Capítulo 6 - Prosperidade Material Durante o Milênio
A grande prosperidade material da qual a Bíblia fala como acompanhando a era milenar será, em grande parte, o resultado da elevada vida moral e espiritual daquele tempo. Estas bênçãos também serão de Deus. Em várias profecias, bênçãos temporais são expressamente descritas como seguindo na série de bênçãos do novo concerto. Certamente não é necessário duvidar de que quando as outras características da era milenar forem concretizadas, esta prosperidade material também encontrará seu lugar. Piedade e sobriedade existindo em um sentido real trazem sua própria recompensa. “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”, disse Jesus (Mateus 6:33). “A piedade para tudo é proveitosa, visto que tem a promessa da vida presente”, bem como, “da que há de vir” (1 Timóteo 4:8). “O deserto e a terra sedenta se regozijarão; e o ermo exultará e florescerá” (Isaías 35:1). E quão apropriado é o Salmo Messiânico 72:“Ó Deus, dá ao rei os teus juízes, e a tua justiça ao filho do rei. Julgue ele o teu povo com justiça, e os teus pobres com eqüidade...Ele os liberta da opressão e da violência, e precioso aos seus olhos é o sangue deles. Viva, pois, ele; e se lhe dê do ouro de Sabá; e continuamente se faça por ele oração, e o bendigam em todo o tempo. Haja abundância de trigo na terra sobre os cumes dos montes; ondule o seu fruto como o Líbano, e das cidades floresçam homens como a erva da terra. Permaneça o seu nome eternamente; continue a sua fama enquanto o sol durar, e os homens sejam abençoados nele; todas as nações o chamem bem-aventurado. Bendito seja o Senhor Deus, o Deus de Israel, o único que faz maravilhas. Bendito seja para sempre o seu nome glorioso, e encha-se da sua glória toda a terra. Amém e amém”. (versos 1, 2, 14-19)
Em conexão com isto, David Brown cita um escritor de seus dias como se segue:
“Não necessitamos recorrer à fertilidade miraculosa da terra que Papias dissimula, para fazer cumprir esta profecia (Salmo 72). Fartura é a conseqüência natural da mudança moral que ocorrerá no mundo no milênio. A justiça universal daquele feliz período impedirá o tiranismo no governo, a anarquia no povo, bem como as devastações de guerras, pelas quais a terra é deixada sem cultivo, ou seus produtos são destruídos. A religião daquele período civilizará bárbaros, e destruirá entre as nações civilizadas as numerosas ocupações que ministram às paixões ilegais dos homens; dessa forma, direcionando uma grande multidão da raça humana às artes úteis da agricultura, as quais têm sido anteriormente ociosas e um fardo sobre o labor dos outros. O amor universalmente experimentado e praticado naquele período conduzirá aqueles que têm abundância a distribuir alegre e livremente às necessidades dos que possam estar em necessidade” (O Segundo Advento, p. 400).
Devemos recordar ainda que quando o homem foi criado e colocado no jardim do Éden, ele foi ordenado não somente a lavrar e guardar o jardim, mas também lhe foi dado o amplo mandamento de “sujeitar” a terra e “dominar sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra” (Gênesis 1:28; 2:15). Isto significa que ele deveria examinar as leis da natureza e aprender como usá-las, desenvolver novas substâncias, e em geral se fazer senhor de toda a criação. Certamente ele está muito distante do objetivo desta tarefa.
