Pós-Milenismo

por

Loraine Boettner, D.D.a

 


Capítulo 3 - Terminologia Inadequada



Uma dificuldade que nós constantemente encaramos nesta discussão é esta: a de uma terminologia inadequada. O uso dos prefixos “pré-” e “pós-”, unidos à palavra “milênio”, é de certa forma desafortunado e equivocado. Porque a distinção envolve uma grande porção de coisas maior do que meramente um “antes” ou “depois”. O Milênio esperado pelos Pré-Milenistas é uma coisa totalmente diferente do que o esperado pelos Pós-Milenistas, não somente com respeito ao tempo e maneira no qual ele será instalado, mas primariamente com respeito à natureza do Reino e a maneira na qual Cristo exerce Seu controle.

Os Pós-Milenistas esperam por uma era de ouro que não será essencialmente diferente da nossa própria até agora, no que concerne aos fatos básicos da vida. Esta era se incorpora gradualmente na era milenar, a medida que uma larga e progressiva proporção dos habitantes da terra são convertidos ao Cristianismo. O casamento e o lar continuarão, e novos membros entrarão na raça humana através do processo natural de nascimento como no presente. O pecado não será eliminado, porém será reduzido ao mínimo, a medida que o ambiente moral e espiritual da terra se tornarem predominantemente cristãos. Problemas sociais, econômicos e educacionais permanecerão, porém com suas características desagradáveis grandemente eliminadas e suas características desejáveis aumentadas. Os princípios cristãos de crença e conduta serão os padrões aceitados. A vida durante o Milênio será comparada em muito com a vida no mundo hoje, do mesmo modo que a vida em uma comunidade cristã é comparada com a de uma comunidade pagã ou anti-religiosa. A Igreja, muito mais zelosa em seu testemunho à verdade e muito mais influente nas vidas das pessoas, continuará sendo, portanto, assim como agora, a exterior e visível manifestação do Reino de Deus na terra. E o Milênio terminará com a segunda vinda de Cristo, a ressurreição e o julgamento final. Em resumo, os Pós-Milenistas apresentam um Reino espiritual nos corações dos homens.

Por outro lado, o Milênio esperado pelos Pré-Milenistas envolve o pessoal e visível reino de Cristo como Rei em Jerusalém. O Reino será estabelecido não pela conversão de almas individuais durante um longo período de tempo, mas subitamente e por um poder devastador. Os judeus serão convertidos não como indivíduos e juntos com outros grupos da população, mas subitamente e em massa no mero olhar de Cristo, e se tornarão os principais governadores no novo Reino. A natureza participará das bênçãos mileniais e se tornará abundantemente produtiva, e até mesmo a natureza feroz das feras selvagens será domada. O mal, contudo, não cessará de existir, nem necessariamente diminuirá em quantidade, mas será detido pelo governo de vara de ferro de Cristo, e no final do Milênio, ele irromperá em uma terrível rebelião em que todos devastarão os santos e a cidade santa.

Durante o Milênio os santos em corpos glorificados se misturarão livremente com aqueles que ainda estão na carne. Este último elemento em particular parece-nos uma inconsistência - um reino mestiço, a nova terra e a humanidade glorificada sem pecado misturada com a velha terra e a humanidade pecaminosa, Cristo e os santos em corpos imortais e ressurretos vivendo em um mundo que ainda contêm muito de pecado e no meio de cenas de morte e decadência. Trazer Cristo e os santos para viver novamente no ambiente pecaminoso deste mundo, parece-me equivalente à introduzir o pecado no céu. Como o amilenista William J. Grier observou, tal associação será certamente um “ajuntamento misto”.

Amilenistas, certamente, rejeitam tanto a concepção dos pós- como dos pré-milenistas, e se contentam usualmente em dizer que não haverá um Milênio de nenhuma maneira no sentido da palavra.

Os termos são, então, um tanto inexatos e enganosos. Por esta razão alguns teólogos hesitam em rotular a si mesmos como pós-, a-, ou pré-milenistas. Porém, não existem termos mais apropriados disponíveis. Esses termos servem pelo menos para distinguir as diferentes escolas de pensamento, e seu significado é geralmente entendido.

Mas, enquanto as três escolas diferem com respeito ao significado da palavra “milênio”, isto não significa que a palavra em si mesma é ininteligível, nem que as distinções entre os sistemas sejam imaginárias ou sem importância. Absolutamente o contrário. Atualmente, esses sistemas representam visões amplamente divergentes com respeito a este importantíssimo assunto, que, como veremos, tem conseqüências de longo alcance.

Uma ampla e talvez mais acurada terminologia têm sido sugerida por alguns - a de Chiliasts [do grego Chiliasm = mil anos] e “Anti-Chiliasts”. Chiliasts incluem, então, tanto os Pré-Milenistas Históricos como os Dispensacionais, enquanto que ”Anti-Chiliasts” incluem tanto Pós- como Amilenistas, sem fazer isto necessário para escolher entre estes.

Além do mais, o fato que alguns que se auto designam Amilenistas sustentam que a presente era da Igreja constitui o Milênio, e que Cristo virá no final da era da Igreja, pode parecer fazê-los Pós-Milenistas. Mas, visto que o credo primário do Pós-Milenismo como geralmente entendido, é que a vinda de Cristo será seguida por uma era de ouro de justiça e paz, aqueles que olham para toda a era da Igreja como o Milênio, não são comumente referidos como Pós-Milenistas.

 


Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 16 de Novembro de 2002.


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