“Forçado a Crer” (3)

por

Vincent Cheung

 

Estamos continuando nossa discussão sobre Calvinismo inconsistente, usando A.A. Hodge como nosso exemplo.

A doutrina do decreto incondicional não apresenta nenhuma dificuldade. Ela representa Deus como decretando que o pecado ocorreria como o ato livre do pecador, e não como por qualquer outra co-ação causadora, nem por qualquer forma de tentação induzindo-o pecar. (211)

Isto é tanto contra a Escritura como contra os Reformadores. Eu recomendo meu Commentary on Ephesians e “The Problem of Evil” [tradução]. Veja também The Bondage of the Will [O Cativeiro da Vontade] de Martinho Lutero. De fato, até mesmo o termo “co-ação” seria muito fraco para descrever a determinação ativa de Deus dos atos pecaminosos do homem.

É uma verdade assustadora, mas inegável, mesmo em países cristãos, que multidões nascem e são criadas em determinadas circunstâncias e de uma forma em que não há nenhuma mudança provável, nem mesmo possível, de obter um conhecimento da verdade religiosa, ou um hábito de conduta moral, mas são treinados desde a infância no erro supersticioso e na depravação grosseira. O porquê disto ser permitido, nem calvinistas nem arminianos podem explicar; pelo contrário, por que o Todo-Poderoso não faz morrer no berço todo o infante cujo futuro ímpio e miserável, se tolerado crescer, Ele previu, é o que nenhum sistema de religião, natural ou revelada, será capaz de nos explicar satisfatoriamente. (227).

A questão assume que o único propósito de Deus para uma pessoa é sua santidade e felicidade, mas isto não é verdade. Isto é como se esta pessoa fosse completamente ignorante do que a Escritura ensina, e do que o Calvinismo ensina. Hodge não escreve este parágrafo, mas ele está citando o Arcebispo Whately com aprovação. Mas, então, Whately nunca deve ter ouvido de um “sistema de religião” chamado CRISTIANISMO, e o que ele diz em Romanos 9 e outros lugares.

O decreto de eleição torna certos somente o arrependimento e a fé dos eleitos. Mas a certeza antecedente de um ato livre não é inconsistente com sua liberdade, de outra forma, o pré-conhecimento certo de um ato livre seria impossível. O decreto de eleição não causa a fé, e ele não interfere com o agente em ação, e certamente não substitui a absoluta necessidade dela. (228)

Este parágrafo me fez dar gargalhadas, e não pude fazer outra coisa senão rir, mesmo ao olhar novamente para ele neste exato momento — o parágrafo é uma falácia lógica grave. Ele diz que o pré-conhecimento certo deve ser compatível com a liberdade humana, de outra forma, o pré-conhecimento certo seria impossível. Assim, a compatibilidade dos dois não é logicamente demonstrada, mas afirmada por força, porque ele está indisposto a abrir mão tanto do pré-conhecimento divino como a liberdade humana. Quanto à “O decreto de eleição não causa a fé”, ou ele tem algo muito peculiar em mente, o qual ele falha em explicar (eu não posso imaginar o que seja), ou esta é uma negação completa do Calvinismo.

Há como que uma aparente dificuldade na reconciliação do pré-conhecimento certo de Deus da impenitência final da grande maioria daqueles a quem Ele oferece e sobre quem Ele pressiona, por todo argumento, Seu amor com o fato desta oferta; especialmente quando refletimos que Ele previu que Suas ofertas aumentariam certamente a culpa e miséria deles. (229)

Esta é apenas uma forma complicada de admitir que a doutrina anti-bíblica da “oferta sincera” é incoerente. Visto que Hodge falsamente pensa que ela é ensina na Escritura, ele é compelido a engoli-la. Mas esta não é uma “aparente dificuldade” — o problema se chama esquizofrenia. Para Hodge, a dificuldade é composta quando ele considera que Deus previu que a rejeição dos não-eleitos do evangelho aumentará a culpa deles.

Mas a doutrina bíblica é direta e coerente. Não há uma “oferta sincera”. Deus ordena a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam — os eleitos obedecerão e serão salvos, mas os réprobos desobedecerão e serão condenados. Além disso, os réprobos já estão condenados e destinados ao inferno, e o ouvir e a rejeição do evangelho aumenta esta culpa, e isto é exatamente o que Deus quer (2 Coríntios 2:14-16). Não há uma “aparente dificuldade”.

[Leia a parte I]

[Leia a parte II]

[Leia a parte IV]

 

LEITURA RECOMENDADA:

Vincent Cheung, Commentary on Ephesians
Vincent Cheung, The Problem of Evil - [tradução]
(Veja www.rmiweb.org/books.htm )

Vincent Cheung, The “Sincere Offer” of the Gospel, Part 1 - [tradução]
Vincent Cheung, The “Sincere Offer” of the Gospel, Part 2 - [tradução]

Martin Luther, The Bondage of the Will
(Veja www.monergismbooks.com)



Nota sobre o autor: Vincent Cheung é o presidente da Reformation Ministries International [Ministério Reformado Internacional]. Ele é o autor de mais de vinte livros e centenas de palestras sobre uma vasta gama de tópicos na teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar, defender e praticar a cosmovisão bíblica como um sistema de pensamento compreensivo e coerente, revelado por Deus na Escritura. Ele e sua esposa, Denise, residem em Boston, Massachusetts. http://www.rmiweb.org/


Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 15 de Abril de 2005.


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