No relato de Gênesis da origem do pecado, lemos que, como uma parte da penalidade posta sobre o homem por seu pecado, a terra foi amaldiçoada (3:17,18). Desde então, ela começou a produzir espinhos e cardos, de forma que nunca terá fim a sua (do homem) luta para manter sua existência. As plantas e animais e as forças da natureza em geral, que anteriormente eram para o seu uso e serviço, vieram então a ter um relacionamento diferente com ele e tornou-se até certo ponto antagônico a ele. Sua antes agradável tarefa de lavrar e guardar o jardim tornou-se então um “árduo”, fatigante labor; e ele deveria à partir de então ganhar o pão de cada dia do suor de seu rosto (3:19). E na realidade, a devastação da condição da terra não é em muito um resultado natural e inevitável da indolência e ignorância do homem, e geralmente da natureza pervertida que sucedeu como resultado de sua queda em pecado? As extensões de terra estéreis e não-melhoradas são testemunhas de sua negligência. A irrigação e cultivação apropriadas fizeram muitos desertos florescerem como a rosa. Alguém que viajou através de nosso árido sudoeste, particularmente através do Novo México, Arizona e Califórnia do Sul, teve a oportunidade de ver que grandes mudanças ocorreram quando a água, o fertilizante, as variedades de plantas melhoradas e a cultivação foram aplicadas ao solo. Os crescimentos luxuosos e as paisagens bonitas que devem agora ser encontradas em algumas áreas limitadas são apenas uma amostra pequena do que pode ser feito mais eficientemente e em uma escala mundial quando o homem retornar ao desempenho apropriado da tarefa que lhe foi atribuída no Éden. Um campo que este ano tem uma colheita bonita de trigo ou de milho pode no próximo ano permanecer sem cultivo, com o resultado de que as ervas daninhas e os cardos tomarão posse. Administre corretamente o homem a terra, a tarefa lhe atribuída antes da queda, e uma vida produtiva da planta e do animal será restaurada. Cure a condição de pecado no homem e uma maravilhosa transformação ocorrerá na natureza. Luther Burbank e outros têm feito muito para trazer de volta à sua condição original muitas variedades de plantas e frutas que em seu estado selvagem e negligenciado degeneraram, até que estivessem praticamente sem valor algum.
Uma revolução tem ocorrido no transporte, nas comunicações, nas mobílias de casa, etc., dentro de nosso próprio tempo de vida. Nossos modos de viagem e transporte têm mudado mais nos últimos 150 anos do que nos 2.000 precedentes. George Washington, usando a diligência de cavalo que era um dos melhores meios de transporte disponíveis em seus dias, viajou da mesma maneira que os antigos Persas e Egípcios. Os automóveis, as estradas pavimentadas, a energia elétrica para iluminar e outros aparelhos domésticos, o avião, o rádio, a televisão, etc., são todos comparativamente novos. E agora, as novas ciências da energia atômica e solar, com o prospecto para a energia extremamente barata, e todo o campo novo da eletrônica, nos quais temos por enquanto não mais do que apenas tocado a superfície, dão grande promessa para o futuro. Um dos principais industrialistas disse recentemente: “A América está a ponto de incorporar uma nova era dourada de prosperidade, que irá se apoiar em cima da utilização do átomo, e do advento da era eletrônica”. Uma nova descoberta segue outra, e nós vemos mais e mais claramente os tremendos potenciais que estão disponíveis para o bem, potenciais que durantes todos estes muitos séculos permaneceram largamente não utilizados.
O conhecimento tornou-se muito difundido. As escolas, até as de estudo avançado, têm se tornadas disponíveis para todas as classes de pessoas; e livros, revistas, jornais, livrarias, laboratórios científicos, etc., tornam disponíveis para todo o nosso povo, vastos depósitos de conhecimento que somente há duas ou três gerações atrás estavam confinados quase que exclusivamente à favorecidos e limitados grupos.
