“Forçado a Crer” (4)

por

Vincent Cheung

 

Estamos continuando nossa discussão sobre Calvinismo inconsistente, usando A.A. Hodge como nosso exemplo.

[A criação contínua] é inconsistente com as nossas originais e necessárias intuições da verdade de todos os tipos, física, intelectual e moral. Nossas intuições originais asseguram-nos da real e permanente existência das substâncias espirituais e materiais exercendo poder, e dos nossos próprios espíritos como reais, causas auto-determinantes de ação, e conseqüentemente como agentes morais responsáveis. Mas se esta doutrina é verdadeira, estas intuições primárias e constitucionais da nossa natureza nos enganam, e se estas nos enganam, o universo inteiro é uma ilusão, nossa natureza uma desilusão, e o cepticismo absoluto inevitável. (261)

Hodge está tentando refutar a criação contínua. Neste exato momento, o assunto em questão não é se a criação contínua é correta, mas a questão é que a sua refutação é terrível. Entre outras coisas, esta é uma demonstração espetacular de uma falácia lógica. Ele diz que a criação contínua contradiz nossa intuição, de forma que, se a criação contínua é correta, então, nossa intuição é errada, e se nossa intuição é correta, então a criação continua é errada.

E daí? Primeiro, ele falha em mostrar que a nossa intuição é universal. Minha própria intuição certamente não me diz tudo o que ele está reivindicando aqui. Segundo, ele falha em mostrar que nossa intuição é infalível; nós não temos nenhuma idéia se ela é correta ou errada. Terceiro, ele falha em mostrar que nossa intuição é necessária. Ele reivindica que se negarmos nossa intuição, então o “cepticismo absoluto” é inevitável, mas ele falha em mostrar que não há outras formas de evitar o cepticismo, ou que devamos rejeitar o cepticismo absoluto logo de início.

Então, quando ele tenta uma construção positiva sobre o assunto, ele escreve:

As propriedades ou poderes ativos têm uma real, e não meramente aparente, eficiência como causas secundárias em produzir efeitos apropriados a elas; e os fenômenos, da mesma forma que a consciência e o mundo exterior, são realmente produzidos pela agência eficiente das causas secundárias, como somos informados pelas nossas intuições nativas e necessárias. (261-262)

Mas ele falha em mostrar que nossa intuição realmente nos diz tudo isto (a minha não diz!), nem ele estabelece que ela seja “nativa e necessária”; todavia, ele está tentando estabelecer a doutrina bíblica da providência sobre esta base frágil.

Até mesmo nós, se entendermos a fundo o caráter de um amigo, e todas as circunstâncias presentes sob as quais ele age, estamos freqüentemente certos de como ele agirá livremente, embora ausente de nós. (291)

Isto também é uma falácia lógica. Hodge está tratando do assunto, “Prova de que a certeza de uma volição não é em nenhum grau inconsistente com a liberdade do agente em ação”. Mas ele falha em provar qualquer coisa aqui. Apenas porque ele insere a palavra “livremente” não significa que ela pertença ao ato. Eu posso mui facilmente dizer, “Até mesmo nós, se entendermos a fundo o caráter de um amigo, e todas as circunstâncias presentes sob as quais ele age, estamos freqüentemente certos de como ele agirá, embora ausente de nós; portanto, sua ação não é livre, mas determinada”.

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Eu penso que isto seja o suficiente. Novamente, meu propósito não é mostrar quão ruim Hodge é; de fato, ele já é muito melhor do que muitos. Meu propósito é lhe encorajar a abandonar as falsas suposições e hábitos pobres exibidos por muitos teólogos escritores, incluindo muitos autores reformados/calvinistas. Pelo contrário, devemos adotar uma teologia bíblica, coerente e defensível. Tal teologia edificará os eleitos, silenciará os réprobos e glorificará a Deus, cuja palavra escrita revela perfeita racionalidade.

[fim da série]


[Leia a parte I]

[Leia a parte II]

[Leia a parte III]

 

LEITURA RECOMENDADA:

Vincent Cheung, Commentary on Ephesians
Vincent Cheung, “Arguing by Intuition” - [tradução]
(Veja www.rmiweb.org )



Nota sobre o autor: Vincent Cheung é o presidente da Reformation Ministries International [Ministério Reformado Internacional]. Ele é o autor de mais de vinte livros e centenas de palestras sobre uma vasta gama de tópicos na teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar, defender e praticar a cosmovisão bíblica como um sistema de pensamento compreensivo e coerente, revelado por Deus na Escritura. Ele e sua esposa, Denise, residem em Boston, Massachusetts. http://www.rmiweb.org/


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 15 de Abril de 2005.


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