir a promessa, e você não pode desfazer um pecado cometendo outro.

Por exemplo, se por alguma razão eu lhe prometer roubar um banco para você ou assassinar alguém para você, então, certamente, eu não devo cumprir essa promessa. Eu já pequei em fazer tal promessa, e seria um pecado ainda maior cumpri-la.

Ou, se você faz uma promessa a alguém em nome de sua companhia, quando você não tem autoridade para fazer tal promessa, então, você já agiu erroneamente ao fazer a promessa, mas também seria errado cumprir uma promessa que você não tinha o direito de fazer. Nesse caso, a companhia tem o direito de decidir se você pode ou não cumprir a promessa. De fato, para proteger sua reputação, que você agora colocou em risco, ela pode honrar sua promessa ilegítima de qualquer forma, mas certamente ela não seria obrigada a assim fazer. Em alguns casos, e quando possível, a coisa certa a fazer pode ser honrar a promessa com os seus recursos pessoais.

Deus sempre tem o direito de decidir sobre todas as promessas. Secundariamente, algumas figuras humanas de autoridade podem ter direitos sobre as suas promessas, tais como pais, maridos, pais, pastores e empregadores.

Todavia, isso não quer dizer que você deva sempre quebrar todas as promessas que você não tinha o direito de fazer. Por exemplo, o fato de você, como um cristão, casar com uma incrédula, seria um grande pecado, mas seria outro grande pecado para você o se divorciar da incrédula, uma vez que você tenha se casado com ela. Isso é porque embora Deus tenha declarado, através dos Seus preceitos, que Ele se opõe a esse casamento pecaminoso, é ainda o mesmo Deus que o inspeciona, e o que Ele uniu, que nenhum homem separe (1 Coríntios 7:12-13; veja também The Sermon on the Mount).

Há princípios aplicáveis na Escritura a toda situação que você enfrentar, e para cada promessa que você fizer. Eles te dirão o que é certo e o que é errado em cada ocasião, e mesmo quando você tiver agido errado, eles lhes dirão o próximo passo a seguir.

Nossa discussão sobre os princípios 4 e 5 não deve complicar as coisas ao ponto dos princípios 1-3 se tornarem obscuros. De fato, os princípios 1 e 2 seriam suficientes para guiar a maioria das suas decisões sobre fazer e cumprir promessas — isto é, não faça promessas imprudentes ou desnecessárias (muitas promesas são desnecessárias — se você pretender fazer algo, apenas faça), mas uma vez que você tenha feito uma promessa, cumpra-a. Há exceções, mas exceções são raras, embora elas possam acontecer. Certamente, então, a melhor coisa a fazer é evitar fazer promessas que você não tenha o direito de fazer, ou que você não possa ou não deva cumprir.

Então, algumas promessas podem não ser completamente pecaminosas, mas elas não são sábias, e a Bíblia diz que você deve implorar para ser liberto delas. Um exemplo é quando você é o fiador do empréstimo de alguém:

Meu filho, se você serviu de fiador do seu próximo, se, com um aperto de mãos, empenhou-se por um estranho e caiu na armadilha das palavras que você mesmo disse, está prisioneiro do que falou. Então, meu filho, uma vez que você caiu nas mãos do seu próximo, vá e humilhe-se; insista, incomode o seu próximo! Não se entregue ao sono, não procure descansar. Livre-se como a gazela se livra do caçador, como a ave do laço que a pode prender. (Provérbios 6:1–5)

Antes dele se aposentar, a profissão do meu pai mexia muito com contratos, documentos e suas ramificações. E desde que eu tinha uns poucos anos de idade, ele repetidamente me dizia que eu nunca deveria afiançar o empréstimo de ninguém.

Ele estava falando por experiência, mas a Escritura é o único guia verdadeiro e confiável. Todavia, nesse caso, meu pai fez algo que era escriturístico, a saber, ele me ensinou esse princípio correto (e que parece para muitos um princípio “adulto”) desde a minha tenra idade. Em Provérbios, o escritor está ensinando seu filho algumas das lições básicas da vida, e essa é uma delas — nunca afiance o empréstimo de alguém, e se você já tiver feito, implore para sair dele.

Nunca é muito cedo para advertir seus filhos contra embriaguez, adultério, fiança, e outras coisas que os incrédulos e os crentes irresponsáveis consideram como lições “adultas”. Comece a ensinar essas coisas a seus filhos quando eles tiverem três ou quatro anos, e repita-as um par de vezes a cada mês até que eles deixam o lar como adultos, e isso só pode se afixar neles.

Em todo caso, de agora em diante você nunca deve estar numa situação onde você precise ser liberto de uma garantia, pois porque você sequer consideraria ser fiador de alguém após ler essa passagem? Apenas não seja. E se você insistir em ser, então esteja preparado para pagar a coisa toda, pois você aprisionou a si mesmo, e sua família com você.

[fim da série]


[Leia a parte 1]

[Leia a parte 2]



LEITURA RECOMENDADA:


Vincent Cheung, The Sermon on the Mount

Vincent Cheung, Commentary on Ephesians

Gordon Clark, Essays on Ethics and Politics

John Murray, Principles of Conduct


RELACIONADO
(mas inconsistente em qualidade):

Alexander Hill, Just Business: Christian Ethics for the Marketplace

Michael Zigarelli, Management by Proverbs: Applying Timeless Wisdom in the Workplace

Scott Rae, Beyond Integrity: A Judeo-Christian Approach to Business Ethics

Wayne Grudem, Business for the Glory of God

 

 


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 26 de Julho de 2005.


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