Na administração da justiça, um grande progresso tem sido feito à medida que os princípios cristãos têm adquirido larga aceitação. A justiça Britânica e Americana hoje é mundialmente conhecida por suas meticulosas considerações dos direitos do acusado e dos prisioneiros. Mas este é um desenvolvimento comparativamente recente. Até mesmo na Inglaterra, considerada geralmente como a mais iluminada das nações Européias, quanto aos prisioneiros do século dezenove condenados por ofensas comparativamente menores, a estes foram freqüentemente dados longos períodos de prisão ou até mesmo a morte. Um livro recente, The Old Bailey And Its Trials [N.T: “O Velho Old Balley é Seus Julgamentos”. Old Balley é o Tribunal juficial geral de Londres], de Bernard O'Donnell (1951), dá uma história de um dos tribunais de justiças mais famosos, e conta uma história chocante de testemunhas profissionais e dos júris sendo subornados para assegurar convicções, e de execuções na presença de multidões histéricas ébrias. As condições entre os prisioneiros eram revoltosas. Saneamento era quase desconhecido, doenças corriam desenfreadamente entre os presidiários. Torturas tais como chicotadas e opressão eram usadas para extrair confissões. Prisioneiros condenados por difamar a dignidade do rei podiam ter suas mãos cortadas. A prática viciosa de taxas, através da qual os prisioneiros tiverem que pagar os carcereiros para serem supridos com água, uma cama e outras necessidades, não cessou até o século dezenove. Havia algumas tentativas irresolutas de reforma de vez em quando, mas isto exigiu ação parlamentar durante o período Vitoriano para estabelecer a justiça e lealdade que prevalecem hoje.
Similarmente, o progresso que agora mesmo tem sido feito nos campos da saúde e saneamento tem levantado a expectativa de vida humana nos Estados Unidos de 32 anos em 1750 para um pouco menos do que 70 anos, nos nossos dias. A cirurgia e medicina moderna têm se desenvolvido largamente dentro dos últimos 100 anos. O exercício médico tem mudado de um procedimento místico e supersticioso para um avanço científico. As assim chamadas “drogas maravilhosas”, incluindo as sulfas, cortisonas e antibióticos, data de somente 20 anos atrás, as sulfas tendo sido descobertas em 1935. Não é desarrazoado assumir que com o continuado avanço da ciência, e particularmente com os melhores modos de viver que vierem com o avanço moral e espiritual, a expectativa de vida do homem se estenderá consideravelmente mais. Isaías parece indicar grande longevidade para a justiça, - o pecador morrendo com a idade de cem anos será amaldiçoado, e assim será tão anormal sua morte que ela será vista como a morte de uma criança: “Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não cumpra os seus dias; porque o jovem morrerá de cem anos, mas o pecador de cem anos será amaldiçoado” (65:20). Somente recentemente o Dr. Robert A. Davidson, do conselho médico do Departamento de Clínica Geral na Univerdade de Tennesse, declarou a um grupo de doutores que, “Os doutores no futuro gastarão mais seu tempo mantendo a saúde do que a restaurando. Viver 115 ou 120 anos será esperado. Viver 140 será desejado”. Ele adicionou que a ciência estima o metabolismo potencial do corpo humano, como ele se realiza agora, em 140 anos (The Kansas City Times, 21 de Outubro, 1955).
Mas não importa quão maravilhosa esta prosperidade material possa se tornar, ela sempre remanescerá apenas pelo produto derivado da prosperidade moral e espiritual, que já em uma certa extensão caracteriza as nações parcialmente cristianizadas. É abundantemente claro que estas bênçãos não se originam sob religiões pagãs. Muitas nações que são vítimas daquelas religiões encontram-se em sua pobreza, ignorância e degradação moral por séculos ou até mesmo por milhares de anos, enquanto nenhum progresso é praticamente realizado. O progresso que já tem ocorrido, originado largamente nas nações Protestantes da Europa Ocidental e nos Estados Unidos, tem sido alcançado em conexão com somente uma limitada quantia de progresso em direção ao Milênio. Que maravilha deve encontrar-se adiante quando as nações do mundo todo forem cristãs - quando o Milênio se tornar uma realidade!
Dessa forma, o Pós-Milenismo sustenta que o Cristianismo se tornará a influência controladora e transformadora não somente na vida moral e espiritual dos indivíduos, mas também em toda vida social, econômica e cultural das nações. Não há razão pela qual esta mudança não deva ocorrer em toda a terra, com religiões pagãs e filosofias falsas dando lugar à verdade, e a terra sendo restaurada em uma medida considerável àquele alto propósito de justiça e santidade para o qual foi criada.
Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 29 de Junho de 2003.
